O Papa Francisco deu início aos ritos do Tríduo Pascal celebrando a missa do Crisma, na Basílica de São Pedro, com a bênção dos santos óleos e a renovação das promessas sacerdotais.
De fato, disse o Papa na homilia comentando as leituras, “ser sacerdote é uma graça”, “uma graça muito grande”, que todavia não se destina ao próprio sacerdote, mas aos fiéis. E é do Senhor que receberá a recompensa, isto é, o seu Amor e o perdão incondicional dos pecados.
“Não há recompensa maior do que a amizade com Jesus. Não há paz maior do que o seu perdão. Não há preço mais elevado do que o seu precioso Sangue: não permitamos que seja aviltado com uma conduta indigna.”
Em outras palavras, se trata para aos sacerdotes de um convite à fidelidade, de manter sempre fixos os olhos em Jesus. No fim do dia, aconselhou o Papa, é bom olhar para o Senhor e deixar que Ele contemple o próprio coração não para contabilizar os pecados, mas numa atitude de contemplação e agradecimento. E não só, mas também identificar a rejeitar as tentações: “Deixar que o Senhor veja os nossos ídolos escondidos, torna-nos fortes face a eles e tira-lhes o poder.”
Os riscos da mundanidade, do pragmatismo e do funcionalismo
Francisco identificou três espaços de idolatria nos quais o Maligno se serve para enfraquecer a vocação sacerdotal.
O primeiro deles é a mundanidade espiritual, que é uma proposta de vida, uma cultura do efémero, da aparência, da maquilhagem. O seu critério é o triunfalismo sem Cruz. É a mundanidade de andar à procura da própria glória, que rouba a presença de Jesus humilde e humilhado. Um sacerdote mundano, disse o Papa, “não passa de um pagão clericalizado”.
Outro espaço de idolatria é a primazia ao pragmatismo dos números. Quem possui este ídolo se reconhece pelo seu amor às estatísticas. Mas as pessoas não se podem reduzir a números, advertiu o Pontífice. Substituir o Espírito Santo é aquilo que visa o ídolo dos números, que faz com que tudo «apareça», mas de modo abstrato e contabilizado.
O terceiro espaço de idolatria é o funcionalismo: “A mentalidade funcionalista não tolera o mistério, aposta na eficácia. Pouco a pouco, este ídolo vai substituindo em nós a presença do Pai”. O funcionalista não sabe alegrar-se com as graças do Espírito e se compraz com a eficácia dos programas.
Jesus é o caminho
Nestes dois últimos espaços de idolatria, a esperança em Deus é substituída pela constatação empírica, uma atitude que desintegra a união do rebanho, prejudica a fidelidade da aliança sacerdotal e resfria a relação pessoal com o Senhor.
Contra todas estas idolatrias, Jesus é o antídoto:
“Queridos irmãos, Jesus é o único caminho para não nos enganarmos no conhecimento do que sentimos e para onde nos leva o nosso coração; é o único caminho para um bom discernimento.”
Francisco concluiu pedindo a intercessão de São José, para que liberte de toda a avidez de possuir, pois esta é o terreno fecundo onde crescem estes ídolos. Que São José conceda discernimento para subordinar à caridade o que se aprende com a lei.
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