Todos nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus e temos a mesma dignidade. Vamos acabar com a escravidão! #IDRSTA
Com uma mensagem no Twitter, o Papa Francisco recorda nesta sexta-feira (23/08) a celebração do Dia Internacional para Relembrar o Tráfico de Escravos e a sua Abolição.
Ninguém pode lavar as mãos
“A escravidão não é algo de outros tempos”, já repetiu Francisco em inúmeras ocasiões.
“É uma prática que tem raízes profundas e que se manifesta ainda hoje e de muitas formas diferentes: tráfico de seres humanos, exploração do trabalho através de dívidas, exploração de menores, exploração sexual e de trabalhos domésticos forçados são algumas destas numerosas formas. Todas graves e desumanas.”
“Não obstante a falta de informação disponível sobre algumas regiões do mundo, os números são dramaticamente elevados e, com muita probabilidade, subestimados. Segundo estatísticas recentes, haveria mais de 40 milhões de pessoas, homens, mas sobretudo mulheres e crianças, que sofrem por causa da escravidão. Perante esta trágica realidade, ninguém pode lavar as próprias mãos, se não quiser ser, de certa forma, cúmplice deste crime contra a humanidade.” (Videomensagem aos participantes do 2º Fórum Internacional sobre a Escravidão Moderna)
Encontro com as vítimas
O Papa Francisco solicitou que a Pontifícia Academia das Ciências Sociais criasse grupos e promovesse encontros de alto nível para debater linhas de prevenção, envolvendo agentes de polícia, juízes, advogados, psicólogos e agentes de pastoral.]
Além de manifestar sua preocupação a quem pode realmente combater esta chaga, o Pontífice já se encontrou pessoalmente com inúmeras vítimas.
“Na sala em que encontrei as mulheres libertadas do tráfico da prostituição forçada, respirei a dor, a injustiça e o efeito da opressão. Uma ocasião para reviver as feridas de Cristo. Uma pessoa nunca pode ser colocada à venda”, revelou o Papa ao escrever o prefácio do livro Mulheres crucificadas. A vergonha do tráfico contada da rua”.
História
Na noite de 22 para 23 de agosto de 1791, teve início uma revolta em Santo Domingo, hoje Haiti e República Dominicana. O evento teve um papel crucial na abolição do tráfico transatlântico de escravos e por isso que o Dia Internacional é comemorado em 23 de agosto de cada ano.
A diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Audrey Azoulay, disse que nesta data “se honra a memória dos homens e mulheres que se revoltaram e abriram caminho para o fim da escravidão e da desumanização.” Segundo ela, o dia serve para “honramos a memória deles e de todas as outras vítimas da escravidão.”
A representante afirma que “para extrair lições desta história, é preciso despir o sistema, desconstruir os mecanismos retóricos e pseudocientíficos utilizados para justificá-lo e recusar aceitar qualquer concessão ou apologia que constitua um compromisso.” Para Azoulay, essa “lucidez é o requisito fundamental para a reconciliação da memória.”
Comemoração
Segundo a Unesco, o ano de 2019 é particularmente importante para este dia comemorativo. Para a agência “é hora de fazer um balanço e adotar novas perspectivas.”
Este ano é o ponto médio da Década Internacional dos Afrodescendentes, que acontece entre 2015 e 2024, e também marca o 25º aniversário do projeto da Rota dos Escravos da Unesco.
Além disso, 2019 é o ano em que o Gana celebra o Ano do Retorno e os laços históricos do país com a diáspora africana. O reconhecimento marca o 400º aniversário da chegada dos primeiros escravos africanos à colônia inglesa de Jamestown, hoje território dos Estados Unidos.
Audrey Azoulay afirma que “todas essas comemorações encorajam a continuar lutando para colocar um fim definitivo à exploração humana e garantir que a memória das vítimas e dos combatentes da liberdade continue sendo uma fonte de inspiração para gerações futuras.”
Radio Vaticano