Quais os desafios dos jovens da nossa sociedade? O que eles buscam?
Muitos jovens esperançosos se aventuram em exames que lhes possibilitem o acesso à Universidade. Outros, ainda jovens, concluem seus cursos e buscam o lugar na sociedade, procurando encontrar trabalho e emprego. Pelas ruas, rostos carregados da sofreguidão e passos, muitas vezes, agitados de quem procura pagar suas dívidas, comprar uma casa, recolocar-se no mercado de trabalho, ansiedades, dificuldades financeiras ou as lutas pela própria saúde e da família.
Nas curvas da vida, a morte de pessoas queridas, acidentes, crises no casamento e na convivência familiar, escândalos. Para todos nós, a insegurança gerada pela violência de cada dia ou pelos desacertos administrativos que percorrem, de alto a baixo, a prática política brasileira.
E como administrar (agora é conosco) esses e outros tantos desafios que se apresentam?
Nosso tempo traz consigo perigos a serem superados pelo cristão. De um lado, uma fuga das responsabilidades que a vida oferece, mas também um risco à mundanização: fazem as pessoas mergulharem de tal forma no seu dia a dia, que elas perdem o rumo e a esperança. O equilíbrio se chama vigilância (Cf. Mt 25,1-13), prontidão para enfrentar com serenidade e seriedade todos os desafios, sem esquecer o Senhor e Suas promessas. Também reconhecer as muitas “visitas” do Senhor, certos de que Ele virá. Prontos para acolher as demoras de Deus, sabedores de que ele é o Senhor da história.
A seriedade do momento presente exige preparação, prontidão, envolvimento pessoal, responsabilidade. Um dia, o Senhor virá para consumar as bodas com a humanidade. Poderão participar da festa as pessoas que se encontrarem preparadas. Não podem faltar a dedicação, o óleo para manter acesa a lâmpada; e para que a fé, a esperança e o amor permaneçam acesas: fidelidade e perseverança. Vamos por passos.
O que buscar?
Não esquentar a cabeça, contar de um até dez, acalmar-se, alguns até recomendam um chá de camomila! São recomendações bem populares e práticas, a serem elevadas a um nível inigualável, quando as pessoas se abrem para aquela sabedoria que vem do alto, e essa é um dom do Espírito Santo, que nos possibilita descobrir o gosto que Deus pôs nos acontecimentos alegres ou tristes. A Palavra de Deus (Sb 6,12-16) aponta para a Sabedoria resplandecente e sempre viçosa! Madrugar por ela, contemplá-la por amá-la, meditar, exercitar-se na prudência. Acolher a sabedoria que é um dom do Espírito Santo, para viver nesta terra com os critérios que vêm do alto.
Há que se procurar a sabedoria, desejá-la e amá-la. Como? Na oração, na leitura da Bíblia, na partilha de nossa vida cristã, no conselho de pessoas mais experimentadas nos caminhos de Deus, saber perguntar a respeito de Sua vontade! E Ele quer sempre alguma coisa de nós, mas sempre o bem e o que constrói a vida com dignidade!
Olhar ao nosso redor, identificar as pessoas que têm o mesmo sonho de fidelidade a Deus e anseiam pelo seu Reino, gente que ama a Igreja e quer percorrer um caminho diferente, para compartilhar experiências positivas de vivência do Evangelho. São muitos os grupos de cristãos comprometidos, nas Comunidades, Paróquias e Movimentos Eclesiais que significam verdadeiros oásis, nos quais é possível rezar juntos, alimentar-se da Palavra de Deus, encontrar companhias autênticas, socorrer os que se encontram fragilizados, estabelecer parcerias inteligentes com quem quer fazer o bem. Talvez essas pessoas não falem tanto, mas agem, utilizam critérios novos, são verdadeiros tesouros escondidos a serem descobertos e valorizados. São incontáveis aquelas que tenho encontrado e aprendido a valorizar.
Vigilantes e preparados
Vigilância significa também a coragem para tomar posições corajosas, diante da mentira e das muitas ideologias correntes. Cada pessoa, no campo que lhe é próprio, pode e deve perguntar-se se pode fazer algo mais para defender a verdade e viver os valores do Evangelho. É hora ainda de apelar a muitos que agora se encontram em posições importantes na sociedade e na política, a fim de que sejam coerentes com suas raízes cristãs e católicas. Vigilância significa lutar contra o torpor e a negligência para alcançar a meta.
A conclusão de Jesus, ao final da parábola das dez virgens, cinco previdentes e cinco imprevidentes, serve para compreendermos o que o Senhor disse, ao contar uma história ambientada numa festa de casamento: “Vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora” (Mt 25,13). Deus pode vir a qualquer momento da nossa vida. Todos devemos estar preparados, como as jovens virgens prudentes. Precisamos estar prontos ao serviço a sermos oferecidos a Deus e ao próximo.
Dá para rezar e até cantar: “Vigia esperando aurora, qual noiva esperando o amor, é assim que o servo espera, a vinda do seu Senhor. Ao longe, um galo vai cantar seu canto, o sol no céu vai estender seu manto, na madrugada eu estarei desperto, que já vem perto o dia do Senhor. A minha voz vai acordar meu povo, louvando a Deus, que faz o mundo novo. Não vou ligar se a madrugada é fria, que um novo dia logo vai chegar. Se é noite escura, acendo a minha tocha, dentro do peito, o sol já desabrocha, filho da luz, não vou dormir: vigio! Ao mundo frio vou levar o amor!” (Padre Jonas Abib).
Radio Vaticano
Por ocasião da Festa de Nossa Senhora Aparecida, o Bispo de Imperatriz (MA), Dom Vilsom Basso, e Lucas Galhardo, da Pastoral Juvenil da CNBB, gravaram com o Papa Francisco uma mensagem para o povo brasileiro, em meio aos trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre os jovens.
“Ao povo do Brasil, a minha cordial saudação nesta festa de Nossa Senhora Aparecida. Que cada um de vocês a encontre em seu coração, assim como os pescadores a encontraram no rio. Busquem nas águas de seus corações e a encontrarão, porque Ela é mãe. Que Ela nos acompanhe e rezem por mim.”
Radio Vaticano
Nesta segunda-feira, 1º de outubro, o Papa Francisco recebeu os participantes do IV Seminário de Ética na gestão de Serviços de Saúde organizado pela Pontifícia Academia para a Vida, que contou com a presença de Dom Alberto Bochatey, Bispo Auxiliar de La Plata e presidente da Comissão de Saúde da Conferência Episcopal Argentina e do senhor Cristian Mazza, presidente da Fundação “Consenso Salud”.
Papa Francisco falou aos presentes que embora estejamos em uma época marcada pela crise econômica que leva a muitas dificuldades no atendimento dos pacientes desde o desenvolvimento da ciência médica ao acesso à terapias e remédios. “O cuidados dos nossos irmãos abre nosso coração para acolher um dom maravilhoso”. Neste contexto Francisco propõe três palavras para reflexão: milagre, cuidado e confiança.
Os responsáveis pelas instituições dirão que é impossível fazer milagres para manter os custos-benefícios… “Sem dúvida – disse o Papa – um milagre não é fazer o impossível, o milagre é encontrar no doente, no desamparado que temos diante de nós, um irmão. Somos chamados a reconhecer no doente o receptor das prestações de imenso valor de sua dignidade como ser humano, como filho de Deus”. O Papa esclarece que por si só não “desata todos os nós”, mas criará disposição para desatá-los na medida de nossas possibilidades levando a uma mudança interior e de mentalidade em nós mesmos e na sociedade.
A consciência de valorizar a dignidade do ser humano “permite que sejam criadas estruturas legislativas, econômicas e médicas necessárias para enfrentar os problemas irão surgindo”.
Francisco observou que “o princípio inspirador deste trabalho deve ser absolutamente a busca do bem. E este bem não é um ideal abstrato, mas uma pessoa concreta, um rosto, que muitas vezes sofre”. Em seguida o Papa disse aos participantes: “Sejam valentes e generosos nas intenções, planos, projetos e no uso dos meios econômicos e técnicos-científicos”.
Sobre este ponto o Papa disse que cuidar dos doentes não é simplesmente a aplicação asséptica de medicamentos ou terapias apropriadas, mas especificou que o verbo latim “curare” quer dizer atender, preocupar-se, cuidar, ser responsável pelo outro, pelo irmão.
“Este cuidado deve ter maior intensidade nos cuidados paliativos”, por atravessarmos neste momento uma forte tendência à legalização da eutanásia, sabemos o quanto é importante um acompanhamento sereno e participativo. “Quando o paciente terminal – diz o Papa – sente-se amado, respeitado e aceito, a sombra negativa da eutanásia desaparece ou é quase inexistente, pois o valor do seu ser se mede pela sua capacidade de dar e receber amor e não pela sua produtividade”.
A terceira palavra no contexto de cuidados dos enfermos é confiança que pode ser distinguida em vários âmbitos. Antes de tudo, a confiança do próprio doente em si mesmo, na possibilidade de se curar que garante boa parte do êxito da terapia. Em seguida o Papa refere-se aos trabalhadores: “É importante para o trabalhador da área de saúde poder realizar suas funções em um clima de serenidade, estando ciente de que está fazendo o certo, o humanamente possível em função dos recursos disponíveis”.
“Não há dúvida de que se colocar nas mãos de uma pessoa, principalmente quando a vida está em jogo, é muito difícil, a relação com o médico ou o enfermeiro sempre se baseou na responsabilidade e na lealdade”. Francisco alerta aos riscos de que a burocracia e a complexidade do sistema de saúde altere a estreita relação paciente/médicos e enfermeiros e possa se tornar um simples “termos do contrato”, interrompendo desta maneira esta confiança.
O Papa conclui dizendo que “temos que lutar para manter íntegro este vínculo de profunda humanidade, pois nenhuma instituição assistencial pode por si substituir-se ao coração humano”.
O Papa Francisco dirigiu uma Mensagem aos católicos chineses e a todos os fiéis depois da divulgação do Acordo provisório entre a Santa Sé e a China.
O longo texto, de 11 páginas, é marcado por expressões que demonstram a solicitude pastoral do Pontífice para com os fiéis e o povo chinês em geral.
“Num momento tão significativo para a vida da Igreja e através desta breve Mensagem, antes de mais nada desejo assegurar que vos tenho diariamente presente nas minhas orações e partilhar convosco os sentimentos que moram no meu coração”, escreve o Papa.
A mensagem procura explicar o significado do Acordo, mas não só, expressa as esperanças do Papa para o futuro da Igreja na China.
O documento assinado dias atrás, afirma Francisco, é fruto do longo e complexo diálogo institucional da Santa Sé com as Autoridades governamentais chinesas, iniciado já por São João Paulo II e continuado pelo Papa Bento XVI.
A finalidade é sustentar e promover o anúncio do Evangelho, alcançar e conservar a unidade plena e visível da Comunidade católica na China.
Para isso, o Pontífice pede ato de confiança aos fiéis, superando os momentos inevitáveis de perplexidade.
“Se Abraão tivesse pretendido condições sociais e políticas ideais antes de sair da sua terra, talvez nunca tivesse partido. Mas não! (…) Portanto, não foram as mudanças históricas que lhe permitiram confiar em Deus, mas foi a sua fé pura que provocou uma mudança na história.”
Para dar este novo passo, a primeira questão a enfrentar era as nomeações episcopais, que fez surgir o fenômeno da clandestinidade na Igreja presente na China.
O Papa relata que desde o início do seu pontificado recebeu “sinais e testemunhos concretos” de fiéis e bispos que manifestavam “o desejo sincero de viver a sua fé em plena comunhão com a Igreja universal e com o Sucessor de Pedro”.
“Por isso, depois de ter examinado atentamente cada uma das situações pessoais e escutado diversos pareceres, refleti e rezei muito procurando o verdadeiro bem da Igreja na China. Por fim, decidi conceder a reconciliação aos restantes sete Bispos «oficiais» ordenados sem Mandato Pontifício e, tendo removido todas as relativas sanções canônicas, readmiti-los na plena comunhão eclesial.
Francisco então convida todos os católicos chineses a fazerem-se artífices de reconciliação. Assim, é possível dar início a um percurso inédito, que ajudará a curar as feridas do passado, restabelecer a plena comunhão de todos os católicos chineses e abrir uma fase de colaboração mais fraterna, para assumir com renovado empenho a missão do anúncio do Evangelho.
O Acordo Provisório, explica ainda o Papa, apesar de se limitar a alguns aspectos da vida da Igreja, pode contribuir para escrever esta página nova da Igreja Católica na China. Pela primeira vez, este Acordo introduz elementos estáveis de colaboração entre as Autoridades do Estado e a Sé Apostólica, com a esperança de garantir bons Pastores à comunidade católica.
Á Igreja chinesa, cabe o papel de procurar, juntos, bons candidatos para o serviço episcopal. “Na realidade, não se trata de nomear funcionários para a gestão das questões religiosas, mas ter verdadeiros Pastores segundo o coração de Jesus”.
O Acordo é um instrumento, esclarece ainda o Papa, e por si só não poderá resolver todos os problemas existentes.
Por isso, no plano pastoral, a comunidade católica na China é chamada a estar unida. “Todos os cristãos, sem distinção, realizem gestos de reconciliação e comunhão.”
No plano civil e político, os católicos chineses são chamados a ser bons cidadãos, que amem plenamente a pátria e sirvam o seu país com empenho e honestidade, sem se eximir de proferir uma “palavra crítica” quando necessária.
Aos Bispos, sacerdotes e pessoas consagradas, Francisco pede que a caridade pastoral seja a bússola do ministério. “Superemos os contrastes do passado, a busca da afirmação de interesses pessoais e cuidemos dos fiéis.”
De modo especial o Papa se dirige aos jovens, por ocasião do Sínodo dos Jovens. Francisco pede colaboração, entusiasmo, sem medo de levar a todos a alegria do Evangelho.
O Pontífice faz um pedido também a todos os fiéis no mundo inteiro. “Temos uma tarefa importante: acompanhar com oração fervorosa e amizade fraterna os nossos irmãos e irmãs na China. Com efeito, devem sentir que, no caminho que se abre diante deles neste momento, não estão sozinhos.
Por fim, uma menção às autoridades chinesas: “Renovo o convite a continuarem, com confiança, coragem e clarividência, o diálogo iniciado há algum tempo. Desejo assegurar que a Santa Sé continuará a trabalhar com sinceridade para crescer numa amizade autêntica com o povo chinês”.
Para Francisco, é preciso “aprender um novo estilo de colaboração simples e diária entre as Autoridades locais e as Autoridades eclesiásticas”, definindo este diálogo árduo, mas ao mesmo tempo fascinante.
A Igreja na China não é alheia à história do país nem pede privilégio algum, esclarece o Papa: a sua finalidade no diálogo com as Autoridade civis é “alcançar uma relação tecida de respeito recíproco e de profundo conhecimento”.
A mensagem se conclui com uma oração a Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos, implorando do Senhor o dom da paz.
Radio Vaticano
A Igreja luterana Kaarli, na capital da Estônia, foi a sede do segundo compromisso do Papa Francisco: o encontro ecumênico com os jovens.
Antes de proferir seu discurso, o Pontífice ouviu o testemunho de três jovens e saudou os representantes das diversas confissões cristãs presentes no país.
Estes encontros, disse o Papa, tornam realidade o sonho de Jesus na Última Ceia: “Que todos sejam um só (…) para que o mundo creia” (Jo 17, 21).
Francisco dedicou ampla parte do seu pronunciamento para falar da relação dos jovens com os adultos, marcada muitas vezes pela falta de diálogo e de confiança. O Papa citou o Sínodo sobre a juventude, que tem início semana que vem, para mencionar algumas questões que emergiram na consultação preliminar.
Entre elas, os jovens pedem acompanhamento e compreensão, sem julgamentos por parte dos membros das Igrejas.
Muitos jovens, porém, nada pedem à Igreja, pois não a consideram um interlocutor significativo na sua existência. Outros se indignam diante dos escândalos econômicos e sexuais contra os quais não veem uma clara condenação.
“Queremos dar-lhes resposta, queremos ser – como vocês mesmos dizem – uma ‘comunidade transparente, acolhedora, honesta, atraente, comunicativa, acessível, alegre e interativa’”, garantiu o Papa.
Ao vê-los assim reunidos a cantar, acrescentou Francisco, “uno-me à voz de Jesus, porque vocês, apesar da nossa falta de testemunho, continuam descobrimendo Jesus dentro de nossas comunidades. Onde está Jesus, a vida tem sempre sabor de Espírito Santo. Aqui, hoje, vocês são a atualização daquela maravilha de Jesus”.
Jesus continua a ser o motivo para estarmos aqui, recordou o Papa. “Sabemos que não há alívio maior do que deixar Jesus carregar as nossas opressões.” Citando uma cantora famosa da Estônia, que dizia que o “amor está morto”, Francisco afirmou que os cristãos têm uma palavra a dizer, algo para anunciar, com poucas palavras e muitos gestos.
“Estamos unidos pela fé em Jesus, e Ele espera que O levemos a todos os jovens que perderam o sentido da sua vida. Acolhamos juntos a novidade de que o próprio Deus traz Deus à nossa vida; uma novidade que incessantemente nos impele a partir, para ir aonde se encontra a humanidade mais ferida. Mas nunca iremos sozinhos: Deus vem conosco; Ele não tem medo das periferias.”
“O amor não está morto”, disse por fim o Papa; ele nos chama e nos envia para que a nossa vida cristã não seja um museu de recordações.
Radio Vaticano
Peçamos a Jesus para proteger sempre “com a sua misericórdia e o seu perdão” a nossa Igreja, “que como mãe é santa, mas cheia de filhos pecadores como nós”.
Esta foi a oração feita pelo Papa Francisco na missa matutina celebrada, nesta quinta-feira (20/09), na Casa Santa Marta, refletindo sobre a Primeira Leitura extraída da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios e sobre o Evangelho de Lucas, centrado nas palavras de Jesus: “Os seus pecados estão perdoados porque mostrou muito amor”.
O Pontífice enquadra imediatamente “três grupos de pessoas” nas leituras de hoje: Jesus e seus discípulos; Paulo e a mulher, daquelas cujo destino, recorda Francisco, era o de ser “ser visitada em segredo”, até mesmos pelos “fariseus”, ou “ser apedrejada”; e os doutores da Lei.
O Papa evidencia como a mulher se mostra “com amor, com muito amor a Jesus”, não escondendo “ser pecadora”. O mesmo acontece com Paulo, que afirma: “Com efeito, transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo tinha recebido, a saber: que Cristo morreu por nossos pecados.”
Os dois procuravam Deus “com amor, mas um amor pela metade”. Paulo “pensava que o amor fosse uma lei e tinha o coração fechado para a revelação de Jesus Cristo: perseguia dos cristãos, mas pelo zelo da lei, por isso era um amor imaturo”.
A mulher buscava o amor, o “pequeno amor”. Os fariseus comentavam, mas Jesus explicou:
“Os pecados que ela cometeu foram perdoados porque ela mostrou muito amor”. “Mas, amar como? Esses não sabem amar”. Procuram o amor e Jesus, falando deles, diz: uma vez disse que eles nos precederão no Reino dos Céus. “Mas que escândalo…”, dizem os fariseus, “mas essas pessoas”! Jesus olha o pequeno gesto de amor, o pequeno gesto de boa vontade, pega esse gesto e o leva adiante. Esta é a misericórdia de Jesus: sempre perdoa e sempre recebe.
No que diz respeito aos “doutores da lei”, Francisco nota que “têm uma atitude que somente os hipócritas usam com frequência: se escandalizam”. E dizem:
“Mas olha, que escândalo! Não se pode viver assim! Perdemos os valores… Agora todos têm o direito de entrar na igreja, inclusive os divorciados, todos. Mas onde estamos?” O escândalo dos hipócritas. Este é o diálogo entre o amor grande que perdoa tudo, de Jesus, o amor “pela metade” de Paulo e desta senhora, e também o nosso, que é um amor incompleto porque nenhum de nós é santo canonizado. Digamos a verdade. E a hipocrisia: a hipocrisia dos “justos”, dos “puros”, daqueles que se creem salvos pelos próprios méritos externos.
Jesus afirma que essas pessoas exteriormente mostram “tudo belo” – fala de “sepulcros polidos” – mas dentro têm “podridão”.
E a Igreja, quando caminha na história, é perseguida pelos hipócritas: hipócritas por dentro e por fora. O diabo não tem relação com os pecadores arrependidos, porque olham para Deus e dizem: “Senhor, sou pecador, ajuda-me”. E o diabo é impotente, mas é forte com os hipócritas. É forte, e os usa para destruir, destruir as pessoas, destruir a sociedade, destruir a Igreja. A força do diabo é a hipocrisia, porque ele é mentiroso: se mostra como príncipe poderoso, belíssimo, e por trás é um assassino. Três grupos de pessoas – não nos esqueçamos – : Jesus, que perdoa, recebe, é misericordioso, palavras muitas vezes esquecida quando falamos mal dos outros. Pensem nisso: devemos ser misericordiosos, como Jesus, e não condenar os outros. Jesus no centro. Paulo, pecador, perseguidor, mas com um amor “pela metade. Esta senhora, pecadora, também ela com um amor “incompleto”. E Jesus perdoa os dois. E encontram o verdadeiro amor: Jesus. Os hipócritas, que são incapazes de encontrar o amor porque têm o coração fechado.
Radio Vaticano
No final da manhã desta quinta-feira (13), o Papa Francisco recebeu em audiência cerca de 150 novos bispos que participam do curso promovido pela Congregação para os Bispos que termina hoje.
Na Sala do Consistório, no Vaticano, o Papa Francisco começou seu discurso saudando os novos Pastores da Igreja “com o toque de Cristo, Evangelho de Deus que aquece o coração, reabre os ouvidos e solta os lábios para a alegria que não falha e não desaparece, porque nunca é comprada ou merecida, pelo contrário, é pura graça!”.
Ao relembrar o presente precioso de Deus que receberam ao entrar no ministério episcopal, Francisco disse que quase “por acaso” encontraram “o tesouro da vida”. E, então, abordou o tema da santidade, “a tarefa mais urgente” para os Pastores:
“Vocês não são resultado de um escrutínio meramente humano, mas de uma escolha do Alto. Por isso, de vocês se exige não uma dedicação intermitente, uma fidelidade em fases alternadas, uma obediência seletiva, mas vocês são chamados a se consumar noite e dia.”]
Papa Francisco observou a necessidade de ficar sempre vigilante “quando a luz desaparece” ou quando surgem as tentações; ser fiel inclusive quando, no calor do dia, diminuem “as forças da perseverança”. Isso tudo porque, segundo o Pontífice, o povo de Deus tem o direito de encontrar “nos lábios, no coração e na vida” dos bispos a mensagem tão esperada oferecida pela “paternidade de Deus”.
“A Igreja não é nossa, mas é de Deus! Ele veio antes de nós e estará depois de nós! O destino da Igreja, do pequeno rebanho, é vitoriosamente escondido na cruz do Filho de Deus. Os nossos nomes estão esculpidos no seu coração; a nossa sorte está nas suas mãos”, afirmou o Santo Padre. E acrescentou: “Cristo seja a alegria de vocês, o Evangelho seja o nutrimento”, principalmente diante das famílias que frequentam as paróquias.
Um ministério perseverante diante das próprias comunidades dos bispos, onde “o bem normalmente não faz barulho, não é tema dos blogs e não aparece nas primeiras páginas”. Um bem que precisa crescer mesmo perante as novas realidades do individualismo e indiferença que bloqueiam os pontos de referência do Povo de Deus: “inclusive as suas feridas nos pertencem”, recordou o Papa.
“Este é o objetivo da Igreja: distribuir no mundo este vinho novo que é Cristo. Nada pode nos desviar dessa missão. Temos necessidade contínua de odres novos (Mc 2,22), e tudo aquilo que fazemos não é nunca suficiente para nos tornar dignos do vinho novo que são chamados a conter e a distribuir. Mas, justamente por isso, os recipientes saibam que sem o vinho novo serão, de qualquer forma, jarros de pedra fria, capazes de recordar a falta, mas não de doar a totalidade. Nada os distraia dessa meta: doar a totalidade!”
Papa Francisco, então, enfatizou que a santidade – consciente – não deve ser fruto do isolamento. Aconselhou que os bispos acolham a Igreja, como “esposa para amar, virgem para proteger, mãe para fazer fecunda”; num terreno que precisa “ser fértil para a semente do Verbo e jamais pisado por javalis” (Sal 80,14).
“Não serve a contabilidade das nossas virtudes, nem um programa de levantamentos, uma academia de esforços pessoais ou uma dieta que se renova de uma segunda-feira a outra, como se a santidade fosse resultado somente da vontade. A fonte da santidade é a graça de nos encostarmos na alegria do Evangelho e deixar que seja ela a invadir a nossa vida, de modo que não se poderá mais viver diversamente.”
O Papa Francisco finalizou seu discurso alertando os bispos para que se perguntem o que podem fazer para tornar mais santa a Igreja, sem “apontar o dedo nos outros, produzir bodes expiatórios”, mas trabalhando juntos e em comunhão.
“Por isso, insisto para que não se envergonhem da carne das suas Igrejas. Entrem em diálogo com os seus questionamentos. Peço uma atenção especial ao clero e aos seminários. Não podemos responder aos desafios que temos em relação a eles sem atualizar os nossos processos de seleção, acompanhamento, análise. Mas as nossas respostas serão privadas de futuro se não alcançarão a profundeza espiritual que, não em poucos casos, permitiu fraquezas escandalosas.”
O curso para os novos bispos, que teve como tema “Servidores da alegria do Evangelho”, é um dos três de atualização que estão sendo realizados nestes dias em Roma, além daquele para quem completou 10 anos de episcopado e de outro para 74 pastores dos Territórios de Missão – promovido pela Congregação para a Evangelização dos Povos. O curso da Congregação para os Bispos acontece a cada seis meses.
Radio Vaticano
“Ser cristão não é fácil”, mas faz “feliz”: o caminho que o Pai Celeste nos indica é o da “misericórdia” e da “paz interior”. Na Missa celebrada na Casa Santa Marta, o Papa Francisco fala novamente sobre os traços distintivos do “estilo cristão”, a partir do Evangelho de Lucas proposto pela liturgia do dia (Lc 6,27-38). O Senhor – precisa o Pontífice – sempre nos indica como deve ser “a vida de um discípulo”, por exemplo, por meio das bem-aventuranças ou das obras de misericórdia.
De maneira particular, a liturgia do dia se concentra em “quatro detalhes para viver a vida cristã”: “amar seus inimigos, fazer o bem àqueles que vos odeiam, abençoar aqueles que vos amaldiçoam, rezar por aqueles que vos tratam mal” .
Em sua homilia, o Papa Bergoglio observa que os cristãos nunca devem entrar “nos mexericos” ou “na lógica dos insultos”, o que gera apenas “guerra”, mas encontrar sempre o tempo de “rezar pelas pessoas incômodas”:
“Este é o estilo cristão, este é o modo de vida cristão. Mas se eu não fizer essas quatro coisas? Amar os inimigos, fazer o bem àqueles que me odeiam, abençoar aqueles que me amaldiçoam e rezar por aqueles que me tratam mal, não sou cristão? Sim, você é um cristão porque recebeu o Batismo, mas não vive como um cristão. Vive como um pagão, com o espírito do mundanismo”.
Certo, é mais fácil “falar mal dos inimigos ou daqueles que são de um partido diferente”, mas a lógica cristã vai contracorrente e segue a “loucura da Cruz”. O fim último – acrescenta o Papa Francisco – “é chegar a comportar-nos como filhos de nosso Pai”:
“Somente os misericordiosos se assemelham a Deus Pai. “Seja misericordioso, como vosso pai é misericordioso”. Este é o caminho, o caminho que vai contra o espírito do mundo, que pensa o contrário, que não acusa os outros. Porque entre nós existe o grande acusador, aquele que sempre vai nos acusar diante de Deus, para nos destruir. Satanás: ele é o grande acusador. E quando eu entro nesta lógica de acusar, amaldiçoar, procurar fazer mal ao outro, entro na lógica do grande acusador que é destruidor. Que não conhece a palavra “misericórdia”, não conhece, nunca a viveu”.
A vida, portanto, oscila entre estes dois convites: o do Pai e aquele do “grande acusador”, “que nos impele a acusar os outros, para destruí-los”:
“Mas é ele quem está me destruindo! E você não pode fazer isso ao outro. Você não pode entrar na lógica do acusador. “Mas padre, eu devo acusar”. Sim, acuse a você. Vai fazer bem a você. A única acusação lícita que nós cristãos temos é acusar a nós mesmos. Para os outros, somente a misericórdia, porque somos filhos do Pai que é misericordioso”.
Radio Vaticano
O Papa Francisco deixou o Vaticano na manhã desta quinta-feira (21/06) para uma peregrinação ecumênica a Genebra.
Depois de uma hora e 40 minutos de voo, o Pontífice chegou à cidade suíça por volta das 10h, onde foi recebido pelo Presidente da Confederação Helvécia, Alain Berset, no aeroporto internacional da cidade para uma breve cerimônia de boas-vindas e um encontro privado.
Na sequência, o Papa se transferiu de carro até o Centro Ecumênico do Conselho Mundial de Igrejas, pois justamente este é o motivo dessa peregrinação: celebrar os 70 anos desta instituição, criada depois da II Guerra Mundial.
Mais de 500 milhões de fiéis
O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) é a maior organização mundial do movimento ecuménico, com o mais alto número de membros: são 345 comunidades cristãs de mais de 110 países, com exceção da Igreja Católica, e compreende reformados, luteranos, anglicanos metodistas, batistas, ortodoxos e outras Igrejas. Representa mais de 500 milhões de fiéis em todo o mundo, cuja sede é Genebra.
No Centro Ecumênico do CMI, realizou-se uma oração comum, com a participação de cerca de 230 pessoas – ocasião em que o Pontífice pronunciou o primeiro discurso do dia.
Caminhar segundo o Espírito
Inspirado na leitura extraída da Carta aos Gálatas, Francisco propôs uma reflexão sobre a expressão “Caminhar segundo o Espírito” .
“Caminhar segundo o Espírito é rejeitar o mundanismo. É escolher a lógica do serviço e avançar no perdão. É inserir-se na história com o passo de Deus: não com o passo ribombante da prevaricação, mas com o passo cadenciado por «uma única palavra: Ama o teu próximo como a ti mesmo» (Gal 5, 14).”
No decurso da história, afirmou o Papa, as divisões entre cristãos deram-se porque na raiz, na vida das comunidades, se infiltrou uma mentalidade mundana: primeiro cultivavam-se os próprios interesses e só depois os de Jesus Cristo. A direção seguida era a da carne, não a do Espírito.
“Mas o movimento ecumênico, para o qual tanto contribuiu o Conselho Ecumênico das Igrejas, surgiu por graça do Espírito Santo”, recordou o Papa.
Ser do Senhor
É preciso escolher ser de Jesus antes que de Apolo ou de Cefas, antepor o ser de Cristo ao fato de ser «judeu ou grego», ser do Senhor antes que de direita ou de esquerda, escolher em nome do Evangelho o irmão antes que a si mesmo.
A resposta aos passos vacilantes, prosseguiu o Papa, é sempre a mesma: caminhar segundo o Espírito, purificando o coração do mal, escolhendo com obstinação o caminho do Evangelho e recusando os atalhos do mundo.
“Depois de tantos anos de empenho ecumênico, neste septuagésimo aniversário do Conselho, peçamos ao Espírito que revigore o nosso passo. (…) Que as distâncias não sejam desculpas! É possível, já agora, caminhar segundo o Espírito. Rezar, evangelizar, servir juntos: isto é possível. Caminhar juntos, rezar juntos, trabalhar juntos: eis a nossa estrada-mestra.”
Unidade
Esta estrada tem uma meta concreta: a unidade. A estrada oposta, a da divisão, leva a guerras e destruições. “O Senhor pede-nos unidade; o mundo, dilacerado por demasiadas divisões que afetam sobretudo os mais fracos, invoca unidade.”
Francisco conclui seu discurso definindo-se um “peregrino em busca de unidade e de paz”. “Agradeço a Deus porque aqui encontrei irmãos e irmãs já a caminho. Que a Cruz nos sirva de orientação, porque lá, em Jesus, foram abatidos os muros de separação e foi vencida toda a inimizade: lá compreendemos que, apesar de todas as nossas fraquezas, nada poderá jamais separar-nos do seu amor.
Radio Vaticano
No dia em que a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Papa Francisco iniciou a sua homilia na Casa Santa Marta afirmando que se poderia dizer que hoje é a festa do amor de Deus.
“Não somos nós que amamos Deus, mas é Ele que “nos amou por primeiro, Ele é o primeiro a amar”, disse o Papa. Uma verdade que os profetas explicavam com o símbolo da flor de amêndoa, o primeiro a florescer na primavera. “Deus é assim: sempre por primeiro. Ele nos espera por primeiro, nos ama por primeiro, nos ajuda por primeiro”.
Mas não é fácil entender o amor de Deus. De fato, Paulo, na segunda Leitura do dia, fala de ‘impenetráveis riquezas de Cristo’, de um mistério escondido.
É um amor que não se pode entender. Um amor de Cristo que supera todo conhecimento. Supera tudo. Tão grande é o amor de Deus. E um poeta dizia que era como “o mar, sem margens, sem fundo …”: mas um mar sem limites. E este é o amor que nós devemos entender, o amor que nós recebemos.
Na história da salvação, o Senhor nos revelou o seu amor, “foi um grande pedagogo”, disse o Papa e, relendo as palavras do profeta Oséias, explica que não o revelou através da potência: “Não. Vamos ouvir: ‘Eu ensinei meu povo a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, eu cuidava dele’. Tomar nos braços, próximo: como um pai”.
Deus, como manifesta o amor? Com as grandes coisas? Não: se rebaixa, se rebaixa, se rebaixa com esses gestos de ternura, de bondade. Faz-se pequeno. Aproxima-Se. E com esta proximidade, com este rebaixamento, Ele nos faz entender a grandeza do amor. O grande deve ser entendido por meio do pequeno.
Por último, Deus envia o seu Filho, mas “o envia em carne” e o Filho “humilhou a si mesmo” até a morte. Este é o mistério do amor de Deus: a grandeza maior expressa na menor das pequenezas. Para Francisco, assim se pode entender também o percurso cristão.
Quando Jesus nos quer ensinar como deve ser a atitude cristã, nos diz poucas coisas, nos faz ver aquele famoso protocolo sobre o qual todos nós seremos julgados (Mateus 25). E o que diz? Não diz: “Eu creio que Deus seja assim. Entendi o amor de Deus”. Não, não… Eu fiz o amor de Deus em pequenas coisas. Dei de comer ao faminto, dei de beber ao sedento, visitei o doente, o detento. As obras de misericórdia são justamente a estrada do amor que Jesus nos ensina em continuidade com este amor de Deus, grande! Com este amor sem limites, que se aniquilou, se humilhou em Jesus Cristo; e nós devemos expressá-lo assim.
Portanto, concluiu o Papa, não são necessários grandes discursos sobre o amor, mas homens e mulheres “que saibam fazer essas pequenas coisas por Jesus, para o Pai”. As obras de misericórdia “são a continuidade deste amor, que se rebaixa, chega a nós e nós o levamos avante”.
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A partir desta segunda-feira (21/05), a memória da Beata Virgem Maria Mãe da Igreja entra no calendário litúrgico.
O Papa Francisco quis que essa data fosse celebrada na segunda-feira depois de Pentecostes, segundo o decreto “Ecclesia Mater” da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, datado 11 de fevereiro deste ano, dia em que a Igreja recorda Nossa Senhora de Lourdes.
Segundo o documento, o objetivo é “favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos e fiéis, como também a genuína piedade mariana”.
A devoção do pontífice por Maria Mãe da Igreja não é nova, possui raízes profundas e mostra um comportamento filial claro em relação à Virgem.
Na casa da Mãe
Em sua viagem apostólica ao Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude, em julho de 2013, no Santuário Nacional de Nossa Aparecida, o Papa Francisco disse que “a Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: “Mostrai-nos Jesus”. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria.”
Modelo de fé da Igreja
Na audiência geral de 23 de outubro daquele ano, Francisco refletiu sobre Maria como modelo de fé da Igreja “que tem como centro Cristo, encarnação do amor infinito de Deus”.
Ela quer trazer também a nós “a dádiva grandiosa que é Jesus; e com Ele nos traz o seu amor, a sua paz e a sua alegria. Assim a Igreja é como Maria: a Igreja não é uma loja, nem uma agência humanitária; a Igreja não é uma ONG, mas é enviada a levar a todos Cristo e o seu Evangelho; ela não leva a si mesma — seja ela pequena, grande, forte, ou frágil, a Igreja leva Jesus.”
E insiste: “Se, por hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, ela seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de Jesus, o amor de Jesus, a caridade de Jesus.”
Duas mulheres mães
Na Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, em 1° de janeiro, o Papa voltou ao nosso caminho de fé. Em 2014, ele especificou que está solenidade está “intrinsecamente ligada” a Maria “desde que Jesus, morrendo na cruz, nos deu Maria como Mãe”. A partir daquele momento, “a Mãe de Deus também se tornou nossa Mãe”.
Por sua vez, acrescentou em 28 de junho de 2014, saudando os jovens da Diocese de Roma em busca de sua vocação, reunidos na Gruta de Lourdes dos Jardins Vaticanos, “um cristão sem Nossa Senhora é órfão”, e a Igreja também.
“Duas mulheres” indicam “mães que desatam os nós da nossa vida, levando-os ao Senhor”, reiterou no Angelus de 1° de janeiro de 2016. Um conceito que ele aprofundou na missa no adro do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, onde celebrou a missa de canonização dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, no centenário das aparições da Bem-Aventurada Virgem Maria na Cova da Iria.
Imaculada Conceição
O segredo de Maria é “a Palavra de Deus”: no ano seguinte, no dia da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro, Francisco explicou como Maria “tornou a sua vida linda”, “permanecendo com Deus, dialogando com Ele em toda circunstância”.
No habitual ato de veneração na Praça de Espanha, em Roma, Francisco agradeceu a Nossa Senhora pelo acompanhamento constante no “caminho das famílias, das paróquias, das comunidades religiosas” e também de quem trabalha, “dos doentes, idosos, de todos os pobres, de tantos imigrantes” provenientes de terras onde há “guerra e fome”.
No mesmo dia, a homenagem à Virgem da Medalha Milagrosa na Basílica de Sant’Andrea delle Fratte, situada no centro de Roma. Antes, porém, visitou o ícone de Nossa Senhora “Salus Populi Romani”, na Basílica de Santa Maria Maior.
O Papa Francisco retorna sempre à Basílica de Santa Maria Maior na ocasião de suas viagens e não só: no final de janeiro deste ano, para o traslado da imagem sagrada, ele explicou que “onde Nossa Senhora é de casa o diabo não entra” e o “turbamento não prevalece, o medo não vence”. Porque Maria “é como Deus nos quer, como quer a sua Igreja: mãe, terna, humilde, pobre de coisas e rica de amor, livre do pecado, unida a Jesus, que – ressaltou alguns dias antes no Dia Mundial da Paz – guarda Deus no coração e o próximo da vida”.
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Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Cerca de 20 mil fiéis participaram esta manhã de quarta-feira (02/05) da Audiência Geral na Praça S. Pedro.
Em sua catequese, o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo sobre o Batismo, falando dos ritos centrais deste sacramento.
Simbolismo da água
Começando pela água, o Pontífice explicou que se trata de um elemento purificador, matriz de vida e de bem estar, mas a sua falta ou o excesso pode ser também causa de morte. Por isso, possui um grande simbolismo na Bíblia para falar das intervenções de Deus, como por exemplo as águas do dilúvio, a passagem pelas águas do Mar Vermelho ou o sangue e água que correram do lado de Cristo crucificado.
Mas a água não tem o poder de curar, mas sim a ação do Espírito Santo no Batismo, tornando-se o instrumento que permite a quem recebe este sacramento ser sepultado com Cristo e, com Ele, ressuscitar para uma vida imortal.
Deus une, o diabo divide
Após a santificação da água, quem se prepara para receber o sacramento deve renunciar a Satanás e fazer a sua profissão de fé.
“O diabo divide. Deus une sempre num só povo. Não é possível aderir a Cristo colocando condições. De algumas pessoas dizemos que se dão bem com Deus e com o diabo. Isso não é possível”, disse o Papa. “Ou você está bem com Deus ou com o diabo. Por isso a renúncia e o ato de fé vão juntos.”
Renunciar e crer
A resposta às perguntas: “Renunciam a Santanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções?” – é formulada na primeira pessoa do singular: “Renuncio”.
E ao mesmo modo é professada a fé da Igreja, dizendo: “Creio”. “É a base do Batismo”, acrescentou Francisco. É uma escolha responsável, que exige ser traduzida em gestos concretos de confiança em Deus, de luta contra o pecado e de esforço, contando com a graça de Deus, para configurar a própria vida aos ensinamentos de Jesus.
O Pontífice então concluiu:
“Queridos irmãos e irmãs, quando molhamos a mão na água benta e fazemos o sinal do Cruz, pensemos com alegria e gratidão ao Batismo que recebemos, e renovamos o nosso ‘Amém’, per viver imergidos no amor da Santíssima Trindade.”
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Saber discernir entre as curiosidades boas e as curiosidades más e abrir o coração ao Espírito Santo que dá certeza. Estas são as duas exortações que o Papa Francisco abordou na homilia da missa na Casa Santa Marta nesta segunda-feira (30/04) , a partir do Evangelho de hoje (Jo 14, 21-26). De fato, no Evangelho há um diálogo entre Jesus e os discípulos, que o Papa define como “diálogo entre as curiosidades e a certeza”.
Na homilia o Papa explica a diferença entre as curiosidades boas e as más, porque “a nossa vida está cheia de curiosidades”. Como exemplo de curiosidade boa, refere-se às crianças quando estão na chamada “idade do por quê”. Elas perguntam, por quê, quando estão crescendo, percebem coisas que não entendem, estão procurando uma explicação. Essa é uma boa curiosidade, porque serve para crescer e “ter mais autonomia” e é também uma “curiosidade contemplativa”, porque “as crianças vêem, contemplam, não entendem e perguntam”.
“As fofocas” são, ao invés, uma curiosidade não boa, “patrimônio de mulheres e homens”, mesmo que alguém afirme que os homens são “mais fofoqueiros do que as mulheres”. A curiosidade má consiste em querer “cheirar a vida dos outros” – explica o papa – em “tentar ir a lugares que acabam sujando outras pessoas”, em fazer entender coisas que você não tem o direito de conhecer. Este tipo de curiosidade má “nos acompanha por toda a vida: é uma tentação que sempre teremos”: é a advertência do Papa.
Não ter medo, mas ter cuidado: “isso eu não pergunto, isso eu não olho, isso eu não quero”. E tantas curiosidades, por exemplo, no mundo virtual, com os celulares e coisas do gênero … As crianças vão ali e ficam curiosas para ver; e encontram ali muitas coisas ruins. Não há disciplina nessa curiosidade. Devemos ajudar as crianças a viver neste mundo, para que o desejo de conhecer não seja o desejo de ser curiosa, e acabem prisioneiras dessa curiosidade.
A curiosidade dos Apóstolos no Evangelho, porém, é boa: eles querem saber o que acorrerá, e Jesus responde dando certezas, “nunca engana”, prometendo a eles o Espírito Santo que – afirma – “ensinará tudo a vocês e recordará tudo o que eu lhes disse”.
A certeza nos dará o Espírito Santo na vida. O Espírito Santo não vem com um pacote de certezas e você aceita. Não. Na medida em que caminhamos na vida e pedimos ao Espírito Santo, abrindo o coração, ele nos dá a certeza para aquele momento, a resposta para aquele momento. O Espírito Santo é o companheiro, companheiro de caminho do cristão.
De fato, o Espírito Santo “recorda as palavras do Senhor iluminando-as” e este diálogo à mesa com os Apóstolos, que é “um diálogo entre curiosidade humana e certezas”, termina precisamente com esta referência ao Espírito Santo, “companheiro da memória”, que “conduz aonde há a felicidade fixa, que não se move”. Francisco exorta, portanto, a ir aonde há a verdadeira alegria com o Espírito Santo, que ajuda a não cometer erros:
Peçamos ao Senhor duas coisas hoje: primeiro, de nos purificar ao aceitar as curiosidades – há curiosidades boas e não tão boas – e saber discernir: não, isso eu não devo ver, isso eu não devo ver, isso não devo perguntar. E segunda graça: abrir o coração ao Espírito Santo, porque ele é a certeza, nos dá a certeza, como companheiro de caminho, das coisas que Jesus nos ensinou, e nos faz recordar tudo.
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FOTO: Papa celebra a missa na Casa Santa Marta (ANSA) / VATICAN NEWS
Jesus nos ensina o amor com a Eucaristia; nos ensina o serviço com o lava-pés; e nos diz que um servo jamais está acima do seu senhor. Estes três elementos são o fundamento da Igreja. Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã de quinta-feira (26/04) na capela da Casa Santa Marta. O Pontífice comentou o Evangelho do dia, no qual João refere as palavras de Jesus depois do lava-pés.
Na Última Ceia, explicou o Papa, Jesus se despede dos discípulos com um discurso longo e belo e “faz dois gestos que são instituições”. Dois gestos para os discípulos e para a Igreja que virá, “que são o fundamento, por assim dizer, da sua doutrina”. Jesus “dá de comer o seu corpo e de beber o seu sangue”, isto é, institui a Eucaristia, e faz o lava-pés. “Desses gestos nascem os dois mandamentos – explicou Francisco – que farão crescer a Igreja se formos fiéis”.
Amor sem limites
O primeiro é o mandamento do amor: não somente “amar o próximo como a si mesmo”, mas um passo a mais: “amar o próximo como eu os amei”.
“ O amor sem limites. Sem isto, a Igreja não vai para frente, a Igreja não respira. Sem o amor, não cresce, se transforma numa instituição vazia, de aparências, de gestos sem fecundidade. Ir ao seu corpo: Jesus diz como devemos amar, até o fim. ”
Depois, o segundo novo mandamento, que nasce do lava-pés: “servir uns aos outros”, lavar os pés uns aos outros, como eu os lavei. Dois novos mandamentos e uma única advertência: “vocês podem servir, mas enviados por mim. Não estão acima de mim.
Humildade simples e verdadeira
De fato, Jesus esclarece: o servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou”. Assim é a humildade simples e verdadeira, não a humildade fingida.
A consciência de que Ele é maior do que todos nós, e nós somos servos, e não podemos ultrapassar Jesus, não podemos usar Jesus. Ele é o Senhor, não nós. Este é o testamento do Senhor. Ele se dá de comer e beber e nos diz: amem-se assim. Lava os pés e nos diz: sirvam assim, mas estejam atentos, um servo jamais é maior que aquele que o enviou, do senhor. São palavras e gestos contundentes: é o fundamento da Igreja. Se formos avante com essas três coisas, nunca vamos errar.
Os mártires e os muitos santos, prosseguiu o Papa, foram avante assim: “com esta consciência de ser servos”.
Subordinação
E depois Jesus insere outra advertência: “Eu conheço aqueles que escolhi” e diz: “Mas sei que um de vocês me trairá”. Por isso, Francisco conclui convidando todos, num momento de silêncio, a deixar-se olhar pelo Senhor:
“ É deixar que o olhar de Jesus entre em mim. Sentiremos tantas coisas: sentiremos amor, sentiremos talvez nada… ficaremos bloqueados ali, sentiremos vergonha. Mas deixar sempre que o olhar de Jesus venha. O mesmo olhar com o qual olhava, naquela noite, os seus na ceia. Senhor conhece, sabe tudo. ”
Amor até o fim, finalizou o Papa, serviço, e “vamos usar uma palavra um pouco militar, mas que é útil: subordinação, isto é, Ele é o maior, eu sou servo, ninguém pode passar na sua frente”.
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FOTO: VATICAN NEWS / Papa Francisco (ANSA)
Na história do homem “sempre haverá resistência ao Espírito Santo”, oposições às novidades e às “mudanças”. Na homilia da missa celebrada em Santa Marta, o Papa Francisco reflete sobre a liturgia de hoje, detendo-se sobre as diferentes atitudes que o homem adota diante das novidades do Senhor, que “sempre vem ao nosso encontro com algo novo” e “original”.
Os prisioneiros de ideias
No Evangelho de João, o fechamento dos doutores da lei é bem focalizado, atitude que então se torna “rigidez”. São homens capazes de se concentrar apenas em si mesmos, inertes à obra do Espírito Santo e insensíveis às novidades. O Pontífice enfatiza, em particular, a sua completa incapacidade de “discernir os sinais dos tempos”, sendo escravos de palavras e ideias.
“Eles voltam à mesma questão, eles são incapazes de sair daquele mundo fechado, eles são prisioneiros das ideias. Eles receberam a lei que era vida, mas eles a ‘destilaram’, eles a transformaram em ideologia e assim giram, giram e são incapazes de sair e qualquer novidade para eles é uma ameaça”.
A liberdade dos filhos de Deus
Muito diferente, no entanto, deveria ser o calibre dos filhos de Deus, que apesar de ter talvez uma reticência inicial são livres e capazes de colocar no centro o Espírito Santo. O exemplo dos primeiros discípulos, contado na Primeira leitura, destaca sua docilidade ao novo e a capacidade de semear a Palavra de Deus, mesmo fora do padrão usual de “sempre se fez assim”. Eles, observa Papa Bergoglio, “mantiveram-se dóceis ao Espírito Santo para fazer algo que fosse mais do que uma revolução”, “uma mudança forte”, e ao centro “estava o Espírito Santo: não a lei, o Espírito Santo” .
“E a Igreja era uma Igreja em movimento, uma Igreja que ia além de si mesma. Não era um grupo fechado de eleitos, uma Igreja missionária: na verdade, o equilíbrio da Igreja, por assim dizer, está precisamente na mobilidade, na fidelidade ao Espírito Santo. Alguns dizem que o equilíbrio da igreja se assemelha ao equilíbrio da bicicleta: está parada e vai bem quando está em movimento; se você a deixa parada, cai. Um bom exemplo”.
Oração e discernimento para encontrar o caminho
Fechamento e abertura: dois pólos opostos que descrevem como o homem pode reagir diante do sopro do Espírito Santo. O segundo, conclui o Papa Francisco, é precisamente “dos discípulos, dos apóstolos”: a resistência inicial não é apenas humana, mas é também “uma garantia de que não se deixam enganar por alguma coisa e depois com a oração e o discernimento encontram o caminho” “.
“Sempre haverá resistência ao Espírito Santo, sempre, sempre, até o fim do mundo. Que o Senhor nos conceda a graça para saber resistir ao que devemos resistir, ao que vem do maligno, ao que que nos tira a liberdade e saibamos nos abrir às novidades, mas somente àquelas que vêm de Deus, com o poder do Espírito Santo e nos conceda a graça de discernir os sinais dos tempos para tomar as decisões que deveremos tomar naquele momento”.
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O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística, nesta sexta-feira (20/04), no Porto de Molfetta, na Puglia, no 25º aniversário de morte do Servo de Deus Dom Tonino Bello.
Em sua homilia, o Pontífice destacou dois elementos centrais para a vida cristã: o pão e a palavra.
“O pão é o alimento essencial para viver e Jesus no Evangelho se oferece a nós como Pão da vida e usa expressões fortes: comam a minha carne e bebam o meu sangue.”
“O que isso significa? Que para a nossa vida é essencial entrar em relação vital, pessoal com Ele. Carne e sangue.”
“ A Eucaristia é isto: não um rito bonito, mas a comunhão íntima, concreta, surpreendente que se possa imaginar com Deus: uma comunhão de amor tão real que toma a forma do comer. ”
“A vida cristã recomeça toda vez daqui, desta mesa, onde Deus nos sacia com amor. Sem Ele, Pão da vida, todo esforço na Igreja é em vão, como recordava Dom Tonino Bello: «As obras caritativas não bastam, se falta a caridade das obras. Se falta o amor do qual as obas começam, se falta a fonte, se falta o ponto de partida que é a Eucaristia, todo compromisso pastoral é apenas um cata-vento».”
“Dom Tonino foi um bispo servo, um pastor que se fez povo. Sonhava uma Igreja faminta de Jesus e intolerante a toda mundanidade, uma Igreja que «sabe decifrar o corpo de Cristo nos tabernáculos desconfortáveis da miséria, do sofrimento e da solidão». Ele dizia, «a Eucaristia não tolera o sedentarismo» e sem se levantar da mesa permanece «um sacramento incompleto».
“ Podemos nos perguntar: este Sacramento se realiza em mim? Concretamente: eu gosto apenas de ser servido à mesa pelo Senhor ou me levanto para servir como o Senhor? ”
“Doo na vida o que recebo na missa? Como Igreja poderíamos nos perguntar: depois de tantas comunhões, tornamo-nos pessoas de comunhão?”
O Papa frisou que “o Pão da vida, pão partido é também Pão de paz”. Dom Tonino dizia que «a paz não vem quando uma pessoa pega somente o seu pão e vai comê-lo sozinho. […] A paz é algo mais: é convivência». É «comer o pão junto com os outros, sem se separar, colocando-se à mesa entre pessoas diferentes, onde o outro é um rosto a ser descoberto, a ser contemplado e acariciado», pois os conflitos e todas as guerras «encontram raízes na dissolução dos rostos».
“ Podemos nos perguntar: este Sacramento se realiza em mim? Concretamente: eu gosto apenas de ser servido à mesa pelo Senhor ou me levanto para servir como o Senhor? ”
“Junto com o Pão, a Palavra”, disse Francisco. “O Evangelho apresenta discussões ásperas em torno das palavras de Jesus: ‘Como pode esse homem dar-nos a sua carne para comer?’ Existe um ar de derrota nestas palavras. Tantas palavras nossas se assemelham a estas: como o Evangelho pode resolver os problemas do mundo? Para que serve fazer o bem em meio a tanto mal? E assim caímos no erro daquelas pessoas, paralisadas ao discutir as palavras de Jesus, em vez de estarem prontas para acolher a mudança de vida por Ele pedida. Não entendiam que a Palavra de Jesus é para caminhar na vida, não para se sentar e falar daquilo que funciona ou não.”
“Dom Tonino, no Tempo da Páscoa, convidada a acolher esta novidade de vida, passando das palavras aos fatos. Por isso, exortava quem não tinha a coragem de mudar: «os especialistas da perplexidade. Os contábeis pedantes dos prós e contras».”
“ A Jesus não se responde segundo os cálculos ou as conveniências do momento, mas com o sim de toda a vida. Jesus não quer as nossas reflexões, mas a nossa conversão. ”
“Depois de ter encontrado o Ressuscitado é preciso sair, não obstante todos os problemas e incertezas. Em toda celebração eucarística nutrimo-nos do Pão da vida e da Palavra que salva. Vivemos o que celebramos. Como Dom Tonino seremos fontes de esperança, alegria e paz”, concluiu Francisco.
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O Papa Francisco deixou o Vaticano na manhã desta sexta-feira (20/4), para fazer uma Visita Pastoral à região da Puglia, no sul da Itália. Durante a sua breve viagem em território nacional, o Santo Padre esteve em Alessano, Diocese de Ugento, e em Molfetta, Diocese de Bari.
O objetivo desta sua primeira visita à Puglia é celebrar o 25° aniversário de morte de Dom Tonino Bello, cuja Causa de Beatificação está em andamento. Dom Antonino nasceu em Alessano, no dia 18 de março de 1935, e faleceu em Molfetta, em 20 de abril de 1993, onde desempenhou sua missão episcopal.
Na cidade de Alessano, o Papa visitou o túmulo do Servo de Deus, Dom Tonino, onde cumprimentou os seus familiares. A seguir, na praça diante do Cemitério, o Papa pronunciou seu discurso aos fiéis da localidade citando e refletindo sobre algumas palavras de agradecimento de Dom Tonino: “Obrigado, minha terra, pequena e pobre, que me fez nascer pobre, como você, mas, precisamente por isso, de você recebi a riqueza incomparável de entender os pobres e, hoje, poder servi-los”. A este respeito, Francisco disse:
“Entender os pobres foi para ele uma verdadeira riqueza. E com razão, pois os pobres são a riqueza da Igreja. O Evangelho, de fato, apresenta-nos, muitas vezes, uma vida incômoda, porque quem segue a Jesus ama os pobres e os humildes. Foi o que fez Dom Tonino: não buscou privilégios e uma vida cômoda, mas viveu ao lado dos pobres, sob o exemplo de Jesus que “era rico, mas se fez pobre”.
O Servo de Deus preocupava-se com a indiferença, com a falta de trabalho, e colocava, acima de tudo, a dignidade do homem. Ele semeava a paz, a melhor maneira de prevenir a violência e todo tipo de guerra; colocava-se a serviço dos mais necessitados e promovia a justiça social. E o Papa explicou:
“Queridos irmãos e irmãs, esta vocação de paz pertence à sua terra, a esta maravilhosa terra de fronteira “finis-terre”, que Dom Tonino chamava “terra-janela”, porque o Sul da Itália se abre ao Sul do mundo, onde os pobres são bem mais numerosos e os ricos mais ricos. De fato, vocês são uma “janela aberta” para a pobreza do mundo, mas também uma “janela de esperança”, para que o Mediterrâneo, bacia histórica de civilização, não seja palco de guerra, mas arca de paz acolhedora”.
Nesta terra, disse o Papa, desabrochou a vocação de Dom Tonino, que ele a chamava “evocação” de Deus, capaz de transformar nossas vidas frágeis. Vocação, para Dom Tonino, “é uma chamada a ser fiéis, não apenas devotos, mas verdadeiros apaixonados por Deus”. Com este desejo, o Servo de Deus recomendava aos seus sacerdotes e fiéis uma Igreja aberta para o mundo, não mundana. Aqui, Francisco ressaltou outra qualidade de Dom Tonino:
“O nome de Dom Tonino representa a sua salutar alergia pelos títulos e honras. Seu desejo era privar-se de qualquer coisa por Jesus, que se despojou totalmente na cruz; era livrar-se dos “sinais do poder” para dar espaço ao “poder dos sinais”. Dom Tonino exortava os fiéis a “serem contempla-ativos, ou seja, partir da contemplação para desembocar no dinamismo, na ação; deter-se diante do sacrário e partir para a missão evangélica”.
O Santo Padre concluiu seu discurso invocando a Mãe do Senhor, a fim de nos ajudar a ser sempre Igreja contemplativa, apaixonada por Deus e pelo homem. Por fim, convidou os presentes a imitar o Servo de Deus, Dom Tonino, deixando-nos guiar pelo seu jovem ardor cristão.
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A Praça S. Pedro acolheu milhares de fiéis esta quarta-feira de tempo instável em Roma para a Audiência Geral.
Depois de fazer a alegria dos fiéis ao saudá-los de papamóvel, o Papa fez notar as flores presentes na Praça, símbolo da alegria, da “flor nova” que é Cristo, pois a Páscoa faz florescer “o Cristo Ressuscitado, a nossa justificação, a santidade da Igreja”. E pediu aos presentes que desejassem “Feliz Páscoa” ao “amado Papa Bento XVI”, que nos acompanha através da televisão.
Ritos finais
Em sua catequese, o Papa Francisco encerrou o ciclo que dedicou à Missa, falando dos ritos finais: a bênção concedida pelo sacerdote e a despedida do povo.
Assim como a missa tem início com o sinal da cruz, ela se conclui no nome da Trindade e se abre para o testemunho cristão.
“Os cristãos não vão à missa para cumprir um dever semanal e depois se esquecer. Vão à missa para participar da ressurreição do Senhor e depois viver mais como cristãos. Abre-se o testemunho cristão, para sermos mais cristãos.”
Saímos da igreja para “ir em paz” para levar a bênção de Deus para a nossa vida e as atividades cotidianas, destacou o Pontífice.
Língua comprida
“Se saímos da missa conversando, falando dos outros, com a língua comprida, significa que a missa não entrou no meu coração, porque não somos capazes de dar testemunho cristão. Devo sair melhor de como entrei, com mais vida, com mais força, com mais vontade de dar testemunho cristão.”
Da celebração à vida, portanto, cientes de que a Missa encontra cumprimento nas escolhas concretas de quem se deixa envolver em primeira pessoa nos mistérios de Cristo. “Não devemos nos esquecer que celebramos a Eucaristia para aprender a nos tornar homens e mulheres eucarísticos.”
Na prática, explicou o Papa, isso significa deixar agir Cristo nas nossas obras: que os seus pensamentos, sentimentos e escolhas sejam os nossos. Isso é santidade. São Paulo expressa bem este conceito quando diz: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. Este é o testemunho cristão.
Sacrário
Já que a presença real de Cristo no Pão consagrado não termina com a Missa, a Eucaristia é conservada no sacrário para a Comunhão aos enfermos e para a adoração silenciosa do Senhor no Santíssimo Sacramento; o culto eucarístico fora da Missa, seja em forma privada, seja comunitária, nos ajuda a permanecer em Cristo.
“A missa é como o grão, que na vida cresce nas obras boas, nas atitudes que nos fazem parecer com Jesus. Os frutos da Missa, portanto, são destinados a amadurecer na vida de todos os dias”, acrescentou Francisco, recordando que a Eucaristia nos separa do pecado.
“Aproximar-se regularmente ao banquete eucarístico renova, fortifica e aprofunda o elo com a comunidade cristã à qual pertencemos, segundo o princípio que a Eucaristia faz a Igreja.”
Da carne de Cristo à carne dos irmãos
Por fim, participar da Eucaristia compromete junto aos demais, principalmente dos pobres, educando-nos a passar da carne de Cristo à carne dos irmãos, na qual ele espera ser reconhecido, servido, honrado e amado por nós.
“Agradeçamos ao Senhor pelo caminho de redescoberta da santa Missa que o Senhor nos doou e deixemo-nos atrair com fé renovada a este encontro real com Jesus morto e ressuscitado por nós. E que a nossa vida seja sempre florescida, como a Páscoa, com as flores da esperança, da fé, das obras boas, que nos possamos encontrar essa força na eucaristia. Boa Páscoa a todos.”
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FOTO: VATICAN NEWS / Papa no Regina Coeli desta Segunda-feira do Anjo
O dia de hoje é um dia de festa a ser vivido habitualmente com a família. A segunda após a Páscoa é chamado “Segunda-feira do Anjo”, segundo uma tradição muito bonita que corresponde às fontes bíblicas da Ressurreição. Foi o que disse o Papa Francisco no Regina Caeli ao meio-dia, explicando o sentido e o significado desta segunda-feira após o domingo de Páscoa.
De fato, os Evangelho narram que, quando as mulheres foram ao Sepulcro, encontraram-no aberto. Elas temiam não poder entrar porque este estava fechado com uma grande pedra. Ao invés, estava aberto; e uma voz que vinha de dentro do sepulcro disse-lhes que Jesus não estava ali, mas ressuscitou, destacou o Papa.
Pela primeira vez foram pronunciadas as palavras “Ressuscitou”. Os evangelistas – prosseguiu o Santo Padre – nos referem que este primeiro anúncio foi dado pelos anjos, ou seja, mensageiros de Deus. Há um significado nesta presença angélica – prosseguiu Francisco: como a Encarnação do Verbo foi anunciada por um anjo, Gabriel, assim para anunciar pela primeira vez a Ressurreição não bastava uma palavra humana.
Era necessário um ser superior para comunicar uma realidade tão inédita, tão incrível, que talvez nenhum homem teria ousado pronunciá-la. Após este primeiro anúncio, a comunidade dos discípulos começou a repetir: “Verdadeiramente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão (Lc 24,34), mas o primeiro anúncio exigia uma inteligência superior à inteligência humana.
Explicitando ainda o sentido celebrativo desta segunda-feira, o Pontífice explicou:
“Após ter celebrado a Páscoa se sente a necessidade de reunir-se mais uma vez com os familiares e com os amigos para fazer festa. Porque a fraternidade é o fruto da Páscoa de Cristo que, com a sua morte e ressurreição, derrotou o pecado que separava o homem de Deus, de si mesmo e de seus irmãos.”
Jesus abateu o muro de divisão entre os homens e restabeleceu a paz, começando a tecer a rede de uma nova fraternidade. É muito importante neste nosso tempo redescobrir a fraternidade, assim como era vivida nas primeira comunidades cristãs, acrescentou.
“Não pode haver verdadeira comunhão e um compromisso em favor do bem comum e da justiça social sem a fraternidade e partilha. Sem partilha fraterna não se pode realizar uma autêntica comunidade eclesial ou civil: há somente um conjunto de indivíduos movidos pelos próprios interesses.”
A Páscoa de Cristo fez explodir no mundo a novidade do diálogo e da relação, novidade que para os cristãos se tornou uma responsabilidade. De fato Jesus disse: “Disso saberão que sois meus discípulos: se amarem uns aos outros” (Jo 13,35).
“Eis o motivo porque não podemos fechar-nos em nosso privado, em nosso grupo, mas somos chamados a ocupar-nos do bem comum, a cuidar dos irmãos, especialmente dos mais frágeis e marginalizados. Somente a fraternidade pode garantir uma paz duradoura, derrotar as pobrezas, superar as tensões e as guerras, extirpar a corrupção e a criminalidade.”
Que a fraternidade e a comunhão posam tornar-se nosso estilo de vida e alma de nossas relações, disse ainda Francisco, renovando seu apelo a fim de que as pessoas sequestradas ou injustamente privadas da liberdade sejam libertadas e possam voltar para suas casas.
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O Papa Francisco abriu o Tríduo Pascal no Vaticano na manhã desta Quinta-feira Santa presidindo a Missa do Crisma. Os sacerdotes renovaram seu compromisso e os óleos dos Catecúmenos (usados nos batizados) e dos Enfermos (para a Unção dos doentes) foram abençoados e o óleo do Crisma (usado no sacramento do Crisma) consagrado.
Evangelizar estando sempre próximo do povo: assim como Jesus – narra o Evangelho de Lucas – o padre de hoje deve assumir este desafio e cumpri-lo. “Ser um pregador de estrada, um mensageiro de boas novas”: em sua homilia, o Papa sugeriu aos padres esta opção, que foi a de Deus:
“ A pedagogia da encarnação, da inculturação; não só nas culturas distantes, mas também na própria paróquia, na nova cultura dos jovens… ”
Estar ‘sempre ‘ e falar com todos
Como definir um padre como “próximo” das pessoas? Para Francisco, ele deve estar “sempre” perto e “falar com todos”: com os grandes, com os pequenos, com os pobres, com aqueles que não creem… assim como o Apóstolo Filipe, pregador de estrada, que ia de terra em terra, anunciando a Boa-Nova da Palavra, inundando as cidades de alegria.
“A proximidade é a chave do evangelizador, porque é uma atitude-chave no Evangelho, mas é também a chave da verdade”, ressaltou o Papa, lembrando que esta é também fidelidade e que não devemos cair na tentação de fazer ídolos com algumas verdades abstratas. Francisco improvisou e falou da ‘cultura do ajetivo’, um hábito ‘feio’…
“Porque a ‘verdade-ídolo’ se mimetiza, usa as palavras evangélicas como um vestido, mas não deixa que lhe toquem o coração. E, pior ainda, afasta as pessoas simples da proximidade sanadora da Palavra e dos Sacramentos de Jesus”.
O modelo da proximidade materna
E quem nos é mais próximo do que a “Mãe”? Segundo o Papa, podemos invocá-La como “Nossa Senhora da Proximidade”, que caminha conosco, luta conosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus, a fim de que ninguém se sinta excluído.
Francisco sugeriu para meditação três âmbitos de proximidade sacerdotal que podem ressoar com o mesmo tom materno de Maria no coração das pessoas com quem falamos: o âmbito do acompanhamento espiritual, o da Confissão e o da pregação.
Diálogo, confissão e pregação
No diálogo espiritual, o Papa mencionou modelo o encontro do Senhor com a Samaritana: que soube trazer à luz o pecado sem ensombrar a oração de adoração nem pôr obstáculos à sua vocação missionária.
A passagem da mulher adúltera foi o exemplo citado para a proximidade na Confissão: assim como Jesus, usar o tom da verdade-fiel, que permita ao pecador olhar em frente e não para trás. O tom justo do “não tornes a pecar” é o do confessor que o diz disposto a repeti-lo setenta vezes sete.
Por último, a proximidade do sacerdote no âmbito da pregação: “Quanto estamos próximos de Deus na oração e quão próximo estamos do nosso povo na sua vida diária?”. A resposta do Papa é:
“ Se te sentes longe de Deus, aproxima-te do seu povo, que te curará das ideologias que te entorpeceram o fervor. As pessoas simples te ensinarão a ver Jesus de outra maneira ”
E explicou que “o sacerdote vizinho, que caminha no meio do seu povo com proximidade e ternura de bom pastor (e, na sua pastoral, umas vezes vai à frente, outras vezes no meio e outras vezes ainda atrás), as pessoas não só o veem com muito apreço; mas vão mais além: sentem por ele qualquer coisa de especial, algo que só sente na presença de Jesus”.
A proximidade do ‘sim’
Dirigindo-se diretamente aos sacerdotes, Francisco elevou uma prece a Maria, “Nossa Senhora da Proximidade” pedindo que mantenha os sacerdotes unidos no tom, “para que, na diversidade das opiniões, se torne presente a sua proximidade materna, aquela que com o seu «sim» nos aproximou de Jesus para sempre”.
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FOTO Papa Francisco na prisão de Regina Caeli / VATICAN NEWS
Cárcere para Menores “Casal del Marmo”, Novo Pavilhão do Presídio de Rebibbia, Centro para requerentes de Asilo em Castelnuovo di Porto, Casa de Reclusão de Paliano, Prisão de Regina Caeli.
Também este ano a tradição se repete: o Papa celebra a Santa Missa em Coena Domini nos “Gólgotas modernos”, como os define o vice-coordenador da Pastoral Carcerária, Pe. Gianfranco Graziola. O local onde diariamente nossos irmãos e irmãs são crucificados, condenados à morte e executados:
Papa Francisco escolheu realizar novamente o “Lava-pés” num estabelecimento prisional, o de Regina Coeli em Roma. Aparentemente, pode parecer um simples ato que nestes últimos anos faz parte do calendário das celebrações litúrgicas da Semana Santa do Bispo de Roma.
Na realidade, a opção de Francisco continua incomodando e questionando os puritanos da liturgia que não veem com bons olhos este gesto que, em sua profundidade, questiona a liturgia espetáculo no qual infelizmente se transformaram muitas de nossas celebrações, reduzindo a própria mensagem evangélica a individualismo, sentimentalismo, ou como ele próprio frequentemente repete “mundanismo”.
E como não recordar outra opção de Francisco de dar a este momento celebrativo um caráter reservado, limitando ao essencial a presença dos meios de comunicação, reafirmando um princípio importante: o do encontro com a pessoa que, na sua sacralidade, precisa ser respeitada e valorizada.
Mas existe outra mensagem importante na gestualidade e nas opções de Francisco: a de atualizar e encarnar a mensagem evangélica nas realidades periféricas de nosso tempo, e entre elas aquelas que mais questionam, como o caso dos cárceres, os “Gólgotas” modernos, onde diariamente tantos nossos irmãos e irmãs são crucificados, condenados à morte e executados.
Indo a Regina Coeli, o Papa Francisco reafirma e confirma a identidade da Igreja e das comunidades cristãs: a de uma Igreja Samaritana, Cirenea e Verônica, capaz de parar diante do sofrimento da humanidade, de ajudar a carregar o peso da dor e de expressar sua ternura enxugando suas lágrimas e limpando seu rosto ensanguentado.
Ao mesmo tempo, ele anuncia e expressa uma Igreja viva, presente na história da humanidade capaz de manifestar e comunicar ao nosso tempo e à história a vida plena de Jesus Ressuscitado.
Feliz e Santa Páscoa.
FONTE: Radio Vaticano
FOTO VATICAN NEWS / Praça São Pedro na Audiência Geral
O anúncio de que Cristo ressuscitou é o centro de nossa fé!
O Papa Francisco dedicou a catequese da Audiência Geral desta quarta-feira ao Tríduo Pascal, “para aprofundar um pouco” o que representam para nós, crentes, os dias “mais importantes do ano litúrgico”, que constituem “a memória celebrativa de um único grande mistério: a morte e a ressurreição do Senhor Jesus”.
O Papa começou perguntando aos 12 mil fiéis presentes na Praça São Pedro qual era a festa mais importante da nossa fé, a Páscoa ou o Natal?
E recordou, que até aos 15 anos, ele acreditava que fosse o Natal, “mas todos erramos”, pois é a Páscoa, “porque é a festa da nossa salvação, a festa do amor de Deus por nós, a festa, a celebração da sua morte e ressurreição”.
Tríduo Pascal
“O Tríduo – explicou o Pontífice – começa amanhã com a Missa da Ceia do Senhor e se concluirá com as vésperas do Domingo da Ressurreição, depois vem a “Pasquetta” para celebrar esta grande festa”, mas estes dias constituem a memória celebrativa de um grande único mistério: a morte e a ressurreição do Senhor Jesus.
Estes dias marcam as etapas fundamentais de nossa fé e da nossa vocação no mundo, e todos os cristãos são chamados a viver os três dias Santos como, por assim dizer, a “matriz” de sua vida pessoal e comunitária, como viveram os nossos irmãos judeus o êxodo do Egito.
Estes três dias, de fato –frisou o Papa – “repropõe ao povo cristão os grandes eventos da salvação operados por Cristo, e assim o projetam no horizonte de seu destino futuro e o fortalecem no seu compromisso de testemunha na história”.
O Canto da Sequência anuncia solenemente que “Cristo, nossa esperança, ressuscitou e nos precede na Galileia”. Aqui, Tríduo Pascal encontra seu ápice, disse Francisco, que explica:
“Ele contém não somente um anúncio de alegria e de esperança, mas também um apelo à responsabilidade e à missão. E não acaba com a “colomba” (especiaria pascal italiana, ndr), os ovos, as festas. Isto é bonito, é bonito porque é a festa de família, mas não fica nisto. Começa ali com o caminho à missão, ao anúncio: Cristo ressuscitou”.
E este anúncio, ao qual o Tríduo conduz preparando-nos para acolhê-lo, é o centro de nossa fé e da nossa esperança, é o cerne, é o anúncio, é o kerigma que continuamente evangeliza a Igreja e que esta, por sua vez, é convidada a evangelizar”.
Batismo
“O Cordeiro que foi imolado”. Assim São Paulo fala de Cristo, e com Ele “as coisas velhas passaram, eis que tudo se fez novo”. No Tríduo Pascal “a memória deste acontecimento fundamental se faz celebração plena de reconhecimento e, ao mesmo tempo, renova nos batizados o sentido de sua nova condição”:
“E por isto, no dia de Páscoa, desde o início se batizava as pessoas. Também na noite deste sábado eu batizarei aqui, em São Pedro, oito pessoas adultas que começam a vida cristã. E começa tudo: nasceram de novo”.
Cristo, o único que nos justifica
São Paulo também nos recorda que Cristo “foi entregue à morte por causa de nossas culpas e ressuscitou para nossa justificação”:
“O único, o único que nos justifica; o único que nos faz renascer de novo é Jesus Cristo. Nenhum outro. E por isto não se deve pagar nada, porque a justificação – o fazer-se justos – é gratuita. E esta é a grandeza do amor de Jesus: dá a vida gratuitamente para nos fazer santos, para nos renovar, para nos perdoar. E isto é o cerne deste Tríduo Pascal”.
No Tríduo Pascal é renovado nos batizados o sentido de sua nova condição, como diz São Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto”:
“Olhem para o alto. Olhar, olhar o horizonte, ampliar os horizontes: esta é a nossa fé, esta é a nossa justificação, este é o estado de graça”.
“Um cristão, se verdadeiramente deixa-se lavar por Cristo, se verdadeiramente deixa-se despojar por Ele do homem velho para caminhar em uma vida nova, mesmo permanecendo pecador – porque todos o somos – não pode ser corrupto: a justificação de Jesus nos salva da corrupção – somos pecadores, mas não corruptos -, não pode viver com a morte na alma e muito menos ser causa de morte”.
Falsos cristãos
O Papa então, diz que “deve dizer uma coisa triste e dolorosa”:
“Existem cristãos fingidos, aqueles que dizem “Jesus ressuscitou”, “eu fui justificado por Jesus”, estou na vida nova, mas vivo uma vida corrupta. E estes falsos cristãos acabarão mal. O cristão – repito, é pecador – todos o somos, eu sou. O corrupto finge ser uma pessoa honrada, mas no final, no seu coração existe a podridão. Jesus nos dá uma vida nova. O cristão não pode viver com a morte na alma e nem ser causa de morte.”
“Pensemos – para não ir muito longe – pensemos em casa, pensemos nos assim chamados “cristãos mafiosos”. Mas eles, de cristão, não têm nada. Dizem-se cristãos, mas levam a morte na alma, e aos outros. Rezemos por eles, para que o Senhor toque as suas almas”.
Lavar os olhos das crianças
O Papa recorda que em muitos países, no dia de Páscoa, quando tocam os sinos, as mães, as avós, lavam os olhos das crianças com água, com a água da vida, em um sinal para que possam ver as coisas de Jesus, as coisas novas.
“Deixemo-nos nesta Páscoa – foi o convite de Francisco – nos lavar a alma, nos lavar os olhos da alma, para ver as coisas belas, e fazer coisas belas. E isto é maravilhoso! Esta é justamente a Ressurreição de Jesus após a sua morte, que foi o preço para salvar todos nós”.
Presença da Virgem Maria
O Papa convida a nos dispormos a viver bem este Tríduo Santo já iminente “para estar sempre mais profundamente inseridos no mistério de Cristo, morto e ressuscitado por nós” e pede que a Virgem Maria nos acompanhe neste itinerário espiritual:
Ela, “que seguiu Jesus na sua paixão, ela estava lá, olhava, sofria, esteve presente e unida a Ele aos pés da cruz, mas não se envergonhava do filho. Uma mãe nunca se envergonha do filho. Estava lá, e recebeu em seu coração de mãe a imensa alegria da ressurreição. Que ela nos obtenha a graça de estarmos interiormente envolvidos pelas celebrações dos próximos dias, para que o nosso coração e a nossa vida sejam realmente transformados por elas”.
O Santo Padre conclui, desejando a todos “os mais cordiais votos de uma feliz e santa Páscoa, juntamente com as comunidades de vocês e os seus queridos”.
E dou um conselho a vocês, disse o Santo Padre concluir: ”Na manhã de Páscoa, levem as crianças até a torneira e lavem os olhos delas. Será um sinal de como ver Jesus Ressuscitado”
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A Eucaristia é o ápice da vida cristã, pois é o memorial do sacrifício de amor de Jesus. Logo, o homem, que só encontra a sua realização em Deus, deve celebrar com todo amor e zelo esse memorial. Para isso, o ato penitencial colabora e faz com que ele reconheça quem realmente é: um filho que tem pecado e necessita do amor.
Missa: união com Cristo e perdão do pecado
O cristão, ao participar da Missa, comunga de duas mesas: da mesa da Palavra e da Eucarística. Mas, assim como antes de fazermos qualquer refeição lavamos as nossas mãos por motivos de higiene, o cristão também é chamado a “lavar as mãos” antes de participar desse banquete, e esse “lavar as mãos” é no sentido de pedir perdão pelos seus pecados no ato penitencial.
Há uma motivação do sacerdote que diz: “Preparemo-nos, pois, para celebrar dignamente esses santos mistérios, reconhecendo que somos pecadores”. Assim, quando o cristão reconhece que é pecador e pede perdão, ele lava a alma, celebrando com mais dignidade os mistérios do Senhor.
Na Missa, o cristão é convidado a se unir mais a Cristo e progredir na amizade com Ele. Ela não é destinada a perdoar os pecados, tampouco se deve confundi-la com o sacramento da reconciliação (Cf. CIC 1396). Na Missa, Deus perdoa os nossos pecados veniais. Não que Ele não seja capaz de perdoar os mortais, mas, como um pai que não dá tudo fácil para o filho, a fim de educá-lo para os verdadeiros valores, é preciso dirigirmo-nos ao Sacramento da Reconciliação. Pois a Igreja ensina que “quem está consciente de um pecado grave deve receber o Sacramento da Reconciliação antes de receber a comunhão (CIC 1386).
O pecado: venial e mortal
O pecado é uma falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa dum apego perverso a certos bens (Cf. CIC 1850). O pecado venial é aquele ato que não priva o homem da amizade total com Deus. Já o pecado mortal é o ato pelo qual o homem, com liberdade e advertência, rejeita Deus. Mas “Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do batismo, cometeram pecado grave e, com isso, perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os padres da Igreja apresentam esse sacramento como a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça” (CIC 1446).
Sobre o pecado mortal, na Encíclica “O Esplendor da Verdade” do Santo João Paulo II é mencionado o seguinte: “Separar a opção fundamental dos comportamentos concretos, significa contradizer a integridade substancial ou a unidade pessoal do agente moral no seu corpo e a alma” (67). A partir disso, João Paulo II acrescenta que alguns teólogos dizem que “o pecado mortal, que separa o homem de Deus, verificar-se-ia somente na rejeição de Deus, feita a um nível da liberdade que não é identificável com um ato de escolha, nem alcançável com consciência reflexa. Neste sentido — acrescentam —, é difícil, pelos menos psicologicamente, aceitar o fato de que um cristão, que quer permanecer unido a Jesus Cristo e à Sua Igreja, possa cometer pecados mortais tão fácil e repetidamente, como indicaria, às vezes, a mesma matéria dos seus atos” (69).
O sentido do ato penitencial
O cristão é convidado a reconhecer sua pequenez, sua limitação, sua condição de pecador no ato penitencial da Missa. Assim, Deus pode vir ao seu encontro com Sua graça, pois o homem é chamado a ser filho da luz. Santo Agostinho afirma que “a confissão das más obras é o começo das boas obras, contribui para a verdade e consegues chegar à luz”.
Na Eucaristia, o homem é elevado a Deus e a comunhão com Ele e com os irmãos. A unidade do Corpo Místico vence todas as divisões humanas: “Todos vós, com efeito, que fostes batizados em Cristo, vos vestistes de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 27-28).
O homem participa da comunhão dos santos, ou seja, cada alma que se eleva a Deus dignifica o mundo, porque existe uma solidariedade humana misteriosa. Assim, também há a solidariedade do pecado. Por isso, escreve São João Paulo II: “A esta lei da elevação corresponde, infelizmente, a lei da descida, de tal modo que se pode falar de uma comunhão no pecado, em razão da qual uma alma que se rebaixa pelo pecado arrasta consigo a Igreja, e, de certa maneira, o mundo inteiro” (Reconciliação e Penitência, 16). Desta forma, todo ato pecaminoso repercute na sociedade, assim como todo ato caridoso edifica a Igreja e o mundo. Reconhecer-se pecador, no ato penitencial, já é um início para edificar um mundo melhor.
Não tenhamos medo
Existe ainda o rito da aspersão da água que substitui o rito penitencial, pois lembra a aliança batismal que se renova em cada Missa e recorda o nosso compromisso de batizados, acentuando nossa identidade de povo sacerdotal.
Enfim, sempre sujamos as mãos no decorrer da história com o pecado, mas que não tenhamos medo de lavar as nossas mãos, ou seja, nossa alma. Recorramos à Misericórdia de Deus, porque na Missa somos perdoados dos nossos pecados veniais e, especialmente no Sacramento da Reconciliação, somos perdoados de todos os pecados. Assim, participamos dignamente do Banquete que Ele preparou, desde sempre, para nós.
Canção Nova
FOTO: Policiais garantem a segurança de peregrinos na Praça S. Pedro /VATICAN NEWS
Com o início da Semana Santa, fica suspensa a celebração da missa matutina do Papa Francisco na capela da Casa Santa Marta.
O Pontífice retoma as homilias diárias na segunda-feira, 9 de abril.
Mas até o tríduo pascal, permanece invariável a agenda do Papa, inclusive com a Audiência Geral de quarta-feira.
Segurança Pública
Nesta segunda, Francisco concluiu sua série de audiências recebendo no Vaticano os agentes da Inspetoria de Segurança Pública junto ao Vaticano.
O Papa agradeceu os policiais e funcionários pelo trabalho e a assistência que prestam durante a celebração dos ritos litúrgicos na Praça S. Pedro, bem como por ocasião de suas visitas pastorais em Roma e fora da capital.
“ Graças a sua discreta e eficaz obra de vigilância, os peregrinos, que de todas as partes do mundo vêm visitar o túmulo do Apóstolo Pedro, têm a possibilidade de viver em tranquilidade esta importante experiência de fé. ”
Serenidade e ordem
O Vaticano, recordou o Papa, é meta não só de cristãos oriundos de todo o mundo, mas também de representantes de várias religiões, chefes de estado e altas personalidades eclesiásticas e civis. “Graças também a seu trabalho, esses encontros de diálogo podem se realizar num clima de serenidade e de ordem.
Por fim, Francisco dirigiu um pensamento especial aos familiares dos agentes de polícia e desejou a todos uma boa Páscoa.
Depois de conceder a sua bênção, o Papa improvisou algumas palavras para expressar mais uma vez a sua gratidão pelo trabalho de sacrifício dos policiais, e presentou a sede da Inspetoria com uma imagem de São José por representar a figura do “guardião” e, nesse sentido, muito similar à missão dos agentes.
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FOTO: Domingo de Ramos, celebração da Paixão do Senhor / VATICAN NEWS
Neste Domingo de Ramos (25/03), o Papa presidiu missa na Praça São Pedro diante de dezenas de milhares de pessoas. Antes, no centro da Praça, junto ao obelisco, Francisco abençoou os ramos e as oliveiras. Foi feita a leitura do Evangelho de Marcos e no sagrado, a narração da Paixão de Cristo.
Jornada Mundial da Juventude
Grande parte dos fiéis eram jovens de Roma que aderiram à celebração diocesana da XXXIII Jornada Mundial da Juventude que teve o tema “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus” (Lc 1,30).
Após a celebração da Eucaristia, antes da Benção Apostólica, foram entregues ao Papa as conclusões da Reunião pré-Sinodal realizada nesta semana no Vaticano em preparação ao Sínodo dos Bispos de outubro próximo sobre a Juventude.
Alegria e sofrimento
Em sua homilia, o Papa propôs uma reflexão evocando os sentimentos contrastantes de discípulos e fariseus quando Jesus entra em Jerusalém.
“Nesta celebração, parecem cruzar-se histórias de alegria e sofrimento, de erros e sucessos que fazem parte da nossa vida diária como discípulos, porque consegue revelar sentimentos e contradições que hoje em dia, com frequência, aparecem também em nós, homens e mulheres deste tempo: capazes de amar muito… mas também de odiar (e muito!); capazes de sacrifícios heroicos mas também de saber ‘lavar-se as mãos’ no momento oportuno; capazes de fidelidade, mas também de grandes abandonos e traições”.
Nesta narração evangélica fica evidente que a alegria suscitada em alguns por Jesus é motivo de incômodo e irritação para outros.
A alegria é a de tantos pecadores perdoados que reencontraram ousadia e esperança; e o desconforto é o daqueles que que se consideram justos e ‘fiéis’ à lei e aos preceitos rituais.
“ Como é difícil, para quem procura justificar-se e salvar-se a si mesmo, compreender a alegria e a festa da misericórdia de Deus! Como é difícil, para quantos confiam apenas nas suas próprias forças e se sentem superiores aos outros, poder compartilhar esta alegria! ”
O Papa lembrou o grito ‘Crucifica-O!’ emerso entre o povo: a voz de quem manipula a realidade criando uma versão favorável a si próprio e não tem problemas em ‘tramar’ os outros para ele mesmo se ver livre. O grito de quem não tem escrúpulos em procurar os meios para reforçar a sua posição e silenciar as vozes dissonantes”.
As intrigas da autossuficiência
É o grito de quem deseja defender a sua posição, desacreditando especialmente quem não se pode defender. É o grito produzido pelas ‘intrigas’ da autossuficiência, do orgulho e da soberba, que proclama sem problemas: “crucifica-O, crucifica-O!”.
“ É o grito que pretende cancelar a compaixão ”
Mas, ressaltou o Pontífice, perante todas estas vozes que gritam, o melhor antídoto é olhar a cruz de Cristo e deixar-se interpelar pelo seu último grito. Cristo morreu, gritando o seu amor por cada um de nós: por jovens e idosos, santos e pecadores, amor pelos do seu tempo e pelos do nosso tempo.
Alegria torna o jovem difícil de ser manipulado
No dia em que a Igreja, em cada diocese no mundo, celebra a sua Jornada da Juventude, o Papa se dirigiu diretamente aos jovens:
“Queridos jovens, a alegria que Jesus suscita em vós é, para alguns, motivo de irritação, porque um jovem alegre é difícil de manipular”.
“ Calar os jovens é uma tentação que sempre existiu ”
“Há muitas maneiras de tornar os jovens silenciosos e invisíveis; muitas maneiras de os anestesiar e adormecer para que não façam ‘barulho’, para que não se interroguem nem ponham em discussão. Há muitas maneiras de os fazer estar tranquilos, para que não se envolvam, e os seus sonhos percam altura tornando-se fantastiquices rasteiras, mesquinhas, tristes.
Neste Domingo de Ramos, em que celebramos o Dia Mundial da Juventude, faz-nos bem ouvir a resposta de Jesus aos fariseus de ontem e de todos os tempos: «Se eles se calarem, gritarão as pedras» (Lc 19, 40).
Não fiquem calados
“Cabe a vós não ficar calados. Se os outros calam, se nós, idosos e responsáveis – muitas vezes corruptos – silenciamos, se o mundo se cala e perde a alegria, pergunto-vos: vós gritareis? Por favor, decidi-vos antes que gritem as pedras…”.
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Depois de celebrar a missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, o Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus com os fiéis na Praça São Pedro. Cumprimentando os jovens de diferentes países participantes da celebração e recordando sua recente visita ao Peru, Francisco saudou particularmente a comunidade de peruanos residente na Itália.
JMJ e Sínodo no horizonte
O Pontífice lembrou ainda que a Jornada Mundial da Juventude (25/03) é uma etapa importante no caminho rumo ao Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, programado para outubro próximo, e também no percurso de preparação para a JMJ do Panamá, de janeiro de 2019.
“Neste itinerário, nos acompanham o exemplo e a intercessão de Maria, a jovem de Nazaré que Deus escolheu como Mãe de seu Filho”.
“ Ela caminha conosco e orienta as novas gerações em sua peregrinação de fé e de fraternidade ”
Concluindo, Francisco invocou Maria para que “nos ajude a viver bem a Semana Santa”:
“Dela, aprendemos o silêncio interior, o olhar do coração, a fé amorosa para seguir Jesus no caminho da cruz que conduz à luz gloriosa da Ressurreição”.
Depois de saudar os concelebrantes e os colaboradores presentes, no final do encontro o Papa se concedeu o tradicional momento de contato com os fiéis na Praça, em meio a fiéis e peregrinos. Tirou ‘selfies’ com os jovens e a bordo do papamóvel saudou e abençoou a todos.
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O Papa emérito Bento XVI escreveu uma carta ao Prefeito da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé, Mons. Dario Edoardo Viganò, sobre a continuidade com o pontificado do Papa Francisco.
A missiva foi escrita por ocasião da apresentação da coletânea “A Teologia do Papa Francisco”, da Livraria Editora Vaticana (LEV), nesta segunda-feira (12/03), na coletiva de imprensa realizada, em Roma, na Sala Marconi da Secretaria para a Comunicação-Rádio Vaticano.
“Aplaudo esta iniciativa que se opõe e reage ao preconceito tolo segundo o qual o Papa Francisco seria apenas um homem prático desprovido de uma particular formação teológica ou filosófica, enquanto eu seria unicamente um teórico da teologia que teria pouco entendido a vida concreta de um cristão hoje”, escreve Bento XVI na carta endereçada a Mons. Dario Edoardo Viganò.
O Papa emérito agradece por ter recebido de presente os onze livros escritos por teólogos de fama internacional que formam a coletânea editada pelo presidente da Associação Teológica Italiana, Pe. Roberto Repole.
“Os pequenos volumes mostram com razão que o Papa Francisco é um homem de profunda formação filosófica e teológica e ajudam a ver a continuidade interior entre os dois pontificados, não obstante todas as diferenças de estilo e temperamento”, acrescenta Bento XVI.
Durante a coletiva, o novo responsável editorial da LEV, Frei Giulio Cesareo, OFM Conv., ressaltou que estão em andamento tratativas com editores do mundo inteiro.
Até agora, foram assinados acordos para a distribuição da coletânea em inglês, espanhol, francês, português, polonês e romeno.
Participaram também da coletiva, o presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Luis Francisco Ladaria Ferrer, e o presidente da Associação Teológica Italiana, Pe. Roberto Repole.
O evento foi moderado pela jornalista vaticanista Dra. Elisabetta Lo Iacono, responsável pelo departamento de imprensa da Pontifícia Faculdade Teológica São Boaventura de Roma.
Desde a sua primeira apresentação pública na Praça São Pedro, na noite de sua eleição, ficou claro que o pontificado de Francisco se apresentava com uma novidade de estilo. Apresentar-se simplesmente como Bispo de Roma, pedir oração ao povo, no “silêncio ensurdecedor” de uma praça lotada, saudar com um simples “boa noite” os presentes, são sinais eloquentes de que estava em andamento uma mudança na “maneira de colocar-se” e na “linguagem”.
O alcance teológico de seu magistério foi examinado dentro da coletânea “A Teologia do Papa Francisco” de onze teólogos de renome internacional, que através de sua contribuição, mostram o ensinamento do Papa Francisco, as suas raízes, as novidades de seu pontificado, a continuidade com o magistério precedente e as perspectivas que abre.
Os teólogos são: Jurgen Werbick, Lucio Casula, Peter Hünermann, Roberto Repole, Carlos Maria Galli, Santiago Madrigal Terrazas, Aristide Fumagalli, Juan Carlos Scannone, Marinella Perroni, Piero Coda e Marko Ivan Rupnik.
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