O encontro com os sacerdotes, religiosos, religiosas, consagrados e seminaristas encerrou a visita do Papa Francisco à capital malgaxe, Antananarivo.
No pátio do Colégio São Miguel, o discurso do Pontífice foi antecedido pela saudação da Ir. Suzanne Marianne Raharisoa, presidente da Conferência das Religiosas.
Igreja em saída
Em seu pronunciamento, Francisco recordou os missionários pioneiros na ilha, entre os quais lazaristas e jesuítas, mas também os inúmeros leigos que, em tempos difíceis de perseguição, mantiveram viva a chama da fé nesta terra.
“ Isto convida-nos a recordar o nosso Batismo, como o primeiro e grande sacramento pelo qual recebemos o selo de filhos de Deus. Tudo o mais é expressão e manifestação deste amor inicial que sempre somos chamados a renovar. ”
Como os 72 discípulos de Jesus, os consagrados de Madagascar aceitaram o desafio de ser uma Igreja em saída, não obstante careçam dos serviços essenciais – água, eletricidade, estradas, meios de comunicação – ou dos recursos econômicos para gerir a vida e a atividade pastoral.
O Papa então agradeceu pelo testemunho de quem escolheu ficar, sem fazer da vocação um “trampolim para uma vida melhor”.
“ A pessoa consagrada, no sentido amplo da palavra, é a mulher ou o homem que aprendeu e quer permanecer no coração do seu Senhor e no coração do seu povo. ”
Não perder a bússola
Francisco advertiu os religiosos e consagrados a não perderem a atitude de louvar ao Senhor, pois com frequência, pode-se sucumbir à tentação de passar horas a falar dos “sucessos” ou dos “fracassos”, da “utilidade” das ações, ou da “influência” que se pode ter. Muitas vezes, isto leva a sonhar programas apostólicos cada vez maiores, meticulosos e bem elaborados, mas típicos dos generais derrotados.
“ Louvando, aprendemos a sensibilidade de não ‘perder a bússola’, para não fazer dos meios fins, nem do supérfluo o que é importante. ”
Em nome do Senhor Jesus
Os setenta e dois discípulos, prosseguiu o Papa, estavam conscientes de que o sucesso da missão dependeu do fato de a terem cumprido “em nome do Senhor Jesus”.
Não carregavam panfletos de propaganda com o retrato de Cristo. A alegria dos discípulos nascia da certeza de fazer as coisas em nome do Senhor, de viver o seu projeto, de partilhar a sua vida.
Em seu nome, acrescentou o Pontífice, “vocês são vencedores dando de comer a uma criança, salvando uma mãe do desespero de ficar sozinha a cuidar de tudo, dando trabalho a um pai de família”. É uma luta vitoriosa aquela que se combate contra a ignorância, garantindo uma educação. Grande sinal de vitória sobre o mal é recobrar a saúde a milhares de pessoas.
“Continuem com estas batalhas, mas sempre na oração e no louvor!”, encorajou o Papa.
Profissionais do sagrado
Todavia, está sempre à espreita o risco de se tornar “profissionais do sagrado”, ao invés de ser homens e mulheres de louvor.
“ Vençamos o espírito do mal no seu próprio terreno, ou seja, onde ele nos convida a apegar-nos a garantias econômicas, a espaços de poder e glória humana, respondamos com a disponibilidade e a pobreza evangélica que nos levam a dar a nossa vida pela missão. Não deixemos que nos roubem a alegria missionária! ”
Jesus louva o Pai, disse por fim o Papa, porque revelou estas coisas aos “pequeninos”. Estes pequeninos são os consagrados, porque a sua alegria está precisamente nesta revelação que Ele fez: a pessoa simples “vê e escuta” aquilo que nem os sábios, nem os profetas, nem os reis podem ver e escutar.
“ Feliz Igreja dos pobres e para os pobres, porque vive impregnada do perfume do seu Senhor, vive jubilosa, anunciando a Boa Nova aos descartados da terra, àqueles que são os preferidos de Deus. ”
Radio Vaticano