Um convite a ser “cristãos de verdade”, cristãos que “não têm medo de sujar as mãos, as vestes, quando se fazem próximos do outro. Foi o que disse Francisco na homilia da Missa celebrada na manhã de segunda-feira (08/10) na capela da Casa Santa Marta.
Inspirando-se no Evangelho de Lucas, o Pontífice refletiu sobre os “seis personagens” da parábola narrada por Jesus ao doutor da Lei que, para colocá-lo “à prova”, lhe pergunta: “Quem é meu próximo?”. E cita os assaltantes, o ferido, o sacerdote, o levita, o Samaritano e o dono da pensão.
Os assaltantes que espancaram o homem, deixando-o quase morto; o sacerdote que, quando viu o ferido, “seguiu adiante”, sem levar em consideração a própria missão, pensando somente na iminente “hora da Missa”. Assim fez também o levita, “homem de cultura da Lei”.
Francisco exortou a refletir precisamente sobre o “seguir adiante”, um conceito que – afirma – “deve entrar hoje no nosso coração”. O Papa observou que se trata de dois “funcionários” que “coerentes” com suas funções, disseram: “não cabe a mim” socorrer o ferido. Ao invés, quem “não segue adiante” é o Samaritano, “que era um pecador, um excomungado do povo de Israel”: o “mais pecador – destacou o Papa – sentiu compaixão”. Talvez, era “um comerciante que estava em viagem para negócios”, e mesmo assim:
Não olhou o relógio, não pensou no sangue. “Chegou perto dele, desceu do burro, fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas”. Sujou as mãos, sujou as vestes. “Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão”, todo sujo… de sangue… E assim tinha que chegar. “E cuidou dele”. Não disse: “Mas eu o deixo aqui, chamem os médicos que venham. Eu vou embora, fiz minha parte”. Não. “Cuidou dele”, como dizendo: “Agora você é meu, não por posse, mas para servir”. Ele não era um funcionário, era um homem com coração, um homem com o coração aberto.
O Pontífice falou sobre o dono da pensão que “ficou estupefato” ao ver um “estrangeiro”, um “pagão, porque não era do povo de Israel”, que parou para socorrer o homem, pagando “duas moedas de prata” e prometendo que quando voltasse pagaria o que tivesse sido gasto a mais. A dúvida de não receber o devido insinuou-se no dono da pensão, acrescentou o Papa, “a dúvida em relação a uma pessoa que vive um testemunho, uma pessoa aberta às surpresas de Deus”, como o Samaritano.
Os dois não eram funcionários. “Você é cristão? Você é cristã? Sim, vou à missa aos domingos e procuro fazer o que é justo, menos fofocar, porque eu gosto de fofocar, mas o resto eu faço bem”. Você é aberto? Você é aberto às surpresas de Deus ou é um cristão funcionário, fechado? “Eu faço isso, vou à missa ao domingo, comungo, me confesso uma vez por ano, faço isso, faço aquilo. Cumpro as obrigações”. Estes são cristãos funcionários, que não são abertos às surpresas de Deus, que sabem muito de Deus, mas não encontram Deus. Aqueles que nunca se surpreendem diante de um testemunho. Pelo contrário: são incapazes de testemunhar.
O Papa exortou a todos, “leigos e pastores”, a se perguntar se somos cristãos abertos ao que o Senhor nos dá “todos os dias”, “às surpresas de Deus que muitas vezes, como o Samaritano, nos colocam em dificuldade”, ou se somos cristãos funcionários, fazendo o que devemos, sentindo-nos “em ordem” e sendo forçados às mesmas regras. Alguns teólogos antigos, recordou Francisco, diziam que nesta passagem está contido “todo o Evangelho”.
Cada um de nós é o homem ali ferido, e o Samaritano é Jesus. Ele curou nossas feridas. Fez-se próximo. Cuidou de nós. Pagou por nós. Ele disse à sua Igreja: “Se precisar de mais, você paga, pois eu voltarei e pagarei”. Pensem bem: nesta passagem há todo o Evangelho.
Terceiro dia da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano, sobre o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
Enquanto se realizam os trabalhos da quarta Congregação sinodal, na manhã desta sexta-feira (05/10), vamos fazer uma resenha sobre as intervenções da tarde de ontem, ou seja, a terceira Congregação.
Durante esta Assembleia, a atenção dos Padres sinodais concentrou-se sobre a primeira parte do “Instrumentum Laboris” – o Documento preparatório do Sínodo – dedicada ao tema da “escuta”, sobre o qual foram feitas vinte intervenções, seguidas de um debate livre.
“Os jovens não devem ser objeto, mas sujeito da proclamação do Evangelho”: eis a esperança dos Padres sinodais. A ideia é de um renovado protagonismo missionário na Igreja, em campo social e político, para que as novas gerações sejam fermento e luz do mundo, artífices da paz e da civilização do amor.
A Igreja, casa e mãe dos jovens
“A Igreja é chamada a ser mãe e lar, empatia e escuta, voz dos que não tem voz, especialmente para os que se encontram em situações difíceis, pedras descartadas que, graças ao anúncio da Boa Nova, podem se tornar “pedras angulares” na construção de um mundo melhor”. Este pensamento, que ecoou na Sala sinodal, foi dirigido, de modo especial, às crianças ex-soldados e às que pertencem a famílias problemáticas ou afetadas por vícios, desemprego, corrupção, tráfico humano; como também, aos muitos imigrantes, obrigados a deixarem seu país de origem, em busca de uma vida melhor, mas que acabam perdendo suas raízes, se distanciando da fé e não desenvolvendo seus talentos pessoais.
Manter o entusiasmo juvenil
O consumismo no Ocidente – observaram os Padres sinodais – corre o risco de apagar o entusiasmo da juventude, que, muitas vezes, é desorientada, sem ideais e sem fé, também por causa das novas ideologias, como os extravios e o liberalismo exagerado.
É preciso falar, com coragem, sobre a beleza da proposta cristã sobre a sexualidade, sem tabus: prestar atenção aos que, hoje, não conseguem viver a castidade durante o noivado. É o que destacam alguns Padres sinodais, que admitem: a maior parte das comunidades paroquiais não consegue perceber as expectativas dos jovens, que, muitas vezes, se afastam da Igreja após a Crisma.
Por isso, há urgente necessidade de uma pastoral renovada, capaz de ouvir e transmitir o olhar amoroso de Jesus, como também de se expressar com uma linguagem jovem, além daquela digital.
Os Jovens e a confiança na Igreja
“Os jovens – observam os Bispos sinodais – ajudam os adultos a se situar no presente e esperam da Igreja um sinal profético de comunhão, em um mundo dilacerado. Eles são o coração missionário da Igreja”. Neste sentido, lançaram a proposta de instituir um Pontifício Conselho especialmente para eles.
Os participantes nos trabalhos sinodais recordaram também “o pedido de uma renovação espiritual”, que emergiu dos questionários preparatórios do Sínodo. É preciso ajudar os futuros adultos a reconquistar a confiança nos sacerdotes, sobretudo em um momento em que a sua credibilidade é colocada à dura provação por causa dos escândalos de abusos sexuais. A este respeito, foi expresso o desejo de que o Sínodo possa fornecer respostas pastorais adequadas e concretas.
Viver a liturgia e a oração nas pegadas dos santos
Por fim, durante as intervenções sinodais, foi realçada a importância de relançar a Catequese e a Liturgia, que, junto com a devoção popular, salvaguardaram a fé de muitos cristãos, em contextos de perseguição.
Neste sentido, para não ceder à tentação do ativismo, é preciso ainda falar aos jovens sobre a importância da oração. Mas, por sua parte, é essencial que também a Igreja reze pelos jovens e pela sua vocação.
Com efeito, os jovens anseiam pela dimensão do silêncio e da contemplação, mas, quando não a encontram na Igreja, procuram em outros lugares.
Segundo os Padres sinodais, a Igreja deve dar maior assistência e acompanhamento espiritual aos jovens, colocando em evidência os valores eternos, que levam à verdadeira felicidade, mediante uma proposta evangélica, segundo seu período de maturação. Neste sentido, os muitos Santos, que enriquecem a história da Igreja, podem servir de exemplo de grande atualidade. (Paolo Ondarza)
Radio Vaticano
Nesta segunda-feira, 1º de outubro, o Papa Francisco recebeu os participantes do IV Seminário de Ética na gestão de Serviços de Saúde organizado pela Pontifícia Academia para a Vida, que contou com a presença de Dom Alberto Bochatey, Bispo Auxiliar de La Plata e presidente da Comissão de Saúde da Conferência Episcopal Argentina e do senhor Cristian Mazza, presidente da Fundação “Consenso Salud”.
Papa Francisco falou aos presentes que embora estejamos em uma época marcada pela crise econômica que leva a muitas dificuldades no atendimento dos pacientes desde o desenvolvimento da ciência médica ao acesso à terapias e remédios. “O cuidados dos nossos irmãos abre nosso coração para acolher um dom maravilhoso”. Neste contexto Francisco propõe três palavras para reflexão: milagre, cuidado e confiança.
Os responsáveis pelas instituições dirão que é impossível fazer milagres para manter os custos-benefícios… “Sem dúvida – disse o Papa – um milagre não é fazer o impossível, o milagre é encontrar no doente, no desamparado que temos diante de nós, um irmão. Somos chamados a reconhecer no doente o receptor das prestações de imenso valor de sua dignidade como ser humano, como filho de Deus”. O Papa esclarece que por si só não “desata todos os nós”, mas criará disposição para desatá-los na medida de nossas possibilidades levando a uma mudança interior e de mentalidade em nós mesmos e na sociedade.
A consciência de valorizar a dignidade do ser humano “permite que sejam criadas estruturas legislativas, econômicas e médicas necessárias para enfrentar os problemas irão surgindo”.
Francisco observou que “o princípio inspirador deste trabalho deve ser absolutamente a busca do bem. E este bem não é um ideal abstrato, mas uma pessoa concreta, um rosto, que muitas vezes sofre”. Em seguida o Papa disse aos participantes: “Sejam valentes e generosos nas intenções, planos, projetos e no uso dos meios econômicos e técnicos-científicos”.
Sobre este ponto o Papa disse que cuidar dos doentes não é simplesmente a aplicação asséptica de medicamentos ou terapias apropriadas, mas especificou que o verbo latim “curare” quer dizer atender, preocupar-se, cuidar, ser responsável pelo outro, pelo irmão.
“Este cuidado deve ter maior intensidade nos cuidados paliativos”, por atravessarmos neste momento uma forte tendência à legalização da eutanásia, sabemos o quanto é importante um acompanhamento sereno e participativo. “Quando o paciente terminal – diz o Papa – sente-se amado, respeitado e aceito, a sombra negativa da eutanásia desaparece ou é quase inexistente, pois o valor do seu ser se mede pela sua capacidade de dar e receber amor e não pela sua produtividade”.
A terceira palavra no contexto de cuidados dos enfermos é confiança que pode ser distinguida em vários âmbitos. Antes de tudo, a confiança do próprio doente em si mesmo, na possibilidade de se curar que garante boa parte do êxito da terapia. Em seguida o Papa refere-se aos trabalhadores: “É importante para o trabalhador da área de saúde poder realizar suas funções em um clima de serenidade, estando ciente de que está fazendo o certo, o humanamente possível em função dos recursos disponíveis”.
“Não há dúvida de que se colocar nas mãos de uma pessoa, principalmente quando a vida está em jogo, é muito difícil, a relação com o médico ou o enfermeiro sempre se baseou na responsabilidade e na lealdade”. Francisco alerta aos riscos de que a burocracia e a complexidade do sistema de saúde altere a estreita relação paciente/médicos e enfermeiros e possa se tornar um simples “termos do contrato”, interrompendo desta maneira esta confiança.
O Papa conclui dizendo que “temos que lutar para manter íntegro este vínculo de profunda humanidade, pois nenhuma instituição assistencial pode por si substituir-se ao coração humano”.
O Papa Francisco dirigiu uma Mensagem aos católicos chineses e a todos os fiéis depois da divulgação do Acordo provisório entre a Santa Sé e a China.
O longo texto, de 11 páginas, é marcado por expressões que demonstram a solicitude pastoral do Pontífice para com os fiéis e o povo chinês em geral.
“Num momento tão significativo para a vida da Igreja e através desta breve Mensagem, antes de mais nada desejo assegurar que vos tenho diariamente presente nas minhas orações e partilhar convosco os sentimentos que moram no meu coração”, escreve o Papa.
A mensagem procura explicar o significado do Acordo, mas não só, expressa as esperanças do Papa para o futuro da Igreja na China.
O documento assinado dias atrás, afirma Francisco, é fruto do longo e complexo diálogo institucional da Santa Sé com as Autoridades governamentais chinesas, iniciado já por São João Paulo II e continuado pelo Papa Bento XVI.
A finalidade é sustentar e promover o anúncio do Evangelho, alcançar e conservar a unidade plena e visível da Comunidade católica na China.
Para isso, o Pontífice pede ato de confiança aos fiéis, superando os momentos inevitáveis de perplexidade.
“Se Abraão tivesse pretendido condições sociais e políticas ideais antes de sair da sua terra, talvez nunca tivesse partido. Mas não! (…) Portanto, não foram as mudanças históricas que lhe permitiram confiar em Deus, mas foi a sua fé pura que provocou uma mudança na história.”
Para dar este novo passo, a primeira questão a enfrentar era as nomeações episcopais, que fez surgir o fenômeno da clandestinidade na Igreja presente na China.
O Papa relata que desde o início do seu pontificado recebeu “sinais e testemunhos concretos” de fiéis e bispos que manifestavam “o desejo sincero de viver a sua fé em plena comunhão com a Igreja universal e com o Sucessor de Pedro”.
“Por isso, depois de ter examinado atentamente cada uma das situações pessoais e escutado diversos pareceres, refleti e rezei muito procurando o verdadeiro bem da Igreja na China. Por fim, decidi conceder a reconciliação aos restantes sete Bispos «oficiais» ordenados sem Mandato Pontifício e, tendo removido todas as relativas sanções canônicas, readmiti-los na plena comunhão eclesial.
Francisco então convida todos os católicos chineses a fazerem-se artífices de reconciliação. Assim, é possível dar início a um percurso inédito, que ajudará a curar as feridas do passado, restabelecer a plena comunhão de todos os católicos chineses e abrir uma fase de colaboração mais fraterna, para assumir com renovado empenho a missão do anúncio do Evangelho.
O Acordo Provisório, explica ainda o Papa, apesar de se limitar a alguns aspectos da vida da Igreja, pode contribuir para escrever esta página nova da Igreja Católica na China. Pela primeira vez, este Acordo introduz elementos estáveis de colaboração entre as Autoridades do Estado e a Sé Apostólica, com a esperança de garantir bons Pastores à comunidade católica.
Á Igreja chinesa, cabe o papel de procurar, juntos, bons candidatos para o serviço episcopal. “Na realidade, não se trata de nomear funcionários para a gestão das questões religiosas, mas ter verdadeiros Pastores segundo o coração de Jesus”.
O Acordo é um instrumento, esclarece ainda o Papa, e por si só não poderá resolver todos os problemas existentes.
Por isso, no plano pastoral, a comunidade católica na China é chamada a estar unida. “Todos os cristãos, sem distinção, realizem gestos de reconciliação e comunhão.”
No plano civil e político, os católicos chineses são chamados a ser bons cidadãos, que amem plenamente a pátria e sirvam o seu país com empenho e honestidade, sem se eximir de proferir uma “palavra crítica” quando necessária.
Aos Bispos, sacerdotes e pessoas consagradas, Francisco pede que a caridade pastoral seja a bússola do ministério. “Superemos os contrastes do passado, a busca da afirmação de interesses pessoais e cuidemos dos fiéis.”
De modo especial o Papa se dirige aos jovens, por ocasião do Sínodo dos Jovens. Francisco pede colaboração, entusiasmo, sem medo de levar a todos a alegria do Evangelho.
O Pontífice faz um pedido também a todos os fiéis no mundo inteiro. “Temos uma tarefa importante: acompanhar com oração fervorosa e amizade fraterna os nossos irmãos e irmãs na China. Com efeito, devem sentir que, no caminho que se abre diante deles neste momento, não estão sozinhos.
Por fim, uma menção às autoridades chinesas: “Renovo o convite a continuarem, com confiança, coragem e clarividência, o diálogo iniciado há algum tempo. Desejo assegurar que a Santa Sé continuará a trabalhar com sinceridade para crescer numa amizade autêntica com o povo chinês”.
Para Francisco, é preciso “aprender um novo estilo de colaboração simples e diária entre as Autoridades locais e as Autoridades eclesiásticas”, definindo este diálogo árduo, mas ao mesmo tempo fascinante.
A Igreja na China não é alheia à história do país nem pede privilégio algum, esclarece o Papa: a sua finalidade no diálogo com as Autoridade civis é “alcançar uma relação tecida de respeito recíproco e de profundo conhecimento”.
A mensagem se conclui com uma oração a Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos, implorando do Senhor o dom da paz.
Radio Vaticano
A Igreja luterana Kaarli, na capital da Estônia, foi a sede do segundo compromisso do Papa Francisco: o encontro ecumênico com os jovens.
Antes de proferir seu discurso, o Pontífice ouviu o testemunho de três jovens e saudou os representantes das diversas confissões cristãs presentes no país.
Estes encontros, disse o Papa, tornam realidade o sonho de Jesus na Última Ceia: “Que todos sejam um só (…) para que o mundo creia” (Jo 17, 21).
Francisco dedicou ampla parte do seu pronunciamento para falar da relação dos jovens com os adultos, marcada muitas vezes pela falta de diálogo e de confiança. O Papa citou o Sínodo sobre a juventude, que tem início semana que vem, para mencionar algumas questões que emergiram na consultação preliminar.
Entre elas, os jovens pedem acompanhamento e compreensão, sem julgamentos por parte dos membros das Igrejas.
Muitos jovens, porém, nada pedem à Igreja, pois não a consideram um interlocutor significativo na sua existência. Outros se indignam diante dos escândalos econômicos e sexuais contra os quais não veem uma clara condenação.
“Queremos dar-lhes resposta, queremos ser – como vocês mesmos dizem – uma ‘comunidade transparente, acolhedora, honesta, atraente, comunicativa, acessível, alegre e interativa’”, garantiu o Papa.
Ao vê-los assim reunidos a cantar, acrescentou Francisco, “uno-me à voz de Jesus, porque vocês, apesar da nossa falta de testemunho, continuam descobrimendo Jesus dentro de nossas comunidades. Onde está Jesus, a vida tem sempre sabor de Espírito Santo. Aqui, hoje, vocês são a atualização daquela maravilha de Jesus”.
Jesus continua a ser o motivo para estarmos aqui, recordou o Papa. “Sabemos que não há alívio maior do que deixar Jesus carregar as nossas opressões.” Citando uma cantora famosa da Estônia, que dizia que o “amor está morto”, Francisco afirmou que os cristãos têm uma palavra a dizer, algo para anunciar, com poucas palavras e muitos gestos.
“Estamos unidos pela fé em Jesus, e Ele espera que O levemos a todos os jovens que perderam o sentido da sua vida. Acolhamos juntos a novidade de que o próprio Deus traz Deus à nossa vida; uma novidade que incessantemente nos impele a partir, para ir aonde se encontra a humanidade mais ferida. Mas nunca iremos sozinhos: Deus vem conosco; Ele não tem medo das periferias.”
“O amor não está morto”, disse por fim o Papa; ele nos chama e nos envia para que a nossa vida cristã não seja um museu de recordações.
Radio Vaticano
O Santo Padre partiu do Vaticano, na manhã deste sábado (22/9), para mais uma Viagem internacional. Trata-se da 25ª Viagem Apostólica a três países Bálticos: Lituânia, Letônia e Estônia, que se concluirá na próxima terça-feira, 25.
Antes de cada Viagem internacional, o Papa costuma fazer uma visita à Basílica pontifícia de Santa Maria Maior, no centro de Roma, para rezar diante da imagem de Nossa Senhora “Salus Popoli Romani” (“Salvação do Povo Romano), para o bom êxito da sua viagem.
Francisco deixou a Casa Santa Marta, onde reside no Vaticano, às 6h50 hora local (01h50 do Brasil), e se dirigiu ao aeroporto romano de Fiumicino, onde tomou o avião, às 7h37, que o levou à Lituânia, primeira etapa desta sua Viagem internacional.
O lema que a Igreja na Lituânia escolheu para esta viagem papal é “Jesus Cristo, nossa Esperança”.
O Papa Francisco é o segundo Pontífice que visita este país báltico, após João Paulo II, há 25 anos.
Como habitualmente durante as suas viagens internacionais, o Santo Padre enviou telegramas aos Chefes de Estado dos países sobrevoados. Neste caso, Itália, Croácia, Hungria, Eslováquia e Polônia.
Após três horas de viagem, o Papa chegou a Vilnius, capital lituana, onde foi recebido pelas autoridades civis e religiosas, entre os quais o Núncio Apostólico, Dom López Quintana, e a Embaixadora, junto à Santa Sé, Petras Zapolskas.
Vilnius, capital da República da Lituânia, é a cidade mais populosa do país, com cerca de 600 mil habitantes. O Centro histórico da cidade, do século XVI, é considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 1994. Até o Holocausto, Vilnius era um dos maiores centros mundiais da cultura e teologia judaicas. A Lituânia conquistou a independência, em 1990. Hoje, o país conta 830 mil habitantes, dos quais mais de 600 mil católicos.
Após a cerimônia de boas vindas, no aeroporto de Vilnius, na presença da Presidente do país, senhora Dalia Grybauskaité, o Santo Padre dirigiu-se de automóvel ao Palácio Presidencial, para uma visita de cortesia, onde manteve um encontro particular com a Presidente lituana.
No intercâmbio de dons, o Papa doou à Presidente cópia de um mosaico de Cristo, do século IX, sobre a Confissão de São Pedro, que se encontra no túmulo do Apóstolo, na cripta da Basílica Vaticana.
A seguir, diante do Palácio Presidencial, o Papa encontrou-se com as Autoridades, a Sociedade civil e o Corpo Diplomático, aos quais pronunciou seu primeiro discurso.
Em seu pronunciamento, Francisco expressou sua alegria e esperança por começar esta sua peregrinação aos países bálticos pela Lituânia, que – como disse São João Paulo II (1993) – “é testemunha silenciosa de um amor apaixonado pela liberdade religiosa. E explicou:
“Esta visita realiza-se em um momento particularmente importante da vida desta nação, que celebra cem anos da sua independência. Vocês passaram por um século de muitas provações e sofrimentos: prisões, deportações e até martírios. O centenário de independência é motivo de reflexão sobre os acontecimentos, que forjaram a nação, e os desafios para construir o futuro, em clima de diálogo e unidade entre todos os habitantes”.
Não sabemos – disse o Papa – como será o futuro, porém devemos manter a “alma” deste país, que contribuiu para transformar a situação de sofrimento e injustiça e manter viva a sua raiz religiosa, para resistir e construir! Ao longo da sua história, a Lituânia soube hospedar, aceitar, receber povos de diferentes etnias: lituanos, tártaros, poloneses, russos, bielorrussos, ucranianos, armênios, alemães e suas respectivas religiões: católicos, ortodoxos, protestantes, muçulmanos, judeus. Todos conviviam em paz até à chegada das ideologias totalitárias, que só semearam violência e desconfiança. E o Papa acrescentou:
“Diante do cenário mundial em que vivemos, onde aumentam as vozes que semeiam divisão e contraposição – instrumentalizando a insegurança e os conflitos – os lituanos têm algo de original para oferecer: acolher as diferenças! Por meio do diálogo, abertura e compreensão, as culturas podem transformar-se em pontes de união entre o Oriente e o Ocidente Europeu”.
Este pode ser o fruto de uma história madura, – afirmou Francisco – que o povo lituano oferece à comunidade internacional e à União Europeia. Isto significa extrair força do passado para prestar atenção especial aos jovens, afim de que encontrem espaço para crescer, trabalhar e serem protagonistas da construção do tecido social e comunitário. A Lituânia, que eles sonham, – concluiu o Papa – é aquela que busca, constantemente, promover políticas para encorajá-los a uma maior participação na sociedade.
Por fim, o Santo Padre expressou sua esperança de que o povo lituano possa continuar a sua ação hospitaleira com o estrangeiro, os jovens, os idosos e os pobres, cumprindo sua vocação de ser “ponte de comunhão e esperança”.
Ao término do encontro com as Autoridades, a Sociedade civil e o Corpo Diplomático, Francisco deixou o Palácio Presidencial e se dirigiu de papamóvel para a Nunciatura Apostólica de Vilnius para o almoço.
Quero lhe falar de uma história real. Trata-se da vida de um jovem que, aos 25 anos de idade, não tinha mais nenhuma perspectiva, não conseguia ver esperança em sua vida, era só um vazio existencial.
Os dias foram passando e o desespero aumentava no coração dele, por não avistar uma saída. A entrada para o mercado de trabalho lhe parecia muito difícil sem faculdade e sem currículo. Quem o contrataria e quanto ganharia? Pois quem ganha bem é quem tem um excelente currículo e uma boa formação acadêmica, pensava este jovem. Casar-se e formar família também era complexo, já que não conseguia dirigir sua própria vida. Então, não conseguia mirar uma vida de fidelidade a partir de uma única mulher. Outro ponto se tornava mais distante ainda: ter filhos e dar a eles uma educação moral e cristã.
Situações que resultavam numa conclusão: sem perspectiva profissional e sem perspectiva de ser bom esposo e bom pai. Além desses fatos, tinha jogado fora todas as oportunidades que estiveram em suas mãos, uma delas a carreira profissional de jogador de futebol de salão. O mais complicado para este jovem era achar que não tinha mais jeito de dar a volta por cima, não existia esperança em sair do caos.
Não sei a sua idade nem quais são as suas perdas, mas sei de uma coisa: em meio a uma situação de desesperança, é hora de tomar cuidado para não perder os valores da alegria e da esperança.
Há uma música que diz: “Reconhece a queda e não desanima; levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. Jovem, é preciso reconhecer a queda, reconhecer a perda, reconhecer-se pequeno, mas não desanimar. É preciso ter consciência de que para levantar e dar a volta por cima é preciso o auxílio do Alto, do Céu. Levante a cabeça, acredite, é possível começar um tempo novo! Levantar-se sem Deus é arriscado e levantar-se com Ele é humildade.
“A alegria do coração é a vida da pessoa, tesouro inesgotável de santidade, a alegria da pessoa prolonga-lhe a vida. Tem compreensão contigo mesmo e consola teu coração; afugenta para longe de ti a tristeza. A tristeza matou a muitos e não traz proveito algum.” (Eclo 30,23-25).
Essa passagem bíblica nos apresenta um valor que deve ser cultivado: a alegria. Jovem, não deixe que nenhuma perda lhe roube a alegria. Somente a perda de Jesus é que deve nos questionar, pois Ele diz: “sem mim, nada podeis fazer”. Viver a vida sem Cristo é perder a esperança de dias melhores.
Este jovem, hoje, tem 49 anos de idade, é casado há 20 anos e tem três filhos. Este jovem sou eu, Cleto Coelho. Hoje, sou “semeador de alegria e esperança” e aprendiz em descobrir valor em meio às perdas. Não me canso de repetir: “Com Deus tem jeito!”
Canção Nova
A liturgia nos fala hoje da chamada de Mateus, o publicano, escolhido por Deus e instituído apóstolo segundo o seu desenho de misericórdia. O Papa destaca três expressões na missa matutina na Casa Santa Marta: desenho de misericórdia, escolher, instituir.
Mateus era um corrupto “porque traia a pátria por dinheiro”. Um traidor do seu povo: o pior”. Alguém pode dizer que Jesus “não tem bom gosto para escolher as pessoas”, observou o Papa, e parece que realmente não tem, porque além de Mateus escolheu muitos outros pegando-os “do lugar mais desprezado”. Foi assim com a Samaritana e muitos outros pecadores e os fez apóstolos.
“E depois, na vida da Igreja, muitos cristãos, muitos santos que foram escolhidos do mais raso … escolhidos do mais raso. Esta consciência de que nós cristãos deveríamos ter – de onde fui escolhido, de onde fui escolhida para ser cristão – deve durar toda a vida, permanecer ali e ter a memória dos nossos pecados, a memória que o Senhor teve misericórdia dos meus pecados e me escolheu para ser cristão, para ser apóstolo.”
Depois, o Papa descreve a reação de Mateus à chamada do Senhor: não se vestiu de luxo, não começou a dizer aos outros: eu sou o príncipe dos Apóstolos, aqui eu comando. “Não! Trabalhou toda a vida pelo Evangelho.”
Quando o Apóstolo esquece as suas origens e começa a fazer carreira, se afasta do Senhor e se torna um funcionário; que trabalha muito bem, mas não é Apóstolo. Será incapaz de transmitir Jesus; será um organizador de planos pastorais, de tantas coisas; mas, no final, um negociante. Um negociante do Reino de Deus, porque esquece de onde foi escolhido.
Por isso, prosseguiu Francisco, é importante a memória das nossas origens: “Esta memória deve acompanhar a vida do Apóstolo e de todo cristão”.
Ao invés de olhar para si mesmo, porém, nós somos levados a olhar os outros, seus pecados e a falar mal deles. Um costume que envenena. É melhor falar mal de si próprio, sugeriu o Papa, e recordar de onde o Senhor nos escolheu, trazendo-nos até aqui.
O Senhor, acrescentou o Pontífice, quando escolhe, escolhe para algo maior.
“Ser cristão é algo grande, belo. Somos nós que nos afastamos e ficamos na metade do caminho”. A nós falta a generosidade e negociamos com o Senhor, mas Ele nos espera.
Diante da chamada, Mateus renuncia ao seu amor, ao dinheiro, para seguir Jesus. E convidou os amigos do seu grupo para almoçar com ele para festejar o Mestre. Assim, àquela mesa se sentava “o que havia de pior naquele tempo. E Jesus estava com eles”.
Os doutores da Lei se escandalizaram. Chamaram os discípulos e disseram: “Mas como é possível que seu Mestre faça isso, com essas pessoas? Mas, se torna impuro!”: comer com um impuro é se contaminar com a impureza, não é mais puro. E Jesus toma a palavra e diz esta terceira expressão: “Vão aprender o que significa ‘Quero misericórdia e não sacrifício”. A misericórdia de Deus procura todo mundo, perdoa a todos. Pede somente que diga: “Sim, ajude-me”. Só isso.
Para quem se escandaliza, Jesus responde que não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os doentes e: “Quero misericórdia e não sacrifício”.
“Entender a misericórdia do Senhor – conclui Francisco – é um mistério; mas o maior mistério, o mais belo, é o coração de Deus. Se quiser realmente chegar ao coração de Deus, siga o caminho da misericórdia, e se deixe tratar com misericórdia”.
Radio Vaticano
Peçamos a Jesus para proteger sempre “com a sua misericórdia e o seu perdão” a nossa Igreja, “que como mãe é santa, mas cheia de filhos pecadores como nós”.
Esta foi a oração feita pelo Papa Francisco na missa matutina celebrada, nesta quinta-feira (20/09), na Casa Santa Marta, refletindo sobre a Primeira Leitura extraída da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios e sobre o Evangelho de Lucas, centrado nas palavras de Jesus: “Os seus pecados estão perdoados porque mostrou muito amor”.
O Pontífice enquadra imediatamente “três grupos de pessoas” nas leituras de hoje: Jesus e seus discípulos; Paulo e a mulher, daquelas cujo destino, recorda Francisco, era o de ser “ser visitada em segredo”, até mesmos pelos “fariseus”, ou “ser apedrejada”; e os doutores da Lei.
O Papa evidencia como a mulher se mostra “com amor, com muito amor a Jesus”, não escondendo “ser pecadora”. O mesmo acontece com Paulo, que afirma: “Com efeito, transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo tinha recebido, a saber: que Cristo morreu por nossos pecados.”
Os dois procuravam Deus “com amor, mas um amor pela metade”. Paulo “pensava que o amor fosse uma lei e tinha o coração fechado para a revelação de Jesus Cristo: perseguia dos cristãos, mas pelo zelo da lei, por isso era um amor imaturo”.
A mulher buscava o amor, o “pequeno amor”. Os fariseus comentavam, mas Jesus explicou:
“Os pecados que ela cometeu foram perdoados porque ela mostrou muito amor”. “Mas, amar como? Esses não sabem amar”. Procuram o amor e Jesus, falando deles, diz: uma vez disse que eles nos precederão no Reino dos Céus. “Mas que escândalo…”, dizem os fariseus, “mas essas pessoas”! Jesus olha o pequeno gesto de amor, o pequeno gesto de boa vontade, pega esse gesto e o leva adiante. Esta é a misericórdia de Jesus: sempre perdoa e sempre recebe.
No que diz respeito aos “doutores da lei”, Francisco nota que “têm uma atitude que somente os hipócritas usam com frequência: se escandalizam”. E dizem:
“Mas olha, que escândalo! Não se pode viver assim! Perdemos os valores… Agora todos têm o direito de entrar na igreja, inclusive os divorciados, todos. Mas onde estamos?” O escândalo dos hipócritas. Este é o diálogo entre o amor grande que perdoa tudo, de Jesus, o amor “pela metade” de Paulo e desta senhora, e também o nosso, que é um amor incompleto porque nenhum de nós é santo canonizado. Digamos a verdade. E a hipocrisia: a hipocrisia dos “justos”, dos “puros”, daqueles que se creem salvos pelos próprios méritos externos.
Jesus afirma que essas pessoas exteriormente mostram “tudo belo” – fala de “sepulcros polidos” – mas dentro têm “podridão”.
E a Igreja, quando caminha na história, é perseguida pelos hipócritas: hipócritas por dentro e por fora. O diabo não tem relação com os pecadores arrependidos, porque olham para Deus e dizem: “Senhor, sou pecador, ajuda-me”. E o diabo é impotente, mas é forte com os hipócritas. É forte, e os usa para destruir, destruir as pessoas, destruir a sociedade, destruir a Igreja. A força do diabo é a hipocrisia, porque ele é mentiroso: se mostra como príncipe poderoso, belíssimo, e por trás é um assassino. Três grupos de pessoas – não nos esqueçamos – : Jesus, que perdoa, recebe, é misericordioso, palavras muitas vezes esquecida quando falamos mal dos outros. Pensem nisso: devemos ser misericordiosos, como Jesus, e não condenar os outros. Jesus no centro. Paulo, pecador, perseguidor, mas com um amor “pela metade. Esta senhora, pecadora, também ela com um amor “incompleto”. E Jesus perdoa os dois. E encontram o verdadeiro amor: Jesus. Os hipócritas, que são incapazes de encontrar o amor porque têm o coração fechado.
Radio Vaticano
Nunca insultar os pais! “Poderemos começar a honrar nossos pais com a liberdade de filhos adultos e com misericordiosa acolhida de seus limites”, “quando descobrirmos que o verdadeiro enigma não é mais “por que?”, mas “por quem?”” aconteceu isto ou aquilo que forjou a minha vida.
“Honrar pai e mãe”. O quarto mandamento foi o tema da catequese do Papa na Audiência Geral desta quarta-feira, 19, ao dar continuidade a sua série de reflexões sobre o Decálogo. Francisco pediu para nunca insultarmos os pais. Do Brasil estava presente um grupo do Colégio Santo Inácio, de Fortaleza.
Francisco começou explicando aos 13 mil presentes na Praça São Pedro, numa quarta-feira com tempo instável na Cidade Eterna, o sentido desta “honra”, que em hebraico indica a glória, o valor, a consistência de uma realidade. Portanto, “honrar” significa reconhecer este valor.
Se “honrar a Deus nas Escrituras quer dizer reconhecer a sua realidade, considerar a sua presença”, dando a Ele “seu justo lugar na existência”, honrar pai e mãe quer dizer então “reconhecer a sua importância também com atos concretos, que exprimem dedicação, afeto, cuidado”, mas não só.
“Honra o teu pai e a tua mãe, como te ordenou o Senhor, para que se prolonguem os teus dias e prosperes na terra que te deu o Senhor teu Deus”. O quarto mandamento – explica o Papa – “contém um êxito”, ou seja, “honrar os pais leva a uma vida longa e feliz”.
De fato, “a palavra “felicidade” no Decálogo aparece somente ligada à relação com os pais”. E essa sabedoria milenar declara o que as ciências humanas conseguiram elaborar somente há pouco mais de um século, isto é, que as marcas da infância marcam toda a vida:
“Muitas vezes pode ser fácil entender se alguém cresceu em um ambiente saudável e equilibrado. Mas da mesma forma perceber se uma pessoa vem de experiências de abandono ou de violência. A nossa infância é um pouco como uma tinta indelével, se expressa nos gostos, nos modos de ser, mesmo que alguns tentem esconder as feridas de próprias origens”.
Francisco chama a atenção, que o quarto mandamento não fala da bondade dos pais, nem pede a eles que sejam perfeitos, mas, “fala de um ato dos filhos, independente dos méritos dos genitores, e diz uma coisa extraordinária e libertadora”:
“Mesmo que nem todos os pais sejam bons e nem todas as infâncias sejam serenas, todos os filhos podem ser felizes, porque a realização de uma vida plena e feliz depende do justo reconhecimento para com aqueles que nos colocaram no mundo”.
O Papa ressalta o quanto este quarto mandamento “pode ser construtivo para tantos jovens que vem de histórias de dor e para todos aqueles que sofreram em sua juventude. Muitos santos – e muitos cristãos – depois de uma infância dolorosa viveram uma vida luminosa, porque, graças a Jesus Cristo, se reconciliaram com a vida:
“Pensemos ao hoje Beato, mas no próximo mês Santo Sulprizio, aquele jovem napolitano que há 19 anos acabou sua vida reconciliado com tantas dores, com tantas coisas, porque seu coração era sereno e jamais havia renegado seus pais. Pensemos em São Camilo de Lellis, que de uma infância desordenada construiu uma vida de amor e serviço; mas pensemos Santa Josefina Bakhita, crescida em uma escravidão horrível; ou ao abençoado Carlo Gnocchi, órfão e pobre; e ao próprio São João Paulo II, marcado pela perda da mãe em tenra idade”.
O homem, qualquer que seja a sua história, “recebe deste mandamento a orientação que conduz a Cristo”, em quem se manifesta de fato “o Pai verdadeiro, que nos oferece renascer do alto”.
“Os enigmas de nossas vidas se iluminam quando se descobre que Deus desde sempre nos preparou a vida como seus filhos, onde cada ato é uma missão dele recebida.”
As nossas feridas – observou o Santo Padre – iniciam a ser “potencialidades” quando, por graça, descobrimos que o verdadeiro enigma não é mais “por que?”, mas “por quem?”” me aconteceu isto, explicando:
“Em vista de qual obra Deus me forjou através da minha história? Aqui tudo se inverte, tudo se torna precioso, tudo se torna construtivo. Então podemos começar a honrar nossos pais com a liberdade de filhos adultos e com misericordiosa acolhida de seus limites”.
“Honrar os pais – exortou o Papa. Nos deram a vida”. E fez um pedido:
“Se você se afastou dos seus pais, mah, faça um esforço e volte, volte para eles. Talvez sejam idosos. Deram a vida a você. E depois, entre nós existe este costume de dizer coisas feias, mesmo palavrões. Por favor. Nunca, nunca, nunca insultar os outros, os pais dos outros. Nunca! Nunca se insulta a mãe, nunca insultar o pai. Nunca! Nunca! Tomem esta decisão interior. A partir de hoje nunca insultarei a mãe ou o pai de quem quer que seja. Nos deram a vida. Nunca devem ser insultados”.
Mas essa vida maravilhosa, disse o Papa Francisco ao concluir, nos é oferta, não imposta. Renascer em Cristo é uma graça a ser acolhida livremente e é o tesouro de nosso Batismo, no qual, por obra do Espírito Santo, um só é o Pai nosso, aquele de céu”.
Radio Vaticano
No final da manhã desta quinta-feira (13), o Papa Francisco recebeu em audiência cerca de 150 novos bispos que participam do curso promovido pela Congregação para os Bispos que termina hoje.
Na Sala do Consistório, no Vaticano, o Papa Francisco começou seu discurso saudando os novos Pastores da Igreja “com o toque de Cristo, Evangelho de Deus que aquece o coração, reabre os ouvidos e solta os lábios para a alegria que não falha e não desaparece, porque nunca é comprada ou merecida, pelo contrário, é pura graça!”.
Ao relembrar o presente precioso de Deus que receberam ao entrar no ministério episcopal, Francisco disse que quase “por acaso” encontraram “o tesouro da vida”. E, então, abordou o tema da santidade, “a tarefa mais urgente” para os Pastores:
“Vocês não são resultado de um escrutínio meramente humano, mas de uma escolha do Alto. Por isso, de vocês se exige não uma dedicação intermitente, uma fidelidade em fases alternadas, uma obediência seletiva, mas vocês são chamados a se consumar noite e dia.”]
Papa Francisco observou a necessidade de ficar sempre vigilante “quando a luz desaparece” ou quando surgem as tentações; ser fiel inclusive quando, no calor do dia, diminuem “as forças da perseverança”. Isso tudo porque, segundo o Pontífice, o povo de Deus tem o direito de encontrar “nos lábios, no coração e na vida” dos bispos a mensagem tão esperada oferecida pela “paternidade de Deus”.
“A Igreja não é nossa, mas é de Deus! Ele veio antes de nós e estará depois de nós! O destino da Igreja, do pequeno rebanho, é vitoriosamente escondido na cruz do Filho de Deus. Os nossos nomes estão esculpidos no seu coração; a nossa sorte está nas suas mãos”, afirmou o Santo Padre. E acrescentou: “Cristo seja a alegria de vocês, o Evangelho seja o nutrimento”, principalmente diante das famílias que frequentam as paróquias.
Um ministério perseverante diante das próprias comunidades dos bispos, onde “o bem normalmente não faz barulho, não é tema dos blogs e não aparece nas primeiras páginas”. Um bem que precisa crescer mesmo perante as novas realidades do individualismo e indiferença que bloqueiam os pontos de referência do Povo de Deus: “inclusive as suas feridas nos pertencem”, recordou o Papa.
“Este é o objetivo da Igreja: distribuir no mundo este vinho novo que é Cristo. Nada pode nos desviar dessa missão. Temos necessidade contínua de odres novos (Mc 2,22), e tudo aquilo que fazemos não é nunca suficiente para nos tornar dignos do vinho novo que são chamados a conter e a distribuir. Mas, justamente por isso, os recipientes saibam que sem o vinho novo serão, de qualquer forma, jarros de pedra fria, capazes de recordar a falta, mas não de doar a totalidade. Nada os distraia dessa meta: doar a totalidade!”
Papa Francisco, então, enfatizou que a santidade – consciente – não deve ser fruto do isolamento. Aconselhou que os bispos acolham a Igreja, como “esposa para amar, virgem para proteger, mãe para fazer fecunda”; num terreno que precisa “ser fértil para a semente do Verbo e jamais pisado por javalis” (Sal 80,14).
“Não serve a contabilidade das nossas virtudes, nem um programa de levantamentos, uma academia de esforços pessoais ou uma dieta que se renova de uma segunda-feira a outra, como se a santidade fosse resultado somente da vontade. A fonte da santidade é a graça de nos encostarmos na alegria do Evangelho e deixar que seja ela a invadir a nossa vida, de modo que não se poderá mais viver diversamente.”
O Papa Francisco finalizou seu discurso alertando os bispos para que se perguntem o que podem fazer para tornar mais santa a Igreja, sem “apontar o dedo nos outros, produzir bodes expiatórios”, mas trabalhando juntos e em comunhão.
“Por isso, insisto para que não se envergonhem da carne das suas Igrejas. Entrem em diálogo com os seus questionamentos. Peço uma atenção especial ao clero e aos seminários. Não podemos responder aos desafios que temos em relação a eles sem atualizar os nossos processos de seleção, acompanhamento, análise. Mas as nossas respostas serão privadas de futuro se não alcançarão a profundeza espiritual que, não em poucos casos, permitiu fraquezas escandalosas.”
O curso para os novos bispos, que teve como tema “Servidores da alegria do Evangelho”, é um dos três de atualização que estão sendo realizados nestes dias em Roma, além daquele para quem completou 10 anos de episcopado e de outro para 74 pastores dos Territórios de Missão – promovido pela Congregação para a Evangelização dos Povos. O curso da Congregação para os Bispos acontece a cada seis meses.
Radio Vaticano
“Ser cristão não é fácil”, mas faz “feliz”: o caminho que o Pai Celeste nos indica é o da “misericórdia” e da “paz interior”. Na Missa celebrada na Casa Santa Marta, o Papa Francisco fala novamente sobre os traços distintivos do “estilo cristão”, a partir do Evangelho de Lucas proposto pela liturgia do dia (Lc 6,27-38). O Senhor – precisa o Pontífice – sempre nos indica como deve ser “a vida de um discípulo”, por exemplo, por meio das bem-aventuranças ou das obras de misericórdia.
De maneira particular, a liturgia do dia se concentra em “quatro detalhes para viver a vida cristã”: “amar seus inimigos, fazer o bem àqueles que vos odeiam, abençoar aqueles que vos amaldiçoam, rezar por aqueles que vos tratam mal” .
Em sua homilia, o Papa Bergoglio observa que os cristãos nunca devem entrar “nos mexericos” ou “na lógica dos insultos”, o que gera apenas “guerra”, mas encontrar sempre o tempo de “rezar pelas pessoas incômodas”:
“Este é o estilo cristão, este é o modo de vida cristão. Mas se eu não fizer essas quatro coisas? Amar os inimigos, fazer o bem àqueles que me odeiam, abençoar aqueles que me amaldiçoam e rezar por aqueles que me tratam mal, não sou cristão? Sim, você é um cristão porque recebeu o Batismo, mas não vive como um cristão. Vive como um pagão, com o espírito do mundanismo”.
Certo, é mais fácil “falar mal dos inimigos ou daqueles que são de um partido diferente”, mas a lógica cristã vai contracorrente e segue a “loucura da Cruz”. O fim último – acrescenta o Papa Francisco – “é chegar a comportar-nos como filhos de nosso Pai”:
“Somente os misericordiosos se assemelham a Deus Pai. “Seja misericordioso, como vosso pai é misericordioso”. Este é o caminho, o caminho que vai contra o espírito do mundo, que pensa o contrário, que não acusa os outros. Porque entre nós existe o grande acusador, aquele que sempre vai nos acusar diante de Deus, para nos destruir. Satanás: ele é o grande acusador. E quando eu entro nesta lógica de acusar, amaldiçoar, procurar fazer mal ao outro, entro na lógica do grande acusador que é destruidor. Que não conhece a palavra “misericórdia”, não conhece, nunca a viveu”.
A vida, portanto, oscila entre estes dois convites: o do Pai e aquele do “grande acusador”, “que nos impele a acusar os outros, para destruí-los”:
“Mas é ele quem está me destruindo! E você não pode fazer isso ao outro. Você não pode entrar na lógica do acusador. “Mas padre, eu devo acusar”. Sim, acuse a você. Vai fazer bem a você. A única acusação lícita que nós cristãos temos é acusar a nós mesmos. Para os outros, somente a misericórdia, porque somos filhos do Pai que é misericordioso”.
Radio Vaticano
O Papa Francisco deixou o Vaticano na manhã desta quinta-feira (21/06) para uma peregrinação ecumênica a Genebra.
Depois de uma hora e 40 minutos de voo, o Pontífice chegou à cidade suíça por volta das 10h, onde foi recebido pelo Presidente da Confederação Helvécia, Alain Berset, no aeroporto internacional da cidade para uma breve cerimônia de boas-vindas e um encontro privado.
Na sequência, o Papa se transferiu de carro até o Centro Ecumênico do Conselho Mundial de Igrejas, pois justamente este é o motivo dessa peregrinação: celebrar os 70 anos desta instituição, criada depois da II Guerra Mundial.
Mais de 500 milhões de fiéis
O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) é a maior organização mundial do movimento ecuménico, com o mais alto número de membros: são 345 comunidades cristãs de mais de 110 países, com exceção da Igreja Católica, e compreende reformados, luteranos, anglicanos metodistas, batistas, ortodoxos e outras Igrejas. Representa mais de 500 milhões de fiéis em todo o mundo, cuja sede é Genebra.
No Centro Ecumênico do CMI, realizou-se uma oração comum, com a participação de cerca de 230 pessoas – ocasião em que o Pontífice pronunciou o primeiro discurso do dia.
Caminhar segundo o Espírito
Inspirado na leitura extraída da Carta aos Gálatas, Francisco propôs uma reflexão sobre a expressão “Caminhar segundo o Espírito” .
“Caminhar segundo o Espírito é rejeitar o mundanismo. É escolher a lógica do serviço e avançar no perdão. É inserir-se na história com o passo de Deus: não com o passo ribombante da prevaricação, mas com o passo cadenciado por «uma única palavra: Ama o teu próximo como a ti mesmo» (Gal 5, 14).”
No decurso da história, afirmou o Papa, as divisões entre cristãos deram-se porque na raiz, na vida das comunidades, se infiltrou uma mentalidade mundana: primeiro cultivavam-se os próprios interesses e só depois os de Jesus Cristo. A direção seguida era a da carne, não a do Espírito.
“Mas o movimento ecumênico, para o qual tanto contribuiu o Conselho Ecumênico das Igrejas, surgiu por graça do Espírito Santo”, recordou o Papa.
Ser do Senhor
É preciso escolher ser de Jesus antes que de Apolo ou de Cefas, antepor o ser de Cristo ao fato de ser «judeu ou grego», ser do Senhor antes que de direita ou de esquerda, escolher em nome do Evangelho o irmão antes que a si mesmo.
A resposta aos passos vacilantes, prosseguiu o Papa, é sempre a mesma: caminhar segundo o Espírito, purificando o coração do mal, escolhendo com obstinação o caminho do Evangelho e recusando os atalhos do mundo.
“Depois de tantos anos de empenho ecumênico, neste septuagésimo aniversário do Conselho, peçamos ao Espírito que revigore o nosso passo. (…) Que as distâncias não sejam desculpas! É possível, já agora, caminhar segundo o Espírito. Rezar, evangelizar, servir juntos: isto é possível. Caminhar juntos, rezar juntos, trabalhar juntos: eis a nossa estrada-mestra.”
Unidade
Esta estrada tem uma meta concreta: a unidade. A estrada oposta, a da divisão, leva a guerras e destruições. “O Senhor pede-nos unidade; o mundo, dilacerado por demasiadas divisões que afetam sobretudo os mais fracos, invoca unidade.”
Francisco conclui seu discurso definindo-se um “peregrino em busca de unidade e de paz”. “Agradeço a Deus porque aqui encontrei irmãos e irmãs já a caminho. Que a Cruz nos sirva de orientação, porque lá, em Jesus, foram abatidos os muros de separação e foi vencida toda a inimizade: lá compreendemos que, apesar de todas as nossas fraquezas, nada poderá jamais separar-nos do seu amor.
Radio Vaticano
A partir desta segunda-feira (21/05), a memória da Beata Virgem Maria Mãe da Igreja entra no calendário litúrgico.
O Papa Francisco quis que essa data fosse celebrada na segunda-feira depois de Pentecostes, segundo o decreto “Ecclesia Mater” da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, datado 11 de fevereiro deste ano, dia em que a Igreja recorda Nossa Senhora de Lourdes.
Segundo o documento, o objetivo é “favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos e fiéis, como também a genuína piedade mariana”.
A devoção do pontífice por Maria Mãe da Igreja não é nova, possui raízes profundas e mostra um comportamento filial claro em relação à Virgem.
Na casa da Mãe
Em sua viagem apostólica ao Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude, em julho de 2013, no Santuário Nacional de Nossa Aparecida, o Papa Francisco disse que “a Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: “Mostrai-nos Jesus”. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria.”
Modelo de fé da Igreja
Na audiência geral de 23 de outubro daquele ano, Francisco refletiu sobre Maria como modelo de fé da Igreja “que tem como centro Cristo, encarnação do amor infinito de Deus”.
Ela quer trazer também a nós “a dádiva grandiosa que é Jesus; e com Ele nos traz o seu amor, a sua paz e a sua alegria. Assim a Igreja é como Maria: a Igreja não é uma loja, nem uma agência humanitária; a Igreja não é uma ONG, mas é enviada a levar a todos Cristo e o seu Evangelho; ela não leva a si mesma — seja ela pequena, grande, forte, ou frágil, a Igreja leva Jesus.”
E insiste: “Se, por hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, ela seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de Jesus, o amor de Jesus, a caridade de Jesus.”
Duas mulheres mães
Na Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, em 1° de janeiro, o Papa voltou ao nosso caminho de fé. Em 2014, ele especificou que está solenidade está “intrinsecamente ligada” a Maria “desde que Jesus, morrendo na cruz, nos deu Maria como Mãe”. A partir daquele momento, “a Mãe de Deus também se tornou nossa Mãe”.
Por sua vez, acrescentou em 28 de junho de 2014, saudando os jovens da Diocese de Roma em busca de sua vocação, reunidos na Gruta de Lourdes dos Jardins Vaticanos, “um cristão sem Nossa Senhora é órfão”, e a Igreja também.
“Duas mulheres” indicam “mães que desatam os nós da nossa vida, levando-os ao Senhor”, reiterou no Angelus de 1° de janeiro de 2016. Um conceito que ele aprofundou na missa no adro do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, onde celebrou a missa de canonização dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, no centenário das aparições da Bem-Aventurada Virgem Maria na Cova da Iria.
Imaculada Conceição
O segredo de Maria é “a Palavra de Deus”: no ano seguinte, no dia da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro, Francisco explicou como Maria “tornou a sua vida linda”, “permanecendo com Deus, dialogando com Ele em toda circunstância”.
No habitual ato de veneração na Praça de Espanha, em Roma, Francisco agradeceu a Nossa Senhora pelo acompanhamento constante no “caminho das famílias, das paróquias, das comunidades religiosas” e também de quem trabalha, “dos doentes, idosos, de todos os pobres, de tantos imigrantes” provenientes de terras onde há “guerra e fome”.
No mesmo dia, a homenagem à Virgem da Medalha Milagrosa na Basílica de Sant’Andrea delle Fratte, situada no centro de Roma. Antes, porém, visitou o ícone de Nossa Senhora “Salus Populi Romani”, na Basílica de Santa Maria Maior.
O Papa Francisco retorna sempre à Basílica de Santa Maria Maior na ocasião de suas viagens e não só: no final de janeiro deste ano, para o traslado da imagem sagrada, ele explicou que “onde Nossa Senhora é de casa o diabo não entra” e o “turbamento não prevalece, o medo não vence”. Porque Maria “é como Deus nos quer, como quer a sua Igreja: mãe, terna, humilde, pobre de coisas e rica de amor, livre do pecado, unida a Jesus, que – ressaltou alguns dias antes no Dia Mundial da Paz – guarda Deus no coração e o próximo da vida”.
Radio Vaticano
CRÉDITO FOTO: VATICAN NEWS
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Cerca de 20 mil fiéis participaram esta manhã de quarta-feira (02/05) da Audiência Geral na Praça S. Pedro.
Em sua catequese, o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo sobre o Batismo, falando dos ritos centrais deste sacramento.
Simbolismo da água
Começando pela água, o Pontífice explicou que se trata de um elemento purificador, matriz de vida e de bem estar, mas a sua falta ou o excesso pode ser também causa de morte. Por isso, possui um grande simbolismo na Bíblia para falar das intervenções de Deus, como por exemplo as águas do dilúvio, a passagem pelas águas do Mar Vermelho ou o sangue e água que correram do lado de Cristo crucificado.
Mas a água não tem o poder de curar, mas sim a ação do Espírito Santo no Batismo, tornando-se o instrumento que permite a quem recebe este sacramento ser sepultado com Cristo e, com Ele, ressuscitar para uma vida imortal.
Deus une, o diabo divide
Após a santificação da água, quem se prepara para receber o sacramento deve renunciar a Satanás e fazer a sua profissão de fé.
“O diabo divide. Deus une sempre num só povo. Não é possível aderir a Cristo colocando condições. De algumas pessoas dizemos que se dão bem com Deus e com o diabo. Isso não é possível”, disse o Papa. “Ou você está bem com Deus ou com o diabo. Por isso a renúncia e o ato de fé vão juntos.”
Renunciar e crer
A resposta às perguntas: “Renunciam a Santanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções?” – é formulada na primeira pessoa do singular: “Renuncio”.
E ao mesmo modo é professada a fé da Igreja, dizendo: “Creio”. “É a base do Batismo”, acrescentou Francisco. É uma escolha responsável, que exige ser traduzida em gestos concretos de confiança em Deus, de luta contra o pecado e de esforço, contando com a graça de Deus, para configurar a própria vida aos ensinamentos de Jesus.
O Pontífice então concluiu:
“Queridos irmãos e irmãs, quando molhamos a mão na água benta e fazemos o sinal do Cruz, pensemos com alegria e gratidão ao Batismo que recebemos, e renovamos o nosso ‘Amém’, per viver imergidos no amor da Santíssima Trindade.”
Radio Vaticano
FOTO: Papa celebra a missa na Casa Santa Marta (ANSA) / VATICAN NEWS
Jesus nos ensina o amor com a Eucaristia; nos ensina o serviço com o lava-pés; e nos diz que um servo jamais está acima do seu senhor. Estes três elementos são o fundamento da Igreja. Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã de quinta-feira (26/04) na capela da Casa Santa Marta. O Pontífice comentou o Evangelho do dia, no qual João refere as palavras de Jesus depois do lava-pés.
Na Última Ceia, explicou o Papa, Jesus se despede dos discípulos com um discurso longo e belo e “faz dois gestos que são instituições”. Dois gestos para os discípulos e para a Igreja que virá, “que são o fundamento, por assim dizer, da sua doutrina”. Jesus “dá de comer o seu corpo e de beber o seu sangue”, isto é, institui a Eucaristia, e faz o lava-pés. “Desses gestos nascem os dois mandamentos – explicou Francisco – que farão crescer a Igreja se formos fiéis”.
Amor sem limites
O primeiro é o mandamento do amor: não somente “amar o próximo como a si mesmo”, mas um passo a mais: “amar o próximo como eu os amei”.
“ O amor sem limites. Sem isto, a Igreja não vai para frente, a Igreja não respira. Sem o amor, não cresce, se transforma numa instituição vazia, de aparências, de gestos sem fecundidade. Ir ao seu corpo: Jesus diz como devemos amar, até o fim. ”
Depois, o segundo novo mandamento, que nasce do lava-pés: “servir uns aos outros”, lavar os pés uns aos outros, como eu os lavei. Dois novos mandamentos e uma única advertência: “vocês podem servir, mas enviados por mim. Não estão acima de mim.
Humildade simples e verdadeira
De fato, Jesus esclarece: o servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou”. Assim é a humildade simples e verdadeira, não a humildade fingida.
A consciência de que Ele é maior do que todos nós, e nós somos servos, e não podemos ultrapassar Jesus, não podemos usar Jesus. Ele é o Senhor, não nós. Este é o testamento do Senhor. Ele se dá de comer e beber e nos diz: amem-se assim. Lava os pés e nos diz: sirvam assim, mas estejam atentos, um servo jamais é maior que aquele que o enviou, do senhor. São palavras e gestos contundentes: é o fundamento da Igreja. Se formos avante com essas três coisas, nunca vamos errar.
Os mártires e os muitos santos, prosseguiu o Papa, foram avante assim: “com esta consciência de ser servos”.
Subordinação
E depois Jesus insere outra advertência: “Eu conheço aqueles que escolhi” e diz: “Mas sei que um de vocês me trairá”. Por isso, Francisco conclui convidando todos, num momento de silêncio, a deixar-se olhar pelo Senhor:
“ É deixar que o olhar de Jesus entre em mim. Sentiremos tantas coisas: sentiremos amor, sentiremos talvez nada… ficaremos bloqueados ali, sentiremos vergonha. Mas deixar sempre que o olhar de Jesus venha. O mesmo olhar com o qual olhava, naquela noite, os seus na ceia. Senhor conhece, sabe tudo. ”
Amor até o fim, finalizou o Papa, serviço, e “vamos usar uma palavra um pouco militar, mas que é útil: subordinação, isto é, Ele é o maior, eu sou servo, ninguém pode passar na sua frente”.
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