Paolo Ondarza – Vatican News
Foi apresentada, nesta quinta-feira (21/07), na Sala de Imprensa da Santa Sé, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação que será celebrado, em 1° de setembro. Nessa data tem início o mês dedicado ao Tempo da Criação que se concluirá em 4 de outubro, Festa de São Francisco de Assis.
Contemplação e ação
“Será um tempo de contemplação e ação”, disse a diretora associada do Movimento Laudato si’, Christina Leaño, que junto com o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e instituições cristãs protestantes, ortodoxas e de outras confissões, faz parte do Comitê Diretivo Ecumênico do Tempo da Criação.
A falta de ação é inaceitável
Foram lembradas as mais de 1.100 pessoas que morreram nos últimos dias devido às ondas de calor em Portugal e Espanha, os 5 milhões de habitantes do México que ficaram sem água e as temperaturas de 40 graus registradas em Londres. “Estamos chegando a um ponto de ruptura”, continuou Leaño, advertindo: “A falta de ação é inaceitável”. São necessárias ações concretas, “um novo acordo multilateral para impedir a destruição dos ecossistemas e a extinção das espécies” e “reduzir as emissões de gás de efeito estufa a zero, o mais rápido possível”. O convite é o de caminhar juntos na fé e no compromisso porque “toda iniciativa será uma peça essencial do mosaico que só juntos podemos criar”.
Eliminar os combustíveis fósseis
Em uníssono com Francisco, as instituições cristãs, garantiu a diretora associada do Movimento Laudato si’, exortarão as grandes indústrias extrativistas a mudar de rumo, por meio de ações como o desinvestimento de combustíveis fósseis” e a defender sempre os direitos das populações indígenas e das comunidades locais.
A eliminação gradual da produção de combustível existente é “urgente”, observou o prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny, e “deve ocorrer com uma transição justa para os trabalhadores desses setores em direção a alternativas que respeitem o ambiente”.
Agir agora
De olho nas cúpulas da COP27 sobre mudanças climáticas e da COP15 sobre biodiversidade, o cardeal fez um apelo para continuar buscando o objetivo de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, que já aumentou para 1,2ºC. “Todos os dias novos projetos relativos a combustíveis fósseis aceleram a corrida em direção ao abismo. Isso é demais”, disse o purpurado. “No âmbito da biodiversidade, o Papa espera um novo acordo da ONU para deter a destruição dos ecossistemas e a extinção das espécies”. “Pelo menos metade da terra e metade dos oceanos devem se tornar áreas protegidas até 2030 e os ecossistemas devastados devem ser restaurados”, foi o pedido formulado pelo prefeito do Dicastério Vaticano.
As repercussões sobre os últimos
Ao anunciar a nomeação do engenheiro John Mundell do Movimento dos Focolares como diretor da Plataforma de Ação Laudato si’, o cardeal Czerny exortou todos os cristãos a se unirem para “celebrar a doce canção da criação e responder ao seu grito amargo”. “As religiosas farão a sua parte”, disse a vice-secretária executiva da União Internacional das Superioras Gerais (UISG), irmã Mary John Kudiyiruppil. “Escutar a voz da criação e o grito de angústia de nossa irmã, a Mãe Terra”, pelos abusos que também afetam a vida dos pobres, indígenas, jovens e idosos”, explicou aos jornalistas, “requer um tipo de escuta profunda que hoje muitas vezes está ausente e que é mais do que um simples sentimento: é uma contemplação que nos abre para escutar as muitas vozes da criação, ser nutridos por sua beleza e abundância e ser perturbados por sua desfiguração e destruição”.
Conversão ecológica, juntos
Há um forte apelo para uma conversão ecológica que parte de uma mudança no estilo de vida. Durante a coletiva de imprensa, também foi apresentada uma contribuição em vídeo de dom José Colin Mendoza Bagaforo, bispo de Kidapawan, nas Filipinas, diretor nacional da Caritas Filipinas e do Programa Laudato si’ da Conferência episcopal. A partir de uma terra particularmente afetada por eventos climáticos extremos, o prelado fez um apelo pela proteção dos “direitos do ambiente”: “O tempo é curto, mas juntos é possível”.
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