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Thulio Fonseca – Vatican News
Thulio Fonseca – Vatican News
Andressa Collet – Vatican News
Na Sala do Consistório, do Palácio Apostólico, no Vaticano, o Papa Francisco recebeu na manhã desta sexta-feira (10/05) uma delegação de 25 pessoas provenientes de Barcelona, na Espanha. São estudantes e professores do Instituto de Liturgia da Universidade São Paciano, que estão em Roma para dias de estudos no Colleggio Sant’Anselmo, uma universidade pontifícia beneditina que recebe estudantes de todo o mundo para oferecer formação também em liturgia.
Ao saudar o grupo espanhol, o Pontífice se disse feliz em recebê-los em 2024, Ano da Oração: “é importante que, em seus estudos, vocês reflitam sobre a necessidade de buscar essa união com o Senhor e sobre os meios que Ele, por meio da Igreja, nos deu para alcançá-la”, orientou o Papa em discurso.
A liturgia também nos lembra, continuou Francisco, “que esse encontro com Deus é de todos”. A Igreja, “como um povo convocado”, deve se dedicar à liturgia “porque é para Deus, mas uma liturgia sem essa união do homem com Deus é uma aberração”. O Pontífice, então, chegou a recordar São Bento e os critérios de se buscar Deus e estar pronto para a “participação na Liturgia Divina, no seu significado de encontro pessoal e comunitário com Deus”.
Créditos: Ridofranz / GettyImagens / cancaonova.com
Em Feira de Santana (BA), minha cidade natal, vi, uma vez, em um quadro negro daqueles bem antigos de escola, a seguinte frase: “A paz que você procura está no silêncio que você não faz”.
De fato, essa sentença permaneceu por toda uma vida em minha memória e marcou-me tanto, que, ainda hoje, busco o caminho de como bem vivê-la. Embora eu tenha tido contato com a biografia da vida de santos, com o Catecismo e a Bíblia, confesso que adentrar nessa experiência tem me exigido muito esforço e dedicação.
Certa vez, li que “o silêncio aparece como uma expressão importante da Palavra de Deus” (VD 21). E mesmo parecendo um paradoxo de que no silêncio haja comunicação, pude compreender, a partir disso, que o nosso Deus sempre está presente, seja nas orações permeadas em palavras ou naquelas em que nem sabemos expressar o que estamos sentindo.
“Nas vossas orações, não sejais como os gentios que multiplicam as palavras porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque vosso Pai celeste sabe de que tendes necessidade, antes que vós o peçais” (Mt 6,7-8).
Ademais, Jesus bem sabia o quanto precisaríamos nos calar para nos ouvir e podermos ouvi-Lo, pois Ele mesmo o fazia, retirando-se para o deserto para orar ao Pai do Céu, para fazer jejum e oração e até mesmo para vencer a tentação do demônio.
Jesus é o Verbo encarnado e, no cumprimento de Sua missão na cruz a morrer por nossa salvação, Ele se calou, não abriu a boca e, nessa atitude, nos comunicou a Sua Paixão. O próprio Deus se cala. E nesses momentos sombrios e assustadores em que parece que estamos sós, não tenhamos medo, pois mesmo aí Ele se manifesta no Seu abismo de amor, Ele que é o próprio Amor.
Note que é no silêncio que ouvimos Deus, e no silêncio Ele age em nós. Claro que não vamos parar de falar! O ser humano, afinal de contas, nasceu com capacidade para a comunicação, e isso é lindo e tem o seu valor. Mas se você me permite ainda um pouco mais, aconselho que fuja do barulho na medida do possível, diminua as telas, planeje a sua vida de oração e faça exercício físico, para que toda a ansiedade acumulada no dia a dia possa ser liberada, deixando-nos abertos à vida interior.
Que a Virgem Santíssima nos acompanhe nessa jornada em busca do silêncio fecundo.
Micheline Teixeira
Comunidade Canção Nova
Vatican News
A esperança foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (08/05), realizada na Praça São Pedro.
Esta virtude teologal é a resposta às perguntas sobre o sentido último do homem. Se o caminho da vida não tem sentido, se no início e no fim há nada, então nos perguntamos por que deveríamos caminhar: é aqui que surge o desespero do homem, o sentimento da inutilidade de tudo, explicou o Pontífice. Se faltar esperança, todas as outras virtudes correm o risco de desmoronar e acabar em cinzas.
Já o cristão tem esperança não por mérito próprio. Se ele acredita no futuro é porque Cristo morreu e ressuscitou e nos deu o seu Espírito. Neste sentido, se diz que a esperança é uma virtude teologal, pois não emana de nós, mas é um dom que vem diretamente de Deus.
“Se acreditamos na ressurreição de Cristo, então sabemos com certeza que nenhuma derrota e nenhuma morte duram para sempre.”
Todavia, a esperança é uma virtude contra a qual muitas vezes se peca, quando, por exemplo, se desanima diante dos próprios pecados, esquecendo que Deus é misericordioso e maior que o nosso coração. “Deus perdoa tudo e sempre, recordou Francisco”. “Peca-se contra a esperança quando o outono apaga a primavera dentro de nós.”
Para Francisco, o mundo de hoje tem grande necessidade desta virtude cristã: “O mundo necessita de esperança”. Tanto quanto precisa de paciência, virtude que caminha em estreito contato com a esperança. “Os homens pacientes são tecelões do bem”, afirmou. Desejam obstinadamente a paz e, mesmo que alguns tenham pressa e queiram tudo imediatamente, a paciência tem a capacidade da espera.
E ainda, a esperança é a virtude de quem tem o coração jovem; e a idade não importa aqui. Porque também há idosos com os olhos cheios de luz, que vivem uma tensão permanente em relação ao futuro. O Pontífice então concluiu:
Thulio Fonseca – Vatican News
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Ao final do Regina Caeli deste domingo, 5 de maio, Francisco manifestou sua solidariedade aos afetados pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul com essas palavras:
“Quero assegurar a minha oração pelas populações do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, atingidas por grandes inundações. Que o Senhor acolha os mortos e conforte os familiares e quem teve que abandonar suas casas.”
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou ao menos 55 mortes, 74 desaparecidos e 107 feridos até este sábado (4) em meio às fortes chuvas que atingem o estado. Ao todo, já são 317 municípios afetados devido aos temporais. As pessoas que estão em abrigos já somam 13.324, enquanto 69.242 estão desalojadas. Já a população afetada pelo evento meteorológico soma 510.585 pessoas…
Ao Vatican News, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, assim se manifestou:
“A situação realmente é caótica. Temos várias vilas, bairros completamente debaixo d’água. A cidade de Eldorado do Sul praticamente toda debaixo d água. Em Canoas nós tivemos essa noite que evacuar mais de cinquenta mil pessoas. O Exército, a Defesa Civil, o pessoal das nossas comunidades, gente de fora do Estado, enfim, é muita gente colaborando. Ainda existe muita gente em cima de telhado de casas, até mesmo árvores, esperando por socorro. Parece que o Guaíba parou de subir agora. No entanto, ele vai permanecer por vários dias com nível alto. Vários bairros da cidade de Porto Alegre também estão debaixo d’água. O nosso centro administrativo também foi tomado pela água. Enfim, várias igrejas… é realmente uma situação jamais vista não só aqui na nossa região, mas em todo o Estado.”
Vatican News
Silvonei Joseph – Notícias do Vaticano
“Um verdadeiro amigo não abandona, nem mesmo quando você comete um erro: ele o corrige, talvez até o repreenda, mas ele o perdoa e não o abandona”. Foi o que disse o Papa Francisco assomando à janela de seu escritório no Palácio Apostólico, Vaticano, para recitar o Regina Caeli com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
“Hoje, o Evangelho nos fala de Jesus que diz aos Apóstolos: “não os chamo mais de servos, mas de amigos” – diz o Pontífice – ”O que significa isso? Na Bíblia, os servos de Deus são pessoas especiais, a quem ele confia missões importantes, por exemplo, Moisés, o rei Davi, o profeta Elias, até a Virgem Maria. Eles são pessoas em cujas mãos Deus coloca seus tesouros. Mas tudo isso não é suficiente, de acordo com Jesus, para dizer quem somos para Ele: é preciso mais, algo maior, que vai além dos bens e dos próprios projetos: é preciso amizade”.
“Desde criança, aprendemos como essa experiência é bela: aos amigos, oferecemos nossos brinquedos e os mais belos presentes – sublinha Papa Francisco – depois, quando crescemos, como adolescentes, confiamos a eles nossos primeiros segredos; como jovens, oferecemos lealdade; como adultos, compartilhamos satisfações e preocupações; como idosos, compartilhamos lembranças, considerações e silêncios de longos dias. A Palavra de Deus, no Livro de Provérbios, nos diz que “o perfume e o incenso alegram o coração e o conselho de um amigo adoça a alma”. Pensemos por um momento em nossos amigos e amigas e agradeçamos ao Senhor!”.
”A amizade não é o resultado de cálculos nem de coerção: ela surge espontaneamente quando reconhecemos no outro algo de nós. E, se é verdadeira, é tão forte que não falha nem mesmo diante de uma traição. O amigo ama em todo tempo”, afirma ainda o Livro dos Provérbios, como Jesus nos mostra quando diz a Judas, que o trai com um beijo: “Amigo, é por isso que você está aqui!
O Papa enfatiza novamente: “um verdadeiro amigo não abandona, nem mesmo quando você comete um erro: ele o corrige, talvez o repreenda, mas o perdoa e não abandona você”.
E hoje Jesus, no Evangelho, nos diz que, para Ele, somos precisamente isso, amigos: pessoas queridas para além de todo mérito e de toda expectativa, a quem Ele estende a mão e oferece seu amor, sua Graça, sua Palavra; com quem ele compartilha o que lhe é mais caro, tudo o que ouviu do Pai. Até o ponto de se tornar frágil por nós, de se colocar em nossas mãos, sem defesa e sem pretensões, porque ele nos ama, quer o nosso bem e nos quer partícipes do que é seu. E assim perguntemos a nós mesmos, disse o Papa: que rosto o Senhor tem para mim? O rosto de um amigo ou de um de um estranho? Eu me sinto amado por Ele como uma pessoa querida? E qual é o rosto de Jesus que eu testemunho aos outros, especialmente àqueles que cometem erros e precisam de perdão?
“Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5)
Os ensinamentos de Nossa Senhora em Fátima, embora passados mais de 100 anos, permanecem atuais. Ela continua como nas bodas de Caná, indicando-nos buscar sempre e em tudo o Seu filho Jesus, com ouvidos atentos para escutar e obedecer ao que Ele nos disser.
Passamos por momentos desafiadores no mundo e na Igreja, e também é uma oportunidade de renovação de vida, pois, nos desafios, descobrimos meios para respondê-los e nos fortalecemos. Nos momentos de sofrimento, muitos recorrem à fé e voltam para Deus, basta olhar a história da Igreja e certificarmos a superação e renovação diante dos desafios.
Nesse contexto mundial em que vivemos, em todos os níveis – guerras, inversão de valores familiares, miséria humana e social, falta do cuidado com a casa comum, desagregação social –, a mensagem de Fátima é um convite de verdadeira conversão de vida e esperança. Ela é portadora de uma mensagem atual, profética e, podemos considerar, universal: “Fátima é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas” (Card. Tarcisio Bertone).
“A mensagem de Fátima teve um alcance universal no século XX e continuará a tê-lo no século XXI, porque toca na questão essencial para a humanidade – o seu reencontro com Deus” (Dom Virgílio Antunes, Fátima, 29/03/2010).
Todas as aparições de Nossa Senhora em Fátima, pedagogicamente, nos ensinam um caminho de santidade que nos conduzirá unicamente para Deus. Nós nos deteremos apenas na primeira aparição de 23 de maio de 1917. São eles:
Revela-nos a existência de Deus manifesto na Luz que ilumina a nossa vida e o mundo inteiro; e, se preciso for, desce do céu para vir ao nosso encontro. Ela se deixa encontrar: “Mais brilhante que o Sol, espargindo luz, mais clara e intensa que um copo de cristal, cheio d’água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente”.
Diante do que vivemos, encoraja-nos a não nos deixarmos conduzir pelo medo, pois está conosco em cada situação: “Não tenhais medo!”.
Pede aos pastorinhos disposição, perseverança e fidelidade para receber a Mensagem do céu nos seis meses seguidos, e, se obedecerem, promete dizer quem é e o que deseja, e que voltará uma sétima vez.
É uma Mãe de promessa: “… Depois, vos direi quem sou e o que quero. Depois, voltarei ainda aqui uma sétima vez”.
Recorda que existe o Céu, que é a nossa pátria definitiva, e promete para lá nos levar: “Eu sou do céu” – “E eu também vou para o Céu?”… – “Sim, vais”.
Afirma-nos a existência do purgatório: “ … estará no purgatório…”
Se aceitarmos os sofrimentos, não seremos desamparados, prometendo que “a graça de Deus será o vosso conforto”.
Ela nos revela a Trindade Santa, que nos faz ver a nós mesmos em Deus, que é a Luz do mundo e que podemos fazer uma experiência pessoal, professar a nossa fé e adorá-la: “Por um impulso íntimo também comunicado, caíamos de joelhos e repetíamos intimamente: ‘Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento’”.
E por fim, recordar-nos a eficácia da reza do terço para obtermos a paz para o mundo, para nós mesmos e nas nossas famílias: “Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”.
A Mensagem de Fátima foi e será sinal de esperança espiritual para o mundo, expressa nas promessas de salvação dos pecadores. Aponta-nos os meios para sermos pessoas virtuosas: a reparação, o sacrifício, a penitência e a oração. (…) A mensagem de Fátima vai continuar a proclamar o lugar de Deus para o mundo e para o homem que, de algum modo, O perderam pela falta de fé.
Recordando as palavras do Cardeal Angelo Sodano: “Nos trágicos anos da guerra, as palavras de Nossa Senhora aos Três Pastorinhos estavam carregadas de conforto e esperança para a humanidade: “No final, o meu Coração Imaculado triunfará!” (24/03/2017)
Se atendermos aos apelos de Nossa Senhora, conquistaremos o céu, pois Fátima é um resumo do Evangelho e escola de santidade. “Fátima é o resumo, a recapitulação e a recordação do Evangelho para os tempos modernos. Sua mensagem é sempre atual. É a mãe que vem lembrar aos filhos o caminho do Céu” (D. Fernando Rifan 15/05/2020).
Páginas citadas – p.173
MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA I
Compilação do P.e Luís Kondor, SVD
13a edição, Outubro de 2007 – Secretariado dos Pastorinhos
Nilza Maia
Comunidade Canção Nova
FONTE: Canção Nova
CRÉDITO FOTO: Papa Francisco durante encontro internacional “Párocos em prol do Sínodo” (Vatican Media)
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É uma carta de um pai que conhece as dificuldades de seus filhos, mas que os estimula a seguir adiante para o bem da Igreja e da missão para a qual foram chamados. Foi assim que o Papa Francisco se dirigiu aos cerca de 300 participantes, vindos do mundo inteiro, para o evento “Os Párocos em prol do Sínodo”, realizado em Roma de 29 de abril a 2 de maio. Um encontro organizado pela Secretaria Geral do Sínodo e pelo Dicastério para o Clero, em acordo com os Dicastérios para a Evangelização e para as Igrejas Orientais. Gratidão e estima do Papa por aqueles que cuidam de igrejas periféricas ou grandes como províncias, igrejas antigas com fiéis cada vez mais idosos ou igrejas que nascem sob uma grande árvore, onde o canto dos pássaros se mistura com canções infantis
Francisco recorda a importância de uma Igreja sinodal que precisa de seus párocos. “Nunca nos tornaremos uma Igreja sinodal missionária”, diz a Carta, “se as comunidades paroquiais não fizerem da participação de todos os batizados na única missão de proclamar o Evangelho o traço característico de sua vida. Se as paróquias não forem sinodais e missionárias, a Igreja também não o será”. Paróquias, espera o Papa, com discípulos missionários que partem e voltam cheios de alegria; comunidades que devem ser acompanhadas com oração, discernimento e zelo apostólico. Fortalecidos pela graça, é necessário escutar o Espírito e prosseguir no anúncio da Palavra e reunir a comunidade na “fração do pão”.
Há três indicações que o Papa sugere aos párocos. Ele recomenda colher os frutos que o Espírito espalha no Povo de Deus. “Estou convencido”, escreve ele, “de que assim fareis surgir muitos tesouros escondidos e encontrar-vos-eis menos sós na grande missão de evangelizar, experimentando a alegria duma paternidade genuína que não sufoca nos outros, homens e mulheres, suas muitas potencialidades preciosas, antes fá-las sobressair”.
Francisco convida a praticar o método da “conversação no Espírito”, que tem ajudado muito no caminho sinodal. “O discernimento é um elemento-chave da ação pastoral duma Igreja sinodal”, porque implementado no âmbito pastoral ilumina “a concretude da vida eclesial”, reconhecendo os carismas, confiando “com sabedoria tarefas e ministérios”, planejando “à luz do Espírito os caminhos pastorais, indo além da simples programação de atividades”.
A outra palavra-chave da Carta do Papa é fraternidade, compartilhar com os irmãos sacerdotes e bispos. “Não podemos ser autênticos pais, se não formos, antes de tudo, filhos e irmãos. E não seremos capazes de suscitar comunhão e a participação nas comunidades que nos foram confiadas se, primeiro, não as vivermos entre nós”. Um compromisso que poderá parecer excessivo, reconhece o Papa, mas na realidade é verdade o contrário: “só assim somos credíveis e nossa ação não desperdiça o que os outros já construíram”.
Concluindo, Francisco exorta os párocos a se tornarem missionários da sinodalidade também em seu ministério diário, tendo em vista a Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que vai se realizar em outubro próximo. A voz dos sacerdotes, insiste o Papa, deve ser ouvida para que sua contribuição ao Sínodo seja cada vez mais decisiva: “Ouvir os pastores foi o objetivo desta Reunião Internacional, mas isso não pode terminar hoje: precisamos continuar a ouvir-nos”.
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Mariangela Jaguraba – Vatican News
Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (1°/05), realizada na Sala Paulo VI, o Papa Francisco falou sobre a virtude da fé que junto com a caridade e a esperança formam as virtudes teologais.
Sem elas poderíamos ser prudentes, justos, fortes e temperantes, mas não teríamos olhos que veem mesmo no escuro, não teríamos um coração que ama mesmo quando não é amado, não teríamos uma esperança que ousa contra toda esperança.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “a fé é o ato com o qual o homem entrega-se total e livremente a Deus”. “Nesta fé, Abraão foi o grande pai. Quando concordou em deixar a terra dos seus antepassados para ir em direção à terra que Deus lhe teria mostrado. Nesta fé, Abraão se torna pai de uma longa linhagem de filhos. A fé o tornou fecundo”, disse ainda o Papa, citando como exemplos também Moisés, que permaneceu firme, confiante no Senhor, e defendeu “o povo que muitas vezes não tinha fé”, e a Virgem Maria, que “com o coração cheio de fé, com o coração cheio de confiança em Deus, inicia um caminho cujo percurso e perigos ela não conhece”.
Segundo o Papa, o grande inimigo da fé não é a inteligência, não é a razão, “mas o grande inimigo da fé é o medo“. “Por isso, a fé é o primeiro dom a ser acolhido na vida cristã: um dom que deve ser acolhido e pedido diariamente, para que se renove em nós. Aparentemente é um dom pequeno, mas é o essencial. Quando nos levaram à pia batismal, os nossos pais, depois de anunciarem o nome que haviam escolhido para nós, foram questionados pelo sacerdote: “O que vocês pedem à Igreja de Deus?”. E eles responderam: “A fé, o batismo!””, disse ainda Francisco.
Para um progenitor cristão, consciente da graça que lhe foi dada, esse é o dom que deve pedir também para o seu filho: a fé. Com ela, um progenitor sabe que, mesmo no meio das provações da vida, o seu filho não se afogará no medo. O inimigo é o medo. Ele também sabe que quando deixar de ter um progenitor nesta terra, continuará tendo um Deus Pai no céu, que nunca o abandonará. O nosso amor é frágil, só o amor de Deus vence a morte.
Francisco disse ainda que “nem todos têm fé”, “e mesmo nós, que cremos, muitas vezes percebemos que temos apenas uma pequena quantidade dela. Muitas vezes Jesus pode censurar-nos, como fez com os seus discípulos, por sermos ‘homens de pouca fé’”.
O Papa convidou todos os presentes na Sala São Paulo VI a pedirem: Senhor, aumentai a nossa fé! Esta “é uma oração bonita”, concluiu.
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CRÉDITO FOTOS: O abraço entre o Papa Francisco e o patriarca Moraglia (Vatican Media)
Alvise Sperandio – Veneza
“Caro Papa Francisco, que Nossa Senhora da Saúde o acompanhe sempre e nós, com afeto, lhe enviamos a querida saudação aos venezianos: viva São Marcos, viva Veneza”. Foi assim que o Patriarca de Veneza, Francesco Moraglia, saudou o Papa Francisco ao final da missa celebrada na Praça de São Marcos neste domingo, 28 de abril, na presença de 10.500 fiéis. Poucas horas depois da despedida do Pontífice, ele confidenciou à mídia vaticana: “Pedro, Marcos, o Papa nos chamam novamente a ser Igreja, a partir da oração e encontrando força nas origens”.
O encontro na prisão de Giudecca, com os jovens no Campo della Salute e depois a missa na Praça São Marcos: qual é o seu balanço da jornada deste domingo (28)?
Um dia inesquecível em uma Veneza que é historicamente acolhedora, mas também uma cidade de arte. O Papa quis começar com um gesto de boas vindas na prisão feminina, onde incentivou os convidados a ter esperança, a reconstruir suas vidas. Foi uma mensagem que foi cercada por uma série de discursos, também fora da agenda, nos quais algumas das detentas disseram algo que veio de sua história e de seus corações. Houve também pequenas homenagens, trabalhos que são realizados com a colaboração das cooperativas. O Papa quis passar pelas fileiras e cumprimentar as detentas uma a uma, olhando-as nos olhos – que também é o tema da exposição no Pavilhão da Santa Sé na Bienal. O segundo momento na prisão foi o diálogo com os artistas, com os quais o Papa lembrou o valor da arte, que não deve se tornar um mercado. A arte vale mais.
No encontro com os jovens, o Papa também fez um discurso com alguns acréscimos, falando ao improviso, lembrando aos jovens que eles não são um perfil social, mas são filhos do céu, filhos de Deus.
E trabalhou com dois verbos: levantar e ir. Ele quis estimular os jovens perguntando se eles haviam entendido e fazendo com que repetissem várias vezes esses dois verbos, que ele também conjugou de maneira diferente: por exemplo, enfatizou que não se pode olhar para os outros com desprezo, exceto na única circunstância em que se inclina sobre a pessoa para ajudá-la a se levantar. Portanto, quando você se levanta, precisa andar. A outra ênfase foi na constância: as coisas são construídas com constância. Levantem-se, vão, não tenham pressa: saibam como experimentar a vida. O presente da forcola em um lugar bem veneziano, onde os meninos explicaram que todos os anos eles voltam com o patriarca em uma peregrinação a Nossa Senhora da Saúde, que é a festa dos venezianos. Poderíamos dizer com um sorriso que mesmo aqueles que não acreditam em Deus ainda levam uma vela para Nossa Senhora. O Papa enfatizou como é importante para as novas gerações ter essas raízes das quais tiramos nossas própria origens, enriquecendo-nos na relação com os outros.
Em seguida, o Papa atravessou a ponte com o barco e chegou a São Marcos: na homilia, Francisco falou muito sobre Veneza, sua fragilidade como cidade de água e seu potencial; e chamou Veneza de “terra que faz irmãos”.
Essa última frase foi a síntese de outras considerações: Veneza, uma cidade em escala humana, para criança, para família; uma cidade onde a beleza deve ser oferecida com generosidade, mas também uma cidade que se defende de um turismo que poderia devorá-la. Veneza deve permanecer uma cidade habitada, uma cidade de encontro, não um lugar de passagem, mas de construção do presente e do futuro. A beleza de Veneza é a água, a lagoa, as pontes que unem uma série de ilhas. Veneza não é apenas uma cidade bonita, ela é única. O Papa nos falou de uma ideia futura de Veneza, na qual a inclusão é fundamental. Ele nos chamou para uma responsabilidade especial. Em Veneza, encontramos a verificação do que o Papa escreve em suas encíclicas Fratelli tutti e Laudato si‘, textos tão proféticos e, ao mesmo tempo, tão concretos.
Qual é o caminho que a diocese é agora chamada a seguir em relação aos ensinamentos do Papa?
O Papa parou por alguns minutos em oração silenciosa no altar da basílica da catedral, no túmulo do evangelista Marcos: ali me pareceu ver o chamado para voltar ao Evangelho escrito por aquele que foi secretário de Pedro, o primeiro Papa. Esse Evangelho tão essencial, que vem antes dos outros e no qual Jesus parece parecer frustrado pelos versos curtos e nervosos, às vezes, de Marcos, é o chamado para encontrar nossa força na fonte, como a própria basílica da catedral nos lembra. Pedro, Marcos e o Papa nos chamam para sermos Igreja. No barco a motor, a caminho do helicóptero para a partida, conversamos um pouco e pudemos ver, em seu pedido de oração por ele, a alegria, mas também o compromisso com os desafios da Igreja. Somos chamados a participar de tudo isso, começando pela oração.
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CRÉDITO FOTO: Audiência do Santo Padre aos participantes dos capítulos Gerais dos filhos da caridade e dos irmãos de São Gabriel (vatican Media)
O Papa Francisco encontrou na manhã desta segunda-feira, 29 de abril, na Sala Clementina, no Vaticano, os Filhos da Caridade Canossianos e os Irmãos de São Gabriel e lhes dirigiu um discurso por ocasião de seus capítulos gerais e dos aniversários de nascimento de seus fundadores, respectivamente 250 anos de Santa Madalena de Canossa e 350 anos de São Luís Maria Grignion de Montfort. O Pontífice releu a experiência deles à luz dos tempos contemporâneos, muitas vezes marcados por “egoísmos e particularismos”: as diversidades, disse o Santo Padre, são dons preciosos a serem compartilhados.
Para ambas as ordens religiosas, o Pontífice recordou a importância dos Capítulos que, citando o beato Pironio, são eventos “de família”, mas também eventos de Igreja e eventos “salvíficos”, verdadeiros “eventos sinodais” dos quais especificou a peculiaridade:
Momentos de graça, um Capítulo é um momento de graça, a ser vivido, em primeiro lugar, na docilidade à ação do Espírito Santo, fazendo memória agradecida do passado, prestando atenção ao presente – ouvindo uns aos outros e lendo os sinais dos tempos – e olhando com coração aberto e confiante para o futuro, para uma verificação e uma renovação pessoal e comunitária, ou seja, passado, presente, futuro, entram em um Capítulo, para recordar, avaliar e avançar no desenvolvimento da Congregação.
Francisco confessou um pesar, e o fez em tom de brincadeira para ressaltar sua mensagem, partindo do tema escolhido pelos Canossianos para seu discernimento: “Quem não arde não incendeia”.
Fico triste quando vejo religiosos que mais parecem bombeiros do que homens e mulheres com o ardor de incendiar. Por favor, não sejam bombeiros; já temos muitos.
Lembrando que os Canossianos estão presentes em sete países, com membros de dez nacionalidades, e que são coadjuvados pelas irmãs Canossianas com uma realidade leiga cada vez mais ativa e envolvida, o Papa os exortou a olhar para a coragem da fundadora que trabalhou “em um mundo não menos difícil do que o nosso”, para “tornar conhecido e amado Jesus, que não é amado porque não é conhecido”.
Santa Madalena lhes mostrou como superar as dificuldades: com os olhos voltados para o Crucifixo e os braços abertos para os últimos, os pequenos, os pobres e os doentes, para cuidar, educar e servir nossos irmãos com alegria e simplicidade. Quando o caminho se tornar difícil, então, façam como ela: olhem para Jesus Crucificado e olhem para os olhos e as feridas dos pobres, e verão que, aos poucos, as respostas entrarão em seus corações com uma clareza cada vez maior.
No Capítulo, os religiosos de São Gabriel refletem sobre o tema “Escutar e agir com coragem”. E sobre essas palavras o Papa se deteve, enfatizando particularmente a coragem de que estava falando: “Aquela parresia apostólica”. É a coragem “que lemos, por exemplo, no livro dos Atos dos Apóstolos. Essa coragem. E há o Espírito para nos dar essa coragem, e devemos pedir por ela”.
São duas atitudes – escuta e coragem – que exigem humildade e fé, e que refletem bem o espírito e a ação de São Luís Maria e do padre Deshayes, que também lhe deixaram um tríptico precioso como bússola para suas decisões: “Só Deus”, a “Cruz” – gravada no coração – e “Maria”. “Só Deus”, a “Cruz” – gravada no coração – e “Maria”.
Os Irmãos de São Gabriel são formados por mais de mil religiosos, engajados no cuidado pastoral, na promoção humana e social e na educação – especialmente em favor dos cegos e surdos-mudos – em 34 países. Francisco repetiu que é o Espírito Santo que cria a harmonia, porque Ele é seu “mestre”. E, insistiu o Papa: “A uniformidade em um instituto religioso, em uma diocese, em um grupo de leigos, mata! A diversidade em harmonia faz crescer. Não se esqueçam disso. Diversidade em harmonia”. Daí, o convite para sermos profetas da acolhida e da integração:
A Providência concedeu-lhes também a riqueza de uma internacionalidade variada: ela fará muito bem ao seu crescimento e ao seu apostolado, se souberem vivê-la acolhendo e compartilhando a diversidade de forma construtiva, entre vocês e com todos.
FOTO: O Papa Francisco com os membros da Ação Católica Italiana na Praça São Pedro
Mariangela Jaguraba – Vatican News
Cerca de sessenta mil membros da Ação Católica Italiana se reuniram na Praça São Pedro, para o encontro com o Papa Francisco no âmbito da XVIII Assembleia Geral do organismo católico que tem início nesta quinta-feira (25/04).
Em seu discurso, o Santo Padre recordou o título do encontro nacional escolhido pelos membros da Ação Católica Italiana: “De braços abertos”. Segundo o Papa, “o abraço é uma das expressões mais espontâneas da experiência humana. A vida do ser humano se abre com um abraço, o dos pais, primeiro gesto de acolhimento, ao qual se seguem muitos outros, que dão sentido e valor aos dias e aos anos, até ao último, o da despedida do caminho terreno. E sobretudo está envolvida do grande abraço de Deus, que nos ama por primeiro e nunca deixa de nos manter perto de si, especialmente quando voltamos depois de nos termos perdido, como nos mostra a parábola do Pai misericordioso”. “O que seria de nossa vida e como a missão da Igreja poderia ser realizada sem esses abraços?”, perguntou o Papa, que a seguir propôs uma reflexão sobre três tipos de abraço: o abraço que falta, o abraço que salva e o abraço que muda a vida.
O abraço que falta. “O entusiasmo que hoje expressaram de forma tão festiva nem sempre é bem acolhido no nosso mundo: às vezes encontra fechamentos e, outras vezes, encontra resistências, de modo que os braços ficam rígidos e as mãos se fecham de forma ameaçadora, não se tornando mais veículos de fraternidade, mas de rejeição, de oposição, muitas vezes até violenta, também sinal de desconfiança em relação aos outros, próximos e distantes, a ponto de levar ao conflito”, disse o Papa, acrescentando:
Quando o abraço se transforma em um punho, é muito perigoso. Na origem das guerras geralmente há abraços que faltaram ou abraços rejeitados, que são seguidos de preconceitos, mal-entendidos e suspeitas, a ponto de ver o outro como inimigo. Tudo isso, infelizmente, está diante de nossos olhos hoje em dia, em muitas partes do mundo! Com sua presença e seu trabalho, no entanto, vocês testemunham a todos que o caminho do abraço é o caminho da vida.
O abraço que salva. “Do ponto de vista humano, abraçar-se significa expressar valores positivos e fundamentais como o afeto, a estima, a confiança, o encorajamento, a reconciliação. Mas se torna ainda mais vital quando é vivido na dimensão da fé. No centro da nossa existência está o abraço misericordioso de Deus que salva, o abraço do Pai bom que se revelou em Cristo Jesus, e cujo rosto se reflete em cada seu gesto de perdão, de cura, de libertação, de serviço, e cuja revelação atinge o seu ápice na Eucaristia e na Cruz, quando Cristo oferece a sua vida pela salvação do mundo, para o bem de todo aquele que o acolhe com o coração sincero, perdoando até mesmo os seus crucificadores”, disse ainda Francisco, convidando a todos a se deixarem abraçar pelo Senhor “como como crianças”, pois “cada um de nós tem algo de criança no coração que precisa de um abraço. No abraço do Senhor aprendemos a abraçar os outros”.
O abraço que muda a vida. “Um abraço pode mudar a vida, mostrar novos caminhos, caminhos de esperança”, sublinhou Francisco. Há muitos santos em cuja existência o abraço marcou uma virada decisiva, como São Francisco, que deixou tudo para seguir o Senhor depois de ter abraçado um leproso, como ele mesmo recorda no seu testamento”, disse ainda o Papa, recordando que o “abraço da caridade” é o “único sinal essencial dos discípulos de Cristo, regra, forma e fim de todos os meios de santificação e apostolado”.
Amigos, vocês serão tanto mais presença de Cristo quanto mais souberem abraçar e apoiar cada irmão necessitado com braços misericordiosos e compassivos, como leigos engajados nos acontecimentos do mundo e da história, ricos de uma grande tradição, formados e competentes no que diz respeito às suas responsabilidades, e ao mesmo tempo humildes e fervorosos na via do espírito. Dessa forma, vocês poderão fazer sinais concretos de mudança segundo o Evangelho a nível social, cultural, político e econômico nos contextos em que trabalham.
Francisco incentivou os membros da Ação Católica a promoverem a “cultura do abraço” que “crescerá na Igreja e na sociedade, renovando as relações familiares e educativas, renovando os processos de reconciliação e de justiça, renovando os esforços de comunhão e de corresponsabilidade, construindo laços para um futuro de paz”.
Por fim, vendo todos reunidos na Praça São Pedro, o Papa se lembrou “do Sínodo em andamento, que chega à sua terceira etapa, a mais desafiadora e importante: a profética”. “Agora, trata-se de traduzir o trabalho das fases anteriores em escolhas que deem impulso e vida nova à missão da Igreja no nosso tempo. Porém, o mais importante deste Sínodo é a sinodalidade. Os temas devem levar adiante esta expressão da Igreja, que é a sinodalidade“, disse ele. “Por isso, há necessidade de pessoas moldadas pelo Espírito, de “peregrinos da esperança“, de homens e mulheres sinodais, que saibam dialogar, interagir, buscar juntos, como diz o tema do Jubileu que já se aproxima, homens e mulheres capazes de traçar e percorrer caminhos novos e desafiadores”, concluiu.
Vatican News
Francisco durante a audiência com o peregrinos húnagors nesta quinta-feira, 25 de abril (Vatican Media)
Thulio Fonseca – Vatican News
Papa Francisco – foto de arquivo
Vatican News
“Uma paz negociada é melhor do que uma guerra sem fim”: foi o que disse o Papa Francisco, pensando na Ucrânia, em Gaza e nas guerras que estão atingindo o mundo, em uma entrevista concedida à emissora estadunidense Cbs, na tarde desta quarta-feira, na Casa Santa Marta. Trechos da entrevista, que durou cerca de uma hora e foi conduzida por Norah O’Donnell, diretora da ‘Cbs Evening News’, foram transmitidos durante a última noite. Uma versão ampliada do diálogo será transmitida no domingo, 19 de maio, na véspera do Dia Mundial da Criança que se realizará em Roma, nos dias 25 e 26 de maio.
O Papa convidou todos os países em guerra a cessarem os conflitos: “procurem negociar. Busquem a paz”. “Eu rezo muito” por um cessar-fogo em Gaza, acrescentou, lembrando que todas as noites, às 19h, ele liga para a única paróquia católica na Faixa para saber notícias: a situação “é muito difícil, muito difícil”, disse ele, até porque as pessoas devem lutar para ter comida.
Perguntado sobre as consequências para as crianças da invasão russa na Ucrânia, o Papa Francisco disse: “essas crianças não sabem como sorrir. Eu lhes digo algo, mas elas se esqueceram de como sorrir. E quando uma criança se esquece de como sorrir, isso é muito grave”.
Francisco também falou sobre a mudança climática, que “existe”, e, com relação ao Dia Mundial da Criança, disse que os pequenos “sempre trazem uma mensagem”: eles nos dão “uma maneira de ter um coração mais jovem”. A uma pergunta sobre sua saúde, ele respondeu com um sorriso: “Estou bem”.
Em seguida, ele reiterou que há espaço para todos na Igreja: “eu diria que sempre há um lugar. Se em uma paróquia o pároco não parece acolhedor, eu entendo, mas vá e procure em outro lugar, sempre há um lugar, sempre. Não fuja da Igreja. A Igreja é muito grande. É mais do que um templo … você não deve fugir dela”.
Vatican NEws
Em 23 de abril, a Igreja celebra São Jorge, o santo onomástico do Papa Francisco (Vatican Media)
Salvatore Cernuzio – Vatican News
As felicitações de todo o mundo estão se multiplicando nestas horas para o Pontífice argentino, Jorge Mario Bergoglio, no dia da memória do santo que tem o seu nome: Jorge, o mártir cristão que nasceu na Capadócia e que morreu, de acordo com algumas fontes, em 303 d.C. na antiga Lidda, em Israel, por não ter negado sua fé durante as perseguições anticristãs desencadeadas pelo imperador romano Diocleciano. Conforme declarado pelo próprio Francisco em abril de 2016, no artigo 50 do Regulamento Geral da Cúria Romana, o dia 23 de abril é feriado no Vaticano.
Muitas pessoas estão enviando à Casa Santa Marta os melhores votos ao Papa, felicitações vindas também de fora, especialmente no mundo virtual, das redes sociais, de onde várias pessoas expressam afeto e gratidão ou asseguram orações a Francisco: “que Deus o proteja!”.
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, também se juntou ao coro de saudações, enviando ao Papa Francisco uma mensagem na qual transmite “os mais fervorosos e sinceros votos do povo italiano e os meus pessoais, juntamente com votos afetuosos por sua saúde e bem-estar”. “Como o senhor declarou recentemente, ‘ninguém deve ameaçar a existência dos outros'”, escreveu o chefe de Estado, ecoando as palavras do Papa em um dos recentes Angelus em referência à guerra no Oriente Médio. “Até mesmo essa regra fundamental, esse ‘nível mínimo’ de coexistência humana, é questionada no contexto dramático de uma conjuntura internacional e, em particular, do Oriente Médio, marcada por violência, contrastes e impulsos de vingança”, ressaltou Mattarella. São apelos para salvaguardar a fraternidade, “que não deixam de questionar as consciências de milhões de mulheres e homens em todos os continentes e que constituem sementes férteis de justiça e paz para crentes e não crentes”, continuou ele na mensagem. Por ocasião da festa de São Jorge, o presidente italiano renovou ao Papa “as expressões de proximidade do povo italiano e a minha mais alta consideração pela sua elevada missão apostólica”.
Nos últimos anos, o Papa Francisco celebrou esse dia com uma variedade de iniciativas: desde a missa na Capela Paulina com os cardeais em 2013, o primeiro ano de pontificado, até a distribuição de cerca de 5 mil sorvetes em 2018 por meio da Esmolaria Apostólica em refeitórios de Roma e arredores, onde os mais necessitados se alimentam, até o envio, em 2020, ano da pandemia de Covid-19, de alguns respiradores para alguns hospitais na Espanha, Romênia e Itália particularmente afetados pela propagação do vírus, novamente por meio do cardeal Konrad Krajewski.
O drama da Covid caracterizou a festa de São Jorge em 2021, quando o Papa decidiu celebrar o dia do seu onomástico fazendo uma visita surpresa para cumprimentar cerca de 600 pessoas pobres e em situação de rua acolhidas e assistidas por algumas associações romanas e pelas Missionárias da Caridade que esperavam para receber uma dose de vacina na Sala Paulo VI, que se tornou um pequeno ambulatório desde janeiro daquele ano. Depois de cumprimentar todos os presentes, o Papa se dirigiu ao grande balcão onde estavam dispostos pacotes de biscoitos, salgadinhos e sucos de frutas e compartilhou um enorme ovo de chocolate distribuído a todos pelos voluntários, em conformidade com as normas sanitárias da época.
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O Papa rezou o Regina Caeli com os fiéis reunidos na Praça São Pedro neste IV domingo da Páscoa, dedicado a Jesus Bom Pastor. Em sua alocução, Francisco se deteve numa frase repetida três vezes pelo Mestre: “O bom pastor dá a vida por suas ovelhas”.
O Pontífice recordou que ser pastor, especialmente no tempo de Cristo, não era só uma profissão, mas significava compartilhar jornadas inteiras, e também noitadas, com as ovelhas, de viver em simbiose com elas. Com efeito, Jesus explica que não é um mercenário que não se importa com as ovelhas, mas Ele as conhece, chama por nome. E mais: Jesus não é só um bom pastor que compartilha a vida do rebanho, é o Bom Pastor que por nós sacrificou a vida e, ressuscitado, nos deu o seu Espírito.
Quantas pessoas hoje se consideram inadequadas ou até mesmo erradas, prosseguiu o Pontífice. Ou se pensa que o nosso valor depende dos objetivos que conseguimos alcançar, do sucesso aos olhos do mundo, dos julgamentos dos outros: “Hoje, Jesus nos diz que nós para Ele valemos muito e sempre. E então, para reencontrar a nós mesmos, a primeira coisa a fazer é colocar-nos na sua presença, deixar-nos acolher e levantar pelos braços amorosos do nosso Bom Pastor”.
Francisco então dirigiu algumas perguntas aos fiéis: “Consigo encontrar todos os dias um momento para abraçar a certeza que dá valor à minha vida? Consigo encontrar um momento de oração, de adoração, de louvor, para estar na presença de Cristo e deixar-me acariciar por Ele?”. E concluiu:
“Irmão, irmã, se o fizer, redescobrirá o segredo da vida: lembrará que o Bom Pastor, Ele que deu a vida por você, por mim, por todos nós. E que, para Ele, somos todos importantes, cada um de nós, todos. Que Nossa Senhora nos ajude a encontrar em Jesus o essencial para viver.”
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O Papa na audiência com as superioras e delegadas das Carmelitas Descalças (Vatican Media)
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (18/04), na Sala do Consistório, no Vaticano, as superioras e delegadas das Carmelitas Descalças que estão reunidas para refletir e trabalhar juntas na revisão de suas Constituições.
Em seu discurso, Francisco manifestou satisfação em encontrá-las e disse esta é para elas um “tempo do Espírito” em que são “chamadas a viver como uma ocasião de oração e discernimento”, abertas “ao que o Espírito Santo deseja lhes sugerir” a fim “encontrar novas linguagens, novos caminhos e novos instrumentos que deem maior entusiasmo à vida contemplativa que o Senhor as chamou a abraçar, para que o carisma seja preservado e possa ser compreendido e atrair muitos corações para a glória de Deus e o bem da Igreja”.
De fato, vocês me ensinam que a vocação contemplativa não leva a guardar as cinzas, mas a alimentar um fogo que arde de maneira sempre nova e pode aquecer a Igreja e o mundo. Por isso, a memória da história de vocês e de tudo o que as Constituições recolheram ao longo dos anos é uma riqueza que deve permanecer aberta às sugestões do Espírito Santo, à perene novidade do Evangelho, aos sinais que o Senhor nos dá através da vida e dos desafios humanos. Assim, se preserva um carisma. Ele não muda, escuta e se abre ao que o Senhor quer em cada momento.
Segundo o Papa, “isso se aplica em geral para todos os institutos de vida consagrada, mas vocês, religiosas de clausura”, sublinhou ele, “experimentam isso de modo particular, porque vivem plenamente a tensão entre a separação do mundo e a imersão nele. Certamente não se refugiam em uma consolação espiritual íntima ou em uma oração desvinculada da realidade; ao contrário, o caminho de vocês é um caminho no qual é necessário deixar-se afetar pelo amor de Cristo até unir-se a ele, para que esse amor permeie toda a existência e se expresse em cada gesto e em cada ação cotidiana. O dinamismo da contemplação é sempre um dinamismo de amor, é sempre uma escada que nos leva a Deus, não para nos separar da terra, mas para nos fazer vivê-la em profundidade, como testemunhas do amor que recebemos”.
Portanto, “a vida contemplativa não corre o risco de ser reduzida a uma forma de inércia espiritual, que distrai das responsabilidades da vida cotidiana”, sublinhou Francisco, ressaltando que “a vida contemplativa continua fornecendo a luz interior para o discernimento”. Esta luz, segundo Francisco é “a esperança do Evangelho”, arraigada nos pais fundadores.
Significa abandonar-se em Deus, aprender a ler os sinais que Ele nos dá para discernir o futuro, saber tomar alguma decisão ousada e arriscada, mesmo quando a meta para a qual ela nos conduzirá permanece oculta naquele momento. É, sobretudo, não confiar apenas nas estratégias humanas, nas estratégias defensivas quando se trata de refletir sobre um mosteiro que deve ser salvo ou abandonado, sobre formas de vida comunitária, ou sobre vocações.
Francisco disse ainda que “as estratégias defensivas são o resultado de um regresso nostálgico ao passado. Isso não funciona, a nostalgia não funciona, a esperança evangélica vai no sentido contrário, nos dá a alegria da história vivida até hoje e nos torna capazes de olhar para o futuro, com aquelas raízes que recebemos. E isso se chama preservar o carisma, a ilusão de seguir em frente, e isso funciona”.
O Papa concluiu o seu discurso, convidando as Carmelitas Descalças a olhar “para o futuro. Esse é o meu desejo para vocês. Olhem para o futuro com esperança evangélica e com os pés descalços, ou seja, com a liberdade do abandono em Deus. Olhem para o futuro com as raízes no passado”.
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Thulio Fonseca – Vatican News
A virtude da temperança foi o tema da catequese do Papa na Audiência Geral desta quarta-feira, 17 de abril, realizada na Praça São Pedro, com a participação de milhares de fiéis.
Francisco deu continuidade ao ciclo sobre os vícios e as virtudes, e recordou que para os antigos estudiosos a prática desses valores tinha como objetivo a felicidade.
Ao falar sobre a quarta e última virtude cardeal, o Pontífice citou o filósofo Aristóteles, que ao escrever o seu mais importante tratado de ética, abordou o tema das virtudes, entre as quais ocupa um lugar importante a temperança.
O Papa recordou também da definição presente no Catecismo da Igreja Católica: “a temperança é a virtude moral que modera a atração dos prazeres e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados”. E enfatizou que a temperança é a virtude da justa medida:
“Em todas as situações, ela se comporta com sabedoria, porque as pessoas que sempre agem por ímpeto ou exuberância, em última análise, não são confiáveis. Em um mundo onde tantas pessoas se orgulham de dizer o que pensam, a pessoa temperante prefere pensar no que diz. Ela não faz promessas vãs, mas assume compromissos na medida em que pode satisfazê-los.”
Quando confrontados com os prazeres da vida, segundo o Papa Francisco, a temperança nos ensina a agir com discernimento. “O livre fluxo dos impulsos e a total licença concedida aos prazeres acabam se voltando contra nós mesmos, mergulhando-nos num estado de tédio”, alertou o Papa.
“A pessoa temperante sabe pesar e medir bem as palavras. Ela não permite que um momento de raiva arruíne relacionamentos e amizades que depois só podem ser reconstruídas com dificuldade. (…) Há um tempo para falar e um tempo para calar, mas ambos exigem a medida certa.”
Francisco sublinhou que manter o controle interior nem sempre significa ter o rosto tranquilo e sorridente, às vezes é preciso ficar indignado, mas da maneira certa, pois uma palavra de censura às vezes é mais saudável do que um silêncio ácido e ressentido:
“O temperante sabe que nada é mais inconveniente do que corrigir o outro, mas também sabe que é necessário: caso contrário, daria rédea solta ao mal. Em certos casos, a pessoa temperante consegue manter os extremos juntos: afirma os princípios absolutos, reivindica os valores inegociáveis, mas também sabe compreender as pessoas e demonstra empatia por elas.”
Em um mundo onde tudo leva ao excesso, observou o Papa, a pessoa que põe em prática a temperança representa o equilíbrio e vive valores próximos ao estilo do Evangelho, como a pequenez, a discrição e a mansidão. E, por fim, o Santo Padre ofereceu alguns exemplos da pessoa temperante:
“É sensível, sabe chorar e não tem vergonha disso, mas não sente pena de si mesmo. Derrotado, ele se levanta novamente; vitorioso, ele consegue retornar à sua vida oculta habitual. Não busca aplausos, mas sabe que precisa dos outros. Não é verdade que a temperança deixa-nos grisalhos e tristes. Antes, faz-nos desfrutar melhor dos bens da vida.”
O Papa rezou, neste domingo, 14 de abril, com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, a oração mariana do Regina Caeli. Em sua alocução, o Santo Padre sublinhou que neste III Domingo de Páscoa, o Evangelho narra o episódio em que os apóstolos estão reunidos no cenáculo, quando os dois discípulos voltam de Emaús e contam seu encontro com Jesus.
Francisco, ao refletir sobre a importância de compartilhar a fé, recordou que no episódio bíblico, enquanto os discípulos expressam a alegria de sua experiência, o Ressuscitado aparece para toda a comunidade: “Jesus chega exatamente quando eles estão compartilhando a história de seu encontro com Ele”.
“Todos os dias somos bombardeados por milhares de mensagens”, enfatizou o Pontífice, “muitas são superficiais e inúteis ou, pior ainda, nascem de fofocas e malícia, são notícias que fazem mal”. No entanto, também existem notícias boas, positivas e construtivas, completou o Papa, e todos nós sabemos o quanto é reconfortante ouvi-las. Entretanto, há algo sobre o qual enfrentamos dificuldade em falar: “do fato mais bonito que temos para contar: nosso encontro com Jesus”:
“Cada um de nós poderia dizer muito a respeito: não para ensinar aos outros, mas para compartilhar os momentos únicos em que percebemos o Senhor vivo e próximo, que acendeu em nossos corações a alegria ou enxugou as lágrimas, que transmitiu confiança e consolo, força e entusiasmo, ou perdão, ternura. Estes encontros que cada um de nós teve com Jesus, devemos compartilhá-los e transmiti-los.”
Francisco ressaltou a importância de dividir com a família, na comunidade e com os amigos os momentos de encontro com o Senhor:
“É bom falar das boas inspirações que nos orientaram na vida, dos pensamentos e sentimentos bons que nos ajudam muito a seguir em frente, também dos esforços e dificuldades que enfrentamos para entender e progredir na vivência da fé, talvez até para nos arrependermos e voltarmos atrás. Se fizermos isso, Jesus, assim como fez com os discípulos de Emaús na noite de Páscoa, nos surpreenderá e tornará ainda mais bonitos os nossos encontros e os nossos ambientes.”
Por fim, o Santo Padre convidou os fiéis a relembrarem um momento marcante em sua vida de fé, um encontro decisivo com Jesus, e completou a reflexão com algumas perguntas: “Quando foi que eu encontrei o Senhor? Quando foi que o Senhor se aproximou de mim? E esse encontro, eu o compartilhei para dar glória ao Senhor? E também, eu escuto os outros quando falam sobre seu encontro com Jesus?”
“Que Nossa Senhora nos ajude a compartilhar a fé para tornar nossas comunidades cada vez mais lugares de encontro com o Senhor”, concluiu o Papa.
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Audiência do Papa com os membros da Papal Foundation (Vatican Media)
Tiziana Campisi – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco agradeceu aos membros da “Papal Foundation” (Fundação Papal), recebidos em audiência na Sala Clementina do Palácio Apostólico por ocasião da peregrinação anual a Roma. O apoio oferecido pela instituição “a projetos educativos, caritativos e apostólicos” promove o “desenvolvimento integral”, especialmente dos “pobres, refugiados, imigrantes” e também de “um número crescente de pessoas afetadas pela guerra e pela violência”. E é também por meio de bolsas de estudo que a Fundação permite que “leigos, homens e mulheres consagrados, seminaristas e sacerdotes de países em desenvolvimento” continuem seus estudos nas Universidades Pontifícias em Roma. Em mais de vinte anos, 1.700 pessoas já foram beneficiadas, recebendo dessa forma “as ferramentas para testemunhar mais efetivamente o Evangelho, tanto em seus países de origem quanto em outros lugares”.
“Por meio dessas diversas e louváveis iniciativas, vocês continuam a ajudar os Sucessores de Pedro a fazer crescer numerosas Igrejas locais e a cuidar de tantas pessoas desfavorecidas, em resposta à confiança que o Senhor confiou ao Apóstolo. Por toda a generosidade que demonstram, expresso minha sincera gratidão.”
A Papal Foundation é uma obra que “encontra sua fonte e inspiração” na fé católica, na qual, enfatizou Francisco, deve “ser continuamente alimentada pela participação na vida da Igreja, pelos Sacramentos e pelo tempo passado em silêncio na presença do Senhor em oração e adoração”.
“Não se esqueçam de adorar: a oração de adoração, nós a negligenciamos; devemos retomá-la. Adorar, em silêncio.”
O Papa recordou que a Igreja está se preparando para celebrar o Jubileu de 2025 com o Ano da Oração. Ao perseverar na oração, nos tornamos “pouco a pouco ‘um só coração e uma só alma’, tanto com Jesus quanto com os outros”, acrescentou Francisco, e isso “se traduz em solidariedade e no compartilhamento do pão de cada dia”.
“Os programas da Papal Foundation promovem um vínculo espiritual e uma conexão fraterna com pessoas de muitas culturas, idiomas e regiões diferentes que recebem assistência. O serviço prestado é ainda mais necessário em nossa época, marcada pelo individualismo e pela indiferença.”
A Fundação Papal anunciou que este ano doará 14,7 milhões em subsídios, bolsas de estudo e ajuda humanitária para o serviço do Papa e da Igreja Católica em todo o mundo. Este ano, a entidade distribuirá quase 10 milhões em subsídios para apoiar 118 projetos para os mais pobres em mais de 60 países e fornecerá aproximadamente 1 milhão de dólares em bolsas de estudo que permitirão que mais de 100 padres, freiras e seminaristas estudem em Roma com o Programa de Bolsas de Estudo São João Paulo II. Por fim, a Fundação também fornecerá ajuda humanitária por meio de seu Fundo de Missão, alocando US$4 milhões em recursos de emergência para tempos de crise, para alimentar os famintos, cuidar dos doentes e fornecer abrigo aos desalojados.
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O Papa com os participantes da plenária da Pontifícia Comissão Bíblica (VATICAN MEDIA Divisione Foto)
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O Papa Francisco recebeu em audiência os participantes da plenária da Pontifícia Comissão Bíblica, na manhã desta quinta-feira (11/04), na Sala do Consistório, no Vaticano.
Em seu discurso, Francisco citou o tema abordado pelos participantes durante a plenária, um tema “fortemente existencial”: A doença e o sofrimento na Bíblia. De acordo com o Pontífice, “o sofrimento e a doença são adversários a serem enfrentados, mas é importante fazê-lo de maneira digna do homem, de maneira humana”.
Segundo o Papa, “removê-los, reduzindo-os a tabus dos quais é melhor não falar, talvez porque prejudicam aquela imagem de eficiência a todo custo, útil para vender e ganhar, certamente esta não é uma solução. Todos vacilamos sob o peso destas experiências e devemos nos ajudar a superá-las, vivendo-as em relação, sem nos fecharmos em nós mesmos e sem que a rebelião legítima se transforme em isolamento, abandono ou desespero”.
“Sabemos, também pelo testemunho de muitos irmãos e irmãs, que a dor e a enfermidade, à luz da fé, podem se tornar fatores decisivos num percurso de amadurecimento: o “crivo do sofrimento” de fato permite discernir o que é essencial do que não é”, disse ainda Francisco.
Segundo o Papa, “é o exemplo de Jesus que mostra o caminho”, pois “ele nos exorta a cuidar de quem vive em situações de enfermidade, com a determinação de vencer a doença; ao mesmo tempo, Ele nos convida a unir os nossos sofrimentos à sua oferta salvífica, como uma semente que dá fruto”. A seguir, o Papa propôs duas palavras decisivas: compaixão e inclusão.
A compaixão indica a atitude recorrente e característica do Senhor em relação às pessoas frágeis e necessitadas que Ele encontra. Essa compaixão se manifesta como proximidade e leva Jesus a se identificar com os sofredores: “Eu estava doente, e cuidaram de mim”. Compaixão que leva à proximidade.
De acordo com o Pontífice, “tudo isso revela um aspecto importante: Jesus não explica o sofrimento, mas se inclina para com os que sofrem. Ele não aborda a dor com incentivos genéricos e consolações estéreis, mas acolhe o drama da dor, deixando-se tocar por ele. A Sagrada Escritura é iluminadora nesse sentido: não é um manual de boas palavras ou um livro de receitas de sentimentos, mas nos mostra rostos, encontros, histórias concretas. A resposta de Jesus é vital, é feita de compaixão que assume e que, ao assumir, salva o homem e transfigura sua dor”.
A segunda palavra, inclusão, “expressa bem uma característica saliente do estilo de Jesus: sua ida em busca do pecador, do perdido, do marginalizado, do estigmatizado, para que sejam acolhidos na casa do Pai. Pensemos nos leprosos: para Jesus ninguém deve ser excluído da salvação de Deus”. Segundo o Papa, “a inclusão também abrange outro aspecto: o Senhor deseja que a pessoa inteira seja curada, espírito, alma e corpo. Na verdade, uma cura física do mal seria de pouca utilidade sem uma cura do pecado no coração”.
De acordo com Francisco, “esta perspectiva de inclusão nos leva a atitudes de partilha: Cristo, que andava entre as pessoas fazendo o bem e curando os doentes, ordenou a seus discípulos que cuidassem dos doentes e os abençoassem em seu nome, partilhando com eles sua missão de consolação”.
Portanto, por meio da experiência do sofrimento e da doença, nós, como Igreja, somos chamados a caminhar junto com todos, em solidariedade cristã e humana, abrindo oportunidades de diálogo e esperança em nome da fragilidade comum.
A parábola do Bom Samaritano “as iniciativas com que se pode refazer uma comunidade a partir de homens e mulheres que assumem como própria a fragilidade dos outros, não deixam constituir-se uma sociedade de exclusão, mas fazem-se próximos, levantam e reabilitam o caído, para que o bem seja comum a todos”, concluiu o Papa citando um trecho de sua Encíclica Fratelli tutti.
Vatican News
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Neste Domingo da Divina Misericórdia, o Papa rezou com os fiéis na Praça São Pedro a oração do Regina Caeli e comentou o Evangelho proposto pela liturgia (cfr Jo 20,19-31), em que Jesus ressuscitado aparece aos discípulos. Francisco se deteve no último versículo que diz que crendo em Jesus, podemos ter a vida em seu nome.
Existem várias maneiras de ter a vida, afirmou o Papa. Há quem reduza a existência a uma corrida frenética para gozar e possuir tantas coisas: comer e beber, divertir-se, acumular dinheiro e posses. É um caminho que, à primeira vista, parece prazeroso, mas não sacia o coração. Mas não é assim que se “tem a vida”, porque seguindo os caminhos do prazer e do poder não se encontra a felicidade. Com efeito, permanecem sem resposta muitos aspectos da existência, como, por exemplo, o amor, as experiências inevitáveis da dor, do limite e da morte.
O Pontífice convidou a observar como agem os discípulos no Evangelho. Depois dos dias da paixão, estão fechados no Cenáculo, assustados e desencorajados. O Ressuscitado vai ao encontro deles e como primeiro gesto mostra as suas chagas: os sinais do sofrimento e da dor se tornam com Jesus os canais da misericórdia e do perdão. Assim, os discípulos compreendem que, com Jesus, a vida vence e a morte e o pecado foram derrotados. E recebem o dom do seu Espírito, que dá a eles uma vida nova, de filhos amados, repleta de alegria, amor e esperança.
Eis então como fazer todos os dias para “ter a vida”: basta fixar o olhar em Jesus crucificado e ressuscitado, encontrá-Lo nos Sacramentos e na oração, reconhecê-Lo presente, acreditar Nele, deixar-se tocar pela sua graça e guiar pelo seu exemplo, experimentar a alegria de amar como Ele.
Por fim, os questionamentos propostos por Francisco: “Eu acredito na potência da ressurreição de Jesus, acredito que Jesus ressuscitou? Acredito na sua vitória sobre o pecado, sobre o medo e sobre a morte?”.
“Que Maria nos ajude a ter uma fé sempre maior em Jesus ressuscitado para ‘ter a vida’ e difundir a alegria da Páscoa”, concluiu Francisco.
Vatican News
Papa recebe membros da fundação santa angela merici, de siracusa
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O Papa recebeu os membros da Fundação Santa Ângela Mérici, de Siracusa, que está completando 50 anos.
A Fundação trabalha em prol das pessoas mais frágeis e tem sua origem no evento que marcou a cidade siciliana em 1953, quando um quadro de Nossa Senhora começou a lacrimejar na casa dos cônjuges Iannuso.
Ao mesmo tempo, prosseguiu Francisco, através das lágrimas da Virgem Santa, o Senhor quer amolecer os nossos corações que, às vezes, ressecaram na indiferença e endureceram no egoísmo; quer tornar sensível a nossa consciência para que nos deixemos tocar pela dor dos irmãos.
A Fundação, portanto, existe para expressar em gestos concretos as lágrimas derramadas pela Virgem Maria e, ao mesmo tempo, enxugar o pranto dos seus filhos. A exortação do Papa é para que os seus membros não percam as raízes e permaneçam unidos à fonte, que é o Evangelho.
“O Evangelho é a fonte porque Jesus, por primeiro – não o esqueçamos – se deixou tocar nas vísceras pelos sofrimentos de quem encontrava. Jesus, de fato, nos pede para jamais separar o amor por Deus do amor pelo próximo, em especial pelos mais pobres. E que seremos julgados não pelas práticas exteriores, mas pelo amor.
Francisco pede então uma graça, “a mais importante de todas”, de saber-se comover, a capacidade de chorar com quem chora. Para o Papa, a indiferença, o individualismo, que nos fecha ao destino de quem está ao nosso redor, e a anestesia do coração, que não nos deixa mais comover diante dos dramas da vida cotidiana, são os piores males da nossa sociedade. E encorajou: “Por favor, não tenham vergonha de chorar, de sentir comoção por quem sofre; não se poupem ao exercitar compaixão por quem é frágil, porque nessas pessoas está presente Jesus”.
O Pontífice concluiu exortando os membros da Fundação a não se desencorajarem, mesmo que o trabalho permaneça escondido e exija um sacrifício silencioso e cotidiano. “O bem que se faz a quem não pode retribuir se expande de modo surpreendente e inesperado”, recordou Francisco.
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Papa Francisco durante a audiência com os franciscanos (Vatican Media)
Thulio Fonseca – Vatican News
Papa Francisco em audiência as comunidades dos colegios pio brasileiro, pio latino-americano e mexicano
Thulio Fonseca – Vatican News
Thulio Fonseca – Vatican News
Um dos encontros entre Francisco e Bento XVI (2020) (Vatican Media)
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“Bento era um homem de grande doçura. Em alguns casos, algumas pessoas se aproveitaram dele, talvez sem malícia, e restringiram os seus movimentos. Infelizmente, de certa forma, elas o estavam cercando. Era um homem muito delicado, mas não era frágil, era forte. Mas, consigo mesmo, era humilde e preferia não se impor. Por isso, sofreu muito”. Essas são algumas das palavras com as quais o Papa Francisco recorda do seu antecessor Bento XVI, no livro-entrevista com o jornalista espanhol Javier Martínez-Brocal (“El Sucesor”, Editorial Planeta), que será lançado nesta quarta-feira, 3 de abril.
“Ele me deixou crescer”, explica Francisco, “foi paciente. E se não via algo bom, pensava três ou quatro vezes antes de me dizer. Ele me deixou crescer e me deu a liberdade de tomar decisões”. O Papa contou a relação que o uniu ao emérito durante quase 10 anos de convivência no Vaticano: “permitia a liberdade, nunca interferiu. Em uma ocasião, quando houve uma decisão que ele não entendeu, me pediu uma explicação de uma forma muito natural. Ele me disse: ‘olha, eu não entendo isso, mas a decisão está nas suas mãos’, eu expliquei as razões e ele ficou feliz”. Francisco explica no livro que seu antecessor nunca se opôs a nenhuma de suas decisões: “nunca deixou de me apoiar. Talvez houvesse algo que não compartilhasse, mas nunca disse”.
O Papa também recordou as circunstâncias da sua despedida de Bento, na quarta-feira, 28 de dezembro de 2022, quando o viu vivo pela última vez: “Bento estava deitado na cama. Ainda estava consciente, mas não conseguia falar. Olhava para mim, apertava a minha mão, entendia o que eu dizia, mas não conseguia articular uma palavra. Fiquei com ele assim por um tempo, olhando para ele e segurando a sua mão. Lembro-me perfeitamente dos seus olhos claros…. Eu lhe disse algumas palavras com carinho e o abençoei. Dessa forma, nos despedimos”.
Sobre a questão da continuidade entre os pontificados, Francisco disse: “o que eu vejo nos últimos papas… é que cada sucessor sempre foi marcado pela continuidade, continuidade e diferença”, porque “na continuidade cada um trouxe seu carisma pessoal… sempre há continuidade e não ruptura”.
Francisco também contou no livro, escrito em espanhol, um caso específico em que foi defendido por Bento XVI. “Tive uma conversa muito agradável com ele quando alguns cardeais foram ao seu encontro, surpresos com as minhas palavras sobre o matrimônio, e ele foi muito claro com eles. Um dia foram à casa dele para praticamente me julgar e me acusaram na frente dele de promover o matrimônio homossexual. Bento não ficou chateado porque sabia perfeitamente o que eu pensava. Ele ouviu todos eles, um por um, acalmou-os e explicou tudo a eles. Certa vez, eu disse que, como o matrimônio é um sacramento, não pode ser administrado a casais homossexuais, mas de alguma forma era necessário dar alguma garantia ou proteção civil à situação dessas pessoas. Eu disse que na França existe a fórmula das ‘uniões civis’, que à primeira vista pode ser uma boa opção, porque não se limita ao matrimônio. Por exemplo”, pensava, “podem ser acolhidos três idosos aposentados que precisam compartilhar serviços de saúde, de herança, moradia etc. Eu quis dizer que essa parecia ser uma solução interessante. Alguns foram dizer a Bento que eu estava falando heresia. Ele os ouviu e, com muita altivez, ajudou-os a distinguir as coisas… Ele lhes disse: ‘isso não é heresia’. Como me defendeu!… Ele sempre me defendeu”.
O Papa também respondeu à pergunta de um jornalista sobre os livros que foram publicados simultaneamente à morte do papa emérito. Francisco respondeu: “me causaram grande dor: o fato de que no dia do funeral seja publicado um livro que me vira de cabeça para baixo, contando coisas que não são verdadeiras, é muito triste. É claro que isso não me afeta, no sentido de que não me atrapalha. Mas me magoou o fato de Bento ter sido usado. O livro foi publicado no dia do funeral, e eu senti isso como uma falta de nobreza e de humanidade”.
Por fim, o Papa revelou a Javier Martínez-Brocal que já havia pedido uma revisão do funeral papal, explicando que o velório de Bento XVI foi o último com o corpo do Papa fora do caixão e com o catafalco com as almofadas. Os papas “devem ser velados e enterrados como qualquer outro filho da Igreja. Com dignidade, como qualquer cristão”.
Vatican News
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Regina Caeli nesta segunda-feira da Oitava de Páscoa (01/04), juntamente com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. Este dia, conhecido como “Segunda-feira do Anjo”, é feriado no Vaticano e na Itália, e recorda o encontro do anjo com as mulheres que foram ao túmulo de Jesus.
Ao refletir sobre o evangelho do dia, o Pontífice destacou a alegria das mulheres pela ressurreição do Senhor: “Elas deixaram o sepulcro com grande alegria e correram para dar a notícia aos discípulos”. De acordo com o Papa, essa alegria, que surge do encontro vivo com o Ressuscitado, é uma emoção transbordante que as impulsiona a espalhar e contar o que testemunharam.
Francisco sublinha que “compartilhar a alegria é uma experiência maravilhosa, que aprendemos desde pequenos”. E ao exemplificar com experiências felizes que cada pessoa vive ao longo de sua vida, o Pontífice ressalta que esses momentos nos impulsionam ao desejo de compartilhar imediatamente, assim como “aquelas mulheres, na manhã de Páscoa, que vivenciaram essa experiência de uma maneira muito maior”:
“A ressurreição de Jesus não é apenas uma notícia maravilhosa ou o final feliz de uma história, mas algo que muda nossa vida completamente e para sempre! É a vitória da vida sobre a morte, da esperança sobre o desânimo. Jesus rompeu a escuridão do sepulcro e vive para sempre: sua presença pode iluminar qualquer coisa. Com Ele, cada dia se torna uma etapa de um caminho eterno, cada ‘hoje’ pode esperar um ‘amanhã’, cada fim um novo começo, cada instante é projetado para além dos limites do tempo, em direção à eternidade.”
O Papa enfatiza então que a alegria da Ressurreição não é algo distante, mas “está muito próxima de nós, porque nos foi dada no dia do nosso batismo”. Desde então, continua o Santo Padre, “nós também, como aquelas mulheres, podemos encontrar-nos com o Ressuscitado e Ele, como a elas, nos diz: Não tenhais medo!” Francisco convida os fiéis, à semelhança das mulheres mencionadas na passagem bíblica, a cultivarem em seus corações a alegria, ressaltando que isso somente é viável por meio do encontro com o Ressuscitado:
“Ele é a fonte de uma alegria que nunca se esgota. Portanto, apressemo-nos a buscá-Lo na Eucaristia, em Seu perdão, na oração e na caridade vivida! A alegria, quando compartilhada, aumenta. Compartilhemos a alegria do Ressuscitado.”
“Que a Virgem Maria, que na Páscoa se alegrou com seu Filho ressuscitado, nos ajude a sermos alegres testemunhas”, concluiu o Papa.
Vatican News
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Na manhã desta Quinta-feira Santa, o Papa presidiu à Missa Crismal na Basílica de São Pedro, com a participação de quatro mil pessoas, entre as quais 1.500 sacerdotes. Esta celebração é o prelúdio do Tríduo pascal, que tem início esta tarde com a missa “in Coena Domini”.
Na Missa do Crisma, o Bispo e o presbitério renovam as promessas sacerdotais pronunciadas no dia da Ordenação, reafirmando a própria fidelidade a Cristo, que os escolheu como seus ministros. Ainda na Missa Crismal, são abençoados o óleo dos enfermos e o dos catecúmenos, e é consagrado o Crisma.
Em sua homilia, portanto, Francisco se dirigiu especialmente aos sacerdotes, propondo uma reflexão sobre uma palavra que ele mesmo definiu como “insólita”: a compunção, ou seja, a contrição: “Não um sentimento de culpa que o lança por terra, nem uma série de escrúpulos que paralisam, mas uma ‘picada’ benéfica que queima intimamente e cura, pois o coração, quando se dá conta do próprio mal e se reconhece pecador, abre-se, acolhe a ação do Espírito Santo”.
Entretanto, explicou o Papa, é preciso compreender bem o que significa “chorar por nós próprios”: “Não é sentir pena de nós, é arrepender-nos seriamente de ter entristecido a Deus com o pecado; reconhecer que diante Dele sempre estamos em débito, nunca em crédito; é olhar para dentro e sentir pesar pela própria ingratidão e inconstância; meditar com tristeza nos meus fingimentos e falsidades; descer aos meandros da minha hipocrisia. A hipocrisia clerical, queridos irmãos, aquela hipocrisia na qual escorregamos tanto, tanto… Cuidado com a hipocrisia clerical. Assim, precisamente deste ponto, pode-se erguer o olhar para o Crucificado e deixar-se comover pelo seu amor que sempre perdoa e eleva”.
A compunção requer esforço, continuou Francisco, mas restitui a paz; é o antídoto para a “esclerocardia”, isto é, a dureza do coração frequentemente denunciada por Jesus. O coração sem arrependimento nem lágrimas torna-se rígido, rotineiro, intolerante com os problemas e indiferente às pessoas, advertiu o Pontífice, que exortou:
Na vida espiritual, prosseguiu o Papa, é preciso chorar como as crianças, pois quem não chora retrocede, envelhece interiormente; já quem está compungido no coração sente-se cada vez mais irmão de todos os pecadores do mundo, sem qualquer aparência de superioridade nem dureza de juízo, mas com desejo de amar e reparar. “Queridos irmãos, a nós – seus Pastores –, o Senhor não pede juízos de desprezo contra quem não crê, mas amor e lágrimas por quem vive afastado.”
A compunção, concluiu Francisco, é uma graça e como tal deve ser pedida na oração. Antes de finalizar, o Papa partilhou duas recomendações. A primeira é não olhar a vida e a vocação numa perspectiva de eficiência e imediatismo, mas alargar os horizontes para dilatar o coração. A segunda é se dedicar a uma oração que não seja obrigatória e funcional, mas livre, calma e prolongada.
“Voltemos à adoração e à oração do coração. Repitamos: Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim, pecador. Sintamos a grandeza de Deus na nossa baixeza de pecadores, para olharmos para dentro de nós mesmos e nos deixarmos trespassar pelo seu olhar. (…) Obrigado, queridos sacerdotes, pelo vosso coração aberto e dócil; obrigado pelas vossas fadigas e o vosso pranto; obrigado porque levais a maravilha da misericórdia – perdoar sempre, sejais misericordiosos – e levais esta misericórdia de Deus aos irmãos e irmãs do nosso tempo. Que o Senhor vos console, confirme e recompense!”
Ao final da celebração, os sacerdotes ganharam um livro de autoria do Papa Francisco, intitulado “Sobre o discernimento”.
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Thulio Fonseca – Vatican News
Assim escreve Francisco em uma carta aos católicos de toda a Terra Santa em vista da Páscoa. O Papa exprime sua proximidade aos fiéis e seu “afeto como um pai”, especialmente entre aqueles que, nesses meses, “estão sofrendo mais dolorosamente o drama absurdo da guerra” e experimentam sentimentos de “angústia e perplexidade”.
O Santo Padre recorda que a Páscoa é ainda mais significativa para os fiéis que a celebram nos lugares onde o Senhor viveu, morreu e ressuscitou: “não apenas a história, mas nem mesmo a geografia da salvação existiriam sem a Terra que vocês habitam há séculos, onde desejam permanecer e onde é bom que permaneçam”.
“Obrigado pelo vosso testemunho de fé, obrigado pela caridade entre vocês, obrigado por saberem esperar contra toda esperança.”
O Papa recorda a viagem que fez em 2014 à Jordânia, Palestina e Israel, e faz suas as palavras de São Paulo VI, o primeiro Pontífice a peregrinar à Terra Santa, há 50 anos, quando enfatizou o perigo da continuação das tensões no Oriente Médio para a paz no mundo inteiro.
Em sua mensagem, Francisco afirma que a Terra Santa não é apenas “guardiã dos Lugares de Salvação”, mas uma testemunha constante, “através de seus próprios sofrimentos” da Paixão do Senhor e, ao mesmo tempo, “com sua capacidade de se levantar e seguir em frente, anunciou e continua a anunciar que o Crucificado ressuscitou”. O Pontífice enfatiza:
“Nestes tempos sombrios, quando a escuridão da Sexta-feira Santa parece cobrir vossa terra e muitas partes do mundo desfiguradas pela loucura fútil da guerra, que é sempre e para todos uma derrota sangrenta, vocês são tochas acesas na noite; vocês são sementes do bem em uma terra dilacerada pelo conflito.”
Francisco renova sua oração dirigindo-se diretamente ao Senhor, e com uma súplica intercede pelos povos da Terra Santa:
“Senhor, Vós que sois a nossa paz (cf. Ef 2,14-22), Vós que proclamastes que bem-aventurados são os pacificadores (cf. Mt 5,9), livrai o coração humano do ódio, da violência e da vingança. Nós olhamos para Ti e Te seguimos, porque perdoas, porque és manso e humilde de coração (cf. Mt 11,29). Fazei com que ninguém roube de nossos corações a esperança de nos levantarmos e ressuscitarmos convosco, fazei com que não nos cansemos de afirmar a dignidade de todo homem, sem distinção de religião, etnia ou nacionalidade, começando pelos mais frágeis: mulheres, idosos, crianças e pobres”.
Por fim, o Papa renova seu convite “a todos os cristãos do mundo inteiro” para que apoiem concretamente e rezem insistentemente “para que toda a população de sua querida Terra possa finalmente estar em paz”.
“Que o ouro da unidade cresça e brilhe no cadinho do sofrimento, também com os irmãos e irmãs das outras confissões cristãs, aos quais também desejo manifestar minha proximidade espiritual e expressar meu encorajamento. Trago todos vocês em minhas orações.”
“Eu os abençoo e invoco sobre vocês a proteção da Santíssima Virgem Maria, filha dessa terra. Renovo meu convite a todos os cristãos do mundo para que sintam seu apoio concreto e rezem incansavelmente, para que toda a população de sua querida Terra possa finalmente estar em paz”, conclui Francisco.
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Mariangela Jaguraba – Vatican News
“A paciência” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (27/03), realizada na Sala Paulo VI. Este encontro semanal do Pontífice com os fiéis deveria se realizar na Praça São Pedro, mas por causa da chuva foi transferido para a Sala Nervi.
Francisco recordou que no Domingo de Ramos ouvimos a história da Paixão do Senhor. Jesus responde ao sofrimento “com uma virtude que, embora não incluída entre as tradicionais, é muito importante: a virtude da paciência. Trata-se da resistência daquilo que se sofre: não é por acaso que paciência tem a mesma raiz que paixão”.
Segundo o Papa, “na Paixão emerge a paciência de Cristo, que com mansidão aceita ser preso, esbofeteado e condenado injustamente; diante de Pilatos ele não recrimina; suporta os insultos, cuspidas e flagelações dos soldados; carrega o peso da cruz; perdoa quem o prega na madeira e na cruz não responde às provocações, mas oferece misericórdia”. “Esta é a paciência de Jesus”, sublinhou o Pontífice, ressaltando que “tudo isto nos diz que a paciência de Jesus não consiste numa resistência estoica ao sofrimento, mas é o fruto de um amor maior”.
No “Hino à Caridade”, o Apóstolo Paulo descreve a primeira qualidade da caridade, usando uma palavra que se traduz como “magnânima” ou “paciente”. “A caridade é magnânima, é paciente”, observou Francisco. A paciência “expressa um conceito surpreendente, que muitas vezes retorna na Bíblia: Deus, diante da nossa infidelidade, mostra-se “lento na ira”. Em vez de dar vazão ao seu desgosto pelo mal e pelo pecado do homem, revela ser maior, sempre pronto a recomeçar com paciência infinita. Este é o primeiro traço de todo grande amor, que sabe responder ao mal com o bem, que não se fecha na raiva e no desânimo, mas persevera e se relança. A paciência que recomeça”.
Segundo o Papa, precisamos da paciência “como uma “vitamina essencial” para seguir em frente, mas instintivamente ficamos impacientes e respondemos ao mal com o mal: é difícil manter a calma, controlar os nossos instintos, conter as más respostas, neutralizar discussões e conflitos em família, no trabalho, na comunidade cristã”.
De acordo com Francisco, “a paciência não é apenas uma necessidade, é um chamado: se Cristo é paciente, o cristão é chamado a ser paciente“.
E isto nos obriga a ir contra a corrente da mentalidade hoje difundida, na qual dominam a pressa e o “tudo e agora”; na qual, em vez de esperar que as situações amadureçam, as pessoas ficam espremidas, esperando que elas mudem instantaneamente.
Francisco convidou, especialmente nestes dias da Semana Santa, a “contemplar o Crucifixo para assimilar a sua paciência. Um bom exercício é também levar a Ele as pessoas mais chatas, pedindo-lhe a graça de pôr em prática para com elas aquela obra de misericórdia que é ao mesmo tempo conhecida e ignorada: suportar pacientemente as pessoas chatas. Não é fácil. Começa-se pedindo para vê-las com compaixão, com o olhar de Deus, sabendo distinguir os seus rostos dos seus erros. Temos o hábito de catalogar as pessoas com os erros que cometem. Não, isso não é bom. Devemos procurar as pessoas pelo seu rosto, pelo seu coração e não pelos erros”.
“Por fim, para cultivar a paciência, virtude que dá fôlego à vida, é bom ampliar o olhar. Por exemplo, não estreitando o âmbito do mundo às nossas angústias. É bom abrir-nos com esperança à novidade de Deus, na firme confiança de que Ele não deixará frustradas as nossas expectativas. Paciência é saber suportar os males”, concluiu o Papa.
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Em uma Praça de São Pedro lotada, cerca de 60 mil fiéis, sob um céu em que os raios de sol se alternavam com as nuvens, a celebração do Domingo de Ramos, presidida pelo Papa Francisco, foi aberta com a comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém, da qual se lê o relato do evangelista Marcos, que precedeu a celebração da missa. O Papa abençoou e aspergiu com água benta os ramos de oliveira, o símbolo deste domingo (24), que os presentes seguravam na mão. Em seguida, foi realizada uma procissão com mais de 400 pessoas que levavam os ramos, que se dirigiram do centro da praça para o sagrado. Os cardeais, bispos e sacerdotes concelebrantes tomaram seus lugares ao lado do altar.
A mudança de cena foi radical: a Liturgia da Palavra da celebração eucarística incluiu a leitura cantada da Paixão de Jesus, extraída novamente do Evangelho segundo Marcos. Por meio das palavras do evangelista, as passagens do sofrimento de Cristo foram revividas. A reencenação da Paixão foi seguida por um momento de silêncio. Um sofrimento, o de Cristo, que contém as dores de todos os tempos e de toda a humanidade; e a humanidade, com suas fragilidades, foi apresentada ao Senhor na oração universal dos fiéis que concluiu a Liturgia da Palavra. Foram feitas orações pela Igreja, para que “busque sempre a unidade, a reconciliação e a comunhão”; pelos governantes “chamados a cultivar a paz e o bem dos povos”; por todos os homens e mulheres que sofrem; pelos cristãos perseguidos; por toda comunidade cristã, para que “seja testemunha de sua própria fé, na oração e na caridade”.
Ao final da celebração, diretamente do sagrado da Basílica, Francisco pronunciou o Angelus, antes de dar a bênção e fazer um amplo percurso em seu papamóvel para saudar os fiéis e peregrinos que o aplaudiam na praça.
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A sociedade está criando e cultuando uma imagem de homens que falam o que pensam, mas não fazem o que devem, exigem seus diretos e se esquecem quais são seus deveres como cristãos e cidadãos.
“Bom cristãos, honestos cidadãos.” (Dom Bosco)
Fazem-se de vítimas de sua própria história e já não conseguem ter mais intuição masculina, ato de perceber e discernir.
“Examina a estrada onde pões o pé e todos os teus caminhos sejam bem firmes.” (Provérbios 4,26)
Homens que fogem das decisões necessárias do seu cotidiano, por conta de sua imaturidade e infantilidade, eles tremem diante da pergunta: “O que devo fazer diante desta situação?”
Que teu coração deposite toda a sua confiança no Senhor! Não te firmes em tua própria sabedoria.” (Provérbios 3,5).
Homens inseguros nos relacionamentos, no trabalho, na sua própria identidade, que é o sacrifício.
“A única forma de demonstrar amor neste mundo é através do sacrifício” (Fulton Sheen).
Homens espiritualmente falando, que buscam, em sua vida, elevadores e não mais escadas, degrau por degrau, porque o atalho castrou o homem moderno.
Tudo é absolutamente fácil, e não requer sacrifícios, não sonham mais em viver e morrer com a mesma mulher dentro de casa, mãe dos seus filhos.
Que São José nos ensine a sermos homens que fogem para o Egito, que gostem da aventura masculina de ser homens protagonistas semelhante a José. Mas que possamos, depois da experiência do Egito, voltar para Casa de Nazaré, a nossa essência, a nossa família.
Que, neste dia 19 de março, possamos ser Homens de Deus e retomar os trilhos da santidade. São José é o Pai das virtudes, ele assumiu a missão de cuidar de Maria e de seu Filho Jesus. São José não falha! Que, no dia de hoje, você peça a ele uma virtude necessária para cumprir bem a sua missão.
“O objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus.” (São Gregório de Nissa)
São José, tu foste a árvore abençoada por Deus, não para dar frutos, mas para dar sombra, sombra protetora de Maria, tua esposa; sombra de Jesus, que te chamou de pai e ao qual tu te entregaste totalmente; tua vida feita de trabalho e de silêncio, ensina-me a ser eficaz em todas as situações. Que teu exemplo me acompanhe em todos os momentos: florescer onde a vontade do Pai me colocou; saber esperar, entregar-me sem reservas até que a tristeza e a alegria dos outros sejam minha própria tristeza e minha própria alegria.
Amém.
São José, valei-nos!
Ederson José – Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova
Thulio Fonseca – Vatican News
Ao término da Audiência Geral desta quarta-feira (20/03), realizada na Praça São Pedro, no Vaticano, o Papa expressou novamente sua preocupação pela “martirizada” Ucrânia e pela Terra Santa, pedindo por essas realidades a intercessão de São José. Em seus apelos nos diversos idiomas, recordou o início da Semana Santa e incentivou os fiéis a vivenciarem bem o Mistério Pascal.
Depois de ter confiado a leitura da catequese ao padre Giroli, Francisco retomou a palavra e encerrou a Audiência Geral com um convite para que os fiéis confiassem os países que sofrem com a guerra a São José, e pediu um firme compromisso com as negociações de paz:
“A São José também recomendamos os povos da Ucrânia e da Terra Santa, Palestina e Israel, que sofrem tanto com o horror da guerra. E nunca nos esqueçamos: a guerra é sempre uma derrota. Não se pode continuar com a guerra. Devemos fazer todos os esforços para negociar, para negociar o fim da guerra. Rezemos por isso.”
Aos peregrinos de língua portuguesa, o Pontífice recordou que na “próxima semana celebraremos o mistério Pascal, a paixão, morte e ressurreição do Senhor, razão da nossa fé e da nossa esperança”, e completou: “que Ele vos abençoe abundantemente e que Nossa Senhora vos guarde!”
Dirigindo-se aos fiéis poloneses, que celebram o Dia Nacional da Vida em 24 de março, o padre Giroli, na leitura da saudação do Papa, se referiu ao sonho de Francisco, expresso há alguns anos ao escrever sobre a Europa:
“Que a Polônia seja uma terra que proteja a vida em cada momento, desde seu nascimento no útero até seu fim natural. Não se esqueçam de que ninguém é dono da vida, nem da sua própria vida nem da vida dos outros.”
Vatican News
Thulio Fonseca – Vatican News
“Chamados a semear a esperança e a construir a paz” é o título da mensagem do Papa Francisco para o 61º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, a ser celebrado em 21 de abril de 2024, no IV Domingo de Páscoa.
No texto, o Santo Padre faz um convite à reflexão sobre o chamado que o Senhor dirige a cada pessoa, “seu povo fiel em caminho”.
O Papa então recorda que esta é uma oportunidade para reconhecer e agradecer o compromisso daqueles que vivem suas vocações dedicando suas vidas ao serviço dos outros. Isso inclui mães e pais que cuidam de suas famílias com amor e gratuidade, trabalhadores que se dedicam ao bem comum e as pessoas consagradas e os sacerdotes que oferecem suas vidas a Deus. Em seguida, Francisco se dirige especialmente aos jovens que se sentem distantes ou olham a Igreja com desconfiança:
“Deixai-vos fascinar por Jesus, dirigi-Lhe as vossas perguntas importantes, através das páginas do Evangelho, deixai-vos desinquietar pela sua presença que sempre nos coloca, de forma proveitosa, em crise. Ele respeita mais do que ninguém a nossa liberdade, não Se impõe mas propõe-Se: dai-Lhe espaço e encontrareis a vossa felicidade no seu seguimento e, se vo-la pedir, na entrega total a Ele.”
“Neste momento histórico, enquanto nos preparamos para o Ano Jubilar de 2025”, recorda o Papa, celebrar esta data nos conduz a tornarmo-nos peregrinos de esperança. Como indivíduos e como comunidade, na diversidade de carismas e ministérios, todos somos chamados a “dar corpo e coração” à esperança do Evangelho, promovendo a unidade e a fraternidade em nossos relacionamentos e atividades, destaca Francisco.
“Ser peregrinos de esperança e construtores de paz significa fundar a própria existência sobre a rocha da ressurreição de Cristo, sabendo que todos os nossos compromissos, na vocação que abraçamos e levamos por diante, não caem no vazio. Apesar dos fracassos e retrocessos, o bem que semeamos cresce de modo silencioso e nada pode separar-nos da meta última: o encontro com Cristo e a alegria de viver na fraternidade entre nós por toda a eternidade.”
O Pontífice, em sua mensagem, faz um apelo para que cada indivíduo “erga-se e se envolva”, amando a vida e cuidando dos outros com coragem e generosidade, a fim de tornar-se artífices de fraternidade, paz e esperança em nosso mundo:
“Despertemos do sono, saiamos da indiferença, abramos as grades da prisão em que por vezes nos fechamos, para que cada um de nós possa descobrir a própria vocação na Igreja e no mundo […] Apaixonemo-nos pela vida e comprometamo-nos no cuidado amoroso daqueles que vivem ao nosso lado e do ambiente que habitamos.”
Por fim, Francisco pede a todos a coragem do comprometimento, e recorda o padre Oreste Benzi, apóstolo incansável da caridade, sempre do lado dos últimos e indefesos, que repetia: “ninguém é tão pobre que não tenha algo para dar, e ninguém é tão rico que não precise de receber alguma coisa”.
“Levantemo-nos, pois, e ponhamo-nos a caminho como peregrinos de esperança, para que também nós, como fez Maria com Santa Isabel, possamos comunicar boas-novas de alegria, gerar vida nova e ser artesãos de fraternidade e de paz.”
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Mariangela Jaguraba – Vatican News
A catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (20/03), realizada na Praça São Pedro, foi dedicada à virtude da prudência. O Papa saudou os fiéis e peregrinos e disse que também desta vez, devido à sua dificuldade com a voz, o padre rosminiano Pierluigi Giroli, da Secretaria de Estado, iria ler o texto preparado.
“Junto com a justiça, a fortaleza e a temperança”, a prudência “forma as chamadas virtudes cardeais, que não são prerrogativa exclusiva dos cristãos, mas pertencem à herança da sabedoria antiga, em particular dos filósofos gregos. Portanto, um dos temas mais interessantes no esforço de encontro e inculturação foi precisamente o das virtudes”.
Segundo Francisco, “nos escritos medievais, a apresentação das virtudes não é uma simples lista de qualidades positivas da alma. Voltando aos autores clássicos à luz da revelação cristã, os teólogos imaginaram o setenário das virtudes – as três teologais e as quatro cardeais – como uma espécie de organismo vivo, onde cada virtude tem um espaço harmonioso a ocupar. Existem virtudes essenciais e virtudes acessórias, como pilares, colunas e capitéis”.
Não é a virtude da pessoa temorosa, sempre hesitante quanto à ação a tomar. Não, esta é uma interpretação errada. Não é tampouco apenas cautela.
De acordo com Francisco, “num mundo dominado pelas aparências, pelos pensamentos superficiais, pela banalidade tanto do bem quanto do mal, a antiga lição da prudência merece ser recuperada”.
São Tomás, seguindo Aristóteles, chamou-a de “recta ratio agibilium”. “É a capacidade de governar as ações para direcioná-las para o bem; por isso é apelidada de o “cocheiro das virtudes”. Prudente é aquele que é capaz de escolher. Quem é prudente não escolhe ao acaso: primeiro sabe o que quer, considera as situações, procura conselhos e, com visão ampla e liberdade interior, escolhe qual o caminho a seguir. Isso não quer dizer que não possa cometer erros, afinal continuamos sempre humanos; mas pelo menos evitará grandes derrapagens.”
Infelizmente, em todos os ambientes há quem tende a descartar os problemas com piadas superficiais ou a sempre levantar polêmicas. A prudência, por outro lado, é a qualidade de quem é chamado a governar: sabe que administrar é difícil, que há muitos pontos de vista e que é preciso tentar harmonizá-los, que se deve fazer o bem não a alguns, mas a todos.
Segundo o Papa, “a prudência também ensina que, como se costuma dizer, “o ótimo é inimigo do bem”. O zelo em demasia, de fato, pode causar desastres em algumas situações: pode destruir uma construção que precisava de gradualidade; pode gerar conflitos e incompreensões; pode até mesmo desencadear a violência”.
O prudente sabe preservar a memória do passado, não porque tenha medo do futuro, mas porque sabe que a tradição é um patrimônio de sabedoria. A vida é feita de uma sobreposição contínua de coisas velhas e coisas novas, e não é bom pensar sempre que o mundo começa a partir de nós, que temos de enfrentar os problemas começando do zero. A pessoa prudente também é clarividente. Depois de decidir o objetivo a atingir, é preciso buscar todos os meios para alcançá-lo.
O Papa recordou algumas passagens do Evangelho que nos ajudam a educar a prudência, como por exemplo: “Quem constrói a sua casa sobre a rocha é prudente e quem a constrói sobre a areia é imprudente” ou “sábias são as damas de honra que trazem óleo para as suas lâmpadas e tolas são aquelas que não o fazem”. “A vida cristã é uma combinação de simplicidade e astúcia. Preparando os seus discípulos para a missão, Jesus recomenda: “Eis que Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas”.
Vatican News
Erradicação da fome, redução das desigualdades e proteção do planeta: estes são os pedidos do Papa Francisco aos participantes da VIII Conferência Global do Fórum Rural Mundial, que se realiza de 19 a 21 de março em Vitoria-Gasteiz, na Espanha. O evento tem por tema “Agricultura Familiar: sustentabilidade do nosso planeta” e reúne mais de 150 personalidades de 60 países, entre eles o Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Luiz Paulo Teixeira Ferreira
Francisco define como “louváveis” as famílias que se dedicam à agricultura pela forma solidária do seu trabalho, assim como pelo estilo respeitoso e delicado com o qual cultivam a terra, favorecendo sistemas agroalimentares mais inclusivos, resilientes e eficientes. Não obstante esta valiosa contribuição, seguem sendo atingidas pela pobreza e pela escassez de oportunidades.
Por isso, consciente dos complexos desafios que enfrentam, o Papa dirige às famílias dos pequenos agricultores uma palavra de alento, manifestando a proximidade da Igreja.
Igualmente, o Pontífice ressalta o papel “insubstituível” do gênio feminino neste contexto. “As mulheres rurais representam uma bússola segura para suas famílias, um ponto de apoio firme para o progresso da economia, especialmente nos países em desenvolvimento.”
O Papa também não deixa de mencionar o papel dos jovens na agricultura. “A verdadeira revolução para un futuro alimentar começa com a formação e potencialização das novas gerações”, escreve, acrescentando que a contribuição da juventude consiste em proporcionar soluções inovadoras na abordagem de problemas antigos e na coragem para mudar.
Francisco conclui com os votos de que Deus abençoe as deliberações do encontro, para que, reconhecido o papel da família rural, se avance na erradicação da fome, na redução das desigualdades, assim como no cuidado e proteção do nosso planeta.
Vatican News
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Tony Neves, em Roma, para o Vatican News
Andrea Assaf é uma jornalista especializada em assuntos vaticanos, com obra publicada em diversos órgãos de comunicação. Divide os seus dias e o seu trabalho jornalístico entre os Estados Unidos e a Itália. Acompanha os Papas desde João Paulo II, tendo grande conhecimento e experiência acumulada por algumas décadas de trabalho jornalístico especializado. Explica: ‘Há algum tempo que desejava que existisse uma obra com uma seleção de citações inspiradoras do Papa Francisco que pudesse trazer consigo nos transportes, durante o dia de trabalho ou em momentos de lazer’. Aí está.
Os textos escolhidos são apresentados sob o chapéu de grandes temas: ‘Esperança e Alegria’, ‘Fé e Oração’, ‘Igreja e Evangelização’, ‘Amor e Verdade’, ‘A Viagem da Vida’, ‘Família’, ‘Construir um Mundo Melhor’, ‘Escutar Deus’, ‘Humildade e idolatria’, ‘Perdão e Graça’, ‘Dignidade Humana, Sofrimento e Solidariedade’, ‘As Lições da Cruz’.
Ressalto algumas das frases que mais marcaram a minha leitura: ‘proteger a criação, proteger cada homem e cada mulher, cuidar deles com ternura e amor é abrir um horizonte de esperança. É deixar um raio de luz irromper por entre as nuvens negras; é trazer o calor da esperança’ (p.17). ‘Ter fé não significa não ter dificuldades, mas ter força para as enfrentar sabendo que não estamos sós’ (p.33). ‘Que a Igreja seja lugar da misericórdia e esperança em Deus, onde todos se sintam acolhidos, amados, perdoados e encorajados. A Igreja deve ter as portas abertas para que todos possam entrar. E nós temos de sair por essas portas e proclamar o Evangelho’ (p.51).
‘Prefiro uma Igreja magoada, dorida e suja porque andou pelas ruas do que uma Igreja doente porque está confinada e agarrada à sua própria segurança. Não quero uma Igreja preocupada em ser o centro de tudo e que acaba presa num emaranhado de obsessões e formalidades’ (p.56). ‘Um evangelizador nunca deve parecer alguém que acabou de vir de um funeral’ (p.67).
‘É isto que vos peço: sede pastores com ‘cheiro a ovelha’, fazei disso uma realidade, como pastores no meio do vosso rebanho, como pescadores de homens’ (p.70).
‘Não consigo imaginar um cristão que não sabe sorrir. Sejamos testemunhos alegres da nossa fé’ (p.86). ‘Não somos cristãos em part-time, apenas em certos momentos, em certas circunstâncias, em certas decisões; ninguém pode ser cristão desta forma – somos cristãos a tempo inteiro! Totalmente! (p.96).
‘Quero repetir estas três palavras: por favor, obrigado, desculpa. Três palavras essenciais!’. (p.125). ‘Podemos fazer muito pelo bem dos mais pobres, dos fracos e dos que sofrem, para promover a justiça e a reconciliação, para construir a paz’ (p.154).
‘A guerra arruína tudo, até os laços entre irmãos. A guerra é irracional, o seu único plano é espalhar a destruição: ela procura crescer destruindo’ (p.158).
‘Sempre que encontramos outra pessoa apaixonada aprendemos alguma coisa nova sobre Deus’ (p.167). ‘O Senhor está a bater à porta dos nossos corações. Será que penduramos um letreiro na porta a dizer ‘não incomodar’?’ (p.170).
‘Se alguém tiver a resposta para todas as questões – essa é a prova de que Deus não está com ele. Significa que ele é um falso profeta que usa a religião para si próprio’ (p.187).
‘Quando uma Bolsa cai 10 pontos em certas cidades, isso constitui uma tragédia. Alguém que morre não é notícia, mas uma quebra de 10 pontos no lucro é uma tragédia! Desta forma, as pessoas são postas de parte como se fossem lixo.’ (p.195).
‘Como o Bom Samaritano, que não tenhamos vergonha de tocar nas feridas dos que sofrem, mas tentemos sará-las com verdadeiros atos de amor’ (p.232).
‘Sede membros ativos! Entrai ao ataque! Jogai pelo campo fora, construí um mundo melhor, um mundo de irmãos e irmãs, um mundo de justiça, de paz, de fraternidade, de solidariedade. Jogai sempre ao ataque!’ (p.237).
A autora termina com um desejo: ‘Que este livro permita que levemos connosco o Papa Francisco nas nossas viagens diárias como confidente, companheiro de jornada e guia’ (p.12).
As mudanças climáticas, a perda de biodiversidade, as ameaças à segurança alimentar e à saúde e outros desafios ainda representam os problemas críticos mais urgentes da atualidade e, para enfrentá-los, é necessário levar em conta o conhecimento dos povos indígenas e das ciências. Foi o que observou Francisco ao receber em audiência os participantes da conferência que tem como objetivo, como explica o Papa, “reconhecer o grande valor da sabedoria dos povos nativos e favorecer o desenvolvimento humano integral e sustentável”, e também para “enviar uma mensagem aos governos e às organizações internacionais em favor da justiça e da fraternidade”.
O workshop, promovido pelas Pontifícias Academias de Ciências e Ciências Sociais, traz como tema: “Conhecimento dos povos indígenas e as ciências: Combinando conhecimento e ciência sobre vulnerabilidades e soluções para a resiliência”, realizado no Vaticano, nos dias 14 e 15 de março. Entre os participantes estão presentes diversos representantes do Brasil, entre eles, a ministra do governo brasileiro para os Povos Indígenas, Sônia Guajajara.
Francisco, ao receber os participantes, deu-lhes as boas-vindas e afirmou que, devido a um resfriado, o padre rosminiano Pierluigi Giroli é quem deveria ler seu discurso. No início do texto, o Santo Padre manifesta seu apreço pela iniciativa e lembra que, graças aos esforços da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), nasceu uma plataforma que reúne cientistas, acadêmicos e especialistas indígenas e não indígenas, para estabelecer um diálogo que visa garantir a salvaguarda dos sistemas alimentares dos povos originários.
“Gostaria de destacar que esse workshop representa uma oportunidade para crescermos em escuta recíproca: escutar os povos indígenas, para aprender com sua sabedoria e seus estilos de vida, e ao mesmo tempo escutar os cientistas, para beneficiar-se de suas pesquisas.”
O Papa observa que a conferência tem o objetivo de convocar governos e grandes organizações para reconhecer e respeitar “a diversidade dentro da grande família humana”. A perda de tradições, culturas e espiritualidade, enfatiza, representaria de fato um empobrecimento para todos:
“Os projetos de pesquisa científica e, consequentemente, investimentos, devem ser direcionados decisivamente para a promoção da fraternidade humana, justiça e paz, para que os recursos possam ser coordenados e alocados para responder aos desafios urgentes enfrentados pela Terra, nosso lar comum, e pela família dos povos.”
O texto do Pontífice sublinha a necessidade de uma conversão e uma visão alternativa àquela que atualmente conduz nosso mundo a conflitos crescentes. “O diálogo aberto entre o conhecimento indígena e as ciências, entre comunidades de sabedoria ancestral e as das ciências, pode ajudar a enfrentar de maneira nova, mais integral e mais eficaz questões cruciais como água, mudanças climáticas, fome e biodiversidade”, enfatiza Francisco. Para o Papa, essas questões estão todas interconectadas:
“No diálogo entre o conhecimento indígena e a ciência, devemos ter claramente em mente que todo esse patrimônio de conhecimento deve ser empregado como meio de superar conflitos de maneira não violenta e combater a pobreza e as novas formas de escravidão. Deus, o Criador e Pai de todos os povos e de tudo o que existe, nos chama hoje a viver e testemunhar nosso chamado humano à fraternidade universal, liberdade, justiça, diálogo, encontro recíproco, amor e paz, e evitar alimentar o ódio, ressentimento, divisão, violência e guerra.”
As palavras finais do Papa para os participantes da conferência são de encorajamento para continuar o compromisso e o acompanhamento. Assegurando-lhes suas orações e bênçãos, Francisco afirma:
“A Igreja está com vocês, aliada aos povos indígenas e seus conhecimentos, e aliada à ciência para fazer com que a fraternidade e a amizade social cresçam no mundo”.
Vatican News
Thulio Fonseca – Vatican News
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Com suas palavras sobre a Ucrânia, o Papa pretendia pedir um cessar-fogo e relançar a coragem da negociação. O diretor da Sala de Imprensa, Matteo Bruni, responde às perguntas de alguns jornalistas sobre a antecipação da entrevista com a Radio Televisão Suíça (RSI), publicada esge sábado, explicando que o desejo de Francisco para o país, que ele sempre descreveu como “martirizado”, está todo resumido nas palavras já expressas no Angelus de 25 de fevereiro, um dia após o dramático duplo aniversário do início do conflito, no qual ele reiterou seu “afeto muito profundo” pela população. E isso é, a fim de “criar as condições para uma solução diplomática em busca de uma paz justa e duradoura”.
O Papa – especifica Bruni – usa o termo bandeira branca e responde com a imagem proposta pelo entrevistador, para indicar com ela a cessação das hostilidades, a trégua alcançada com a coragem da negociação. Em outra parte da entrevista, falando de outra situação de conflito, mas referindo-se a qualquer situação de guerra, o Papa afirmou claramente: ‘A negociação nunca é uma rendição'”.
Na entrevista em questão, o entrevistador Lorenzo Buccella pergunta ao Papa: “Na Ucrânia, há aqueles que pedem coragem para se render, para mostrar a bandeira branca. Mas outros dizem que isso legitimaria o mais fortes. O que pensa sobre isso?”. E Francisco responde: “É uma interpretação. Mas creio que é mais forte quem vê a situação, quem pensa nas pessoas, quem tem a coragem da bandeira branca, para negociar. E hoje se pode negociar com a ajuda das potências internacionais. A palavra negociar é uma palavra corajosa. Quando você vê que está derrotado, que as coisas não estão indo bem, precisa ter a coragem de negociar. Você tem vergonha, mas com quantas mortes isso vai acabar? Negociar em tempo, procurar algum país para mediar. Hoje, por exemplo, na guerra na Ucrânia, há muitos que querem fazer a mediação. A Turquia se ofereceu para isso. E outros. Não tenham vergonha de negociar antes que a situação piore”
Portanto, palavras do Papa retomadas de uma imagem proposta pelo entrevistador para reiterar, entre outras coisas, o que já foi afirmado nesses dois anos de contínuos apelos e pronunciamentos públicos, ou seja, a importância do diálogo contra a “loucura” da guerra e a preocupação prioritária com o destino da população civil. “O desejo do Papa – reiterou o porta-voz vaticano – é e continua sendo aquele que ele sempre repetiu nestes anos, e recentemente repetiu por ocasião do segundo aniversário do conflito: ‘Ao tempo em que renovo o meu mais profundo afeto pelo povo ucraniano martirizado e rezo por todos, em particular pelas inúmeras vítimas inocentes, peço que se encontre um pouco de humanidade que permita criar as condições para uma solução diplomática na busca de uma paz justa e duradoura'”.
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O olhar do Senhor sobre nós não é um farol ofuscante que nos ofusca e nos coloca em dificuldade, mas o brilho suave de uma lâmpada amiga, que nos ajuda a ver o bem em nós e a perceber o mal, para que possamos nos converter e ser curados com o apoio de sua graça. Foi o que disse o Papa no Angelus, ao meio-dia deste domingo, 10 de março, IV Domingo da Quaresma em preparação para a Páscoa do Senhor.
Na alocução que precedeu a oração mariana diante de milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro para rezar com o Pontífice, Francisco deteve-se sobre a página do Evangelho do dia (Jo 3,14-21), que nos apresenta a figura de Nicodemos, um fariseu, “um dos chefes dos Judeus”. Ele viu os sinais que Jesus realizou, reconheceu n’Ele um mestre enviado por Deus e foi encontrá-lo à noite, para não ser visto.
O Senhor o recebeu, dialogou com ele e lhe revelou que não tinha vindo para condenar, mas para salvar o mundo, ressaltou Francisco, convidando a refletir sobre isso: Jesus não veio para condenar, mas para salvar o mundo.
Com frequência, no Evangelho, vemos Cristo revelar as intenções das pessoas que encontra, às vezes desmascarando suas atitudes falsas, como no caso dos fariseus, observou o Santo Padre, ou fazendo-as refletir sobre a desordem de suas vidas, como no caso da Samaritana.
Diante d’Ele não há segredos: Ele lê os corações. Essa capacidade pode ser inquietadora porque, se mal utilizada, prejudica as pessoas, expondo-as a julgamentos impiedosos. Pois ninguém é perfeito, todos somos pecadores, todos erramos, e se o Senhor usasse o conhecimento de nossas fraquezas para nos condenar, ninguém poderia ser salvo.
Mas não é assim, continuou o Papa. Pois Ele não a usa para apontar o dedo para nós, mas para abraçar nossas vidas, para nos libertar do pecado e nos salvar. Jesus não está interessado em nos colocar em julgamento e nos submeter a sentenças; Ele não quer que nenhum de nós se perca. Jesus não veio para condenar, mas para salvar o mundo.
Antes de concluir, o Santo Padre solicitou-nos a pedir ao Senhor que nos dê um olhar de misericórdia, para não julgar os outros, mas ajudá-los, que olhemos para os outros como Ele olha para todos nós.
Pensemos em nós, que tantas vezes condenamos os outros; tantas vezes gostamos de fazer fofoca, de procurar fazer fofoca contra os outros. Peçamos ao Senhor que nos dê esse olhar de misericórdia, que olhe para os outros como Ele olha para todos nós. Que Maria nos ajude a desejar o bem uns dos outros.
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Thulio Fonseca – Vatican News
Na manhã desta sexta-feira, 8 de março, o Papa Francisco recebeu os participantes da 34ª edição do Curso do Tribunal da Penitenciaria Apostólica sobre o Foro Interno. Durante esta semana, um grupo de 500 pessoas acompanhou as atividades presencialmente em Roma, enquanto outra parte participou virtualmente. As formações, destinadas a novos sacerdotes, seminaristas prestes a serem ordenados e todos os sacerdotes interessados em formação permanente, abordaram o Sacramento da Penitência.
O Pontífice agradeceu a presença dos participantes durante o encontro e optou por entregar o discurso preparado para a ocasião. No texto, Francisco propôs uma reflexão, no contexto da Quaresma e, em particular, do Ano da Oração em preparação para o Jubileu, sobre uma oração simples e rica, que pertence à herança do santo povo fiel de Deus e que recitamos durante o Rito da Reconciliação: o Ato de Contrição.
O Papa destaca três atitudes expressas na oração escrita por Santo Afonso Maria de Ligório, as quais nos ajudam a meditar sobre nosso relacionamento com a misericórdia divina: o arrependimento diante de Deus, a confiança Nele e o propósito de não recair.
Ao falar sobre o arrependimento, o Santo Padre enfatiza que essa postura “não surge de uma autoanálise ou de um sentimento psicológico de culpa, mas sim da consciência de nossa insignificância diante do amor infinito de Deus”:
“O sentimento de pecado é diretamente proporcional à compreensão do amor infinito de Deus: quanto mais percebemos Sua ternura, mais ansiamos por uma comunhão plena com Ele, e mais claramente enxergamos a deformidade do mal em nossas vidas. É essa consciência, expressa como ‘arrependimento’ e ‘tristeza’, que nos impulsiona a refletir sobre nossas ações e nos leva ao arrependimento. Lembremo-nos de que Deus nunca se cansa de nos perdoar, e, da nossa parte, nunca devemos nos cansar de pedir perdão a Ele!”
“No Ato de Contrição”, recorda o Papa, “Deus é descrito como ‘infinitamente bom e digno de ser amado acima de todas as coisas’. E ao se deter no segundo ponto, que é a confiança, Francisco afirma que é muito bonito ouvir de um penitente o reconhecimento da infinita bondade de Deus e a primazia, em sua própria vida, do amor por Ele:
“Amar ‘sobre todas as coisas’, de fato, significa colocar Deus no centro de tudo, como luz no caminho e fundamento de toda ordem de valores, confiando tudo a Ele. E é um primado, este, que anima todos os outros amores: pelos homens e pela criação, porque quem ama a Deus ama o irmão (cf. 1Jo 4,19-21) e busca o seu bem, sempre, na justiça e na paz.”
A terceira atitude é o propósito, e segundo o Santo Padre, expressa a vontade do penitente de nunca mais recair no pecado cometido e permite a importante transição da ação à contrição, da dor imperfeita à dor perfeita:
“Manifestamos essa atitude dizendo: ‘eu me proponho, com sua santa ajuda, a nunca mais voltar a te ofender’. Essas palavras expressam um propósito, não uma promessa. De fato, nenhum de nós pode prometer a Deus que nunca mais pecará, e o que é necessário para receber o perdão não é uma garantia de impecabilidade, mas um propósito presente, feito com uma intenção justa no momento da confissão.”
Por fim, Francisco destaca a conclusão da oração: “Senhor, misericórdia, perdoa-me”. O Pontífice sublinha que os termos “Senhor” e “misericórdia” são sinônimos, e isso é algo decisivo:
“Deus é misericórdia (cf. 1Jo 4,8), misericórdia é seu nome, seu rosto. É bom que nos lembremos disso, sempre: em todo ato de misericórdia, em todo ato de amor, brilha o rosto de Deus. A tarefa que lhes foi confiada no confessionário é bela e crucial, porque lhes permite ajudar tantos irmãos e irmãs a experimentar a doçura do amor de Deus. Encorajo-vos, portanto, a viver cada confissão como um momento único e irrepetível de graça, e a doar generosamente o perdão do Senhor, com afabilidade, paternidade e, ouso dizer, também com ternura maternal.”
Na conclusão do texto, há um convite do Papa à oração e ao comprometimento, “para que este ano de preparação para o Jubileu possa ver a misericórdia do Pai florescer em muitos corações e em muitos lugares, e para que Deus seja cada vez mais amado, reconhecido e glorificado”.
Vatican News
Silvonei José – Vatican News
O Papa Francisco recebeu na manhã desta quinta-feira, no Vaticano, as participantes, cerca de 160, da Conferência Internacional Mulheres na Igreja: artífices do ser humano.
“Preparei um discurso para os senhores, mas estou cansado e é um pouco difícil lê-lo. Por isso, pedi a este bom monsenhor [o padre rosminiano Pierluigi Giroli, da Secretaria de Estado] que o lesse em meu nome”, afirmou Francisco.
Obrigado por sua presença e por organizar e promover esse evento. Evento, disse o Papa que destaca particularmente o testemunho de santidade de dez mulheres. Gostaria de nomeá-las: Josephine Bakhita, Magdeleine de Jesus, Elizabeth Ann Seton, Maria MacKillop, Laura Montoya, Kateri Tekakwitha, Teresa de Calcutá, Rafqa Pietra Choboq Ar-Rayès, Maria Beltrame Quattrocchi e Daphrose Mukasanga.
Todas elas, em diferentes épocas e culturas, com estilos próprios e diferentes, e com iniciativas de caridade, educação e oração, deram provas de como o “gênio feminino” pode refletir de forma única a santidade de Deus no mundo. De fato, precisamente em épocas em que as mulheres eram mais excluídas da vida social e eclesial, “o Espírito Santo suscitou santas cujo encanto provocou novos dinamismos espirituais e importantes reformas na Igreja”. Não só isso, mas eu também gostaria de “recordar tantas mulheres desconhecidas ou esquecidas que, cada uma a seu modo, sustentaram e transformaram famílias e comunidades com a força de seu testemunho”.
E a Igreja precisa disso, – disse o Papa – porque a Igreja é mulher: filha, noiva e mãe, e quem mais do que a mulher pode revelar seu rosto? Ajudemo-nos mutuamente, sem forçar e sem rasgar, mas com cuidadoso discernimento, dóceis à voz do Espírito e fiéis em comunhão, a encontrar caminhos adequados para que a grandeza e o papel das mulheres sejam mais valorizados no Povo de Deus.
O Papa afimou: “vocês escolheram uma expressão específica para intitular sua conferência, chamando as mulheres de “artífices do humano”. Essas são palavras que lembram ainda mais claramente a natureza de sua vocação: a de serem “artesãs”, colaboradoras do Criador a serviço da vida, do bem comum e da paz. E eu gostaria de enfatizar dois aspectos dessa missão, relativos ao estilo e à formação”.
Antes de tudo, o estilo. Estamos em uma época marcada pelo ódio, na qual a humanidade, que precisa se sentir amada, é frequentemente marcada pela violência, pela guerra e por ideologias que afogam os mais belos sentimentos do coração. E justamente nesse contexto, – continuou o Papa no seu discurso – a contribuição feminina é mais indispensável do que nunca: a mulher, de fato, sabe unir com ternura. Santa Teresa do Menino Jesus disse que queria ser o amor na Igreja. E ela tinha razão: a mulher, de fato, com sua capacidade única de compaixão, com sua intuição e com sua inclinação conatural para “cuidar”, sabe ser, de modo eminente, para a sociedade, a “inteligência e o coração que ama e une”, colocando amor onde não há amor, humanidade onde os seres humanos lutam para se encontrar.
Segundo aspecto: a formação. Vocês organizaram essa conferência com a colaboração de várias realidades acadêmicas católicas. E, de fato, no contexto da pastoral universitária, propor aos estudantes, além do estudo acadêmico da doutrina e da mensagem social da Igreja, testemunhos de santidade, especialmente de mulheres, encoraja-os a elevar o olhar, a ampliar o horizonte dos próprios sonhos e do próprio modo de pensar e a se dispor a seguir ideais elevados. Assim, a santidade pode se tornar uma linha educacional transversal em toda a abordagem do conhecimento. Por isso, espero que seus ambientes, além de serem lugares de estudo, pesquisa e aprendizado, lugares “informativos”, sejam também contextos “formativos”, onde vocês ajudem a abrir a mente e o coração à ação do Espírito Santo.
Uma última coisa – disse ainda Francisco – sobre o tema da formação: “no mundo, onde as mulheres ainda sofrem tanta violência, desigualdade, injustiça e maus-tratos – e isso é escandaloso, ainda mais para quem professa a fé no Deus “nascido de mulher” -, existe uma grave forma de discriminação, que está precisamente ligada à educação das mulheres. De fato, ela é temida em muitos contextos, mas o caminho para sociedades melhores passa justamente pela educação de meninas, moças e mulheres jovens, da qual o desenvolvimento humano se beneficia. Rezemos e nos comprometamos com isso!”
Vatican News
Thulio Fonseca – Vatican News
Andressa Collet – Vatican News
O Papa Francisco irá visitar a paróquia romana de São Pio V, no bairro Aurelio, em Roma, para celebrar a iniciativa quaresmal de oração e reconciliação “24 horas para o Senhor”. A celebração está marcada para esta sexta-feira, 8 de março, a partir das 16h30 na Itália (12h30 no horário de Brasília). A notícia já tinha sido dada aos fiéis da comunidade pelo pároco local, Pe. Donato De Pera, há uma semana, e foi confirmada pelo Dicastério para a Evangelização em comunicado de imprensa divulgado nesta segunda-feira (4).
A paróquia romana fica a poucos quilômetros da Casa Santa Marta, no Vaticano, e já foi visitada por Paulo VI, em 1969, e por João Paulo II, em 1979. No ano passado, Francisco havia visitado a paróquia de Santa Maria delle Grazie al Trionfale para participar da mesma iniciativa. Também neste ano, durante a celebração, os fiéis poderão receber o Sacramento da Reconciliação. Inclusive o Pontífice deve ouvir as confissões de alguns paroquianos.
A iniciativa “24 horas para o Senhor” é um momento de oração e reconciliação durante o período da Quaresma desejado pelo próprio Pontífice e promovido pelo Dicastério para a Evangelização, que já está em sua décima primeira edição. O lema escolhido para este ano foi extraído de um versículo da Carta aos Romanos que diz: “Caminhar numa vida nova” (Rm 6,4).
O evento começa na sexta-feira (8) e percorre todo o sábado (9), véspera do quarto domingo de Quaresma, e se celebra nas dioceses do mundo inteiro. Paróquias e comunidades cristãs são convidadas a aberturas extraordinárias das igrejas, para oferecer a possibilidade dos fiéis pararem em momento de adoração e também como oportunidade para se confessarem.
Um subsídio litúrgico-pastoral para o momento já está sendo disponibilizado em preparação à iniciativa, que envolve desde uma reflexão sobre Sacramento da Reconciliação até a abordagem da oração pessoal através da Palavra de Deus e sugestões para a celebração em comunidade, com a catequese do Papa Francisco sobre o Perdão. O material pode ser baixado gratuitamente em português e outras 5 línguas, como inglês e espanhol, através do site do dicastério: www.evangelizatio.va.
O objetivo da iniciativa, segundo o pró-prefeito Rino Fisichella, “é colocar o Sacramento da Reconciliação novamente no centro da vida pastoral da Igreja, portanto, das nossas comunidades, das nossas paróquias, de todas as realidades eclesiais. Esse é o centro da mensagem do Evangelho: a Misericórdia de Deus, que nos dá a certeza de que diante do Senhor ninguém encontrará um juiz, mas, sim, um pai que o acolhe, o consola e também lhe mostra o caminho da renovação”.
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Silvonei José – Vatican News
Francisco na sua mensagem para a 1ª Jornada Mundial das Crianças dirige-se antes de mais, a cada um pessoalmente: “a ti, querida menina, a ti, querido menino, porque sois preciosos aos olhos de Deus, como nos ensina a Bíblia (cf. Is 43, 4) e tantas vezes o demonstrou Jesus”.
“Ao mesmo tempo a mensagem é enviada a todos, porque todos sois importantes e, juntos – os de perto e os de longe –, manifestais o desejo que há em cada um de nós de crescer e se renovar. Lembrais-nos que somos, todos, filhos e irmãos e ninguém pode existir sem uma pessoa que o traga ao mundo, nem crescer sem ter outros a quem dar amor e de quem receber amor” (cf. Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 95).
“Assim todos vós, meninas e meninos, que sois a alegria dos vossos pais e das vossas famílias, constituís também a alegria da humanidade e da Igreja, na qual cada um representa o elo duma cadeia muito longa, que se estende do passado ao futuro e cobre toda a terra. Por isso vos recomendo que escuteis sempre com atenção as histórias dos adultos: da mamãe, do papai, dos avós e bisavós! E ao mesmo tempo não esqueçais quem dentre vós embora tão pequeno já se encontra a lutar contra doenças e dificuldades, no hospital ou em casa, quem é vítima da guerra e da violência, quem padece a fome e a sede, quem vive na rua, quem é forçado a combater como soldado ou tem de escapar como refugiado, separado dos seus pais, quem não pode ir à escola, quem é vítima de grupos criminosos, das drogas ou doutras formas de escravidão, dos abusos. Em resumo, todas aquelas crianças a quem, ainda hoje, é cruelmente roubada a infância. Escutai-as, ou melhor, escutemo-las, porque, no seu sofrimento, falam-nos da realidade, com os olhos purificados pelas lágrimas e com aquele tenaz desejo de bem que nasce no coração de quem viu como é feio, de verdade, o mal”.
“Meus amiguinhos, para nos renovarmos a nós mesmos e ao mundo, não basta encontrar-nos entre nós: é necessário estar unidos a Jesus. D’Ele recebemos tanta coragem! Está sempre perto de nós; o seu Espírito precede-nos e acompanha-nos pelos caminhos do mundo. Jesus diz-nos: «Eu renovo todas as coisas» (Ap 21, 5); são as palavras que escolhi como tema para a vossa primeira Jornada Mundial. Estas palavras convidam a tornar-nos ágeis como crianças no acolhimento das novidades suscitadas em nós e ao nosso redor pelo Espírito.
Com Jesus, podemos sonhar uma nova humanidade e trabalhar por uma sociedade mais fraterna e atenta à nossa casa comum, começando por coisas simples como saudar os outros, pedir licença, pedir desculpa, dizer obrigado. O mundo transforma-se antes de mais através de pequenas coisas, sem ter vergonha de realizar apenas pequenos passos. Com efeito, a nossa pequenez lembra-nos que somos frágeis e que precisamos uns dos outros enquanto membros de um único corpo” (cf. Rm 12, 5; 1 Cor 12, 26).
“Mais ainda! Sozinhos, queridas meninas e queridos meninos, não podemos sequer ser felizes, porque a alegria cresce na medida em que a partilhamos: nasce com a gratidão pelos dons que recebemos e, por nossa vez, comunicamos aos outros.
Quando guardamos só para nós o que recebemos, ou até fazemos uma birra para conseguir esta ou aquela dádiva, na realidade esquecemo-nos de que o maior dom somos nós mesmos, uns para os outros: somos nós a «prenda de Deus». Os outros dons servem apenas para estar juntos; se não os utilizamos para isso, seremos eternos insatisfeitos e nunca nos bastarão”.
“Quero agora confiar-vos um segredo importante: para sermos verdadeiramente felizes, é preciso rezar, rezar muito, todos os dias, porque a oração liga-nos diretamente a Deus, enche-nos o coração de luz e calor e ajuda-nos a fazer tudo com confiança e serenidade. Também Jesus sempre rezava ao Pai.
Sabeis como Lhe chamava? Na sua língua, chamava-Lhe simplesmente Abbá, que significa Papá (cf. Mc 14, 36). Façamo-lo também nós! Senti-Lo-emos sempre perto de nós.
Queridas meninas, queridos meninos! Sabeis que em maio nos encontraremos em grande número em Roma; encontrar-nos-emos precisamente convosco, que vireis de todo o mundo! E assim, para nos prepararmos bem, rezando, recomendo-vos que useis as mesmas palavras que Jesus nos ensinou: o Pai nosso. Rezai-o todas as manhãs e todas as noites; e fazei-o também em família, com os vossos pais, irmãos, irmãs e avós.
Caríssimos, Deus, que desde sempre nos amou (cf. Jr 1, 5), vela por nós com o olhar do mais amoroso dos papás e da mais terna das mamãs. Ele nunca Se esquece de nós (cf. Is 49, 15), e cada dia acompanha-nos e renova-nos com o seu Espírito.
Juntamente com Maria Santíssima e São José, rezemos com estas palavras:
Vinde, Santo Espírito,
mostrai-nos a vossa beleza
refletida nos rostos
das meninas e meninos da terra inteira.
Vinde Jesus,
que renovais todas as coisas
e sois o caminho que nos conduz ao Pai,
vinde e ficai connosco.
Amém.
Vatican News
A Sagrada Escritura nos diz: “O homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a uma mulher”. Essa união querida por Deus tem uma missão especial de preparar seus membros para participar da grande família no Reino dos Céus. À família cabe a missão de guardar, revelar e comunicar ao mundo o amor e a vida. Esse amor que se desdobrará nas alegrias e renúncias diárias para o bem de todos. Ele cresce à medida que exercitamos a virtude da caridade, e não quando buscamos nossos interesses, visando uma felicidade individualista. Olhar a família é contemplar um lar, lugar onde podemos sentir segurança, amor e pertencimento. Jesus nasce e cresce nesse ambiente de família e aprende com seus pais as virtudes que o fez crescer em sabedoria, estatura e graça. Diz ainda a Bíblia que Jesus era obediente aos seus pais.
O Concílio Vaticano II chamou a família de Igreja Doméstica. Logo, ao compreender que a família, da qual faço parte, é, antes de tudo, um projeto de Deus e um projeto para a minha felicidade, viver os seus desafios e conquistas será uma via que me unirá cada vez mais a Cristo, pois foi Ele quem me chamou para esta missão. A missão de tornar Deus — que reside na Igreja Doméstica, da qual faço parte —, conhecido, amado e adorado.
A presença de Jesus nas Bodas de Caná, em Jo 2,1-11, significa que o Senhor deseja estar no meio da família, ajudando-nos a vencer os nossos desafios, transformando nossa água em vinho novo, alegrando nossa vida e realizando aquilo que, muitas vezes, não sabemos fazer. Mas, infelizmente, paira sobre a nossa sociedade que a família é pesada, além disso, que viver para os filhos e o marido não nos traz realização pessoal. Mas por que não há realização, se estamos na vontade Deus, realizando a missão que Ele sonhou?
Deixemos de lado os modelos de família perfeitos que os filmes nos apresentam e olhemos com louvor e gratidão para a nossa realidade. Contemplemos a beleza da vida que nos foi confiada no rosto dos nossos filhos. Vejamos a graça do companheiro que Deus nos deu para a realização da missão. Diga, sem medo: “Eu não estou sozinha! O Senhor me deu alguém por companheiro”. Você, homem, diga sem medo: “O Senhor me deu alguém para me ajudar!”.
Jocelma Cruz – Comunidade Canção Nova
Créditos: AleksandarNakic / GettyImagens / cancaonova.com
Canção NOva
Thulio Fonseca – Vatican News
Após uma semana de pausa, devido ao retiro espiritual quaresmal dos membros da Cúria Romana, e ainda se recuperando de uma “leve gripe”, conforme comunicado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, que levou o Pontífice a cancelar algumas atividades no sábado e na segunda-feira, Francisco esteve presente na Sala Paulo VI para a Audiência Geral desta quarta-feira, 28 de fevereiro.
Ao saudar os fiéis e peregrinos, o Papa afirmou: “Queridos irmãos e irmãs, ainda estou um pouco resfriado. Por isso, pedi ao mons. Ciampanelli para ler a catequese de hoje”, e em seguida, o colaborador da Secretaria de Estado proferiu o discurso que dá continuidade à reflexão sobre os vícios e as virtudes.
“Hoje examinaremos dois pecados capitais que encontramos nas grandes listas que a tradição espiritual nos deixou: a inveja e a vanglória”, introduz mons. Ciampanelli, dedicando a primeira parte da reflexão à inveja:
“Quando lemos a Sagrada Escritura, percebemos que este vício nos é apresentado como um dos mais antigos: o ódio de Caim por Abel é desencadeado quando ele percebe que os sacrifícios do seu irmão agradam a Deus. O rosto do invejoso é sempre triste: o seu olhar está abaixado, parece examinar continuamente o chão, mas na realidade não vê nada, porque a mente está envolvida por pensamentos cheios de malícia. A inveja, se não for controlada, leva ao ódio pelos outros. Abel será morto pelas mãos de Caim, que não podia suportar a felicidade do irmão.”
O texto do Papa sublinha que “na raiz deste vício existe uma relação de ódio e amor: deseja-se mal ao outro, mas secretamente deseja-se ser como ele”.
A inveja nos faz criar uma falsa ideia de Deus, não se aceita que Deus tenha uma “matemática” própria, diferente da nossa:
“Gostaríamos de impor a Deus a nossa lógica egoísta, mas a lógica de Deus é o amor. Os bens que Ele nos dá são feitos para serem partilhados. É por isso que São Paulo exorta os cristãos: ‘Com amizade fraterna, sede afetuosos uns com os outros. Rivalizai uns com os outros na estima recíproca’ (Rm 12,10). Eis aqui o remédio para a inveja!”
A segunda parte da catequese de Francisco volta-se para a vanglória, e mons. Ciampanelli, na leitura do texto, recorda que este vício anda de mãos dadas com o demônio da inveja, sendo típico de quem aspira ser o centro do mundo, livre para explorar tudo e todos, objeto de todo louvor e todo amor:
“A pessoa vangloriosa não tem empatia e não percebe que existem outras pessoas no mundo além dela. As suas relações são sempre instrumentais, caracterizadas pela opressão dos outros. A sua pessoa, as suas façanhas, os seus sucessos devem ser mostrados a todos: é uma perpétua mendiga da atenção. E se, às vezes, suas qualidades não são reconhecidas, fica extremamente irritada. Os outros são injustos, não entendem, não estão à altura.”
“Para curar os vangloriosos, os mestres espirituais não sugerem muitos remédios”, recorda o texto do Papa, “porque, em última análise, o mal da vaidade tem em si o seu remédio: os elogios que o vanglorioso esperava colher no mundo logo se voltarão contra ele. E quantas pessoas, iludidas por uma falsa imagem de si mesmas, caíram em pecados dos quais logo se envergonhariam!”
Na conclusão, mons. Ciampanelli ressalta na leitura da catequese, que a mais bela instrução para vencer a vanglória encontra-se no testemunho de São Paulo:
“O Apóstolo sempre teve de lidar com uma falha que nunca foi capaz de superar. Três vezes pediu ao Senhor que o libertasse daquele tormento, mas no final Jesus respondeu-lhe: ‘Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força se consuma’. A partir daquele dia, Paulo foi libertado. E a sua conclusão deveria tornar-se também a nossa: ‘É, portanto, de bom grado que prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo’ (2Cor 12,9).”
Vatican News
“Sintomas leves de gripe” não acompanhados de febre. A Sala de Imprensa da Santa Sé informou na manhã desta segunda-feira (26) a decisão do Papa de suspender “por precaução” as audiências programadas na agenda do dia, como já havia acontecido no último sábado (24), quando uma nota semelhante informava sobre o “leve estado gripal” que acometeu Francisco.
Um quadro de saúde que, neste domingo (25), no entanto, permitiu que o Papa aparecesse ao meio-dia da janela do seu escritório com vista para a Praça de São Pedro para presidir a oração mariana do Angelus. Francisco também seguiu com os tradicionais apelos, exortando, em particular, a paz na Ucrânia há dois anos do início da guerra, mas também o retorno do diálogo na Nigéria e na República Democrática do Congo, palco de sequestros e violência
Vatican News
Créditos: Ridofranz / GettyImagens/cancaonova.com
Um dos elementos que faz o diferencial quando falamos dos quadros relacionados à saúde e bem-estar emocional chama-se esperança. Esperança é o motor que nos diz que, por mais difícil ou custoso que seja um quadro emocional, quando reconhecemos a crise, tornamo-nos capazes de dar passos ousados e criar esperança.
Quando temos uma dificuldade no campo emocional, a abertura a essa realidade cria um caminho para a esperança; ao passo que a esquiva, ou seja, quando fugimos do assunto, aumenta sua dificuldade e desespero.
Os seres humanos são excelentes na resolução de problemas, mas não podemos resolver o que nos recusamos a enxergar. Portanto, por mais difícil que seja para você aceitar uma realidade como a depressão, o transtorno do pânico, o burnout e outras enfermidades emocionais, devemos sempre olhar essa situação, que aparentemente sugere ser uma crise, com honestidade e com a nossa verdade, que é o que temos. A partir disso, devemos considerar o que podemos fazer e ajudar a mudar nossa realidade.
Entenda o que você tem: um diagnóstico médico, uma avaliação clínica e um atendimento psicológico; todos esses passos podem ajudá-lo a compreender o que está acontecendo. É físico, é o corpo sentido? É emocional? Tem ambas situações?
Se foi orientado, que seja medicado: comece o acompanhamento necessário, mas não use medicamentos por conta própria ou porque alguém usou e deu certo. Até um chá que parece inocente pode ser um problema se combinado com remédios e oferecer efeitos colaterais.
Busque pessoas que possam apoiá-lo: seja amigos ou familiares, amigos da igreja, enfim, tenha alguém por perto com quem você possa partilhar e seja um ponto de apoio. Pessoas que ativem sua esperança ajudarão você nessa caminhada.
Sua espiritualidade: doenças emocionais não são castigos, nem falta de oração, nem ao menos falta de fé, mas podem sim abalar sua disposição, inclusive, das suas práticas espirituais. Reconectar-se como Deus, com o que você gosta de fazer é um caminho. Nem sempre você conseguirá estar totalmente ativo em sua paróquia ou comunidade, mas faça aos poucos. Não tenha medo dos julgamentos: muitas vezes, quem julga não consegue ter ideia do que você está vivendo. Por vezes, quer até mesmo ajudar, mas não tem ideia do que você esteja passando.
Um passo de cada vez: alguns dias serão mais fáceis e outros mais difíceis. Muitas vezes, parece que você deu um passo para trás, mas, na verdade, nossa vida tem altos e baixos. Não abandone seus tratamentos, sua psicoterapia, seus medicamentos. Compartilhe o que você está vivendo, converse com os profissionais de saúde que o acompanham. Eles são companheiros nessa caminhada de recomeço.
Reconhecer nossas dificuldades é o primeiro passo: não é fracasso, não é perda. É uma fase que vai passar, que terá sim momentos melhores. Podemos melhorar muitas situações em nossa vida, inclusive em nossa saúde emocional, mas apenas se olharmos para a situação e adotarmos uma nova postura, um novo comportamento. Não tenha medo, busque ajuda!
Um abraço fraterno!
Canção Nova
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Thulio Fonseca – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (16/02), na Sala Clementina, no Vaticano, os bispos, superiores, formadores e seminaristas do Seminário arquiepiscopal de Nápoles: “Alessio Ascalesi”, por ocasião do 90º aniversário da sua inauguração.
Ao saudar todos os presentes, o Papa entregou o discurso preparado e falou espontaneamente. No texto, o Santo Padre inicia com um agradecimento à equipe de colaboradores que atuam no seminário, de forma especial, aos casais, “cuja presença é um sinal importante”, e recorda a importância da complementaridade entre a ordem sagrada e o sacramento do matrimônio: “Na formação sacerdotal, precisamos da contribuição daqueles que escolheram a vocação do casamento. Obrigado pelo que fazem!”, enfatiza o Pontífice.
A seguir, Francisco se dirige diretamente aos seminaristas, expressando sua gratidão “por terem respondido ao chamado do Senhor e pela disponibilidade em servir à sua Igreja”:
“Vos encorajo a cultivar a beleza da fidelidade a cada dia, com entusiasmo e dedicação, entregando as vossas vidas ao contínuo trabalho do Espírito Santo, que vos ajuda a assumir a forma de Cristo. Lembrem-se disto: a formação nunca termina, dura toda a vida, e se for interrompida, não permanecemos onde estávamos, mas retrocedemos.”
“Pensando precisamente neste trabalho interior contínuo que é a formação sacerdotal e no aniversário do vosso Seminário” continua o Papa. “vem-me à mente a imagem de um canteiro de obras”:
Segundo Francisco, esta é a mesma dinâmica do caminho sinodal: “ouvir o Espírito e os homens do nosso tempo”, e deste modo, os ministros sacerdotais nos dias de hoje são, antes de tudo, servos “que sabem adotar um estilo de discernimento pastoral em cada situação, sabendo que todos, clérigos e leigos, estão em marcha em direção à plenitude e são operários do mesmo canteiro em construção”.
“Não podemos oferecer respostas rígidas e pré-fabricadas à complexa realidade de hoje, mas devemos investir nossas energias anunciando o essencial, que é a misericórdia de Deus, e manifestando-a através da proximidade, da paternidade, da mansidão, refinando a arte do discernimento.”
Sobre o caminho de formação para o presbiterado, o Pontífice indica aos seminaristas que é necessário estar atento para não cometer o erro de se sentir superior e de se considerar pronto diante dos desafios:
“A formação sacerdotal é um canteiro de obras no qual cada um de vocês é chamado a se dedicar através da verdade, para permitir que seja Deus quem construa ao longo dos anos a sua obra”, portanto, completa Francisco, “não tenham medo de permitir que o Senhor aja em suas vidas, o Espírito virá primeiro para demolir aqueles aspectos, aquelas convicções, aquele estilo e até mesmo aquelas ideias incoerentes sobre a fé e o ministério que impedem o vosso crescimento segundo o Evangelho, então o mesmo Espírito, depois de limpar as falsidades interiores, lhes dará um coração novo, construirá as suas vidas no estilo de Jesus, os fará tornar-se novas criaturas e discípulos missionários”.
O Papa recorda que o verdadeiro amadurecimento é aquele que acontece através da cruz, “como foi para os Apóstolos”, e pede aos formandos que não tenham medo: “certamente pode ser um trabalho árduo, porém se permanecerem dóceis e verdadeiros, disponíveis à ação do Espírito sem se enrijecerem e se defenderem, descobrirão a ternura do Senhor dentro das vossas fraquezas e na alegria pura do serviço”.
Um verdadeiro percurso formativo acontece através da sinceridade, “cultivando a vida interior, meditando na Palavra, aprofundando no estudo as questões do nosso tempo e as questões teológicas e pastorais. E permitam-me recomendar-lhes uma coisa: trabalhem a maturidade afetiva e humana. Sem isso, não se vai a lugar algum!”, exorta Francisco.
Na conclusão do texto, o Pontífice ressalta que os itinerários de formação estão passando por muitas transformações, e avaliou como positivas essas novidades. E ao recordar do período quaresmal, Francisco afirma que este é um “tempo de pequenas e grandes escolhas contra a corrente e de repensar nos estilos de vida”.
O convite final do Papa aos seminaristas é para que percorram, em comunidade, a estrada da conversão e da renovação:
“Deixem-se conquistar por Deus com renovado estupor, fundamento da vocação que se acolhe e redescobre especialmente na adoração e em contato com a Palavra; vivam com alegria a escolha pela sobriedade, e aprendam um estilo de vida que vos capacitará a serem sacerdotes capazes de se doar aos outros e de estarem atentos aos mais pobres; não se deixando enganar pelo culto da imagem e da aparência, mas cuidando da vida interior, vivendo na paz e na concórdia, superando as divisões e aprendendo a viver na fraternidade com humildade. E a fraternidade é, especialmente hoje, uma das maiores testemunhas que podemos oferecer ao mundo.”
Vatican News
Raimundo de Lima – Vatican News
“Sou profundamente grato ao Santo Padre por ter escolhido como tema do IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos o versículo do Salmo 71: ‘Na velhice não me abandones’. É a ‘oração de um ancião’, que nos lembra que a solidão é uma realidade infelizmente difundida, que aflige muitos idosos, muitas vezes vítimas da cultura do descarte e considerados um fardo para a sociedade”, diz o prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, cardeal Kevin Farrell, comentando o tema escolhido para este Dia, cuja celebração terá lugar em 28 de julho.
Diante desta realidade, as famílias e a comunidade eclesial são chamadas a estar na linha de frente da promoção da cultura do encontro, criando espaços de partilha e escuta, oferecendo apoio e afeto: assim se concretiza o amor do Evangelho.
A solidão, certamente, é também uma condição inerente à existência humana, que se manifesta de modo particular na velhice, mas não apenas. Por isso, afirma o cardeal, a oração do salmista é a oração de cada um de nós, a oração do coração de cada cristão que se dirige ao Pai e confia no seu conforto.
Neste ano dedicado à oração, a celebração do IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos assume, pois, um significado ainda mais profundo e amplo. Convida-nos a construirmos, juntos – avós, netos, jovens, idosos, membros da mesma família – o ‘nós’ mais amplo da comunhão eclesial.
“É precisamente essa familiaridade, enraizada no amor de Deus, que supera toda forma de cultura do descarte e de solidão. As nossas comunidades, com a sua ternura e com uma atenção afetuosa que não esquece os seus membros mais frágeis, são chamadas a manifestar o amor de Deus, que nunca abandona ninguém”, destaca o purpurado.
O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida convida as paróquias, dioceses, organizações associativas e comunidades eclesiais ao redor do mundo a se prepararem espiritualmente e com iniciativas pastorais para o evento. Nos próximos meses, estará disponível no site www.laityfamilylife.va um kit pastoral específico de preparação.
Vatican News
Raimundo de Lima – Vatican News
Thulio Fonseca – Vatican News
Padre Pedro André, SDB – Vatican News
“Estou muito feliz por ter este encontro com todos vocês por ocasião da canonização de Maria Antonia de San José, Madre Antula, a quem vocês vieram demonstrar sua devoção.” Foi o que disse na manhã desta sexta-feira, 9 de fevereiro, o Papa Francisco no discurso aos peregrinos vindos da Argentina para a canonização da Beata Antula.
Após saudar os bispos, sacerdotes e fieis o Papa disse que “a caridade de Mama Antula, especialmente no serviço aos mais necessitados, é hoje muito forte em meio desta sociedade que corre o risco de esquecer que ‘o individualismo radical é o vírus mais difícil de vencer. Um vírus que engana. Faz-nos crer que tudo consiste em dar rédea solta às próprias ambições.’ Nesta Beata encontramos um exemplo e uma inspiração que reaviva ‘a opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e lança fora.’ Que o Senhor nos dê a graça de seguir seu exemplo e nos ajude a ser esse sinal de amor e de ternura entre nossos irmãos e irmãs.”
De acordo com Francisco “o caminho da santidade implica confiança, abandono, como quando a Beata Maria Antonia chegou a Buenos Aires apenas com um crucifixo e descalça, porque não havia colocado sua segurança em si mesma, mas em Deus, confiando que seu árduo apostolado era obra Dele. Ela experimentou o que Deus quer de cada um de nós, que possamos descobrir seu chamado, cada um em seu próprio estado de vida, pois, seja ele qual for, sempre será sintetizado em fazer ‘tudo para a maior glória de Deus e a salvação das almas.” Essa premissa, que é a base da espiritualidade inaciana, da qual a Beata Mama Antula se alimentava, sempre a moveu em todo o seu trabalho.”
O Santo Padre recordou que quando a Companhia de Jesus foi suprimida “foi dar ela mesma os exercícios espirituais, buscando ajudar todos a descobrir a beleza de seguir Cristo. No entanto, isso não foi fácil para ela, pois, devido à aversão que se desenvolveu contra os jesuítas, ela foi até mesmo proibida de dar os exercícios, e por isso decidiu dá-los clandestinamente. Esta dimensão de clandestinidade é muito importante, não podemos esquecê-la. Nesse sentido, outra mensagem que a Bem-aventurada nos dá em nosso mundo atual é não desistir diante da adversidade, não desistir de nossas boas intenções de levar o Evangelho a todos, apesar dos desafios que isso possa representar. Muitas vezes, até mesmo em ‘sua própria família ou seu próprio local de trabalho pode ser aquele ambiente árido onde hoje é preciso manter a fé e tentar irradiá-la’.Firmemente enraizados no Senhor, devemos ver isso como uma ocasião em que podemos desafiar nosso ambiente a levar a alegria do Evangelho.”
O Papa, ao final do seu discurso recordou a devoção que ela tinha a São José e enfatizou também “seu grande ardor pela Eucaristia, que deve ser o centro da nossa vida cristã e da qual brota a força para realizar nosso apostolado” e concluiu convidando a todos a “serem testemunhas desse dom para o povo argentino, mas também para toda a Igreja. Peçamos a ela, que tanto promoveu as peregrinações, que nos ajude em nossa peregrinação juntos rumo à casa do Pai.”
Vatican News
“A alegria do Evangelho, a pertença ao povo, o serviço generativo”, estas são as três indicações do Papa aos sacerdotes para “reavivar o dom recebido”, tema do Convênio Internacional para a Formação Permanente dos Sacerdotes, promovido pelo Dicastério para o Clero, em colaboração com os Dicastérios para a Evangelização e para as Igrejas Orientais.
Em seu discurso na Sala Paulo VI na manhã desta quinta-feira, 8, aos cerca de mil participantes do encontro, entre sacerdotes, bispos e leigos, Francisco começou agradecendo pela presença daqueles que vieram de longe – “Para muitos de vós, não foi fácil vir a Roma!” – aos promotores e organizadores, “mas sobretudo pelo que fazeis nas vossas dioceses e nos vossos países, pelo serviço que realizais”.
Esses dias do encontro – recordou o Papa – oferecem a oportunidade para a partilha das boas iniciativas, para “dialogar sobre desafios e problemas e perscrutar os horizontes futuros da formação sacerdotal nesta mudança de época, sempre olhando em frente e prontos a lançar novamente as redes obedecendo à Palavra do Senhor”:
Trata-se de caminhar em busca de instrumentos e linguagens que ajudem a formação sacerdotal, não pensando que temos na mão todas as respostas – eu tenho medo daqueles que têm em mãos todas as respostas -, mas confiando que poderemos encontrá-las ao longo do caminho.
O Papa exortou os sacerdotes à escuta recíproca, deixando-se assim inspirar pelo convite que o apóstolo Paulo dirige a Timóteo e que é o título do encontro: «Reaviva o dom de Deus que está em ti» (2 Tm 1, 6):
Reavivar o dom, redescobrir a unção, reacender o fogo, para que não se apague o zelo do ministério apostólico.
E para reavivar o dom recebido, o Santo Padre oferece aos sacerdotes três indicações para o caminho a ser percorrido: a alegria do Evangelho, a pertença ao povo, o serviço generativo.
O dom da amizade com o Senhor está no centro da vida cristã, recordou Francisco, pois este “nos liberta da tristeza do individualismo e do risco duma vida sem significado, sem amor, nem esperança”, e a alegria do Evangelho é precisamente esta: “somos amados por Deus com ternura e misericórdia. E este anúncio jubiloso, somos chamados a fazê-lo ressoar no mundo testemunhando-o com a vida, para que todos possam descobrir a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo, morto e ressuscitado”:
Só se formos e permanecermos discípulos é que podemos nos tornar ministros de Deus e missionários do seu Reino. Só acolhendo e conservando a alegria do Evangelho é que podemos levar esta alegria aos outros. Assim, ao realizar a formação permanente, não esqueçamos que somos sempre discípulos em caminho, representando isto, em cada momento, a coisa mais bela que, por graça, nos aconteceu.
A graça – recordou o Santo Padre – pressupõe sempre a natureza, e por isso temos necessidade duma formação humana integral:
De fato, o ser discípulo do Senhor não é um revestimento religioso, mas um estilo de vida e por conseguinte requer o cuidado da nossa humanidade. O contrário disso é o padre “mundano”. Quando a mundanidade entra no coração do padre, arruína tudo. Peço-vos para investir o melhor das vossas energias e recursos neste aspeto: o cuidado da formação humana. E também o cuidado para viver humanamente (…). Há necessidade de sacerdotes plenamente humanos, que brinquem com as crianças e que acariciem os velhos, capazes de boas relações, maduros para enfrentar os desafios do ministério, para que a consolação do Evangelho chegue ao povo de Deus através da sua humanidade transformada pelo Espírito de Jesus. Nunca esqueçamos a força humanizadora do Evangelho. Um sacerdote amargo, um sacerdote que tem amargura no coração, é um “solteirão”.
O Papa chega então à segunda senda a percorrer: a pertença ao povo de Deus, pedindo que “o padre esteja sempre junto com o povo a que pertence, mas junto também com o bispo e o presbitério. Não transcuremos nunca a fraternidade sacerdotal”:
Só juntos é que podemos ser discípulos missionários. Só podemos viver bem o ministério sacerdotal imersos no povo sacerdotal, do qual também nós procedemos. Esta pertença ao povo – nunca nos sintamos separados do caminho do santo povo fiel de Deus – salvaguarda-nos, apoia-nos nas canseiras, acompanha-nos nos anseios pastorais e preserva-nos do risco de nos desligarmos da realidade e sentirmos omnipotentes. Tenhamos cuidado, porque esta é também a raiz de toda a forma de abuso.
Para permanecermos imersos na história real do povo, é preciso que a formação sacerdotal possa valer-se da contribuição do povo de Deus: de sacerdotes e fiéis leigos, de homens e mulheres, de pessoas celibatárias e casais, de velhos e jovens, sem esquecer os pobres e os atribulados que têm tanto a ensinar:
De fato, na Igreja, existe uma reciprocidade e circularidade entre os estados de vida, as vocações, entre os ministérios e os carismas. E isto requer de nós a sabedoria humilde de aprender a caminhar juntos, fazendo da sinodalidade um estilo da vida cristã e da própria vida sacerdotal. Aos sacerdotes é pedido, sobretudo hoje, o empenho de fazer «exercícios de sinodalidade». Lembremo-nos sempre disto: caminhar juntos.
Por fim, o terceiro ponto: o serviço generativo, ou seja, “servir é o distintivo dos ministros de Cristo, como “mostrou o Mestre durante toda a sua vida e, de modo particular, na Última Ceia, quando lavou os pés dos discípulos”:
Na perspetiva do serviço, a formação não é uma operação extrínseca, a transmissão de um ensinamento, mas torna-se a arte de colocar o outro no centro, fazendo sobressair a sua beleza, o bem que traz consigo, evidenciando os seus dons e também as suas sombras, as suas feridas e os seus desejos. Deste modo formar sacerdotes significa servi-los, servir a sua vida, encorajá-los no seu percurso, ajudá-los no discernimento, acompanhá-los nas dificuldades e apoiá-los nos desafios pastorais.
O padre, assim formado – observou – coloca-se por sua vez ao serviço do povo de Deus, é solidário com a gente e, como fez Jesus na cruz, ocupa-se de todos:
Fixemos, irmãos e irmãs, esta cátedra – a Cruz. A partir dela o Senhor, amando-nos até ao fim gerou um povo novo. E também nós, quando nos colocamos ao serviço dos outros, quando nos tornamos pais e mães para aqueles que nos foram confiados, geramos a vida de Deus. Este é o segredo duma pastoral generativa: não uma pastoral em que aparecemos nós no centro, mas uma pastoral que gera filhas e filhos para a vida nova em Cristo, que leva a água viva do Evangelho ao terreno do coração humano e do tempo presente.
No final, o Papa insistiu com os sacerdotes para não se cansarem de ser misericordiosos:
Perdoem sempre. Quando as pessoas vem se confessar, elas vêm para pedir perdão e não para ouvir uma lição de teologia ou de penitências. Sejam misericordiosos, por favor. Perdoem sempre, porque o perdão tem essa graça do carinho, do acolhimento. O perdão é sempre regenera por dentro.
Ao concluir, Francisco recorda que Nossa Senhora “dá uma coisa a nós sacerdotes”:
A graça da ternura. Aquela ternura que se vê também nas pessoas em dificuldade, nos idosos, nos doentes, nas crianças que são muito pequenas… Peçam esta graça e não tenham medo de serem ternos. A ternura é forte.
Vatican News
Uma Igreja que não sente a paixão pelo crescimento espiritual, que não tenta falar de uma forma que seja compreensível para os homens e mulheres de seu tempo, que não se entristece com a divisão entre os cristãos, que não treme com o anseio de proclamar Cristo aos povos, é uma Igreja doente. Esses são os sintomas de uma Igreja doente.
Em seu discurso à Assembleia Plenária do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, cujos participantes foram recebidos pelo Papa na manhã desta quinta-feira, 8 de fevereiro, na Sala Clementina, no Vaticano, Francisco usou palavras contundentes para enfatizar que “sem reforma litúrgica não há reforma da Igreja”. O Pontífice recordou o 60º aniversário da Sacrosanctum Concilium, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia, elaborada durante o Concílio Vaticano II com o objetivo de “fazer com que a vida cristã dos fiéis cresça cada vez mais a cada dia”, adaptando “as instituições sujeitas a mudanças” às necessidades dos tempos, favorecendo tudo o que pudesse “contribuir para a união de todos os crentes em Cristo” e revigorando tudo o que pudesse ajudar “a chamar todos para o seio da Igreja”. Na prática, explicou o Papa, “um profundo trabalho de renovação espiritual, pastoral, ecumênica e missionária”.
Quando se fala em “reformar a Igreja”, sempre se está diante de uma “questão de fidelidade esponsal”, esclareceu Francisco, acrescentando que “a Igreja Esposa será sempre mais bela quanto mais amar Cristo Esposo, a ponto de pertencer totalmente a Ele, a ponto de se conformar plenamente a Ele”. A esse respeito, o Pontífice se deteve sobre as ministerialidades da mulher.
A Igreja é mulher e a Igreja é mãe, e a Igreja é a figura de Maria e a Igreja-mulher, figura de Maria, é mais do que Pedro, ou seja, é outra coisa. Não se pode reduzir tudo à ministerialidade. A mulher em si mesma tem um símbolo muito grande na Igreja como mulher, sem reduzi-la à ministerialidade. É por isso que eu disse que toda instância de reforma da Igreja é sempre uma questão de fidelidade esponsal, porque há uma mulher.
Como os Padres conciliares, que abordaram o tema da liturgia, “o lugar por excelência onde encontrar o Cristo vivo”, exortando a formação dos fiéis e promovendo ações pastorais, o Papa também insistiu na necessidade da “formação litúrgica” e ressaltou a importância que ela tem para todos.
Não se trata de uma especialização para alguns especialistas, mas de uma disposição interior de todo o povo de Deus. Isso, é claro, não exclui que haja uma prioridade na formação daqueles que, em virtude do sacramento da Ordem, são chamados a ser mistagogos, ou seja, a tomar os fiéis pela mão e acompanhá-los no conhecimento dos santos mistérios.
Para Francisco, é essencial que “os pastores saibam conduzir o povo ao bom pasto da celebração litúrgica, onde o anúncio de Cristo morto e ressuscitado se torna uma experiência concreta de sua presença transformadora da vida”, e por isso pede que, “no espírito de colaboração sinodal entre os Dicastérios esperada na Praedicate Evangelium“, a formação litúrgica dos ministros ordenados seja “tratada também com o Dicastério para a Cultura e a Educação, com o Dicastério para o Clero e com o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica”, de modo que cada um possa oferecer “a própria contribuição específica”. Isto porque, sendo a liturgia “o ápice para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte da qual brota toda a sua energia”, como se lê na Sacrosanctum Concilium, então é necessário “que a formação dos ministros ordenados tenha também, cada vez mais, um cunho litúrgico-sapiencial, tanto no currículo dos estudos teológicos quanto na experiência de vida dos seminários”.
Mas também é necessário pensar em “novos caminhos de formação” para o povo de Deus, exortou o Santo Padre, e isso a partir das assembléias que se reúnem aos domingos, “o dia do Senhor”, “nas festas do ano litúrgico”, que são “a primeira oportunidade concreta de formação litúrgica”, e depois novamente nas “festas patronais ou nos Sacramentos da iniciação cristã”, ocasiões “nas quais as pessoas participam mais das celebrações” e que, se “preparadas com cuidado pastoral”, permitem que as pessoas “redescubram e aprofundem o significado de celebrar hoje o mistério da salvação”.
Por fim, Francisco destacou a grande tarefa que cabe ao Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, “trabalhar para que o povo de Deus cresça na consciência e na alegria de encontrar o Senhor celebrando os santos mistérios e, encontrando-o, tenha vida em seu nome”, e agradeceu o empenho dos que ali trabalham.
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Thulio Fonseca – Vatican News
Mariangela Jaguraba – Vatican News
Foi divulgada, nesta quinta-feira (1°/02), a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2024 sobre o tema “Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade”.
Francisco inicia o texto com um versículo do Livro do Êxodo: «Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa da servidão». “Assim inicia o Decálogo dado a Moisés no Monte Sinai”, escreve o Papa, acrescentando que “quando o nosso Deus se revela, comunica liberdade”.
“O povo sabe bem de que êxodo Deus está falando: traz ainda gravada na sua carne a experiência da escravidão. Como Israel no deserto tinha ainda dentro de si o Egito, também hoje o povo de Deus traz dentro de si vínculos opressivos que deve optar por abandonar. Damo-nos conta disto, quando nos falta a esperança e vagueamos na vida como em terra desolada, sem uma terra prometida para a qual tendermos juntos”, sublinha o Papa.
A seguir, Francisco recorda que “a Quaresma é o tempo de graça em que o deserto volta a ser – como anuncia o profeta Oseias – o lugar do primeiro amor. Deus educa o seu povo, para que saia das suas escravidões e experimente a passagem da morte para a vida. Como um esposo, atrai-nos novamente a si e sussurra ao nosso coração palavras de amor”.
“O êxodo da escravidão para a liberdade não é um caminho abstrato. A fim de ser concreta também a nossa Quaresma, o primeiro passo é querer ver a realidade. Também hoje o grito de tantos irmãos e irmãs oprimidos chega ao céu“, escreve o Pontífice. A seguir, Francisco pergunta: o grito desses nossos irmãos e irmãs “chega também a nós? Mexe conosco? Comove-nos? Há muitos fatores que nos afastam uns dos outros, negando a fraternidade que originariamente nos une”.
A este propósito, o Papa recorda sua viagem a Lampedusa, em 8 de julho de 2013, ressaltando que à globalização da indiferença ele contrapôs duas perguntas, que se tornam cada vez mais atuais: «Onde estás?» e «Onde está o teu irmão?». Segundo Francisco, “o caminho quaresmal será concreto, se, voltando a ouvir tais perguntas, confessarmos que hoje ainda estamos sob o domínio do Faraó. É um domínio que nos deixa exaustos e insensíveis. É um modelo de crescimento que nos divide e nos rouba o futuro. A terra, o ar e a água estão poluídos por ele, mas as próprias almas acabam contaminadas por tal domínio. De fato, embora a nossa libertação tenha começado com o Batismo, permanece em nós uma inexplicável nostalgia da escravidão. É como uma atração para a segurança das coisas já vistas, em detrimento da liberdade”.
Segundo o Pontífice, “o êxodo pode ser interrompido: não se explicaria de outro modo porque é que tendo uma humanidade chegado ao limiar da fraternidade universal e a níveis de progresso científico, técnico, cultural e jurídico capazes de garantir a todos a dignidade, tateie ainda na escuridão das desigualdades e dos conflitos“.
“Deus não se cansou de nós. A Quaresma é tempo de conversão, tempo de liberdade. O próprio Jesus foi impelido pelo Espírito para o deserto a fim de ser posto à prova na sua liberdade. O deserto é o espaço onde a nossa liberdade pode amadurecer numa decisão pessoal de não voltar a cair na escravidão. Na Quaresma, encontramos novos critérios de juízo e uma comunidade com a qual avançar por um caminho nunca percorrido”, escreve ainda Francisco, ressaltando que “isto comporta uma luta: assim nos dizem claramente o livro do Êxodo e as tentações de Jesus no deserto”.
De acordo com Francisco, “mais temíveis que o Faraó são os ídolos: poderíamos considerá-los como a voz do inimigo dentro de nós. Poder tudo, ser louvado por todos, levar a melhor sobre todos: todo o ser humano sente dentro de si a sedução desta mentira. É uma velha estrada. Assim podemos apegar-nos ao dinheiro, a certos projetos, ideias, objetivos, à nossa posição, a uma tradição, até mesmo a algumas pessoas. Em vez de nos pôr em movimento, nos paralisam. Em vez de nos fazer encontrar, nos dividem”.
Porém, “existe uma nova humanidade, o povo dos pequeninos e humildes que não cedeu ao fascínio da mentira. Enquanto os ídolos tornam mudos, cegos, surdos, imóveis aqueles que os servem, os pobres em espírito estão imediatamente disponíveis e prontos: uma força silenciosa de bem que cuida e sustenta o mundo”.
“É tempo de agir e, na Quaresma, agir é também parar: parar em oração, para acolher a Palavra de Deus, e parar como o Samaritano na presença do irmão ferido“, sublinha o Papa. Segundo ele, “a oração, esmola e jejum não são três exercícios independentes, mas um único movimento de abertura, de esvaziamento: lancemos fora os ídolos que nos tornam pesados, fora os apegos que nos aprisionam. Então o coração atrofiado e isolado despertará”.
Segundo o Papa, “a forma sinodal da Igreja, que estamos redescobrindo e cultivando nestes anos, sugere que a Quaresma seja também tempo de decisões comunitárias, de pequenas e grandes opções contracorrente, capazes de modificar a vida quotidiana das pessoas e a vida de toda uma coletividade: os hábitos nas compras, o cuidado com a criação, a inclusão de quem não é visto ou é desprezado”.
“Na medida em que esta Quaresma for de conversão, a humanidade extraviada sentirá um abalo de criatividade: o lampejar de uma nova esperança“, escreve ainda o Papa, recordando as suas palavras dirigidas aos jovens da JMJ de Lisboa, no verão passado: «Procurai e arriscai; sim, procurai e arriscai. Neste momento histórico, os desafios são enormes, os gemidos dolorosos: estamos vivendo uma terceira guerra mundial feita aos pedaços. Mas abracemos o risco de pensar que não estamos numa agonia, mas num parto; não no fim, mas no início de um grande espetáculo. E é preciso coragem para pensar assim».
“É a coragem da conversão, da saída da escravidão. A fé e a caridade guiam pela mão esta esperança menina. Elas a ensinam a caminhar e, ao mesmo tempo, ela as puxa para a frente”, conclui a mensagem do Papa.
Vatican News
Mariangela Jaguraba – Vatican News
“Ide e convidai a todos para o banquete” é o tema da mensagem do Papa Francisco para o 98° Dia Mundial das Missões que será celebrado em 20 de outubro deste ano.
O tema da mensagem, divulgada nesta sexta-feira (02/02), foi extraído da parábola evangélica do banquete nupcial. Depois que os convidados recusaram o convite, o rei – protagonista da narração – diz aos seus servos: «Ide às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes».
Refletindo sobre esta frase-chave, no contexto da parábola e da vida de Jesus, o Papa ilustra alguns aspectos importantes da evangelização. “Tais aspectos revelam-se particularmente atuais para todos nós, discípulos-missionários de Cristo, nesta fase final do percurso sinodal que, de acordo com o lema «Comunhão, participação, missão», deverá relançar na Igreja o seu compromisso prioritário, isto é, o anúncio do Evangelho no mundo contemporâneo”, escreve Francisco.
Segundo o Papa, no início da ordem do rei aos seus servos, há dois verbos que expressam o núcleo da missão: «ide» e chamai, «convidai».
“A missão é ida incansável rumo a toda a humanidade para a convidar ao encontro e à comunhão com Deus. Incansável! Deus, grande no amor e rico de misericórdia, está sempre em saída ao encontro de cada ser humano para o chamar à felicidade do seu Reino, apesar da indiferença ou da recusa. Por isso, a Igreja continuará ultrapassando todo e qualquer limite, saindo incessantemente sem se cansar nem desanimar perante dificuldades e obstáculos, a fim de cumprir fielmente a missão recebida do Senhor”, ressalta o Papa.
A seguir, o Pontífice agradece “aos missionários e missionárias que, respondendo ao chamado de Cristo, deixaram tudo e partiram para longe da sua pátria a fim de levar a Boa Nova aonde o povo ainda não a recebera ou só recentemente é que a conheceu”. “Continuamos a rezar e a agradecer a Deus pelas novas e numerosas vocações missionárias para esta obra de evangelização até aos confins da terra”, sublinha.
Francisco recorda que “todo cristão é chamado a tomar parte nesta missão universal com o seu testemunho evangélico em cada ambiente, para que toda a Igreja saia continuamente com o seu Senhor e Mestre rumo às «saídas dos caminhos» do mundo atual. Oxalá todos nós, batizados, nos disponhamos a sair de novo, cada um segundo a própria condição de vida, para iniciar um novo movimento missionário, como nos alvores do cristianismo”.
Voltando à ordem do rei aos servos na parábola, o Papa fala sobre o verbo «convidar»: «Vinde às bodas!». “Ao proclamar ao mundo «a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado», os discípulos-missionários fazem-no com alegria, magnanimidade, benevolência, que são fruto do Espírito Santo neles; sem imposição, coerção nem proselitismo; mas sempre com proximidade, compaixão e ternura, que refletem o modo de ser e agir de Deus.”
Segundo o Papa, “na parábola, o rei pede aos seus servos que levem o convite para o banquete das bodas de seu filho. Este banquete reflete o banquete escatológico; é imagem da salvação final no Reino de Deus – já em realização com a vinda de Jesus, o Messias e Filho de Deus, que nos deu a vida em abundância. Enquanto o mundo propõe os vários «banquetes» do consumismo, do bem-estar egoísta, da acumulação, do individualismo, o Evangelho chama a todos para o banquete divino onde reinam a alegria, a partilha, a justiça, a fraternidade, na comunhão com Deus e com os outros”.
“Temos esta plenitude de vida, dom de Cristo, antecipada já agora no banquete da Eucaristia, que a Igreja celebra por mandato do Senhor em memória d’Ele. Assim, todos somos chamados a viver mais intensamente cada Eucaristia em todas as suas dimensões, particularmente a escatológica e a missionária”, escreve ainda o Pontífice.
A seguir, o Papa recorda que “a renovação eucarística, que muitas Igrejas Particulares têm louvavelmente promovido no período pós-Covid, será fundamental também para despertar o espírito missionário em todo o fiel”.
No Ano dedicado à oração, como preparação para o Jubileu de 2025, Francisco convida a todos a intensificar “também e sobretudo a participação na missa e a oração pela missão evangelizadora da Igreja. A oração quotidiana e de modo particular a Eucaristia fazem de nós peregrinos-missionários da esperança, a caminho da vida sem fim em Deus, do banquete nupcial preparado por Deus para todos os seus filhos”.
Por fim, o Papa ressalta que «todos» são os destinatários do convite do rei, sem exclusão. “Ainda hoje, num mundo dilacerado por divisões e conflitos, o Evangelho de Cristo é a voz mansa e forte que chama os homens a encontrarem-se, a reconhecerem-se como irmãos e a alegrarem-se pela harmonia entre as diversidades. Os discípulos-missionários de Cristo trazem sempre no coração a preocupação por todas as pessoas, independentemente da sua condição social e mesmo moral. Os convidados especiais do rei são precisamente «os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos», isto é, os últimos e os marginalizados da sociedade. Assim, o banquete nupcial do Filho, que Deus preparou, permanece para sempre aberto a todos, porque grande e incondicional é o seu amor por cada um de nós”, escreve ainda Francisco.
O Pontífice lembra que “a missão para todos requer o empenho de todos. Por isso é necessário continuar o caminho rumo a uma Igreja, toda ela, sinodal-missionária a serviço do Evangelho”. Na esteira do Concílio Vaticano II e dos seus antecessores, o Papa recomenda “a todas as dioceses do mundo o serviço das Pontifícias Obras Missionárias, que constituem meios primários «quer para dar aos católicos um sentido verdadeiramente universal e missionário logo desde a infância, quer para promover coletas eficazes de subsídios para o bem de todas as missões segundo as necessidades de cada uma». Por esta razão, as coletas do Dia Mundial das Missões em todas as Igrejas Particulares são inteiramente destinadas ao Fundo Universal de Solidariedade, que depois a Pontifícia Obra da Propagação da Fé distribui, em nome do Papa, para as necessidades de todas as missões da Igreja. Peçamos ao Senhor que nos guie e ajude a ser uma Igreja mais sinodal e mais missionária”.
Francisco conclui a mensagem convidando a voltar “o olhar para Maria, que obteve de Jesus o primeiro milagre na festa de núpcias, em Caná da Galileia. Peçamos a sua intercessão materna para a missão evangelizadora dos discípulos de Cristo”.
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Na manhã desta quinta-feira, 1º de fevereiro, o Papa Francisco recebeu em audiência no Vaticano, uma delegação da Universidade de Notre Dame, localizada em South Bend, Indiana, nos Estados Unidos. Durante o encontro, o Pontífice proferiu um discurso e enalteceu a missão da instituição católica em promover a educação integral da juventude.
“Desde sua fundação, a Universidade de Notre Dame tem se dedicado a promover a missão da Igreja de proclamar o Evangelho por meio da formação de cada pessoa em todas as suas dimensões.”, afirmou o Pontífice, ao recordar uma frase do fundador da Congregação de Santa Cruz, que mantém a universidade:
“De fato, como disse o Beato Basil Moreau, “a educação cristã é a arte de conduzir os jovens à plenitude”. E não apenas com a cabeça, mas com as três linguagens: cabeça, coração e mãos. Este é o segredo da educação: que pense no que sente e no que faz, que sinta o que pensa e o que faz, e que faça o que sente e o que pensa. Esse é o núcleo, não se esqueça. E sobre esse assunto de conduzir à maturidade, gostaria de refletir com vocês por um momento sobre três linguagens: a da cabeça, a do coração e a das mãos. Juntas, elas formam um horizonte dentro do qual as comunidades acadêmicas católicas podem se esforçar para formar personalidades sólidas e bem integradas, cuja visão da vida é animada pelos ensinamentos de Cristo.”
Ao falar sobre a educação da “cabeça”, Francisco destacou a necessidade de buscar o conhecimento por meio do estudo e da pesquisa acadêmica, e destacou a importância da harmonia entre fé e razão:
“Os esforços educacionais empreendidos pelas instituições católicas, de fato, baseiam-se na firme convicção da harmonia intrínseca entre fé e razão da qual decorre a relevância da mensagem cristã para todas as esferas da vida, pessoal e social. Consequentemente, tanto os educadores quanto os alunos são chamados a apreciar cada vez mais, além do valor do aprendizado em geral, a riqueza da tradição intelectual católica em particular. A tradição intelectual existe, o que não significa fechamento, não, é abertura; existe uma tradição intelectual que devemos preservar e sempre cultivar”.
Sobre a educação do “coração”, o Santo Padre instou a comunidade universitária a acompanhar os jovens com sabedoria e respeito, ajudando-os a cultivar uma abertura para a verdade, o bem e o belo. Ao enfatizar a importância de promover o diálogo e a cultura do encontro para construir relacionamentos genuínos e fraternos, Francisco questionou os educadores:
“Vocês ajudam os jovens a sonhar? Isso também significa promover o diálogo e a cultura do encontro, para que todos possam aprender a reconhecer, apreciar e amar a todos como irmãos e irmãs e, acima de tudo, como filhos amados de Deus. Nesse sentido, não podemos ignorar o papel essencial da religião na educação do coração das pessoas.”
O último ponto que o Papa sublinhou foi a educação que acontece também através das “mãos”, e encorajou a universidade a ir além dos muros acadêmicos, incentivando seus alunos a se comprometerem com a construção de um mundo melhor:
“Não podemos permanecer fechados dentro dos muros ou limites de nossas instituições, mas devemos nos esforçar para ir às periferias, para encontrar e servir a Cristo em nosso próximo. Nesse sentido, incentivo os esforços contínuos da Universidade para promover em seus alunos o compromisso de solidariedade com as necessidades das comunidades mais desfavorecidas.”
Ao concluir, Francisco pediu aos presentes na audiência a permanecer consistentemente fiel ao caráter e identidade como uma instituição católica de ensino superior: “espero que vossas contribuições continuem a aprimorar o legado da sólida educação católica e permitam que ela seja na sociedade, como desejava seu fundador, padre Edward Sorin, ‘um poderoso meio para o bem’.”
A Universidade de Notre Dame, fundada em 1842 pelo padre francês Edward Sorin, religioso da Congregação de Santa Cruz, é uma das instituições mais respeitadas dos Estados Unidos e do mundo, conhecida por sua excelência acadêmica e seu compromisso com os valores cristãos. Com aproximadamente 8 mil alunos, a universidade continua a inspirar gerações com sua busca pela verdade, bondade e beleza, mantendo vivo o legado de uma educação integral.
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Portal Correio
Uma mistura de alegria e tristeza é assim que se define a saudade! Alegria por ter vivido algo bom; e tristeza por estar privado dessa alegria no momento presente. Mas não é só isso, na gramática, saudade ainda é um substantivo abstrato, e tão abstrato que só existe na língua portuguesa. De origem latina, “saudade” é fruto da transformação da palavra solidão. E, quando se fala da nossa saudade, em termos brasileiros, é difícil traduzir esse sentimento intrinsecamente ligado à saúde mental porque tem a ver com vários fatores, inclusive a cultura, que traz em si uma explosão de sentidos.
Além disso, esse sentimento tão complexo e profundo, que descreve a sensação de falta e nostalgia, não se limita à lembrança afetuosa de pessoas, mas também de lugares, momentos ou experiências que estão distantes no tempo ou no espaço. “A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”, afirma o poeta Rubem Alves. E, mesmo que a saudade, as vezes, “amargue que nem jiló”, como canta Luiz Gonzaga, ela também pode ser uma oportunidade para crescimento, resiliência emocional e um lembrete constante do valor das relações humanas em nossa vida, se soubermos lidar com ela de maneira saudável.
Isso envolve reconhecer a saudade, permitir-se senti-la; e, quando necessário, buscar apoio para enfrentá-la. Todo mundo sabe que lidar com esse sentimento não é fácil, especialmente quando se trata de perdas significativas, como a morte de um ente querido, por exemplo. Mas o equilíbrio entre lembranças afetuosas e a busca por viver com significado o momento presente pode ser o meio para termos uma “relação saudável” com a saudade, e também aprendermos lições significativas com ela.
Eu, por exemplo, sinto saudades de várias coisas, inclusive de alguns lugares onde já morei, pessoas queridas que convivi e, hoje, estão distantes e outros que até já faleceram, como é o caso do meu pai. Mas sempre que a saudade aperta o coração, procuro fazer o exercício de recordar com gratidão do quanto foi bom ter vivido experiências tão boas e significavas nesses lugares e com essas pessoas. E, sendo assim, a dor da saudade dá lugar para a alegria da gratidão.
Eu sei que isso não é fácil, então, se você está buscando meios para aprender a lidar com a saudade, aceitação é a dica número um; e essa se divide em dois momentos.
O primeiro é aceitar a situação que provocou a saudade, que pode ter sido pela morte, uma viagem ou separação da pessoa amada. Negar um sentimento sempre provoca reações negativas. E, quando o assunto é saudade, negá-la pode provocar distúrbios emocionais como ansiedade e depressão.
O segundo ponto é compreender que existirão dias que a saudade vai bater mais forte, e isso é normal. Todos nós já sentimos saudade algum dia ou estamos sentindo agora; e saber que não estamos sozinhos traz conforto ao coração.
Buscar boas companhias também é uma dica importante para quem está procurando lidar com a saudade do jeito certo.
Somos seres “movidos ao amor” e, por isso, necessitamos conversar, abraçar, estar perto, ser ouvidos e demonstrar nossas emoções. Então, não pare na dor da ausência, não se isole, sempre que precisar saia do comodismo e procure pessoas queridas para falar sobre seus sentimentos. Nesse sentido, busque também oferecer ajuda a quem precisa e tente não ficar focado em sua dor. Sou testemunha de que o amor que nos cura é o amor que doamos, inclusive em situações em que achamos que não temos nada a oferecer.
De forma geral, se você deseja superar a saudade, busque boas companhias para conversas produtivas e momentos agradáveis, a vida tem mais sentido quando é compartilhada!
Agora, se você percebe que, mesmo dando esses passos não está conseguindo lidar com a saudade de forma construtiva, que tal buscar a ajuda de um profissional?
A terapia pode lhe ajudar a refletir sobre a falta que você está sentindo, mas também lhe ajudará a conhecer-se melhor e a lidar de maneira mais consciente com seus sentimentos e pensamentos. Além de lhe ajudar a entender que sentimentos, de modo geral, fazem parte da vida e podem nos proporcionar benefícios, dependendo da forma como lidamos com eles.
Em todo caso, penso que a saudade não precisa ser apenas uma lembrança do passado, ela pode ser também uma inspiração para criar um presente mais significativo e um futuro cheio de esperança. Porque ela é um sinal de que amamos; e o amor é o que dá sentido a tudo que vivemos no passado e no presente, mas também nos enche de esperança em relação ao que pretendemos viver no futuro.
Canção Nova
“A ira” foi o tema deste encontro semanal do Pontífice com os fiéis. Segundo o Papa, a ira “é um vício particularmente obscuro e talvez o mais simples de identificar do ponto de vista físico”. Segundo ele, “a pessoa dominada pela ira tem dificuldade em esconder esse ímpeto: reconhece-se pelos movimentos do seu corpo, pela agressão, pela respiração difícil, pelo olhar sombrio e carrancudo”.
De acordo com o Papa, “na sua manifestação mais aguda, a ira é um pecado que não deixa trégua. Se surge de uma injustiça sofrida ou que se acredita ser tal, muitas vezes não é desencadeada contra o culpado, mas contra o primeiro infeliz que se encontra”.
A seguir, Francisco disse que a ira “é um pecado que destrói as relações humanas. Expressa a incapacidade de aceitar a diversidade dos outros, especialmente quando as suas escolhas de vida divergem das nossas. Não se detém nos comportamentos errados de uma pessoa, mas joga tudo no caldeirão: é o outro, o outro como ele é, o outro como tal que causa a raiva e o ressentimento. Começa-se a odiar o tom da sua voz, os gestos banais do dia a dia, os seus modos de raciocinar e de sentir“.
Segundo o Papa, “quando a relação atinge esse nível de degeneração, já se perdeu a clareza. Porque uma das características da ira, às vezes, é que ela não pode ser mitigada com o tempo. É importante que tudo se dissolva imediatamente, antes do pôr do sol. Se durante o dia surgir algum mal-entendido e duas pessoas não conseguem mais se entender, sentindo-se subitamente distantes, a noite não deve ser entregue ao diabo. O pecado nos mantém acordados no escuro a remoer nossas razões e os erros indizíveis, que nunca são nossos e sempre do outro”. “É assim: quando uma pessoa está sob a ira, ela sempre, sempre diz que o problema está no outro. Ela nunca é capaz de reconhecer suas próprias falhas, seus próprios defeitos“, acrescentou o Papa.
“No “Pai Nosso”, Jesus faz-nos rezar pelas nossas relações humanas que são um campo minado: um plano que nunca está em perfeito equilíbrio. Todos precisamos aprender a perdoar. Os homens não estão juntos se não praticarem também a arte do perdão, tanto quanto isso for humanamente possível. O que neutraliza a ira é a benevolência, a generosidade, a mansidão, a paciência”, disse ainda Francisco.
O Pontífice disse outra coisa a propósito da ira: que ela “é um pecado terrível que está na origem das guerras e da violência. Porém, nem tudo que surge da ira está errado. Os antigos sabiam muito bem que existe uma parte irascível dentro de nós que não pode e não deve ser negada”.
As paixões são, até certo ponto, inconscientes: acontecem, são experiências da vida. Não somos responsáveis pelo surgimento da ira, mas sempre pelo seu desenvolvimento. E às vezes é bom que a ira seja desabafada da maneira certa. Se uma pessoa nunca se irritasse, se não se indignasse diante de uma injustiça, se diante da opressão de uma pessoa fraca não sentisse algo tremendo nas suas entranhas, então isso significaria que não é humana, e muito menos, cristã.
“Existe uma santa indignação, que não é ira, mas é um movimento interior, uma santa indignação. Jesus a encontrou várias vezes na sua vida: nunca respondeu ao mal com o mal, mas na sua alma sentiu este sentimento e, no caso dos cambistas do Templo, realizou uma ação forte e profética, ditada não pela ira, mas pelo zelo pela casa do Senhor. É preciso distinguir bem, o zelo, a santa indignação, é uma coisa, a ira, que é ruim, é outra coisa. Cabe a nós, com a ajuda do Espírito Santo, encontrar a medida certa das paixões. Educá-las para que se tornem boas”, concluiu o Papa.
Portal Correio
VATICAN NEWS
“Havia o acordo de Oslo, muito claro, com a solução de dois Estados. Enquanto esse acordo não for aplicado, a verdadeira paz permanece distante.” Esta é a consideração sobre o que está acontecendo na Terra Santa, depois dos ataques do Hamas e da guerra que destrói as cidades da Faixa de Gaza, que o Papa Francisco confia a Domenico Agasso, vaticanista do jornal La Stampa, na entrevista hoje nas bancas. Francisco, falando dos numerosos conflitos em curso, convida a rezar pela paz, indica o diálogo como único caminho e pede para “parar imediatamente as bombas e os mísseis, pôr fim às atitudes hostis. Em todos os lugares”, um “cessar-fogo global” porque “estamos à beira do abismo”.
O Papa explica a sua contrariedade em definir uma guerra como “justa”, preferindo dizer que é legítimo defender-se, mas evitando “justificar as guerras, que são sempre erradas”. Afirma temer uma escalada militar mas que cultiva alguma esperança “porque estão sendo realizadas reuniões reservadas para tentar chegar a um acordo. Uma trégua já seria um bom resultado.” Francisco define o cardeal Pizzaballa como “uma figura crucial”, que “se movimenta bem” e procura fazer uma mediação, recorda de diariamente fazer uma videochamada para a paróquia de Gaza e afirma também que “a libertação dos reféns israelenses” é uma prioridade. No que diz respeito à Ucrânia, na entrevista o Sucessor de Pedro recorda a missão ao cardeal Zuppi: “A Santa Sé está tentando mediar a troca de prisioneiros e o retorno dos civis ucranianos. Em particular, estamos trabalhando com a Sra. Maria Lvova-Belova, a comissária russa para os direitos da infância, para o repatriamento de crianças ucranianas levadas à força para a Rússia. Alguma já voltou para sua família”.
Na entrevista, Francisco recorda que “Cristo chama todos para dentro” e referindo-se à declaração que permite bênçãos para casais irregulares e do mesmo sexo, explica: “O Evangelho é para santificar a todos. Claro, desde que exista boa vontade. E é necessário dar instruções precisas sobre a vida cristã (sublinho que não se abençoa a união, mas as pessoas). Mas pecadores somos todos: por que então fazer uma lista de pecadores que podem entrar na Igreja e uma lista de pecadores que não podem estar na Igreja? Este não é o Evangelho.”
No que diz respeito às críticas ao documento, o Papa observa que ” aqueles que protestam veementemente pertencem a pequenos grupos ideológicos”, enquanto define o dos africanos como “um caso à parte”, dado que “para eles, a homossexualidade é algo ‘ruim’ do ponto de vista cultural, não a toleram”. Mas no geral, “confio que gradualmente todos se tranquilizem em relação ao espírito da declaração” que “visa incluir, não dividir. Convida a acolher e depois confiar as pessoas e confiar-nos a Deus”. Francisco admite que às vezes se sente sozinho, “mas de qualquer forma sigo em frente, dia após dia” e diz não temer cismas: “Na Igreja sempre houve pequenos grupos que manifestavam reflexões de nuances cismáticas… devemos deixá-los fazer e passar… e olhe em frente”.
O Papa aborda então o tema de sua recente mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, dedicado à inteligência artificial, que ele define como “um belo passo à frente que pode resolver muitos problemas, mas que potencialmente, se administrado sem ética, também pode provocar muitos danos ao homem”. O objetivo é que ela “esteja sempre em harmonia com a dignidade da pessoa”, caso contrário “será um suicídio”.
Francisco diz que se sente bem, apesar de algumas dores, e não está pensando neste momento em renunciar. Ele recorda as próximas viagens à Bélgica, Timor Leste, Papua Nova Guiné e Indonésia em agosto. Define “entre parênteses” a hipótese de uma viagem à Argentina, dizendo que não se sentiu ofendido com as palavras de Milei durante a campanha eleitoral e confirma que se encontrará com o novo presidente nos próximos dias, logo após a canonização da santa argentina “Mama Antula”, prevista para 11 de fevereiro. Pronto para dialogar com ele.
Depois de recordar o Dia Mundial das Crianças, que “elas são mestras de vida” e devem ser escutadas, o Papa reitera seu sonho de uma “Igreja em saída” e lembra o que aconteceu depois de suas palavras durante as congregações gerais que precederam o Conclave de 2013: “depois de meu discurso houve aplausos, inéditos em tal contexto. Mas eu absolutamente não havia intuído o que muitos me revelariam mais tarde: aquele discurso foi minha ‘condenação’ (sorri, nda). Quando eu estava saindo da “Sala do Sínodo”, um cardeal que falava inglês me viu e exclamou: “Muito bom o que você disse! Belo. Belo. Precisamos de um Papa como o senhor!” Mas eu não havia percebido a campanha que estava se formando para me eleger. Até o almoço de 13 de março, aqui na Casa Santa Marta, poucas horas antes da votação decisiva. Enquanto comíamos, fizeram-me duas ou três perguntas “suspeitas”… Então, na minha cabeça, comecei a dizer a mim mesmo: “Algo estranho está acontecendo aqui…”. Mas ainda consegui tirar uma soneca. E quando me elegeram, tive uma surpreendente sensação de paz dentro de mim”. Enfim, Francisco confidenciou à “La Stampa” que se sente como “um pároco. De uma paróquia muito grande, planetária, é claro, mas gosto de manter o espírito de um pároco. E estar entre as pessoas. Onde eu sempre encontro Deus”.
Vatican News
Padre Pedro André, SDB – Vatican News
“A missão do Dicastério para a Doutrina da Fé é ajudar o Romano Pontífice e os Bispos no anúncio do Evangelho em todo o mundo, promovendo e tutelando a integridade da doutrina católica sobre a fé e a moral, como a recebe do depósito da fé e resulta de um entendimento cada vez mais profundo do mesmo face às novas questões” foi o que disse o Papa Francisco, citando a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, na manhã desta sexta-feira, 26 de janeiro, para os participantes da plenária do Dicastério para a Doutrina da Fé.
Para que o Dicastério pudesse cumprir com a sua missão o Santo Padre recordou as mudanças feitas com o motu próprio Fidem Servare de 2022, com o qual “foram criadas duas Seções distintas dentro do Dicastério: a Seção Doutrinal e a Seção Disciplinar”. O Papa enfatizou “a importância da presença de profissionais competentes na Seção Disciplinar, para garantir a atenção e o rigor na aplicação da legislação canônica vigente, particularmente no tratamento de casos de abuso de menores por parte de clérigos, e para promover iniciativas de formação canônica para Ordinários e profissionais do direito” e que também insistiu “na urgência de dar mais espaço e atenção ao âmbito próprio da Seção Doutrinal, onde não faltam teólogos formados e pessoal qualificado, também para o trabalho no Ofício Matrimonial e nos Arquivos.” Papa Francisco afirmou que o Dicastério “se vê comprometido com a compreensão da fé em face das mudanças que caracterizam nosso tempo.”
O Papa compartilhou com algumas reflexões com os participantes da plenária em torno de três palavras: sacramentos dignidade e fé:
Sacramentos: “nestes dias, vocês refletiram sobre o tema da validade dos Sacramentos. A vida da Igreja é nutrida e cresce graças a eles. Por essa razão, é necessário um cuidado especial dos ministros ao administrá-los e ao revelar aos fiéis os tesouros de graça que eles comunicam. Por meio dos sacramentos, os fiéis se tornam capazes de profecia e testemunho. E o nosso tempo tem uma necessidade particularmente urgente de profetas de vida nova e de testemunhas da caridade: amemos e façamos amar, portanto, a beleza e o poder salvífico dos Sacramentos!”
Dignidade: “como cristãos, não devemos nos cansar de insistir no ‘primado da pessoa humana e a defesa da sua dignidade, independentemente das circunstâncias’. Sei que vocês estāo trabalhando em um documento sobre esse assunto. Espero que ele possa nos ajudar, como Igreja, a estar sempre próximos ‘de todos aqueles que, sem proclamações, na vida concreta de cada dia, lutam e pagam pessoalmente para defender os direitos daqueles que não contam’ e garantir que, ‘perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras’.”
Fé: “(…) não podemos esconder o fato de que, em vastas áreas do planeta, a fé – como disse Bento XVI – “não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negada.” É hora, portanto, de refletir novamente e com maior paixão sobre alguns temas: a proclamação e a comunicação da fé no mundo de hoje, especialmente para as gerações mais jovens; a conversão missionária das estruturas eclesiais e dos agentes pastorais; as novas culturas urbanas, com sua carga de desafios, mas também de questões de significado sem precedentes; finalmente e acima de tudo, a centralidade do querigma na vida e na missão da Igreja.”
Francisco disse que “o que para nós é essencial, mais belo, mais atraente e, ao mesmo tempo mais necessário, é a fé em Cristo Jesus. Todos juntos, se Deus quiser, nós a renovaremos solenemente durante o próximo Jubileu e cada um de nós é chamado a proclamá-la a todos os homens e mulheres da Terra. Essa é a tarefa fundamental da Igreja, à qual dei voz precisamente na Evangelii gaudium.”
Dando continuidade ao seu discurso o Papa fez uma menção a recente Declaração Fiducia supplicans: “a intenção das “bênçãos pastorais e espontâneas” é mostrar concretamente a proximidade do Senhor e da Igreja a todos aqueles que, encontrando-se em diferentes situações, pedem ajuda para continuar – às vezes para começar – um caminho de fé. Gostaria de enfatizar brevemente duas coisas: a primeira é que essas bênçãos, fora de qualquer contexto e forma litúrgica, não exigem perfeição moral para serem recebidas; a segunda é que, quando um casal se aproxima espontaneamente para pedi-la, não se abençoa a união, mas simplesmente as pessoas que juntas a solicitaram. Não a união, mas as pessoas, naturalmente levando em conta o contexto, as sensibilidades, dos lugares onde vocês vivem e as maneiras mais adequadas de fazê-lo.”
Ao concluir o discurso Francisco agradeceu a todos e os incentivou “incentivo a seguir em frente com a ajuda do Senhor.”
Vatican News
Thulio Fonseca – Vatican News
“Muito obrigado pela visita. Aprecio muito o vosso trabalho, que é um trabalho eclesial e que nasceu dentro da Companhia de Jesus”. Com estas palavras, de maneira espontânea e em espanhol, Francisco iniciou a audiência com a delegação responsável pela “Rede Mundial de Oração do Papa”, nesta sexta-feira, 26 de janeiro.
O Pontífice recordou que “no trabalho apostólico de um fiel, de um diácono, de um sacerdote, de uma pessoa consagrada, de um bispo, se bem realizado, sente-se fortemente a necessidade de oração, de intercessão”, e sublinhou:
“A ação por si só, embora apostólica, sem oração, é uma questão de negócios. O que dá sentido ao apostolado é a oração.”
Francisco então usou como exemplo um episódio bíblico que chama sua atenção, quando Pedro diz aos apóstolos depois que instituíram os diáconos: “e quanto a nós, ou seja, aos bispos, cabe a oração e a proclamação da palavra”.
“O primeiro dever de um bispo é rezar. O primeiro dever de um cristão é rezar. Oração. Caso contrário, corremos o risco de nos tornarmos uma instituição puramente comum, mundana. Ou uma instituição política.”
Ao concluir seu breve discurso, o Papa agradeceu novamente a Obra Pontifícia “pelo que fazem para apoiar a mística da oração na Igreja, entre todos os leigos e também entre as pessoas consagradas ou ordenadas.
A Rede Mundial de Oração do Papa é uma Obra Pontifícia confiada à Companhia de Jesus, com um Diretor Mundial nomeado pelo Santo Padre. Tem como missão sensibilizar e mobilizar os cristãos, a partir de uma relação pessoal com Jesus, e todos os homens e mulheres de boa vontade, para os desafios do mundo e da missão da Igreja que o Santo Padre expressa nas suas intenções mensais de oração.
A fundação vaticana que tem como objetivo mobilizar os católicos perante os desafios da humanidade e a missão da Igreja por meio da oração, com intenções confiadas pelo Papa. Fundado como Apostolado da Oração no século XIX por iniciativa dos jesuítas, hoje está presente em 89 países e conta com a adesão de mais de 22 milhões de católicos.
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Thulio Fonseca – Vatican News
Francisco
A oração é a respiração da fé, é sua expressão mais adequada. Como um grito silencioso que sai do coração daqueles que acreditam e se entregam a Deus. Não é fácil encontrar palavras para expressar esse mistério. Quantas definições de oração podemos encontrar nos santos e mestres da espiritualidade, bem como nas reflexões dos teólogos! No entanto, ela só pode ser descrita na simplicidade de quem a vive. O Senhor, por outro lado, advertiu-nos de que, quando oramos, não devemos desperdiçar palavras, iludindo-nos com a ideia de que seremos ouvidos. Ele nos ensinou a preferir o silêncio e a nos confiarmos ao Pai, que sabe do que precisamos antes mesmo de pedirmos a Ele (cf. Mt 6,7-8).
O Jubileu Ordinário de 2025 está se aproximando. Como podemos nos preparar para esse evento, tão importante para a vida da Igreja, se não for por meio da oração? O ano de 2023 foi dedicado à redescoberta dos ensinamentos conciliares, contidos principalmente nas quatro Constituições do Vaticano II. É uma maneira de manter viva a consignação que os padres reunidos no Concílio quiseram colocar em nossas mãos, para que, por meio de sua implementação, a Igreja pudesse rejuvenescer seu rosto e proclamar a beleza da fé aos homens e mulheres de nosso tempo em uma linguagem adequada. Agora é o momento de nos prepararmos para o ano de 2024, que será inteiramente dedicado à oração. De fato, em nosso tempo, sente-se cada vez mais a necessidade de uma verdadeira espiritualidade, capaz de responder às grandes interpelações que surgem todos os dias em nossa vida, provocadas também por um cenário mundial que certamente não é sereno. A crise ecológica-econômica-social agravada pela recente pandemia; as guerras, especialmente a da Ucrânia, que semeiam morte, destruição e pobreza; a cultura da indiferença e do descarte tende a sufocar as aspirações de paz e solidariedade e a marginalizar Deus da vida pessoal e social… Esses fenômenos contribuem para gerar um clima pesado, que impede tantas pessoas de viver com alegria e serenidade.
Precisamos, portanto, que nossa oração se eleve com maior insistência ao Pai, para que possa ouvir a voz daqueles que se dirigem a Ele na confiança de serem atendidos. Este ano dedicado à oração em nada diminui as iniciativas que cada Igreja particular sente que deve planejar para seu compromisso pastoral diário. Pelo contrário, ele recorda o fundamento sobre o qual os vários planos pastorais devem se desenvolver e encontrar consistência. É um tempo em que, tanto pessoal como comunitariamente, se pode redescobrir a alegria de rezar na variedade de formas e expressões. Um tempo significativo para aumentar a certeza de nossa fé e confiança na intercessão da Virgem Maria e dos santos. Em suma, um ano para fazer a experiência quase de uma “escola de oração”, sem tomar nada como certo ou óbvio, sobretudo no que diz respeito à nossa maneira de orar, mas fazendo nossas, todos os dias, as palavras dos discípulos quando pediram a Jesus: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lucas 11,1).
Neste ano, somos convidados a nos tornarmos mais humildes e a abrir espaço para a oração que brota do Espírito Santo. É Ele quem sabe como colocar as palavras certas em nosso coração e em nossos lábios para serem ouvidas pelo Pai. A oração no Espírito Santo é o que nos une a Jesus e nos permite aderir à vontade do Pai. O Espírito é o Mestre interior que nos mostra o caminho a ser percorrido; graças a Ele, a oração de uma única pessoa pode se tornar a oração de toda a Igreja e vice-versa. Nada como a oração segundo o Espírito Santo para fazer com que os cristãos se sintam unidos como uma família de Deus, que sabe reconhecer as necessidades de cada um para fazer com que elas se tornem a invocação e a intercessão de todos. Estou certo de que os bispos, sacerdotes, diáconos e catequistas encontrarão neste ano as formas mais adequadas para colocar a oração na base do anúncio de esperança que o Jubileu 2025 pretende fazer ressoar neste tempo conturbado. A contribuição das pessoas consagradas, em particular das comunidades de vida contemplativa, será muito preciosa nesse sentido.
Espero que em todos os santuários do mundo, lugares privilegiados de oração, aumentem as iniciativas para que cada peregrino encontre um oásis de serenidade e parta novamente com o coração cheio de consolação. Que a oração pessoal e comunitária se torne incessante, sem interrupção, de acordo com a vontade do Senhor Jesus (cf. Lucas 18,1), para que o Reino de Deus se estenda e o Evangelho chegue a todas as pessoas que pedem amor e perdão. Para facilitar este Ano da Oração, foram produzidos alguns textos curtos que, na simplicidade de sua linguagem, ajudarão a entrar nas várias dimensões da oração. Agradeço aos Autores por sua contribuição e coloco com prazer essas “Notas” em suas mãos, para que cada um possa redescobrir a beleza de confiar-se ao Senhor com humildade e alegria. E não se esqueçam de rezar por mim também.
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Raimundo de Lima – Vatican News
Thulio Fonseca – Vatican News
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (15/01), na Sala Clementina, no Vaticano, uma delegação do Studium Biblicum Franciscanum pelo seu centenário de fundação.
O organismo foi inaugurado em Jerusalém, no Santuário da Flagelação, em 7 de janeiro de 1924, e alguns anos depois foi ligado ao Colégio Santo Antônio de Roma, hoje Pontifícia Universidade Antonianum. Desde então, a sua história sempre esteve ligada à presença dos Frades Menores na Terra Santa.
Graças ao trabalho paciente de professores e arqueólogos do Studium Biblicum Franciscanum, é possível ir e rezar sobre as ruínas da casa do Apóstolo Pedro, em Cafarnaum, no Lago de Tiberíades.
Com sua Biblioteca e Museu, o Studium Biblicum Franciscanum “deu e continua dando impulso a importantes escavações arqueológicas, em vários sítios, fazendo descobertas valiosas, a ponto de obter, em 2001, o reconhecimento como Facultas Scientiarum Biblicarum et Archaeologiae. Isso determinou sua peculiaridade de unir ao estudo das Sagradas Escrituras a permanência nos Lugares Santos e a pesquisa arqueológica, o que lhe permitiu ampliar e aprofundar consideravelmente seus programas e metodologias”.
“Além disso, para vocês, o amor pelos textos bíblicos é um amor fundado na mesma vontade de São Francisco”, disse ainda o Papa, ressaltando que para São Francisco, “o conhecimento da Palavra de Deus, e também o seu estudo, não são questões de mera erudição, mas experiências de natureza sapiencial, cujo objetivo, na fé, é ajudar as pessoas a viverem melhor o Evangelho e torná-las boas”. São Boaventura de Bagnoregio, cujo aniversário de 750 anos de morte será celebrado este ano, discípulo fiel de São Francisco de Assis entendeu isso muito bem. Segundo ele, para acolher o dom da Palavra de Deus é necessário «aproximar-se do Pai da luz com fé simples e rezar com o coração humilde, porque Ele, através do Filho e no Espírito Santo, nos concede o verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo e, com o conhecimento, também o amor».
Por ocasião do seu centenário, exorto-os a não perderem de vista este tipo de abordagem das Escrituras. O estudo rigoroso e científico das fontes bíblicas, enriquecido pelos mais modernos métodos e disciplinas afins, esteja sempre unido ao contato com a vida do povo santo de Deus e voltado para o seu serviço pastoral, em harmonia e em benefício do seu carisma específico na Igreja.
“Queridos, neste tempo em que o Senhor nos pede para ouvir e conhecer melhor a sua Palavra, para fazê-la ressoar no mundo de forma cada vez mais compreensível, o seu trabalho discreto e apaixonado é mais precioso do que nunca. Encorajo-os, portanto, a continuar a realizá-lo e a qualificá-lo na pesquisa, no ensino e na atividade arqueológica”, disse o Papa, acrescentando:
Que isso os estimule ainda mais a aprofundar as razões e a qualidade de sua presença nesses Lugares martirizados, onde se encontram as raízes da nossa fé.
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Salvatore Cernuzio – Vatican News
Bênçãos para todos, também aos casais “irregulares”, imitando Deus que é “bom” e não “castigador” e “abençoa todos, todos, todos”; o “medo” de uma escalada bélica e da capacidade de “autodestruição” da humanidade; a confirmação de que não tem intenção de renunciar e o anúncio de duas viagens: à Polinésia, em agosto, e à sua terra natal, a Argentina, no final do ano. Esses são alguns dos temas tratados pelo Papa em sua entrevista ao jornalista Fabio Fazio para o programa italiano Che tempo che fa, transmitido na noite deste domingo, 14 de janeiro, no canal Nove. Em 2021, Francisco já havia concedido uma entrevista ao mesmo popular programa (na época transmitido pela RAI); neste domingo, uma nova entrevista com duração de menos de uma hora para refletir sobre assuntos relacionados à atualidade, aos desafios do mundo, à Igreja e ao pontificado.
O Papa respondeu a uma pergunta sobre o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, Fiducia Supplicans, que abre a possibilidade de abençoar casais em situações “irregulares” com relação à moral católica, incluindo casais do mesmo sexo. Um documento que registrou várias reações, até mesmo contrastantes. Francisco reconheceu que “às vezes as decisões não são aceitas”, mas muitas vezes “é porque não se conhece”; depois reafirmou aquele princípio de “todos, todos, todos” já expresso durante a JMJ de Lisboa: “O Senhor abençoa todos, todos, todos que vêm. O Senhor abençoa todos aqueles que podem ser batizados, ou seja, cada pessoa. Mas depois as pessoas devem entrar em diálogo com a bênção do Senhor e ver qual é o caminho que o Senhor lhes propõe. Mas devemos pegá-las pela mão e ajudá-las a seguir esse caminho, não as condenar desde o início”.
Esse é “o trabalho pastoral da Igreja” e é um trabalho “muito importante” para os confessores, a quem Francisco reitera o convite para “perdoar tudo” e tratar as pessoas “com muita bondade”. Ele mesmo, revela, em 54 anos de sacerdócio, negou o perdão apenas uma vez “por causa da hipocrisia da pessoa”: “Eu sempre perdoei tudo, mas também digo com a consciência de que aquela pessoa talvez tenha uma recaída, mas o Senhor nos perdoa, ajudar a não recair, ou a recair menos, mas perdoar sempre”.
O Senhor “não se escandaliza com nossos pecados, porque Ele é Pai e nos acompanha”, observou o Papa Francisco, confidenciando que gosta de esperar que o inferno esteja vazio.
Mais uma vez, como nesses 100 dias de conflito no Oriente Médio e nesses quase dois anos de agressão à Ucrânia, o Papa estigmatiza o horror da guerra: “É verdade que é arriscado fazer a paz, mas é mais arriscado fazer a guerra”. “Por trás das guerras”, insiste, “há o comércio de armas. Um economista me disse que, neste momento, os investimentos que rendem mais juros, mais dinheiro, são as fábricas de armas. Investir para matar”.
Assim, o Bispo de Roma confidencia um medo pessoal seu: “Essa escalation bélica me dá medo, porque, com esse levar avante passos bélicos no mundo, nos perguntamos como acabaremos. Com armas atômicas agora, que destroem tudo. Como acabaremos. Como a Arca de Noé? Isso me dá medo. A capacidade de autodestruição que a humanidade tem hoje”.
Na entrevista, também foi dado espaço ao tema muito caro a ele, o dos migrantes, com a lembrança de seu abraço a Pato, o jovem camaronês que perdeu a esposa e a filha de 6 anos no ano passado por causa da fome, do calor e da sede no deserto entre a Tunísia e a Líbia. Francisco o recebeu em novembro na Casa Santa Marta. “Há muita crueldade no tratamento desses migrantes desde o momento em que deixam suas casas até chegarem aqui na Europa”, disse, lembrando a situação dramática de tantas pessoas nos lagers líbios e a tragédia de fevereiro de 2022 em Cutro, na costa da Calábria. “É verdade que todos têm o direito de permanecer em sua própria casa e de migrar”, disse o Papa, mas “por favor, não fechem as portas”. O que é necessário é uma política migratória “bem pensada” que ajude a “controlar o problema dos migrantes” e “remover todas essas máfias que exploram os migrantes”.
Mudando o foco para a Igreja, o Pontífice fala de reformas. A primeira a ser implementada é “uma reforma dos corações”, depois ele passa para as estruturas que “devem ser preservadas, mudadas, reformadas de acordo com a finalidade”. Mas a primeira coisa a ser feita é “mudar o coração” e limpá-lo da maldade e da inveja, “um vício amarelo que arruína todos os relacionamentos”.
Por fim, há uma pergunta sobre sua possível renúncia ao pontificado: “não é um pensamento, nem uma preocupação, nem mesmo um desejo. É uma possibilidade, aberta a todos os Papas, mas, no momento, não está no centro de meus pensamentos e das minhas inquietações, de meus sentimentos”. Confirmando essas palavras, Francisco anunciou as duas viagens antecipadas como hipóteses em entrevistas anteriores: Polinésia e Argentina. À Argentina – onde foi oficialmente convidado com uma carta do novo presidente Javier Milei – o Pontífice poderia viajar no final do ano: “as pessoas estão sofrendo muito lá. É um momento difícil para o país. A possibilidade de uma viagem no segundo semestre do ano está sendo planejada, porque agora há uma mudança de governo, há coisas novas… Em agosto devo fazer a viagem à Polinésia, que é bem longe, e depois faríamos a viagem à Argentina, se for possível. Eu quero ir lá. Dez anos está bem, muito bem, posso ir”.
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Thulio Fonseca – Vatican News
O Papa recebeu em audiência na manhã desta sexta-feira (12/01), os participantes do encontro promovido pela Associação de Jovens Profissionais Toniolo. O Santo Padre iniciou seu discurso expressando sua gratidão e apreço pelos trabalhos da Associação, e pela colaboração com os Dicastérios da Cúria e com as Representações Pontifícias nas Nações Unidas.
“É muito bom que cada um de vocês possa adquirir experiência em contato com o ministério petrino, através do trabalho com instituições internacionais e amadurecendo uma experiência de fé vivida, de vida cristã que enfrenta os desafios atuais do mundo. Vossa presença também faz muito bem às nossas instituições, nas quais vocês trazem um sopro de ar fresco, a capacidade de sonhar, o desejo de olhar adiante.”
Em oposição ao “pensamento reduzido”, que olha apenas para “os próprios interesses imediatos e limitados”, o Pontífice evidencia sua preocupação para com as novas gerações:
“O que alguns chamam de “pensamento reduzido” parece estar se espalhando: um pensamento composto de poucos caracteres, que se apaga rapidamente; um pensamento que não olha para cima e para frente, mas para o aqui e agora, resultado das necessidades do momento, parece substituir o pensamento já “fraco” do pós-moderno. Diante da complexidade da vida e do mundo, esse pensamento “reduzido” leva à generalização e à crítica, à simplificação e à manipulação da realidade, na busca de seus próprios interesses imediatos em vez do bem do próximo e do futuro de todos.”
Francisco ressaltou que muitos jovens hoje em dia são “espremidos”, forçados a “performances cada vez mais exigentes”, ou parecem estar “abatidos e anestesiados” em vez de comprometidos “com um livro ou com um irmão necessitado”:
“É triste ver os jovens abatidos e anestesiados, estirados em sofás em vez de engajados em escolas e ruas, curvados sobre suas telas em vez de estarem diante de um livro ou de um irmão necessitado. Isso é triste. Os jovens que são profissionais por fora e sem graça por dentro, pressionados pelo dever, refugiam-se na busca do prazer. Todos nós precisamos da criatividade e do impulso que somente vocês, jovens, podem nos dar: em suas mãos estão a criatividade e o impulso, a sede de verdade, o grito de paz, a visão do futuro – precisamos dessas coisas! -, de seus sorrisos de esperança. Eu gostaria de dizer a vocês: levem isso para onde vocês atuam, colocando-se em risco sem medo. Coloque-se em ação. Porque os jovens são as alavancas que renovam os sistemas, não as engrenagens que precisam mantê-los vivos.”
“A vida pede para ser doada, não administrada”, reiterou o Papa, ao lembrar do Beato Giuseppe Toniolo que, com base na fé, se comprometeu a “dar um rosto humano à economia”. Segundo Francisco, o tema da paz é hoje mais urgente do que nunca, e sobre isso chama a atenção dos jovens, reforçando a aspiração e o compromisso com a paz que sempre distinguiram a atividade diplomática, mas que agora parecem ter esquecido seu papel na recomposição das relações entre as nações.
“As guerras são o resultado de relações de poder prolongadas, sem um começo definido e sem um fim definido. Mas onde estão os empreendimentos ousados, as visões corajosas? E de quem elas podem vir, se não de corações jovens e destemidos que acolhem o bem dentro de si e compreendem o Evangelho como ele é, para escrever novas páginas de fraternidade e esperança? Essa é vossa missão, vossa vocação.”
“Quantos outros aspectos, como a economia, a luta contra a fome, a produção e o comércio de armas, a questão climática, a comunicação, o mundo do trabalho e tantos outros precisam de renovação e criatividade?” Ao concluir, expondo os aspectos do mundo atual que precisam de atenção, o Pontífice disse confiar aos jovens “esses sonhos”;
Fundada em abril de 2016, a Associação reúne os bolsistas do Programa de Fellowship nas representações da Santa Sé junto aos Organismos Internacionais. Destinada a estudantes de graduação e já graduados, a iniciativa é promovida e financiada pelo Istituto G. Toniolo de Estudos Superiores para oferecer aos jovens a oportunidade de realizar um estágio nos escritórios dessas representações.
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Thulio Fonseca – Vatican News
O Papa Francisco, junto com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, rezou a oração do Angelus no primeiro dia de 2024, solenidade da Santíssima Mãe de Deus, e confiou a proteção de Maria “o novo tempo que nos foi dado”. O Santo Padre, em sua alocução destacou o silêncio de Maria:
“O silêncio da Mãe é uma bela característica. Não se trata de uma simples ausência de palavras, mas de um silêncio cheio de admiração e de adoração pelas maravilhas que Deus está realizando. Maria – observa São Lucas – guardava todas essas coisas, meditando-as em seu coração (2,19). Dessa forma, ela abre espaço dentro de si para Aquele que nasceu; em silêncio e adoração, ela coloca Jesus no centro e dá testemunho d’Ele como Salvador.”
Francisco afirmou que Maria é Mãe não apenas porque carregou Jesus em seu ventre e o deu à luz, “mas porque o traz à luz, sem ocupar seu lugar”. Ela, continuou o Papa, “permanecerá em silêncio também sob a cruz, na hora mais sombria, e continuará a abrir espaço para Ele e a gerá-Lo para nós”.
O Pontífice apresentou aos fiéis a citação de um religioso e poeta do século XX, que escreveu: “Virgem, catedral do silêncio”. Para Francisco essa é uma bela imagem, pois “com seu silêncio e sua humildade, Maria se tornou a primeira catedral de Deus, o lugar onde Ele e o homem podem se encontrar”.
“Olhemos também para as mães”, enfatizou o Papa, “para aprender aquele amor que é cultivado sobretudo no silêncio, que sabe dar espaço ao outro, respeitando sua dignidade, deixando a liberdade de se expressar, rejeitando todas as formas de posse, opressão e violência. Há tanta necessidade disso hoje!”, sublinhou o Papa, que em seguida, recordou um techo da Mensagem para o Dia Mundial da Paz que também é celebrado hoje:
“A liberdade e a coexistência pacífica são ameaçadas quando os seres humanos cedem à tentação do egoísmo, do interesse próprio, do desejo de lucro e da sede de poder. O amor, por outro lado, é feito de respeito e gentileza: desse modo, ele rompe barreiras e ajuda a viver relações fraternas, a construir sociedades mais justas e humanas, mais pacíficas.”
“Oremos à Mãe de Deus e nossa Mãe”, concluiu o Papa, “para que no novo ano possamos crescer nesse amor gentil, silencioso e discreto que gera vida, e abre caminhos de paz e reconciliação no mundo”.
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Thulio Fonseca – Vatican News
“É bom que o ano se abra com a invocação d’Ela; é bom que o povo fiel proclame com alegria a Santa Mãe de Deus.”
Com essas palavras, o Papa Francisco introduziu sua homilia aos sete mil fiéis presentes na Basílica de São Pedro, no primeiro dia do ano (01/01/2024), durante a missa da Solenidade de de Maria Santíssima Mãe de Deus.
Os termos “mãe” e “mulher” estiveram no centro da reflexão do Santo Padre, ao destacar que a maternidade de Maria é o caminho para encontrar a ternura paterna de Deus, o caminho mais próximo, mais direto, mais fácil:
Francisco recordou que é a Mãe que nos conduz ao início e ao coração da fé, “esta não é uma teoria nem um empenho pessoal, mas um dom imenso, que nos faz filhos amados, moradas do amor do Pai”. Por isso, sublinhou o Papa, “acolher na própria vida a Mãe, não é uma decisão de mera devoção, mas uma exigência de fé: se queremos ser cristãos, devemos ser marianos, ou seja, filhos de Maria”.
Segundo o Pontífice, “o mundo precisa de olhar para as mães e para as mulheres a fim de encontrar a paz, escapar das espirais da violência e do ódio, voltar a ter um olhar humano e um coração que vê”.
“Toda a sociedade precisa de acolher o dom da mulher, de cada mulher: respeitá-la, protegê-la, valorizá-la, sabendo que, quem fere ainda que seja uma única mulher, profana Deus, nascido de mulher”, ressaltou Francisco.
O Papa recordou aos fiéis que diante da tentação do fechamento é preciso voltar-se para Maria, “quando não conseguirmos desembaraçar-nos por entre os nós da vida, procuremos refúgio n’Ela”.
Ao concluir a homilia, o Santo Padre enfatizou que “os nossos tempos, vazios de paz, precisam de uma Mãe que congregue a família humana”, e indicou Maria como caminho para a construção da fraternidade, que com a sua criatividade de Mãe, cuida dos filhos: reúne-os e conforta-os, escuta as suas penas e enxuga as suas lágrimas.
“Que este ano seja cheio da consolação do Senhor! Que este ano seja repleto da ternura materna de Maria, a Santa Mãe de Deus”, concluiu Francisco, convidando os fiéis a juntos, repetir três vezes a invocação: “Santa Mãe de Deus!”
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HOMILIA DO SANTO PADRE
Primeiras Vésperas de Santa Maria, Mãe de Deus e Te Deum
A fé nos permite viver esta hora de forma diferente de uma mentalidade mundana. A fé em Jesus Cristo, Deus encarnado, nascido da Virgem Maria, dá uma nova maneira de perceber o tempo e a vida. Eu o resumiria em duas palavras: gratidão e esperança.
Alguém poderia dizer: “Mas não é o que todos fazem nesta última noite do ano? Todos agradecem, todos esperam, crentes ou não crentes”. Talvez possa parecer que seja assim, e quem sabe o seja! Mas, na realidade, a gratidão mundana, a esperança mundana são aparentes; falta-lhes a dimensão essencial que é a da relação com o Outro e com os outros, com Deus e com os irmãos. Estão focados no eu, nos seus interesses e assim tem o fôlego curto, não vão além da satisfação e do otimismo.
Pelo contrário, nesta Liturgia, que culmina com o grande hino Te Deum laudamus, respira-se uma atmosfera completamente diferente: a do louvor, da admiração, da gratidão. E isto acontece não pela grandiosidade da Basílica, não pelas luzes e cantos – estas coisas são antes a consequência -, mas pelo Mistério que a antífona do primeiro salmo assim expressou: «Admirável intercâmbio! O Criador da humanidade assumindo corpo e alma, quis nascer de uma virgem; […] nos dou sua própria divindade.”
A liturgia nos faz entrar nos sentimentos da Igreja; e a Igreja, por assim dizer, aprende-os com a Virgem Mãe.
Pensemos em qual teria sido a gratidão no coração de Maria enquanto olhava para Jesus recém-nascido. É uma experiência que somente uma mãe pode fazer, e que, todavia, nela, na Mãe de Deus, tem uma profundidade única, incomparável. Maria sabe, ela sozinha junto com José, de onde vem aquele Menino. Mas está ali, respira, chora, tem necessidade de comer, de ser coberto, cuidado. O Mistério dá espaço à gratidão, que aflora na contemplação do dom, na gratuidade, enquanto sufoca na ansiedade de ter e de aparecer.
A Igreja aprende a gratidão da Virgem Mãe. E aprende também a esperança. Poderíamos pensar que Deus a escolheu, Maria de Nazaré, porque no seu coração viu refletida a própria esperança. Aquela que Ele mesmo havia infundido nela com seu Espírito. Maria sempre foi repleta de amor, cheia de graça, e por isso é também cheia de confiança e de esperança.
O de Maria e da Igreja não é otimismo, é outra coisa: é fé no Deus fiel às suas promessas (cf. Lc 1,55); e esta fé assume a forma da esperança na dimensão do tempo, poderíamos dizer “em caminho”. O cristão, como Maria, é um peregrino de esperança. E precisamente este será o tema do Jubileu de 2025: “Peregrinos de Esperança”.
Queridos irmãos e irmãs, podemos perguntar-nos: Roma está se preparando para tornar-se no Ano Santo uma “cidade de esperança”? Todos sabemos que a organização do Jubileu já está em curso há algum tempo. Mas compreendemos bem que, na perspectiva que aqui assumimos, não se trata principalmente disso; trata-se antes do testemunho da comunidade eclesial e civil; testemunho que, mais do que nos eventos, consiste no estilo de vida, na qualidade ética e espiritual da convivência. E então a pergunta pode ser formulada assim: estamos trabalhando, cada um no próprio âmbito, para que esta cidade seja um sinal de esperança para quem nela vive e para quem a visita?
Um exemplo. Entrar na Praça de São Pedro e ver que, no abraço da Colunata, circulam livre e serenamente pessoas de todas as nacionalidades, culturas e religiões, é uma experiência que traz esperança; mas é importante que seja confirmado por uma boa acolhida durante a visita à Basílica, bem como nos serviços de informação. Outro exemplo: o fascínio do centro histórico de Roma é perene e universal; mas é preciso que também os idosos ou pessoas com alguma deficiência motora também possam desfrutá-lo; e é preciso que à “grande beleza” correspondam o simples decoro e a normal funcionalidade nos lugares e situações da vida ordinária, cotidiana. Porque uma cidade mais habitável para os seus cidadãos é também mais acolhedora para todos.
Queridos irmãos e irmãs, uma peregrinação, especialmente se for empenhativa, exige uma boa preparação. É por isso que o próximo ano, que antecede o Jubileu, será dedicado à oração. E que melhor mestra poderíamos ter do que a nossa Santa Mãe? Coloquemo-nos na sua escola: aprendamos dela a viver cada dia, cada momento, cada ocupação com o olhar interior voltado para Jesus. alegrias e tristezas, satisfações e problemas. Tudo na presença e com a graça de Jesus, o Senhor. Tudo com gratidão e esperança.
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Nova conversa telefônica entre o Papa Francisco e Volodymyr Zelensky. Foi o que revelou nesta noite o próprio presidente ucraniano em um discurso divulgado no site oficial da presidência e em sua conta no X.
“Acabei de falar com Sua Santidade o Papa Francisco para expressar gratidão por suas felicitações de Natal à Ucrânia e aos ucranianos”, disse Zelensky, “por seus votos de paz, uma paz justa para todos nós. Conversamos sobre o nosso trabalho conjunto na Fórmula da Paz: mais de 80 países já estão envolvidos em nível de seus representantes. Haverá outros. Sou grato ao Vaticano”, concluiu, “por apoiar nosso trabalho”.
Francisco recebeu o presidente ucraniano no Vaticano em 13 de maio último, o segundo encontro pessoal após o de 2020, o primeiro desde a invasão russa na Ucrânia.
Desde o ataque de 24 de fevereiro de 2022, houve várias conversas telefônicas entre Francisco e Zelensky. A primeira foi em 26 de fevereiro do ano passado, dois dias após o início do conflito. O Papa”, relatou Zelensky no Twitter, “expressou sua mais profunda tristeza pelos trágicos eventos que estavam ocorrendo no país, enquanto o presidente afirmou que o povo ucraniano sentia o apoio espiritual do Papa”.
Uma nova conversa telefônica ocorreu em 22 de março de 2022. Zelensky relatou no Twitter que havia contado ao Papa sobre “a difícil situação humanitária e o bloqueio dos corredores de socorro pelas forças russas”, dizendo que acolhia “com apreço o papel de mediador da Santa Sé para acabar com o sofrimento humano”.
Em seguida, outra ligação telefônica em 12 de agosto de 2022. Também no Twitter, o presidente ucraniano afirmou que na conversa havia discutido os horrores sofridos pela população devido à invasão russa. Zelensky expressou gratidão ao Papa por suas orações e auspiciou uma sua visita a Kiev.
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Hoje é dia de felicitações natalinas no Vaticano. A primeira audiência do Papa foi com os membros da Cúria Romana, reunidos na Sala das Bênçãos. Aos cardeais, dirigiu um discurso inspirado em alguns dos principais personagens do Natal para ressaltar três verbos: escutar, discernir, caminhar.
Num tempo ainda marcado tristemente pelas violências da guerra, pelas alterações climáticas, pela pobreza e pela fome, disse o Papa, sempre precisamos ouvir e receber o anúncio de que “Deus vem”.
Maria, portanto, inspira o escutar. A jovem de Nazaré deu ouvidos ao anúncio do Anjo e abriu o coração ao projeto de Deus. Escutar é um verbo bíblico que não diz respeito apenas ao ouvido, mas requer o envolvimento do coração e consequentemente da própria vida. E não só: Maria compreende que é destinatária de um dom inestimável e, “de joelhos”, isto é, com humildade e maravilha, coloca-se à escuta.
“Escutar ‘de joelhos’ é o melhor modo para escutar de verdade, pois significa que estamos diante do outro, não na posição de quem pensa que sabe tudo, mas ao contrário abrindo-nos ao mistério do outro.”
Às vezes, se corre o risco de ser como lobos vorazes: procura-se de imediato devorar as palavras do outro, sem verdadeiramente as escutar. Por isso, a exortação do Papa é para aprender a contemplação na oração, permanecendo de joelhos diante do Senhor, mas com o coração e não apenas com as pernas.
“Escutemo-nos mais, sem preconceitos, com abertura e sinceridade; com o coração de joelhos.”
A escuta mútua leva ao segundo verbo: discernir, que Francisco desenvolve a partir de João Batista. Jesus não era como ele O esperava e por isso o próprio Precursor deve converter-se à novidade do Reino, deve ter a humildade e a coragem de fazer discernimento.
De igual modo, disse o Papa, o discernimento é importante para todos, para não cair na pretensão de já saber tudo, “repetindo simplesmente esquemas, sem considerar que o Mistério de Deus sempre nos supera e que a vida das pessoas e a realidade que nos rodeia são e sempre permanecerão superiores às ideias e teorias. A vida é superior às ideias, sempre”.
O discernimento deve ajudar no trabalho da Cúria a ser dóceis ao Espírito Santo, para poder escolher as orientações e tomar as decisões, não com base em critérios mundanos nem simplesmente aplicando regulamentos, mas segundo o Evangelho.
Por fim, a terceira palavra: caminhar, inspirado pelo movimento dos Magos.
A alegria do Evangelho, explicou o Pontífice, desencadeia em nós o impulso do seguimento, provocando um verdadeiro êxodo de nós mesmos e encaminhando-nos para o encontro com o Senhor. A fé cristã, recordou, não pretende confirmar as nossas seguranças. Pelo contrário, coloca-nos em viagem.
“Também aqui, no serviço da Cúria é importante permanecer a caminho, não cessar de procurar e aprofundar a verdade, vencendo a tentação de ficar parado e «labirintar» dentro dos nossos recintos e dos nossos medos.”
Os medos, a rigidez, a repetição dos esquemas, prosseguiu o Papa, geram uma situação estática, que tem a vantagem aparente de não criar problemas – quieta non movere –, mas levam a girar sem resultado nos nossos labirintos, penalizando o serviço que são chamados a oferecer à Igreja e ao mundo inteiro.
“Permaneçamos vigilantes contra a fixidez da ideologia”, pediu Francisco. Quando o serviço que se realiza corre o risco de se tornar morno, rígido ou medíocre, preso nas redes da burocracia e da insignificância, é preciso olhar para o alto, recomeçar a partir de Deus.
Para Francisco, hoje a dificuldade é transmitir paixão a quem já há muito tempo a perdeu: “À distância de sessenta anos do Concílio, ainda se debate sobre a divisão entre ‘progressistas’ e ‘conservadores’, e esta não é a diferença. A verdadeira diferença central está entre ‘apaixonados’ e ‘habituados’. Esta é a diferença. Só quem ama pode caminhar”.
O Papa concluiu agradecendo aos cardeais pelo trabalho e dedicação, sobretudo aquele realizado no silêncio.
“Que o Senhor Jesus, Verbo Encarnado, nos dê a graça da alegria no serviço humilde e generoso. E, por favor, não percamos o humorismo. E, diante do presépio, façam uma oração por mim.”
Como é tradição, o Santo Padre presenteou os cardeais com dois livros de sua autoria: “Santos, não mundanos. A graça de Deus nos salva da corrupção interior.” e “Natal. Homilias e discursos selecionados.”
Depois da Cúria, o Papa se reúne com os funcionários e seus familiares do Vaticano na Sala Paulo VI.
Thulio Fonseca – Vatican News
Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano
Será possível predispor um lugar sagrado “para a acumulação e conservação comunitária das cinzas dos batizados falecidos”, ou seja, um cinerário comunitário onde as cinzas individualmente consideradas são depositadas. É o que afirma o Dicastério para a Doutrina da Fé em resposta a duas perguntas do arcebispo de Bolonha, norte da Itália, Matteo Zuppi, sobre o tema da cremação dos fiéis defuntos. A segunda resposta afirma que a autoridade eclesiástica também pode considerar e avaliar o pedido dos membros da família para manter uma “parte mínima” das cinzas de uma pessoa falecida em um local significativo para a história da pessoa que morreu.
O cardeal Zuppi, diante do “aumento da escolha de cremar o falecido” e de dispersar as cinzas na natureza, também para “não deixar que prevaleçam as razões econômicas, sugeridas pelo menor custo da dispersão, e dar indicações para o destino das cinzas, uma vez expirado o prazo para a sua preservação”, desejando “corresponder não só ao pedido dos familiares, mas sobretudo à proclamação cristã da ressurreição dos corpos e do respeito devido a eles”, apresentou estas questões. A primeira: “Levando em conta a proibição canônica de espalhar as cinzas de uma pessoa falecida – semelhante ao que acontece nos ossuários – é possível predispor um local sagrado definido e permanente para a acumulação e preservação comunitária das cinzas de pessoas batizadas falecidas, indicando para cada uma delas os dedos pessoais?”. E a segunda: “Pode-se permitir que uma família guarde parte das cinzas de um familiar em um lugar significativo para a história do falecido?”
O Dicastério, em um texto assinado pelo cardeal prefeito Victor Fernandez e aprovado pelo Papa em 9 de dezembro, responde afirmativamente. Em primeiro lugar, lembra que, de acordo com a Instrução Ad resurgendum cum Christo 2016 (nº 5), “as cinzas devem ser mantidas em um lugar sagrado (cemitério), e também em uma área especificamente dedicada a esse fim, desde que tenha sido designada para esse fim pela autoridade eclesiástica”. As razões para essa escolha são citadas, a saber, a necessidade de “reduzir o risco de remover o falecido da memória e das orações dos parentes e da comunidade cristã” e evitar “o esquecimento e a falta de respeito”, bem como “práticas inconvenientes ou supersticiosas”.
Em seguida, é lembrado: “Nossa fé nos diz que seremos ressuscitados com a mesma identidade corporal que é material”, embora “essa matéria será transfigurada, liberada das limitações deste mundo. Nesse sentido, a ressurreição será nesta carne em que vivemos agora”. Mas essa transformação “não implica a recuperação das partículas idênticas de matéria que formavam o corpo”. Portanto, o corpo ressuscitado “não consistirá necessariamente dos mesmos elementos que tinha antes de morrer. Não se tratando de uma simples revivificação do cadáver, a ressurreição pode ocorrer mesmo que o corpo tenha sido totalmente destruído ou disperso. Isso nos ajuda a entender por que em muitos cemitérios as cinzas dos falecidos são mantidas todas juntas, sem mantê-las em lugares separados”.
Em seguida, o Dicastério ressalta que “as cinzas do falecido procedem de restos materiais que fizeram parte do percurso histórico vivido pela pessoa, a ponto de a Igreja ter um cuidado e uma devoção especiais pelas relíquias dos Santos. Esse cuidado e essa memória também nos levam a uma atitude de respeito sagrado” em relação às cinzas, que “guardamos em um lugar sagrado e adequado para a oração”.
Portanto, o Dicastério responde a Zuppi que “é possível predispor de um lugar sagrado, definido e permanente, para a acumulação e conservação comunitária das cinzas dos batizados falecidos, indicando para cada um os dados pessoais para não dispersar a memória nominal”. A Igreja, por conseguinte, admite a possibilidade de depositar as cinzas em um lugar comum, como acontece com os ossuários, mas preservando a memória nominal de cada um dos falecidos individualmente. Por fim, afirma-se que, excluindo todo e “qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista”, em conformidade com as normas civis, se as cinzas do falecido forem mantidas em um local sagrado, a autoridade eclesiástica “pode considerar e avaliar um pedido de uma família para preservar devidamente uma parte mínima das cinzas de seu parente em um local significativo” para sua história.
Em resposta a uma pergunta da mídia vaticana, o Dicastério explicou que a intervenção e a avaliação da autoridade eclesiástica não são apenas canônicas, mas também de natureza pastoral, para ajudar a família a discernir quais escolhas fazer, levando em conta todos os fatores.
Considerando que algumas legislações não permitem que as cinzas do falecido sejam divididas, o Dicastério acrescentou que a segunda pergunta surgiu de um diálogo entre bispos de diferentes países, aos quais o cardeal Zuppi deu voz, e considerou a possibilidade de um ponto de vista teológico e não civil, como foi posteriormente esclarecido na resposta.
Vatican News
Silvonei José – Vatican News
O desejo de Francisco ao criar esse organismo vaticano, há nove anos, com o Motu Proprio Fidelis dispensator et prudens era lançar algumas reformas econômicas, em continuidade com o trabalho já iniciado pelo Papa Bento XVI.
Um órgão cujas funções foram então melhor definidas nos Estatutos subsequentes e reafirmadas na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium.
O Papa Francisco no seu discurso entregue aos presentes dentre os vários aspectos e valores que caracterizam esse Escritório, recordou brevemente três: independência, atenção às práticas internacionais e profissionalismo.
Em primeiro lugar, a independência. O Escritório do Auditor Geral não depende hierarquicamente de outros órgãos. Entretanto, longe de significar arbitrariedade, isso implica a responsabilidade de uma ação sempre bem pensada e inspirada no mais alto princípio da caridade. É importante que o espírito de correção fraterna sempre o guie, mesmo quando for necessário apontar práticas contábeis e administrativas que não estejam de acordo com as regras e situações a serem corrigidas.
A Palavra de Deus – escreveu o Papa – nos ensina que “o Senhor corrige aqueles a quem ama, como um pai corrige seu filho amado” (Pr 3:12). Lembremo-nos dessas palavras que acompanham a correção: amor e paternidade, sempre, sem ceder à tentação do protagonismo fácil.
A esse respeito Francisco diz que é bom recordar, com espírito sinodal, a importância da colaboração do Escritório com os outros Dicastérios da Cúria e, em particular, com os organismos econômicos, evitando “competições” que podem facilmente se transformar em rivalidade, também em nível pessoal.
Em segundo lugar, atenção às práticas internacionais. É importante promover a aplicação das melhores práticas, promover a justiça e estar alinhado com o restante da comunidade internacional, desde que, é claro, os padrões não contradigam os ensinamentos da Igreja.
Terceiro lugar: profissionalismo. Referindo-se aos presentes salientou que eles têm um histórico profissional considerável, adquirido em organizações importantes. Em alguns casos, isso significa décadas de experiência trabalhando em alto nível, e o Papa agradeceu-lhes por terem decidido colocar tudo isso a serviço da Santa Sé.
“Sei que, para manter altos padrões profissionais, o senhor investe muito em treinamento, e isso é bom. O Papa Francisco recordou então que o “Escritório do Auditor Geral também é uma das Autoridades Anticorrupção de acordo com a Convenção de Mérida, à qual a Santa Sé aderiu em 2016 também em nome do Estado da Cidade do Vaticano.
“Certamente, – acrescentou o Papa – aqueles que trabalham na Santa Sé e no Estado da Cidade do Vaticano o fazem com fidelidade e honestidade, mas a tentação da corrupção é tão perigosa que precisamos estar muito atentos”.
“Sei que os senhores dedicam muita atenção a isso, com um trabalho que é administrado com firmeza e misericordiosa discrição, porque, sujeito à necessidade de transparência absoluta em todas as ações, os escândalos servem mais para encher as páginas dos jornais do que para corrigir em profundidade comportamentos”. “Convido-os, – disse Francisco – além disso, a ajudar os responsáveis pela administração dos bens da Santa Sé a criar salvaguardas que possam impedir, “no início”, que a própria insidiosidade da corrupção se concretize”.
O Papa concluiu seu discurso dizendo que sabe que alguns dos presentes servem no refeitório da Caritas. “É uma coisa bonita, e eu lhes digo: façam isso com o coração aberto, com simplicidade e gratuidade, e encontrem tempo para conversar com essas pessoas e ouvir suas histórias. Muitas vezes se encontram pessoas que precisam de amizade, mas que são deixadas sozinhas. Muitas vezes, um sorriso e uma palavra valem ainda mais do que um prato de macarrão”.
VaticanNews
Vatican News
Libertar-se do supérfluo para compreender aquilo que é realmente importante diante de Deus: para o Papa Francisco, esta é a mensagem principal que o Evangelho nos apresenta neste II Domingo do Advento.
Já com a Praça São Pedro enfeitada para o Natal, o Pontífice rezou com milhares de fiéis a oração do Angelus e comentou o trecho do evangelista Marcos, que fala de João Batista, o precursor de Jesus. O Papa se deteve no versículo em que o Batista é descrito como “voz daquele que grita no deserto”, para refletir sobre as palavras “voz” e “deserto”.
O deserto é o local do silêncio e da essencialidade, onde não é permitido divagar sobre coisas inúteis, mas é preciso se concentrar no que é indispensável para viver.
Para Francisco, somente se fizermos espaço a Jesus através do silêncio e da oração, saberemos nos libertar da poluição das palavras vãs e dos falatórios. Nesse sentido, o silêncio e a sobriedade – nas palavras, no uso das coisas, na mídia e nas redes sociais – não são só “promessas” ou virtude, mas elementos essenciais da vida cristã.
Já a voz é o instrumento com o qual manifestamos o que pensamos e levamos no coração, e está intimamente relacionada ao silêncio, porque expressa aquilo que amadurece dentro, da escuta daquilo que o Espírito sugere.
“Se não se é capaz de calar, é difícil que se tenha algo de bom a dizer; enquanto mais atento é o silêncio, mais forte é a palavra”, disse o Papa.
Francisco então convida os fiéis a se questionarem: que lugar ocupa o silêncio nos meus dias? É um silêncio vazio, talvez opressor, ou um espaço de escuta, de oração, onde custodiar o coração? A minha vida é sóbria ou repleta de coisas supérfluas?
Mesmo que signifique ir contracorrente, exortou, valorizemos o silêncio, a sobriedade e a escuta.
“Que Maria, Virgem do silêncio, nos ajude a amar o deserto, para nos tornar vozes críveis que anunciam o seu Filho que vem.”
Vatican Newws
Raimundo de Lima – Vatican News
Agradeço-lhes por terem vindo celebrar o 80º aniversário da fundação do Movimento dos Focolares, também conhecido como Obra de Maria. Foram as palavras com as quais o Santo Padre agradeceu aos focolarinos na manhã desta quinta-feira, 7 de dezembro, ao recebê-los na Sala do Consistório, no Vaticano, por ocasião dos 80 anos de fundação do Movimento.
Francisco lembrou que este aniversário coincide com o dia em que a Serva de Deus Chiara Lubich decidiu consagrar-se totalmente ao Senhor. A partir de uma inspiração recebida em um contexto de vida absolutamente ordinário – enquanto fazia compras para a família – surgiu um ato radical de doação a Deus, como resposta ao chamado que ela sentia doce e forte em seu coração.
Era 7 de dezembro de 1943, em Trento, no auge da guerra; na véspera da Solenidade da Imaculada Conceição, o “sim” de Maria se tornou o “sim” de Chiara, gerando uma onda de espiritualidade que se espalhou pelo mundo, para dizer a todos que é belo viver o Evangelho com uma simples palavra: unidade. Mas unidade também significa harmonia: unidade harmônica, observou o Pontífice.
Em seu discurso, Francisco reiterou o convite ao Movimento feito em fevereiro de 2021, ocasião em que ressaltou três atitudes que são importantes para seu caminho: viver com fidelidade dinâmica o seu carisma, acolher os momentos de crise como uma oportunidade de amadurecer, encarnar sua espiritualidade com coerência e realismo. E o fez para encorajá-los a vivê-los e promovê-los segundo três linhas: a maturidade eclesial, fidelidade ao carisma e compromisso com a paz.
A Maturidade eclesial. Convido-os a trabalhar para que o sonho de uma Igreja plenamente sinodal e missionária possa ser cada vez mais realizado. Comecem pelas suas comunidades, promovendo nelas um estilo de participação e de corresponsabilidade, também em nível de governo. Façam crescer os focolares dentro delas e difundam ao seu redor um clima de escuta recíproca e de calor familiar, no qual nos respeitemos e cuidemos uns dos outros, com particular atenção aos mais fracos e aos mais necessitados de apoio.
Para esse fim, apontou o Santo Padre, será útil que busquem caminhos de participação e consulta mútuas em todos os níveis, dando atenção especial à comunicação e ao diálogo sincero.
Com relação à segunda linha, fidelidade ao carisma, lembro-lhes de algumas palavras de sua Fundadora. Ela costumava dizer: “Deixem apenas o Evangelho para aqueles que os seguem. Se vocês fizerem isso, o ideal da unidade permanecerá (…). O que permanece e sempre permanecerá é o Evangelho, que não sofre o desgaste do tempo”. Semeiem, por favor, a unidade levando o Evangelho, sem nunca perder de vista a obra da encarnação que Deus continua a querer realizar em nós e ao nosso redor por meio do seu Espírito, para que Jesus seja uma boa notícia para todos, sem excluir ninguém, e “para que todos sejam um”.
E assim chegamos à terceira linha: o compromisso com a paz, tão importante hoje… Depois de dois milênios de cristianismo, de fato, o anseio de unidade continua a assumir, em muitas partes do mundo, a forma de um grito agonizante que exige uma resposta. Chiara o ouviu durante a tragédia da Segunda Guerra Mundial e decidiu doar toda a sua vida para que aquele “testamento de Jesus” pudesse ser realizado. Hoje, infelizmente, o mundo ainda é dilacerado por muitos conflitos e continua precisando de artesãos da fraternidade e da paz entre os povos e as nações.
Chiara dizia: “Ser amor e difundi-lo é o objetivo geral da Obra de Maria”. “Ser amor e difundi-lo”: esse é o objetivo principal. E sabemos que somente do amor nasce o fruto da paz. É por isso que peço a vocês que sejam testemunhas e construtores da paz que Cristo alcançou com sua cruz, vencendo a inimizade.
Antes de concluir, o Papa chamou a atenção para o fato de que desde o fim da Segunda Guerra Mundial até agora, as guerras não acabaram. E não temos consciência daquele drama da guerra. E a guerra não acaba. E na guerra todo mundo perde. Todos. Somente os fabricantes de armas ganham. E se as armas não fossem fabricadas em um ano, a fome no mundo acabaria… É terrível. Precisamos refletir sobre esse drama.
Antes de concluir, Francisco quis fazer um último convite, apropriado neste período de Advento: o da vigilância. A armadilha do mundanismo espiritual está sempre à espreita. Portanto, vocês também devem saber como reagir com decisão, coerência e realismo. Lembremo-nos de que a incoerência entre o que dizemos ser e o que realmente somos é o pior anti-testemunho: a incoerência. Por favor, tenham cuidado.
O Ato de veneração à estátua da Imaculada Conceição na Praça de Espanha, centro de Roma, que o Papa realizará às 16h do próximo dia 8 de dezembro, terá uma pequena cerimônia meia hora antes na Basílica papal de Santa Maria Maior, à qual Francisco chegará para a tradicional visita com a finalidade levar a homenagem da “Rosa de Ouro” ao ícone da Salus Populi Romani.
A Rosa de Ouro tem raízes antigas, simbolizando a bênção papal, e a tradição desse presente remonta à Idade Média. Ao longo dos séculos, ela foi dada a mosteiros, santuários, soberanos e personalidades proeminentes em reconhecimento ao seu compromisso com a fé e o bem comum. Com o presente da Rosa para a Salus, “o Papa Francisco – diz uma nota da basílica mariana – enfatiza a importância espiritual e o profundo significado que esse ícone tem na vida da Igreja Católica, pois é também o mais antigo santuário mariano do Ocidente dedicado à Mãe de Deus”.
A Rosa a ser doada pelo Papa não é a única atribuída à Salus. A primeira foi doada em 1551 pelo Papa Júlio III, que era profundamente devoto do ícone mariano mantido na Basílica e onde, no altar do Presépio, ele celebrou sua primeira Missa. Em 1613, o Papa Paulo V doou a Rosa de Ouro por ocasião do traslado do venerado ícone para a nova capela construída para esse fim. A Basílica não conserva nenhum vestígio das duas Rosas de Ouro doadas pelos dois Pontífices, que provavelmente se perderam com a invasão napoleônica do Estado Pontifício (Tratado de Tolentino, 1797). Portanto, após 400 anos, continua a nota, “o Pontífice quis dar um sinal tangível de sua devoção ao venerado ícone, fortalecendo o vínculo milenar entre a Igreja Católica e a cidade de Roma”.
Ao receber a notícia dessa homenagem, o comissário extraordinário da basílica, dom Rolandas Makrickas, expressou sua alegria, dizendo: “O presente da Rosa de Ouro é um gesto histórico que expressa visivelmente o profundo vínculo do Papa Francisco com a Mãe de Deus, que é venerada neste santuário sob o título de Salus Populi Romani. O povo de Deus poderá será fortalecido ainda mais em seu vínculo espiritual e devocional com a Santíssima Virgem Maria. À Salus pedimos o dom da paz para o mundo inteiro”.
Vatican News
Raimundo de Lima – Vatican News
Vatican News
“A Igreja é mulher”. E “um dos grandes pecados que cometemos é ‘masculinizar’ a Igreja”. Devemos “desmasculinizá-la” e fazê-lo a partir da teologia. O Papa se reuniu com os membros da Comissão Teológica Internacional, o órgão criado por Paulo VI na então Congregação para a Doutrina da Fé em 1969 – uma proposta da primeira assembleia do Sínodo dos Bispos – para ajudá-la a examinar as questões doutrinárias mais importantes.
Recuperando-se da inflamação em seus pulmões, o Papa entregou o discurso preparado: “Há um belo discurso aqui com aspectos teológicos, mas do jeito que estou, é melhor não lê-lo”, disse Francisco. De modo espontâneo, no entanto, o Santo Padre compartilhou alguns pensamentos para reiterar a importância da reflexão teológica e agradecer à Comissão por seu trabalho. O Papa fez questão de expressar uma observação: “perdoem minha sinceridade!” – devido à escassa presença de mulheres no grupo:
“Uma, duas, três, quatro mulheres: coitadas! Elas estão sozinhas! Ah, desculpe-me: cinco! Mas, quanto a isso, devemos seguir em frente.”
As mulheres “têm uma capacidade de reflexão teológica diferente da que nós homens temos”, enfatizou o Papa, lembrando seus estudos dos livros de “uma boa mulher alemã”, a filósofa e escritora Hanna-Barbara Gerl, sobre Romano Guardini. “Ela havia estudado essa história e a teologia dessa mulher não é tão profunda, mas é bela, é criativa”.
A “dimensão feminina da Igreja”, acrescentou o Pontífice, ainda falando de improviso, “também estará no centro dos próximos trabalhos do C9”, o grupo de cardeais que auxilia o Papa no governo da Igreja. O tópico é, portanto, central porque “a Igreja é mulher”.
“Isso não é resolvido pela via ministerial; isso é outra coisa”, enfatizou o Papa Francisco, referindo-se às discussões sobre o sacerdócio feminino. “É solucionado pela via mística, pela via real”, afirmou. Em seguida, o Papa reforçou o “princípio petrino e o princípio mariano” da matriz balthasariana que lhe deu “tanta luz”. “Pode-se discutir isso, mas os dois princípios estão lá. É mais importante o mariano do que o petrino, porque há a Igreja como noiva, a Igreja como mulher, sem se tornar masculina”, observou Francisco.
“Obrigado pelo que vocês fazem”, reitera o Papa, ao final, recitando com os presentes um Pai Nosso “cada um em sua língua” e pedindo, como de costume, orações: “Rezem por mim. Rezem a favor, não contra, porque este trabalho não é fácil”.
No discurso entregue aos membros da comissão, o Papa reflete sobre “o chamado a dedicar toda a energia do coração e da mente a uma conversão missionária da Igreja”. Francisco, destaca a mensagem contida em sua Carta dirigida ao novo Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé: “Precisamos de um modo de pensar que saiba apresentar de forma convincente um Deus que ama, que perdoa, que salva, que liberta, que promove as pessoas e as convoca para o serviço fraterno” (1º de julho de 2023).
O pedido do Papa aos membros da comissão é para que se encarreguem, de forma qualificada, por meio da proposta de uma teologia evangelizadora, na promoção do diálogo com o mundo da cultura.
Ao encorajar a continuação dos estudos sobre o Concílio de Nicéia, que no Jubileu de 2025 completará 1700 anos, Francisco compartilha três motivos que tornam a redescoberta de Nicéia promissora. O primeiro é o motivo espiritual: “em Nicéia, a fé foi professada em Jesus, o único Filho do Pai: Aquele que se tornou homem por nós e para nossa salvação é Deus de Deus, luz da luz. Cabe aos teólogos espalhar novos e surpreendentes lampejos da luz eterna de Cristo na casa da Igreja e na escuridão do mundo,” ressalta o Pontífice.
O segundo motivo é o sinodal. O Papa recorda que “o primeiro Concílio ecumênico foi celebrado na Nicéia, no qual a Igreja pôde expressar sua natureza, sua fé, sua missão, para ser sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”.
“A sinodalidade é o caminho, o modo de traduzir em atitudes de comunhão e processos de participação a dinâmica trinitária com a qual Deus, por meio de Cristo e no sopro do Espírito Santo, vem ao encontro da humanidade. Aos teólogos é confiada a grande responsabilidade de liberar a riqueza dessa maravilhosa energia humanizadora.”
E por fim, o terceiro motivo que o Papa apresenta é a ecumênica: “Como não lembrar a extraordinária relevância desse aniversário para a jornada rumo à plena unidade cristã? Não somente o Símbolo de Nicéia une os discípulos de Jesus, mas precisamente em 2025, providencialmente, a data da celebração da Páscoa coincidirá para todas as denominações cristãs. Como seria belo se isso marcasse o início concreto de uma celebração sempre comum da Páscoa!”
Francisco finaliza agradecendo a comissão pelos esforços realizados e encoraja “a continuar os trabalhos para que a luz do Evangelho e da comunhão possa brilhar mais intensamente”.
Vatican news
Vatican News
“O estado de saúde do Santo Padre é estável”. Foi o que anunciou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, no fim da tarde desta quarta-feira, 29 de novembro. Francisco “não tem febre, mas a inflamação pulmonar associada à dificuldade respiratória persiste”. Além disso, acrescentou Bruni, “o tratamento com antibióticos continua”.
No último sábado, o Papa cancelou todas as audiências por motivos de saúde. No início da tarde, foi submetido a uma tomografia computadorizada no Hospital Gemelli Isola Tiberina, em Roma, que – de acordo com o relatório de Matteo Bruni na segunda-feira (27/11) – descartou pneumonia, mas mostrou inflamação pulmonar causando algumas dificuldades respiratórias. Foi administrada antibioticoterapia intravenosa. Para não se expor ao frio, o Pontífice recitou o Angelus no domingo da capela da Casa Santa Marta e não da janela do Palácio Apostólico, informando ele mesmo sobre sua condição e agradecendo aos fiéis pelo apoio. Ontem, Francisco aceitou “com grande pesar” o pedido dos médicos para continuar seu repouso e, portanto, não fazer a viagem planejada para os próximos dias para o Cop28 em Dubai.
Salvatore Cernuzio – Vatican News
A voz é fraca, mas é forte a preocupação do Papa pelo horror que está ocorrendo na Terra Santa e na Ucrânia por causa da guerra. No final da Audiência Geral desta quarta-feira (29), realizada na Sala Paulo VI e não na Praça de São Pedro, devido à queda da temperatura, Francisco tomou a palavra depois que a catequese e as saudações nos vários idiomas foram lidas por monsenhor Filippo Ciampanelli da Secretaria de Estado. Isso – explicou o próprio Pontífice no início da audiência – se deve à dificuldade de falar causada pela inflamação nos pulmões, da qual está se recuperando, e pela qual, nesta terça-feira (28), o obrigou a cancelar, a pedido dos médicos, a viagem programada para Dubai, de 1º a 3 de dezembro, para a COP28.
O Papa, no entanto, quis tomar a palavra e pronunciar ele mesmo o apelo por uma solução para o drama que se vive no Oriente Médio, pedindo a extensão do cessar-fogo, agora em seu quarto dia, a libertação de todos os reféns israelenses nas mãos do Hamas (nesta terça foi libertado um quinto grupo de 12 homens e mulheres sequestrados em 7 de outubro nos kibutzim de Nir Oz, Nirim e Nir Yitzhak) e a entrada de ajuda na Faixa de Gaza, onde a situação humanitária piora de hora em hora. Mas, acima de tudo, o Papa pediu orações:
Francisco confirmou que está em contato com a paróquia latina da Sagrada Família, na Faixa de Gaza, com o pároco, o padre argentino, Gabriel Romanelli, e o vice-pároco, Youssef Asaad. O Pontífice recebe atualizações deles, por telefone, quase diariamente.
“Eu conversei com eles da paróquia de lá, falta água, falta pão. As pessoas sofrem… As pessoas simples, as pessoas do povo sofrem, não sofrem aqueles que fazem a guerra. Peçamos a paz.”
O apelo do Papa se junta ao coro de apelos internacionais para a continuação da trégua, estendida por dois dias em relação aos acordos iniciais. Não menos importante, a União Europeia, por meio do Alto Representante Josep Borrell, que de Barcelona para a reunião da União do Mediterrâneo comentou sobre o cessar-fogo: “é necessário fazer muito mais para aliviar a terrível situação em Gaza e encontrar uma saída para a crise atual”.
Os ministros das Relações Exteriores dos estados-membros do G7 também informaram que “receberam com satisfação” a libertação de alguns dos reféns sequestrados em 7 de outubro em Israel e “a recente pausa nas hostilidades que permitiu o aumento da ajuda humanitária” em Gaza. Ao mesmo tempo, eles pediram ao Hamas “a libertação imediata e incondicional de todos” os outros sequestrados.
Um apelo que foi reiterado nesta quarta (29) pelo Papa que, desde o início da violência, pediu em cada Angelus e Audiência Geral a libertação de homens, mulheres, idosos e até crianças que foram sequestrados. Da mesma forma, Francisco pediu que a atenção não fosse desviada da tragédia que vem ocorrendo há quase dois anos na Ucrânia, onde os ataques do exército russo continuam e o número de vítimas está aumentando. Cerca de 1.780 crianças foram mortas desde fevereiro de 2022, anunciou o Unicef em uma nota emitida nesta terça-feira (28).
Devin Watkins – Vatican News
Bispos, padres e leigos de toda a Ásia se reuniram em Bangcoc nos últimos dias para traçar um rumo na missão da Igreja de comunicar o Evangelho de forma eficaz e corajosa por meio de todos os meios modernos de comunicação. Cerca de 30 delegados se reuniram de 20 a 24 de novembro na Dom Bosco House, na capital tailandesa, para a 28ª reunião anual dos bispos da FABC-OSC. Estavam presentes Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, e Nataša Govekar, responsável pela Direção Teológico-Pastoral do Dicastério, que se uniram aos representantes da Igreja Asiática para o evento de cinco dias. O cardeal Charles Bo, arcebispo de Yangon e presidente da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC), e o cardeal Francis Xavier Kriengsak, arcebispo de Bangcoc, também participaram.
Falando sobre o tema ‘Comunicação na Igreja Sinodal’, Ruffini expressou o desejo da Santa Sé de se empenhar em um apoio mútuo com as Igrejas locais e lembrou que a Igreja Sinodal tem mais a ver com a construção de relações do que com a mera transmissão da comunicação: a Igreja, disse ele, é uma comunidade de discípulos evangelizadores, de modo que os cristãos são chamados a ser missionários na era digital e comunicadores da Igreja para interagir com as mídias sociais na esperança de construir encontros pessoais. “É sempre bom nos encontrarmos pessoalmente e encontrarmos tempo para compartilhar pensamentos, preocupações e sonhos”, explica Ruffini ao Vatican News. “O que percebi nesses dias é que da Ásia, do Oriente, podemos aprender uma lição: que a cultura oriental sabe como entender que tudo está unido, sabe como olhar para além das aparências.”
No primeiro dia do evento, muitos jovens comunicadores de toda a Ásia se reuniram para uma sessão on-line sobre “Comunicação da fé no mundo digital”, um projeto realizado pelo Dicastério para a Comunicação para preparar os jovens para os desafios de comunicação que enfrentarão em suas respectivas vocações. Os jovens que participaram eram provenientes das Filipinas, Malásia, Myanmar, Cingapura, Vietnã, Índia, Timor Leste, Paquistão e da própria Tailândia. O objetivo é que, com a ajuda de alguns guias, eles adquiram consciência de suas próprias identidades para se comunicarem melhor em uma cultura de respeito, diálogo e amizade.
Nataša Govekar também apresentou o documento do Dicastério Rumo a uma presença plena – Reflexão pastoral sobre o envolvimento com a mídia social. Trata-se do texto de 34 páginas, publicado em maio de 2023, que convida os católicos a “viverem no mundo digital como ‘vizinhos amorosos’ que estão genuinamente presentes e atentos uns aos outros em nosso comum caminho ao longo das ‘rodovias digitais'”.
Por sua vez, o cardeal Sebastian Francis, Bispo de Penang, na Malásia, e presidente do Setor de Comunicação Social da FABC, observou que o encontro de Bangcoc foi o primeiro encontro presencial da FABC-OSC em vários anos. “A comunicação é como vivemos, como nos relacionamos uns com os outros”, disse ele, acrescentando que os asiáticos são “basicamente contadores de histórias. E nós temos uma história para contar”. O cardeal expressou confiança de que os jovens missionários digitais poderão contar a história do Evangelho da misericórdia e da alegria. “Há tantos jovens, na Ásia em particular, que estão se tornando parte dessa missão e parte dessa história e que estão indo em frente, até mesmo nos precedendo na evangelização, compartilhando essa história do Evangelho com a Ásia.”