No Altar da Confissão da Basílica de São Pedro, o Papa Francisco conferiu o ministério sacerdotal a nove diáconos, na presença de várias centenas de fiéis, todos usando máscaras, incluindo os novos ordenandos. Concelebraram o cardeal Angelo De Donatis, vigário geral do Papa para a Diocese de Roma, Dom Gianpiero Palmieri, vice-regente de Roma, alguns cardeais, bispos auxiliares, superiores dos seminários onde os novos sacerdotes foram formados e os párocos dos ordenandos.
Sacerdócio não é uma carreira, é um serviço
O Papa, em uma homilia proferida de forma espontânea, convidou os novos sacerdotes a serem pastores, como o Senhor, “é isso o que ele quer de vocês: pastores. Pastores do Santo povo fiel de Deus. Pastores que vão com o povo de Deus: às vezes na frente, no meio, atrás do rebanho, mas sempre ali, com o povo de Deus”, repetiu Francisco, que convidou a superar a linguagem de um tempo que fala de “carreira eclesiástica”. “Isto não é uma carreira: é um serviço, um serviço como o mesmo que Deus fez ao seu povo”, afirmou.
Proximidade, compaixão, ternura
Estas são as três palavras que distinguem o estilo de Deus e que o Papa as examina detalhadamente, entregando aos novos sacerdotes a imitação desse estilo. Ele se detém em particular nas quatro declinações de proximidade: com Deus, na oração, nos Sacramentos, na Missa.
“Falar com o Senhor, estar próximo do Senhor”, esta é a preocupação do Papa, que recorda que o Senhor se fez próximo de nós em seu Filho. E que esteve próximo no caminho de discernimento vocacional dos ordenandos, “mesmo nos maus momentos do pecado: ele estava lá. Proximidade. Estejam próximos do santo povo fiel de Deus, mas antes de tudo perto de Deus, com a oração”. E diz: “Um sacerdote que não reza lentamente apaga o fogo do Espírito em seu interior”.
Sejam colaboradores do bispo
“No bispo tereis a unidade”, esta é a principal razão pela qual é importante permanecer firme com o seu bispo. “Vós sois colaboradores do bispo”, diz o Papa, que recorda um episódio de muito tempo atrás: “Um sacerdote teve a infelicidade – digamos assim – de me fazer escorregar. A primeira coisa que tive em mente foi chamar o bispo. Mesmo nos momentos difíceis, chama o bispo para estar perto dele”. O Papa sublinha a paternidade espiritual do bispo, a quem se confiar com humildade.
Não cair na fofoca
O Papa sugeriu um propósito para este dia: nunca falar pelas costas de um irmão sacerdote. “Se vocês tiverem alguma coisa contra o outro – disse Francisco – sejam homens (…), vão lá e digam na frente”. E enfatizou mais uma vez a nunca falar pelas costas. “Não sejam fofoqueiros. Não caiam na fofoca” e recomendou a unidade: no Conselho Episcopal, nas comissões, no trabalho.
Sacerdotes de povo, não clérigos de Estado
“Nenhum de vocês estudou para se tornar sacerdote. Vocês estudaram ciências eclesiásticas”, continou Francisco, dirigindo-se novamente aos ordenandos. “Vocês foram eleitos, tirados do povo de Deus”. E cita as palavras do Senhor a Davi: “Eu te tirei de trás do rebanho”. Então, convida a não se esquecerem de onde vieram: “de sua família, de seu povo. Não percam o faro do povo de Deus”.
O Santo Padre também cita o apóstolo Paulo que disse a Timóteo para se lembrar de sua mãe, sua avó, das próprias origens. O autor da Carta aos Hebreus diz: «Lembrai-vos daqueles que vos introduziram na fé». Francisco deixa com clareza este convite: “Sejam sacerdotes de povo, não clérigos de Estado!”.
Não fechar o coração aos problemas das pessoas
O Papa exorta os sacerdotes a “perderem tempo ouvindo e consolando”, e a serem dispensadores do perdão de Deus, que nunca se cansa de perdoar. Usar a “terna compaixão, de família, de pai, que faz sentir que tu estás na casa de Deus”: é o estilo que o Papa deseja aos padres, na recomendação de não serem “galgadores”, perseguindo o orgulho do dinheiro. “Sacerdotes, não empresários”, repete o Pontífice, convidando-os a não terem medo: “Se tiverem o estilo de Deus, tudo irá bem”.
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