Quando cometemos o pecado, nos afastamos, perdemos a comunhão, nos distanciamos de Deus, deixamos de olhar para dentro e olhamos para fora, buscando saciar a nossa fome com coisas externas.
Deus nos criou para nos relacionarmos. Logo no início, Ele colocou Adão em convívio com toda a criação; Ele não quis que o ser humano estivesse só e, a todo instante, o Senhor se mantinha em plena relação com o homem. Todas as tardes Ele passeava pelo jardim. Portanto, o pecado é a falência dessa relação, é a quebra dessa comunhão, é não amar. Pecar é um ato de livre escolha, que traz várias consequências para nós, sendo a maior delas a ruptura da relação com Deus. Com isso, entendemos que o pecado não é um código que transgredimos, mas uma relação que destruímos com nosso próximo, com nós mesmos e com Deus.
Pecado – a luta do cristão
Estamos diante de uma luta que perpassa a história da humanidade, que foi iniciada desde a origem do mundo e durará até o último dia. Por isso, devemos lutar sempre contra o pecado. “Igualmente o atleta, na luta esportiva, só recebe a coroa se lutar segundo as regras” (2Tm 2,5). É uma luta dura, mas necessária, sem a qual não podemos agradar a Deus e sermos felizes.
Caiu? Levante-se! Peça a Deus o perdão, arrependa-se de todo o coração, perdoe a si mesmo e continue a caminhada. Não é porque perdemos uma batalha que vamos perder a guerra contra o pecado, pois as quedas nos ajudam a nos desprezar e a confiar em Deus, elas são remédios contra o nosso orgulho, contra o amor-próprio, contra a nossa presunção e arrogância. Devemos entender que essas tentações contra a pureza nos tornam mais castos quando as superamos; as tentações contra a ira nos tornam mais mansos e humildes; as tentações da gula nos tornam mais fortes na temperança. O combate contra as tentações nos faz mais fortes e mais vigilantes.
Nossas faltas fazem-nos conhecer experimentalmente e tocar com os dedos a nossa miséria e impotência, e nos dão a humildade, que é um dos pilares do Movimento e uma virtude que agrada muito ao Senhor. Por isso, ao cair, não podemos ficar pisoteando a alma, sem querer aceitar, por orgulho, a própria queda, mas, ao contrário, dizer como ensina São Francisco de Sales: “Ó minha alma, pobre alma, levante-se, é grande a misericórdia de Deus”.
Quatro dicas para superarmos o pecado
Devemos guardar quatro coisas como se fossem armas para nossa segurança e para obtermos a vitória. São elas: a desconfiança de si, a confiança em Deus, os exercícios e as orações. Esse é o caminho da perfeição cristã que passa pela cruz, não existindo santidade sem renúncia e sem combate espiritual. Fazer a vontade de Deus é, antes de tudo, lutar contra os nossos pecados, pois eles nos escravizam e nos separam do Amor, nos separam dessa relação que Deus sonhou e deseja ter conosco.
Nunca podemos nos desesperar ou desanimar, mesmo que nossos pecados sejam numerosos. Não podemos permitir que, depois do pecado, entre o desespero em nosso coração. Assim lemos na primeira carta de São João: “Se o nosso coração nos acusa, Deus é maior que o nosso coração e tudo conhece” (1Jo 3,20). E à mulher adúltera, Cristo disse: “Ninguém te condenou? Eu também não te condeno. Vá e não peques mais”.
(Trecho retirado do livro – Penitência Um caminho de conversão – Angela Abdo)
Canção Nova