O Papa Francisco rezou a oração mariana do Regina Caeli, nesta “Segunda-Feira na Oitava de Páscoa (18/04), feriado no Vaticano e na Itália, conhecida como “Segunda-feira do Anjo”, para lembrar a aparição do anjo às mulheres, anunciando a ressurreição de Jesus.
Segundo Francisco, “os dias da Oitava da Páscoa são como um único dia em que a alegria da Ressurreição é prolongada. Assim, o Evangelho da Liturgia de hoje continua nos falando do Ressuscitado, da sua aparição às mulheres que tinham ido ao túmulo”. “Jesus vai ao encontro delas e as saúda. Depois, diz a elas duas coisas, que serão boas para nós também acolhermos, como um dom da Páscoa”, frisou o Papa.
Sair dos túmulos dos nossos medos
Primeiro, ele as tranquiliza com as seguintes palavras: “Não tenham medo”.
O Senhor sabe que os medos são nossos inimigos diários. Ele também sabe que nossos medos provêm do grande medo, o medo da morte: medo de desaparecer, de perder entes queridos, de estar doente, de não conseguir fazer mais. Mas, na Páscoa, Jesus venceu a morte. Ninguém mais, portanto, pode nos dizer de forma mais convincente: “Não tenha medo”. O Senhor o diz ali mesmo, ao lado do túmulo do qual Ele saiu vitorioso. Ele nos convida assim a sair dos túmulos dos nossos medos. Ouçamos bem: sair dos túmulos de nossos medos, porque nossos medos são como túmulos, eles nos enterram dentro.
Segundo o Papa, Jesus “sabe que o medo está sempre agachado à porta de nossos corações e que precisamos ouvir dizer: não tenha medo: na manhã de Páscoa como na manhã de cada dia”. “Irmão, irmã, que acredita em Cristo, não tenha medo! “Eu, nos diz Jesus, provei a morte por você, tomei seu mal sobre mim”. Agora, eu ressuscitei para lhe dizer: Estou aqui, com você, para sempre. Não tenha medo”, sublinhou o Pontífice.
A alegria da Páscoa não é para ser guardada para si mesmo
“Como podemos concretamente combater o medo? “, perguntou o Papa, respondendo com a segunda coisa que Jesus disse às mulheres: “Vão anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”.
Vão e anunciem. O medo sempre nos fecha em nós mesmos; Jesus, ao invés, nos faz sair e nos envia aos outros. Aqui está o remédio. Mas eu, podemos dizer, não sou capaz! Aquelas mulheres certamente não eram as mais adequadas ou preparadas para anunciar o Ressuscitado, mas o Senhor não se importa. A Ele importa que se saia e se anuncie. Porque a alegria da Páscoa não é para ser guardada para si mesmo. A alegria de Cristo é fortalecida ao doá-la, se multiplica quando se compartilha. Se nos abrimos e levamos o Evangelho, nosso coração se expande e supera o medo. Este é o segredo: anunciar para vencer o medo.
A falsidade leva de volta ao túmulo
O Papa disse que o Evangelho de hoje “nos diz que o anúncio pode encontrar um obstáculo: a falsidade. Na verdade, o Evangelho narra “um contra-anúncio”, o dos soldados que haviam guardado o sepulcro de Jesus. Eles são pagos com “uma boa soma de dinheiro” e recebem estas instruções: “Digam isto: ‘Seus discípulos vieram de noite e o roubaram enquanto dormíamos'”. “Vocês estavam dormindo? Vocês viram no sono quando eles roubaram o corpo? Há ali uma contradição, mas uma contradição que todos acreditam, porque há dinheiro envolvido. É o poder do dinheiro, aquele outro senhor que Jesus diz para nunca servir. Há dois senhores: Deus e o dinheiro. Nunca servir”, sublinhou Francisco.
Aqui está a falsidade, a lógica da ocultação, que se opõe à proclamação da verdade. É um lembrete para nós também: a falsidade, nas palavras e na vida, polui o anúncio, corrompe por dentro, leva de volta ao túmulo. A falsidade nos leva para trás, nos leva à morte, ao sepulcro. O Ressuscitado, ao invés, quer nos tirar dos sepulcros, das falsidades e das dependências. Diante do Senhor ressuscitado, existe este outro deus: o deus dinheiro, que suja tudo, que arruína tudo, fecha as portas para a salvação. E isso esta para todo lado. Na vida cotidiana, há a tentação de adorar o deus dinheiro.
Segundo Francisco, “nós nos escandalizamos quando, através da informação, descobrimos mentiras e enganos na vida das pessoas e na sociedade”. “Mas, vamos também dar um nome às falsidades que existem dentro de nós! E coloquemos essas nossas opacidades diante da luz de Jesus ressuscitado. Ele quer levar à luz as coisas escondidas, para nos tornar testemunhas transparentes e luminosas da alegria do Evangelho, da verdade que nos liberta”, concluiu o Papa, pedindo “a Maria, Mãe do Ressuscitado, que nos ajude a vencer nossos medos e nos conceda a paixão pela verdade”.
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