Por ocasião da Festa de Nossa Senhora Aparecida, o Bispo de Imperatriz (MA), Dom Vilsom Basso, e Lucas Galhardo, da Pastoral Juvenil da CNBB, gravaram com o Papa Francisco uma mensagem para o povo brasileiro, em meio aos trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre os jovens.
“Ao povo do Brasil, a minha cordial saudação nesta festa de Nossa Senhora Aparecida. Que cada um de vocês a encontre em seu coração, assim como os pescadores a encontraram no rio. Busquem nas águas de seus corações e a encontrarão, porque Ela é mãe. Que Ela nos acompanhe e rezem por mim.”
Radio Vaticano
Nesta segunda-feira, 1º de outubro, o Papa Francisco recebeu os participantes do IV Seminário de Ética na gestão de Serviços de Saúde organizado pela Pontifícia Academia para a Vida, que contou com a presença de Dom Alberto Bochatey, Bispo Auxiliar de La Plata e presidente da Comissão de Saúde da Conferência Episcopal Argentina e do senhor Cristian Mazza, presidente da Fundação “Consenso Salud”.
Papa Francisco falou aos presentes que embora estejamos em uma época marcada pela crise econômica que leva a muitas dificuldades no atendimento dos pacientes desde o desenvolvimento da ciência médica ao acesso à terapias e remédios. “O cuidados dos nossos irmãos abre nosso coração para acolher um dom maravilhoso”. Neste contexto Francisco propõe três palavras para reflexão: milagre, cuidado e confiança.
Os responsáveis pelas instituições dirão que é impossível fazer milagres para manter os custos-benefícios… “Sem dúvida – disse o Papa – um milagre não é fazer o impossível, o milagre é encontrar no doente, no desamparado que temos diante de nós, um irmão. Somos chamados a reconhecer no doente o receptor das prestações de imenso valor de sua dignidade como ser humano, como filho de Deus”. O Papa esclarece que por si só não “desata todos os nós”, mas criará disposição para desatá-los na medida de nossas possibilidades levando a uma mudança interior e de mentalidade em nós mesmos e na sociedade.
A consciência de valorizar a dignidade do ser humano “permite que sejam criadas estruturas legislativas, econômicas e médicas necessárias para enfrentar os problemas irão surgindo”.
Francisco observou que “o princípio inspirador deste trabalho deve ser absolutamente a busca do bem. E este bem não é um ideal abstrato, mas uma pessoa concreta, um rosto, que muitas vezes sofre”. Em seguida o Papa disse aos participantes: “Sejam valentes e generosos nas intenções, planos, projetos e no uso dos meios econômicos e técnicos-científicos”.
Sobre este ponto o Papa disse que cuidar dos doentes não é simplesmente a aplicação asséptica de medicamentos ou terapias apropriadas, mas especificou que o verbo latim “curare” quer dizer atender, preocupar-se, cuidar, ser responsável pelo outro, pelo irmão.
“Este cuidado deve ter maior intensidade nos cuidados paliativos”, por atravessarmos neste momento uma forte tendência à legalização da eutanásia, sabemos o quanto é importante um acompanhamento sereno e participativo. “Quando o paciente terminal – diz o Papa – sente-se amado, respeitado e aceito, a sombra negativa da eutanásia desaparece ou é quase inexistente, pois o valor do seu ser se mede pela sua capacidade de dar e receber amor e não pela sua produtividade”.
A terceira palavra no contexto de cuidados dos enfermos é confiança que pode ser distinguida em vários âmbitos. Antes de tudo, a confiança do próprio doente em si mesmo, na possibilidade de se curar que garante boa parte do êxito da terapia. Em seguida o Papa refere-se aos trabalhadores: “É importante para o trabalhador da área de saúde poder realizar suas funções em um clima de serenidade, estando ciente de que está fazendo o certo, o humanamente possível em função dos recursos disponíveis”.
“Não há dúvida de que se colocar nas mãos de uma pessoa, principalmente quando a vida está em jogo, é muito difícil, a relação com o médico ou o enfermeiro sempre se baseou na responsabilidade e na lealdade”. Francisco alerta aos riscos de que a burocracia e a complexidade do sistema de saúde altere a estreita relação paciente/médicos e enfermeiros e possa se tornar um simples “termos do contrato”, interrompendo desta maneira esta confiança.
O Papa conclui dizendo que “temos que lutar para manter íntegro este vínculo de profunda humanidade, pois nenhuma instituição assistencial pode por si substituir-se ao coração humano”.
O Papa Francisco dirigiu uma Mensagem aos católicos chineses e a todos os fiéis depois da divulgação do Acordo provisório entre a Santa Sé e a China.
O longo texto, de 11 páginas, é marcado por expressões que demonstram a solicitude pastoral do Pontífice para com os fiéis e o povo chinês em geral.
“Num momento tão significativo para a vida da Igreja e através desta breve Mensagem, antes de mais nada desejo assegurar que vos tenho diariamente presente nas minhas orações e partilhar convosco os sentimentos que moram no meu coração”, escreve o Papa.
A mensagem procura explicar o significado do Acordo, mas não só, expressa as esperanças do Papa para o futuro da Igreja na China.
O documento assinado dias atrás, afirma Francisco, é fruto do longo e complexo diálogo institucional da Santa Sé com as Autoridades governamentais chinesas, iniciado já por São João Paulo II e continuado pelo Papa Bento XVI.
A finalidade é sustentar e promover o anúncio do Evangelho, alcançar e conservar a unidade plena e visível da Comunidade católica na China.
Para isso, o Pontífice pede ato de confiança aos fiéis, superando os momentos inevitáveis de perplexidade.
“Se Abraão tivesse pretendido condições sociais e políticas ideais antes de sair da sua terra, talvez nunca tivesse partido. Mas não! (…) Portanto, não foram as mudanças históricas que lhe permitiram confiar em Deus, mas foi a sua fé pura que provocou uma mudança na história.”
Para dar este novo passo, a primeira questão a enfrentar era as nomeações episcopais, que fez surgir o fenômeno da clandestinidade na Igreja presente na China.
O Papa relata que desde o início do seu pontificado recebeu “sinais e testemunhos concretos” de fiéis e bispos que manifestavam “o desejo sincero de viver a sua fé em plena comunhão com a Igreja universal e com o Sucessor de Pedro”.
“Por isso, depois de ter examinado atentamente cada uma das situações pessoais e escutado diversos pareceres, refleti e rezei muito procurando o verdadeiro bem da Igreja na China. Por fim, decidi conceder a reconciliação aos restantes sete Bispos «oficiais» ordenados sem Mandato Pontifício e, tendo removido todas as relativas sanções canônicas, readmiti-los na plena comunhão eclesial.
Francisco então convida todos os católicos chineses a fazerem-se artífices de reconciliação. Assim, é possível dar início a um percurso inédito, que ajudará a curar as feridas do passado, restabelecer a plena comunhão de todos os católicos chineses e abrir uma fase de colaboração mais fraterna, para assumir com renovado empenho a missão do anúncio do Evangelho.
O Acordo Provisório, explica ainda o Papa, apesar de se limitar a alguns aspectos da vida da Igreja, pode contribuir para escrever esta página nova da Igreja Católica na China. Pela primeira vez, este Acordo introduz elementos estáveis de colaboração entre as Autoridades do Estado e a Sé Apostólica, com a esperança de garantir bons Pastores à comunidade católica.
Á Igreja chinesa, cabe o papel de procurar, juntos, bons candidatos para o serviço episcopal. “Na realidade, não se trata de nomear funcionários para a gestão das questões religiosas, mas ter verdadeiros Pastores segundo o coração de Jesus”.
O Acordo é um instrumento, esclarece ainda o Papa, e por si só não poderá resolver todos os problemas existentes.
Por isso, no plano pastoral, a comunidade católica na China é chamada a estar unida. “Todos os cristãos, sem distinção, realizem gestos de reconciliação e comunhão.”
No plano civil e político, os católicos chineses são chamados a ser bons cidadãos, que amem plenamente a pátria e sirvam o seu país com empenho e honestidade, sem se eximir de proferir uma “palavra crítica” quando necessária.
Aos Bispos, sacerdotes e pessoas consagradas, Francisco pede que a caridade pastoral seja a bússola do ministério. “Superemos os contrastes do passado, a busca da afirmação de interesses pessoais e cuidemos dos fiéis.”
De modo especial o Papa se dirige aos jovens, por ocasião do Sínodo dos Jovens. Francisco pede colaboração, entusiasmo, sem medo de levar a todos a alegria do Evangelho.
O Pontífice faz um pedido também a todos os fiéis no mundo inteiro. “Temos uma tarefa importante: acompanhar com oração fervorosa e amizade fraterna os nossos irmãos e irmãs na China. Com efeito, devem sentir que, no caminho que se abre diante deles neste momento, não estão sozinhos.
Por fim, uma menção às autoridades chinesas: “Renovo o convite a continuarem, com confiança, coragem e clarividência, o diálogo iniciado há algum tempo. Desejo assegurar que a Santa Sé continuará a trabalhar com sinceridade para crescer numa amizade autêntica com o povo chinês”.
Para Francisco, é preciso “aprender um novo estilo de colaboração simples e diária entre as Autoridades locais e as Autoridades eclesiásticas”, definindo este diálogo árduo, mas ao mesmo tempo fascinante.
A Igreja na China não é alheia à história do país nem pede privilégio algum, esclarece o Papa: a sua finalidade no diálogo com as Autoridade civis é “alcançar uma relação tecida de respeito recíproco e de profundo conhecimento”.
A mensagem se conclui com uma oração a Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos, implorando do Senhor o dom da paz.
Radio Vaticano
Os anjos são nossos companheiros diários. Não podemos perder a oportunidade de contar com a intercessão desses espíritos puros, pois eles nos guardam e protegem. Cada um de nós vive essa graça: existe o anjo da guarda ao nosso lado.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Santo Anjo da Guarda, guardai-nos de todas as ciladas do inimigo astucioso. Deus, vinde em meu auxílio. Apressai-vos, Senhor, em socorrer-me.
(Rezar: 1 Glória ao Pai)
Ó Santo Anjo da minha Guarda, dou-vos graças pelos cuidados que tivestes comigo desde os primeiros dias de minha vida, livrando-me dos perigos espirituais e corporais. Ajudai-me com suas santas aparições, para que, sendo fiel a elas, consiga viver santamente, neste mundo, e gozar, depois, de vossa companhia na pátria celestial. Amém.
(Rezar: 1 Pai-Nosso, 1 Ave-Maria)
Primeiro dia
Intenção: Para que o Senhor nos torne dignos de sermos abrasados de uma perfeita caridade.
Segundo dia
Intenção: Para que o Senhor nos conceda a graça de fugirmos do pecado e procurarmos sempre a perfeição cristã.
Terceiro dia
Intenção: Para que o Senhor derrame em nossos corações o espírito de verdadeira humildade.
Quarto dia
Intenção: Para que o Senhor nos conceda a graça de dominar nossos sentidos e nos corrigir das nossas más inclinações.
Quinto dia
Intenção: Para que o Senhor nos conceda a graça de crescer e fortalecer as virtudes de fé, esperança e caridade.
Sexto dia
Intenção: Para que o Senhor não nos deixe cair em tentação, mas que nos livre de todo o mal e, de modo especial, dos vícios contra a pureza.
Sétimo dia
Intenção: Para que o Senhor encha nossas almas do espírito de uma verdadeira e sincera obediência.
Oitavo dia
Intenção: Para que o Senhor nos conceda a graça da perseverança na fé e nas boas obras, irradiando os preceitos do amor de Deus e do próximo.
Nono dia
Intenção: Para que o Senhor digne-se conceder que sejamos guardados por todos os anjos nessa vida mortal e, depois, sermos conduzidos por eles à glória do céu.
“Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida” (Catecismo da Igreja Católica n. 336).
Canção Nova
Peçamos a Jesus para proteger sempre “com a sua misericórdia e o seu perdão” a nossa Igreja, “que como mãe é santa, mas cheia de filhos pecadores como nós”.
Esta foi a oração feita pelo Papa Francisco na missa matutina celebrada, nesta quinta-feira (20/09), na Casa Santa Marta, refletindo sobre a Primeira Leitura extraída da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios e sobre o Evangelho de Lucas, centrado nas palavras de Jesus: “Os seus pecados estão perdoados porque mostrou muito amor”.
O Pontífice enquadra imediatamente “três grupos de pessoas” nas leituras de hoje: Jesus e seus discípulos; Paulo e a mulher, daquelas cujo destino, recorda Francisco, era o de ser “ser visitada em segredo”, até mesmos pelos “fariseus”, ou “ser apedrejada”; e os doutores da Lei.
O Papa evidencia como a mulher se mostra “com amor, com muito amor a Jesus”, não escondendo “ser pecadora”. O mesmo acontece com Paulo, que afirma: “Com efeito, transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo tinha recebido, a saber: que Cristo morreu por nossos pecados.”
Os dois procuravam Deus “com amor, mas um amor pela metade”. Paulo “pensava que o amor fosse uma lei e tinha o coração fechado para a revelação de Jesus Cristo: perseguia dos cristãos, mas pelo zelo da lei, por isso era um amor imaturo”.
A mulher buscava o amor, o “pequeno amor”. Os fariseus comentavam, mas Jesus explicou:
“Os pecados que ela cometeu foram perdoados porque ela mostrou muito amor”. “Mas, amar como? Esses não sabem amar”. Procuram o amor e Jesus, falando deles, diz: uma vez disse que eles nos precederão no Reino dos Céus. “Mas que escândalo…”, dizem os fariseus, “mas essas pessoas”! Jesus olha o pequeno gesto de amor, o pequeno gesto de boa vontade, pega esse gesto e o leva adiante. Esta é a misericórdia de Jesus: sempre perdoa e sempre recebe.
No que diz respeito aos “doutores da lei”, Francisco nota que “têm uma atitude que somente os hipócritas usam com frequência: se escandalizam”. E dizem:
“Mas olha, que escândalo! Não se pode viver assim! Perdemos os valores… Agora todos têm o direito de entrar na igreja, inclusive os divorciados, todos. Mas onde estamos?” O escândalo dos hipócritas. Este é o diálogo entre o amor grande que perdoa tudo, de Jesus, o amor “pela metade” de Paulo e desta senhora, e também o nosso, que é um amor incompleto porque nenhum de nós é santo canonizado. Digamos a verdade. E a hipocrisia: a hipocrisia dos “justos”, dos “puros”, daqueles que se creem salvos pelos próprios méritos externos.
Jesus afirma que essas pessoas exteriormente mostram “tudo belo” – fala de “sepulcros polidos” – mas dentro têm “podridão”.
E a Igreja, quando caminha na história, é perseguida pelos hipócritas: hipócritas por dentro e por fora. O diabo não tem relação com os pecadores arrependidos, porque olham para Deus e dizem: “Senhor, sou pecador, ajuda-me”. E o diabo é impotente, mas é forte com os hipócritas. É forte, e os usa para destruir, destruir as pessoas, destruir a sociedade, destruir a Igreja. A força do diabo é a hipocrisia, porque ele é mentiroso: se mostra como príncipe poderoso, belíssimo, e por trás é um assassino. Três grupos de pessoas – não nos esqueçamos – : Jesus, que perdoa, recebe, é misericordioso, palavras muitas vezes esquecida quando falamos mal dos outros. Pensem nisso: devemos ser misericordiosos, como Jesus, e não condenar os outros. Jesus no centro. Paulo, pecador, perseguidor, mas com um amor “pela metade. Esta senhora, pecadora, também ela com um amor “incompleto”. E Jesus perdoa os dois. E encontram o verdadeiro amor: Jesus. Os hipócritas, que são incapazes de encontrar o amor porque têm o coração fechado.
Radio Vaticano
Nunca insultar os pais! “Poderemos começar a honrar nossos pais com a liberdade de filhos adultos e com misericordiosa acolhida de seus limites”, “quando descobrirmos que o verdadeiro enigma não é mais “por que?”, mas “por quem?”” aconteceu isto ou aquilo que forjou a minha vida.
“Honrar pai e mãe”. O quarto mandamento foi o tema da catequese do Papa na Audiência Geral desta quarta-feira, 19, ao dar continuidade a sua série de reflexões sobre o Decálogo. Francisco pediu para nunca insultarmos os pais. Do Brasil estava presente um grupo do Colégio Santo Inácio, de Fortaleza.
Francisco começou explicando aos 13 mil presentes na Praça São Pedro, numa quarta-feira com tempo instável na Cidade Eterna, o sentido desta “honra”, que em hebraico indica a glória, o valor, a consistência de uma realidade. Portanto, “honrar” significa reconhecer este valor.
Se “honrar a Deus nas Escrituras quer dizer reconhecer a sua realidade, considerar a sua presença”, dando a Ele “seu justo lugar na existência”, honrar pai e mãe quer dizer então “reconhecer a sua importância também com atos concretos, que exprimem dedicação, afeto, cuidado”, mas não só.
“Honra o teu pai e a tua mãe, como te ordenou o Senhor, para que se prolonguem os teus dias e prosperes na terra que te deu o Senhor teu Deus”. O quarto mandamento – explica o Papa – “contém um êxito”, ou seja, “honrar os pais leva a uma vida longa e feliz”.
De fato, “a palavra “felicidade” no Decálogo aparece somente ligada à relação com os pais”. E essa sabedoria milenar declara o que as ciências humanas conseguiram elaborar somente há pouco mais de um século, isto é, que as marcas da infância marcam toda a vida:
“Muitas vezes pode ser fácil entender se alguém cresceu em um ambiente saudável e equilibrado. Mas da mesma forma perceber se uma pessoa vem de experiências de abandono ou de violência. A nossa infância é um pouco como uma tinta indelével, se expressa nos gostos, nos modos de ser, mesmo que alguns tentem esconder as feridas de próprias origens”.
Francisco chama a atenção, que o quarto mandamento não fala da bondade dos pais, nem pede a eles que sejam perfeitos, mas, “fala de um ato dos filhos, independente dos méritos dos genitores, e diz uma coisa extraordinária e libertadora”:
“Mesmo que nem todos os pais sejam bons e nem todas as infâncias sejam serenas, todos os filhos podem ser felizes, porque a realização de uma vida plena e feliz depende do justo reconhecimento para com aqueles que nos colocaram no mundo”.
O Papa ressalta o quanto este quarto mandamento “pode ser construtivo para tantos jovens que vem de histórias de dor e para todos aqueles que sofreram em sua juventude. Muitos santos – e muitos cristãos – depois de uma infância dolorosa viveram uma vida luminosa, porque, graças a Jesus Cristo, se reconciliaram com a vida:
“Pensemos ao hoje Beato, mas no próximo mês Santo Sulprizio, aquele jovem napolitano que há 19 anos acabou sua vida reconciliado com tantas dores, com tantas coisas, porque seu coração era sereno e jamais havia renegado seus pais. Pensemos em São Camilo de Lellis, que de uma infância desordenada construiu uma vida de amor e serviço; mas pensemos Santa Josefina Bakhita, crescida em uma escravidão horrível; ou ao abençoado Carlo Gnocchi, órfão e pobre; e ao próprio São João Paulo II, marcado pela perda da mãe em tenra idade”.
O homem, qualquer que seja a sua história, “recebe deste mandamento a orientação que conduz a Cristo”, em quem se manifesta de fato “o Pai verdadeiro, que nos oferece renascer do alto”.
“Os enigmas de nossas vidas se iluminam quando se descobre que Deus desde sempre nos preparou a vida como seus filhos, onde cada ato é uma missão dele recebida.”
As nossas feridas – observou o Santo Padre – iniciam a ser “potencialidades” quando, por graça, descobrimos que o verdadeiro enigma não é mais “por que?”, mas “por quem?”” me aconteceu isto, explicando:
“Em vista de qual obra Deus me forjou através da minha história? Aqui tudo se inverte, tudo se torna precioso, tudo se torna construtivo. Então podemos começar a honrar nossos pais com a liberdade de filhos adultos e com misericordiosa acolhida de seus limites”.
“Honrar os pais – exortou o Papa. Nos deram a vida”. E fez um pedido:
“Se você se afastou dos seus pais, mah, faça um esforço e volte, volte para eles. Talvez sejam idosos. Deram a vida a você. E depois, entre nós existe este costume de dizer coisas feias, mesmo palavrões. Por favor. Nunca, nunca, nunca insultar os outros, os pais dos outros. Nunca! Nunca se insulta a mãe, nunca insultar o pai. Nunca! Nunca! Tomem esta decisão interior. A partir de hoje nunca insultarei a mãe ou o pai de quem quer que seja. Nos deram a vida. Nunca devem ser insultados”.
Mas essa vida maravilhosa, disse o Papa Francisco ao concluir, nos é oferta, não imposta. Renascer em Cristo é uma graça a ser acolhida livremente e é o tesouro de nosso Batismo, no qual, por obra do Espírito Santo, um só é o Pai nosso, aquele de céu”.
Radio Vaticano
No final da manhã desta quinta-feira (13), o Papa Francisco recebeu em audiência cerca de 150 novos bispos que participam do curso promovido pela Congregação para os Bispos que termina hoje.
Na Sala do Consistório, no Vaticano, o Papa Francisco começou seu discurso saudando os novos Pastores da Igreja “com o toque de Cristo, Evangelho de Deus que aquece o coração, reabre os ouvidos e solta os lábios para a alegria que não falha e não desaparece, porque nunca é comprada ou merecida, pelo contrário, é pura graça!”.
Ao relembrar o presente precioso de Deus que receberam ao entrar no ministério episcopal, Francisco disse que quase “por acaso” encontraram “o tesouro da vida”. E, então, abordou o tema da santidade, “a tarefa mais urgente” para os Pastores:
“Vocês não são resultado de um escrutínio meramente humano, mas de uma escolha do Alto. Por isso, de vocês se exige não uma dedicação intermitente, uma fidelidade em fases alternadas, uma obediência seletiva, mas vocês são chamados a se consumar noite e dia.”]
Papa Francisco observou a necessidade de ficar sempre vigilante “quando a luz desaparece” ou quando surgem as tentações; ser fiel inclusive quando, no calor do dia, diminuem “as forças da perseverança”. Isso tudo porque, segundo o Pontífice, o povo de Deus tem o direito de encontrar “nos lábios, no coração e na vida” dos bispos a mensagem tão esperada oferecida pela “paternidade de Deus”.
“A Igreja não é nossa, mas é de Deus! Ele veio antes de nós e estará depois de nós! O destino da Igreja, do pequeno rebanho, é vitoriosamente escondido na cruz do Filho de Deus. Os nossos nomes estão esculpidos no seu coração; a nossa sorte está nas suas mãos”, afirmou o Santo Padre. E acrescentou: “Cristo seja a alegria de vocês, o Evangelho seja o nutrimento”, principalmente diante das famílias que frequentam as paróquias.
Um ministério perseverante diante das próprias comunidades dos bispos, onde “o bem normalmente não faz barulho, não é tema dos blogs e não aparece nas primeiras páginas”. Um bem que precisa crescer mesmo perante as novas realidades do individualismo e indiferença que bloqueiam os pontos de referência do Povo de Deus: “inclusive as suas feridas nos pertencem”, recordou o Papa.
“Este é o objetivo da Igreja: distribuir no mundo este vinho novo que é Cristo. Nada pode nos desviar dessa missão. Temos necessidade contínua de odres novos (Mc 2,22), e tudo aquilo que fazemos não é nunca suficiente para nos tornar dignos do vinho novo que são chamados a conter e a distribuir. Mas, justamente por isso, os recipientes saibam que sem o vinho novo serão, de qualquer forma, jarros de pedra fria, capazes de recordar a falta, mas não de doar a totalidade. Nada os distraia dessa meta: doar a totalidade!”
Papa Francisco, então, enfatizou que a santidade – consciente – não deve ser fruto do isolamento. Aconselhou que os bispos acolham a Igreja, como “esposa para amar, virgem para proteger, mãe para fazer fecunda”; num terreno que precisa “ser fértil para a semente do Verbo e jamais pisado por javalis” (Sal 80,14).
“Não serve a contabilidade das nossas virtudes, nem um programa de levantamentos, uma academia de esforços pessoais ou uma dieta que se renova de uma segunda-feira a outra, como se a santidade fosse resultado somente da vontade. A fonte da santidade é a graça de nos encostarmos na alegria do Evangelho e deixar que seja ela a invadir a nossa vida, de modo que não se poderá mais viver diversamente.”
O Papa Francisco finalizou seu discurso alertando os bispos para que se perguntem o que podem fazer para tornar mais santa a Igreja, sem “apontar o dedo nos outros, produzir bodes expiatórios”, mas trabalhando juntos e em comunhão.
“Por isso, insisto para que não se envergonhem da carne das suas Igrejas. Entrem em diálogo com os seus questionamentos. Peço uma atenção especial ao clero e aos seminários. Não podemos responder aos desafios que temos em relação a eles sem atualizar os nossos processos de seleção, acompanhamento, análise. Mas as nossas respostas serão privadas de futuro se não alcançarão a profundeza espiritual que, não em poucos casos, permitiu fraquezas escandalosas.”
O curso para os novos bispos, que teve como tema “Servidores da alegria do Evangelho”, é um dos três de atualização que estão sendo realizados nestes dias em Roma, além daquele para quem completou 10 anos de episcopado e de outro para 74 pastores dos Territórios de Missão – promovido pela Congregação para a Evangelização dos Povos. O curso da Congregação para os Bispos acontece a cada seis meses.
Radio Vaticano
No dia em que a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Papa Francisco iniciou a sua homilia na Casa Santa Marta afirmando que se poderia dizer que hoje é a festa do amor de Deus.
“Não somos nós que amamos Deus, mas é Ele que “nos amou por primeiro, Ele é o primeiro a amar”, disse o Papa. Uma verdade que os profetas explicavam com o símbolo da flor de amêndoa, o primeiro a florescer na primavera. “Deus é assim: sempre por primeiro. Ele nos espera por primeiro, nos ama por primeiro, nos ajuda por primeiro”.
Mas não é fácil entender o amor de Deus. De fato, Paulo, na segunda Leitura do dia, fala de ‘impenetráveis riquezas de Cristo’, de um mistério escondido.
É um amor que não se pode entender. Um amor de Cristo que supera todo conhecimento. Supera tudo. Tão grande é o amor de Deus. E um poeta dizia que era como “o mar, sem margens, sem fundo …”: mas um mar sem limites. E este é o amor que nós devemos entender, o amor que nós recebemos.
Na história da salvação, o Senhor nos revelou o seu amor, “foi um grande pedagogo”, disse o Papa e, relendo as palavras do profeta Oséias, explica que não o revelou através da potência: “Não. Vamos ouvir: ‘Eu ensinei meu povo a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, eu cuidava dele’. Tomar nos braços, próximo: como um pai”.
Deus, como manifesta o amor? Com as grandes coisas? Não: se rebaixa, se rebaixa, se rebaixa com esses gestos de ternura, de bondade. Faz-se pequeno. Aproxima-Se. E com esta proximidade, com este rebaixamento, Ele nos faz entender a grandeza do amor. O grande deve ser entendido por meio do pequeno.
Por último, Deus envia o seu Filho, mas “o envia em carne” e o Filho “humilhou a si mesmo” até a morte. Este é o mistério do amor de Deus: a grandeza maior expressa na menor das pequenezas. Para Francisco, assim se pode entender também o percurso cristão.
Quando Jesus nos quer ensinar como deve ser a atitude cristã, nos diz poucas coisas, nos faz ver aquele famoso protocolo sobre o qual todos nós seremos julgados (Mateus 25). E o que diz? Não diz: “Eu creio que Deus seja assim. Entendi o amor de Deus”. Não, não… Eu fiz o amor de Deus em pequenas coisas. Dei de comer ao faminto, dei de beber ao sedento, visitei o doente, o detento. As obras de misericórdia são justamente a estrada do amor que Jesus nos ensina em continuidade com este amor de Deus, grande! Com este amor sem limites, que se aniquilou, se humilhou em Jesus Cristo; e nós devemos expressá-lo assim.
Portanto, concluiu o Papa, não são necessários grandes discursos sobre o amor, mas homens e mulheres “que saibam fazer essas pequenas coisas por Jesus, para o Pai”. As obras de misericórdia “são a continuidade deste amor, que se rebaixa, chega a nós e nós o levamos avante”.
Radio Vaticano
CRÉDITO FOTO: VATICAN NEWS
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Cerca de 20 mil fiéis participaram esta manhã de quarta-feira (02/05) da Audiência Geral na Praça S. Pedro.
Em sua catequese, o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo sobre o Batismo, falando dos ritos centrais deste sacramento.
Simbolismo da água
Começando pela água, o Pontífice explicou que se trata de um elemento purificador, matriz de vida e de bem estar, mas a sua falta ou o excesso pode ser também causa de morte. Por isso, possui um grande simbolismo na Bíblia para falar das intervenções de Deus, como por exemplo as águas do dilúvio, a passagem pelas águas do Mar Vermelho ou o sangue e água que correram do lado de Cristo crucificado.
Mas a água não tem o poder de curar, mas sim a ação do Espírito Santo no Batismo, tornando-se o instrumento que permite a quem recebe este sacramento ser sepultado com Cristo e, com Ele, ressuscitar para uma vida imortal.
Deus une, o diabo divide
Após a santificação da água, quem se prepara para receber o sacramento deve renunciar a Satanás e fazer a sua profissão de fé.
“O diabo divide. Deus une sempre num só povo. Não é possível aderir a Cristo colocando condições. De algumas pessoas dizemos que se dão bem com Deus e com o diabo. Isso não é possível”, disse o Papa. “Ou você está bem com Deus ou com o diabo. Por isso a renúncia e o ato de fé vão juntos.”
Renunciar e crer
A resposta às perguntas: “Renunciam a Santanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções?” – é formulada na primeira pessoa do singular: “Renuncio”.
E ao mesmo modo é professada a fé da Igreja, dizendo: “Creio”. “É a base do Batismo”, acrescentou Francisco. É uma escolha responsável, que exige ser traduzida em gestos concretos de confiança em Deus, de luta contra o pecado e de esforço, contando com a graça de Deus, para configurar a própria vida aos ensinamentos de Jesus.
O Pontífice então concluiu:
“Queridos irmãos e irmãs, quando molhamos a mão na água benta e fazemos o sinal do Cruz, pensemos com alegria e gratidão ao Batismo que recebemos, e renovamos o nosso ‘Amém’, per viver imergidos no amor da Santíssima Trindade.”
Radio Vaticano
Construa um projeto de santificação
O desconhecimento dos meios a utilizar; do caminho a seguir; e a falta de uma firme decisão de Santidade; destroem o projeto de santificação de qualquer cristão.
Imagine a revolta e a confusão quando descobrimos que, alguém muito próximo de nós, ganhou alguns milhões de reais numa loteria e não se mexeu para ir buscar o prêmio.
Impossível? Ninguém faria isso? Infelizmente, acontece o tempo todo. O mais triste é que não é com alguém próximo de nós, mas conosco mesmo. Também, que fique claro, não trata-se de milhões de reais, mas de muito mais que bilhões e bilhões de reais, dólares ou qualquer outra moeda: trata-se de um prêmio que não tem preço e que, mesmo assim, está ao alcance de todos. Mas, poucos se mexem para ir buscar.
Viva a santidade
Repete-se aqui a presença de Cristo no alto da Cruz: era a luz verdadeira, que vindo ao mundo, a todos ilumina (Jo 1, 9), mas era o mais desprezado e abandonado de todos, homem coberto de dores, do qual desviamos o olhar. Passando por Ele, tapávamos o rosto (Is 53, 3). Temos a Santidade, ou a bem-aventurança eterna, ao alcance de nossas mãos e a desprezamos. Não vale a pena mudar a nossa vida agitada, para ir atrás deste “prêmio” que não é deste mundo? Mudemos as práticas diárias de nossa vida que gritam a plenos pulmões: eu me basto!
Mas, mesmo a falta de vontade para a Santidade sendo a regra geral, a mensagem de Deus ainda ecoa por toda a terra e, embora não são vozes nem palavras, nem se escuta a Sua voz (Sl 19, 4), trata-se de um convite firme e sutil que, acaba chegando nos corações daqueles que um dia foram despertados para ouvi-Lo, através do Sacramento do Batismo. Se, a esse convite interior, soma-se uma pregação firme e querigmática de tantos servos de Deus, por meio de tantos meios voltados para a evangelização, estão lançados um verdadeiro desejo de conversão!
Viva uma vida de conversão
No entanto, por que essa conversão não dá frutos e se desvanece pouco tempo depois? Ou por que costuma-se lutar tantos anos sem verdadeiros progressos espirituais, sem um verdadeiro crescimento palpável de santidade? Por que tantos fracassos no caminho de santidade?
Por um lado, falta um verdadeiro desejo de santidade, uma disposição para vencer a qualquer custo e tomar posse desse prêmio que está ao nosso alcance. Nosso Senhor deixou claro que, o Reino dos Céus é dos violentos (Mt 11, 12), devemos esclarecer que é dos violentos consigo mesmo, daqueles que não esmorecem nas primeiras dificuldades do caminho de perfeição. Nem nas segundas dificuldades, nem nas terceiras, nem nas últimas.
Por outro lado, falta conhecer o caminho para a Santidade. Praticamente, todo o discurso evangelizador da atualidade está voltado para a conversão. Conversão, claro, é fundamental, mas é o primeiro passo de um caminho longo que deve ser trilhado. Evidentemente, sem o primeiro passo não se vai a lugar algum, mas dar somente um passo, também não constrói um caminho. O primeiro passo para a Santidade será, também, o único passo para o fracasso se não vier acompanhado de outros na direção correta.
Quais são os meios de santificação?
Por último, precisamos ser honestos e reconhecer que não nos faltam meios para nos santificar. Cristo nos deu todo o necessário: a Igreja; os Sacramentos; o acesso a Ele através da oração litúrgica e pessoal; as virtudes; os dons infusos; e as Sagradas Escrituras.
Se existe um verdadeiro e radical desejo de trilhar o caminho para a Santidade, se o nosso suprimento para a viagem é completo pois é fornecido por Cristo e distribuído pela Igreja, só nos falta um único detalhe: o mapa do caminho, que deve nos orientar sobre o modo de utilizar os meios fornecidos por Cristo no momento certo e com maior proveito.
Esse “mapa ou mapas”, pois são muitas as maneiras de alcançar-se o topo de uma montanha, estão sendo construídos, continuamente, há vinte séculos por santos, doutores da Igreja e teólogos dos mais diversos lugares e épocas. São verdadeiros tesouros que nos mostram o “bê-a-bá” de uma real vida de santidade e de união plena com Deus, muito além da conversão.
Iniciamos aqui uma série de artigos, sob a temática: “Caminho Espiritual e as Moradas”, onde vamos entender cada passo desse caminho para a Santidade, que a Igreja construiu sob a inspiração do Espírito Santo. Claro que, você não pode ser impedido de percorrer o caminho “virtualmente”, ou seja, somente lendo cada artigo e vendo o “mapa da caminhada”, sem colocar verdadeiramente o pé na estrada. Mas, lembre-se de que, conhecer o mapa do metrô de São Paulo nem se compara a estar lá, entrando num vagão.
Espero que este convite ecoe com o chamado que já está no seu coração e, essa semana, você encare a pergunta: “O que me levou (leva) a desistir da Santidade?”. “O que eu preciso mudar urgente e, radicalmente em mim, que irá me fazer progredir sem olhar para trás, quando eu souber o caminho que devo trilhar?”. Que Deus nos abençoe com a coragem de sermos violentos com o mal que ainda reina em nós, para que possamos dizer como o salmista: “Correrei pelo caminho dos vossos mandamentos, quando dilatareis meu coração” (Sl 119, 32).
Canção Nova
FOTO: VATICAN NEWS / Papa no Regina Coeli desta Segunda-feira do Anjo
O dia de hoje é um dia de festa a ser vivido habitualmente com a família. A segunda após a Páscoa é chamado “Segunda-feira do Anjo”, segundo uma tradição muito bonita que corresponde às fontes bíblicas da Ressurreição. Foi o que disse o Papa Francisco no Regina Caeli ao meio-dia, explicando o sentido e o significado desta segunda-feira após o domingo de Páscoa.
De fato, os Evangelho narram que, quando as mulheres foram ao Sepulcro, encontraram-no aberto. Elas temiam não poder entrar porque este estava fechado com uma grande pedra. Ao invés, estava aberto; e uma voz que vinha de dentro do sepulcro disse-lhes que Jesus não estava ali, mas ressuscitou, destacou o Papa.
Pela primeira vez foram pronunciadas as palavras “Ressuscitou”. Os evangelistas – prosseguiu o Santo Padre – nos referem que este primeiro anúncio foi dado pelos anjos, ou seja, mensageiros de Deus. Há um significado nesta presença angélica – prosseguiu Francisco: como a Encarnação do Verbo foi anunciada por um anjo, Gabriel, assim para anunciar pela primeira vez a Ressurreição não bastava uma palavra humana.
Era necessário um ser superior para comunicar uma realidade tão inédita, tão incrível, que talvez nenhum homem teria ousado pronunciá-la. Após este primeiro anúncio, a comunidade dos discípulos começou a repetir: “Verdadeiramente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão (Lc 24,34), mas o primeiro anúncio exigia uma inteligência superior à inteligência humana.
Explicitando ainda o sentido celebrativo desta segunda-feira, o Pontífice explicou:
“Após ter celebrado a Páscoa se sente a necessidade de reunir-se mais uma vez com os familiares e com os amigos para fazer festa. Porque a fraternidade é o fruto da Páscoa de Cristo que, com a sua morte e ressurreição, derrotou o pecado que separava o homem de Deus, de si mesmo e de seus irmãos.”
Jesus abateu o muro de divisão entre os homens e restabeleceu a paz, começando a tecer a rede de uma nova fraternidade. É muito importante neste nosso tempo redescobrir a fraternidade, assim como era vivida nas primeira comunidades cristãs, acrescentou.
“Não pode haver verdadeira comunhão e um compromisso em favor do bem comum e da justiça social sem a fraternidade e partilha. Sem partilha fraterna não se pode realizar uma autêntica comunidade eclesial ou civil: há somente um conjunto de indivíduos movidos pelos próprios interesses.”
A Páscoa de Cristo fez explodir no mundo a novidade do diálogo e da relação, novidade que para os cristãos se tornou uma responsabilidade. De fato Jesus disse: “Disso saberão que sois meus discípulos: se amarem uns aos outros” (Jo 13,35).
“Eis o motivo porque não podemos fechar-nos em nosso privado, em nosso grupo, mas somos chamados a ocupar-nos do bem comum, a cuidar dos irmãos, especialmente dos mais frágeis e marginalizados. Somente a fraternidade pode garantir uma paz duradoura, derrotar as pobrezas, superar as tensões e as guerras, extirpar a corrupção e a criminalidade.”
Que a fraternidade e a comunhão posam tornar-se nosso estilo de vida e alma de nossas relações, disse ainda Francisco, renovando seu apelo a fim de que as pessoas sequestradas ou injustamente privadas da liberdade sejam libertadas e possam voltar para suas casas.
Radio Vaticano
A Eucaristia é o ápice da vida cristã, pois é o memorial do sacrifício de amor de Jesus. Logo, o homem, que só encontra a sua realização em Deus, deve celebrar com todo amor e zelo esse memorial. Para isso, o ato penitencial colabora e faz com que ele reconheça quem realmente é: um filho que tem pecado e necessita do amor.
Missa: união com Cristo e perdão do pecado
O cristão, ao participar da Missa, comunga de duas mesas: da mesa da Palavra e da Eucarística. Mas, assim como antes de fazermos qualquer refeição lavamos as nossas mãos por motivos de higiene, o cristão também é chamado a “lavar as mãos” antes de participar desse banquete, e esse “lavar as mãos” é no sentido de pedir perdão pelos seus pecados no ato penitencial.
Há uma motivação do sacerdote que diz: “Preparemo-nos, pois, para celebrar dignamente esses santos mistérios, reconhecendo que somos pecadores”. Assim, quando o cristão reconhece que é pecador e pede perdão, ele lava a alma, celebrando com mais dignidade os mistérios do Senhor.
Na Missa, o cristão é convidado a se unir mais a Cristo e progredir na amizade com Ele. Ela não é destinada a perdoar os pecados, tampouco se deve confundi-la com o sacramento da reconciliação (Cf. CIC 1396). Na Missa, Deus perdoa os nossos pecados veniais. Não que Ele não seja capaz de perdoar os mortais, mas, como um pai que não dá tudo fácil para o filho, a fim de educá-lo para os verdadeiros valores, é preciso dirigirmo-nos ao Sacramento da Reconciliação. Pois a Igreja ensina que “quem está consciente de um pecado grave deve receber o Sacramento da Reconciliação antes de receber a comunhão (CIC 1386).
O pecado: venial e mortal
O pecado é uma falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa dum apego perverso a certos bens (Cf. CIC 1850). O pecado venial é aquele ato que não priva o homem da amizade total com Deus. Já o pecado mortal é o ato pelo qual o homem, com liberdade e advertência, rejeita Deus. Mas “Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do batismo, cometeram pecado grave e, com isso, perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os padres da Igreja apresentam esse sacramento como a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça” (CIC 1446).
Sobre o pecado mortal, na Encíclica “O Esplendor da Verdade” do Santo João Paulo II é mencionado o seguinte: “Separar a opção fundamental dos comportamentos concretos, significa contradizer a integridade substancial ou a unidade pessoal do agente moral no seu corpo e a alma” (67). A partir disso, João Paulo II acrescenta que alguns teólogos dizem que “o pecado mortal, que separa o homem de Deus, verificar-se-ia somente na rejeição de Deus, feita a um nível da liberdade que não é identificável com um ato de escolha, nem alcançável com consciência reflexa. Neste sentido — acrescentam —, é difícil, pelos menos psicologicamente, aceitar o fato de que um cristão, que quer permanecer unido a Jesus Cristo e à Sua Igreja, possa cometer pecados mortais tão fácil e repetidamente, como indicaria, às vezes, a mesma matéria dos seus atos” (69).
O sentido do ato penitencial
O cristão é convidado a reconhecer sua pequenez, sua limitação, sua condição de pecador no ato penitencial da Missa. Assim, Deus pode vir ao seu encontro com Sua graça, pois o homem é chamado a ser filho da luz. Santo Agostinho afirma que “a confissão das más obras é o começo das boas obras, contribui para a verdade e consegues chegar à luz”.
Na Eucaristia, o homem é elevado a Deus e a comunhão com Ele e com os irmãos. A unidade do Corpo Místico vence todas as divisões humanas: “Todos vós, com efeito, que fostes batizados em Cristo, vos vestistes de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 27-28).
O homem participa da comunhão dos santos, ou seja, cada alma que se eleva a Deus dignifica o mundo, porque existe uma solidariedade humana misteriosa. Assim, também há a solidariedade do pecado. Por isso, escreve São João Paulo II: “A esta lei da elevação corresponde, infelizmente, a lei da descida, de tal modo que se pode falar de uma comunhão no pecado, em razão da qual uma alma que se rebaixa pelo pecado arrasta consigo a Igreja, e, de certa maneira, o mundo inteiro” (Reconciliação e Penitência, 16). Desta forma, todo ato pecaminoso repercute na sociedade, assim como todo ato caridoso edifica a Igreja e o mundo. Reconhecer-se pecador, no ato penitencial, já é um início para edificar um mundo melhor.
Não tenhamos medo
Existe ainda o rito da aspersão da água que substitui o rito penitencial, pois lembra a aliança batismal que se renova em cada Missa e recorda o nosso compromisso de batizados, acentuando nossa identidade de povo sacerdotal.
Enfim, sempre sujamos as mãos no decorrer da história com o pecado, mas que não tenhamos medo de lavar as nossas mãos, ou seja, nossa alma. Recorramos à Misericórdia de Deus, porque na Missa somos perdoados dos nossos pecados veniais e, especialmente no Sacramento da Reconciliação, somos perdoados de todos os pecados. Assim, participamos dignamente do Banquete que Ele preparou, desde sempre, para nós.
Canção Nova
FOTO: Papa celebra a missa na Casa Santa Marta (Vatican Media)
“Coragem e paciência”: estas são as peculiaridades da oração, que deve ser elevada a Deus “com liberdade, como filhos”. Foi o que destacou o Papa Francisco na homilia da Missa celebrada na Casa Santa Marta. O ponto de partida foi a primeira leitura, extraída do livro do Êxodo, com o diálogo entre o Senhor e Moisés sobre a apostasia do seu povo.
Moisés não cedeu à lógica da propina
O profeta tenta desviar o Senhor dos seus propósitos irascíveis contra o povo que “deixou a glória do Deus vivente para adorar um bezerro de ouro”. No diálogo audaz que leva avante, Moisés “se aproxima com as argumentações” e recorda ao Pai o quanto fez por se povo, salvo da escravidão no Egito, e a fidelidade de Abraão, de Isaac. Nas suas palavras, neste “face a face”, transparece o envolvimento do profeta, o seu amor pelo povo. Moisés não teme dizer a verdade, não “entra em jogos de propina”, não cede diante da possibilidade “de vender a sua consciência”. “E Deus gosta disto”, precisa o Pontífice, “quando Deus vê uma alma, uma pessoa que reza e reza e reza por algo, Ele se comove”.
“Nada de propina. Eu estou com o povo. E estou Contigo. Esta é a oração de intercessão: uma oração que argumenta, que tem a coragem de dizer na cara ao Senhor, que é paciente. É preciso paciência na oração de intercessão: nós não podemos prometer a alguém de rezar por ele e depois concluir a coisa com um Pai-Nosso e uma Ave Maria e ir embora. Não. Se você diz rezar por outra pessoa, tem que ir por este caminho. E para isso é preciso paciência”.
Paciência e constância da oração
Na vida cotidiana, infelizmente, não são raros os casos de dirigentes dispostos a sacrificar a empresa para salvar os próprios interesses, obter uma vantagem pessoal. Mas Moisés não entra na “lógica da propina”, ele está com o povo e luta pelo povo. As Sagradas Escrituras são repletas de exemplos de “constância”, da capacidade de “ir avante com paciência”: a cananea, o “cego na saída de Jericó”.
“Para a oração de intercessão são necessárias duas coisas: coragem, isto é parresia, coragem e paciência. Se eu quero que o Senhor ouça algo que eu peço, devo ir, e ir, e ir, bater à porta e bato no coração de Deus, e bato ali… mas porque o meu coração está envolvido com isso! Mas se o meu coração não se envolve com aquela necessidade, com aquela pessoa pela qual devo rezar, não será capaz nem mesmo da coragem e da paciência”.
Ter um coração envolvido
Papa Francisco indicou, enfim, o “caminho da oração de intercessão”: estar envolvidos, lutar, ir avante, jejuar.
“Que o Senhor nos dê esta graça. A graça de rezar diante de Deus com liberdade, como filhos; de rezar com insistência, de rezar com paciência. Mas, sobretudo, rezar sabendo que eu falo com meu Pai, e meu Pai me ouvirá. Que o Senhor nos ajude a progredir nesta oração de intercessão”.
Radio Vaticano