“Hoje somos convidados a contemplar e descobrir aquilo que o Senhor fez no passado, para nos lançarmos com Ele rumo ao futuro, sabendo que sempre, tanto nos êxitos como nos fracassos, voltará a chamar-nos convidando-nos a lançar as redes.”
Foi a exortação do Papa Francisco na missa celebrada na tarde deste III Domingo da Páscoa, na Praça Knyaz Alexandar I, em Sófia, capital búlgara, em seu último compromisso deste primeiro dia de sua visita à Bulgária, aonde chegou pela manhã no âmbito desta 29ª viagem apostólica internacional, que se concluirá na terça-feira visitando a Macedônia do Norte.
Três realidades que marcam a vida dos discípulos
Partindo a liturgia dominical, o Santo Padre articulou a homilia da celebração lembrando três realidades estupendas que marcam a nossa vida de discípulos: Deus chama, Deus surpreende, Deus ama.
Deus chama
Atendo-se à primeira delas, Francisco destacou o chamado que o Senhor fez a Pedro às margens do lago da Galileia, chamando-o a tornar-se pescador de homens. No segundo chamado, quando, após a Paixão do Senhor, Pedro tem a tentação de retomar as redes para voltar a pescar no lago, o Senhor recomeça do princípio, com paciência sai ao seu encontro e diz-lhe “Simão”. Era o nome do primeiro chamado, disse o Pontífice.
“O Senhor não espera situações ou estados de ânimo ideais, cria-os. Não espera encontrar-Se com pessoas sem problemas, sem decepções, pecados ou limitações. Ele mesmo enfrentou o pecado e a decepção, para ir ao encontro de cada vivente e convidá-lo a caminhar.”
“Irmãos, o Senhor não Se cansa de chamar. É a força do Amor que subverte todas as previsões e sabe recomeçar. Em Jesus, Deus sempre procura dar uma possibilidade. E assim procede também conosco: chama-nos cada dia para reviver a nossa história de amor com Ele, para voltar a fundar-nos na novidade que é Ele.”
Deus surpreende
Quando é o chamado de Jesus que orienta a vida, o coração rejuvenesce, acrescentou o Papa. Francisco lembrou que Deus surpreende – segunda realidade. “É o Senhor das surpresas que convida não só a surpreender-se, mas também a realizar coisas surpreendentes.”
“O Senhor chama e, encontrando os discípulos com as redes vazias, propõe-lhes algo de insólito: pescar de dia, o que é bastante estranho naquele lago. Devolve-lhes confiança, colocando-os em movimento e impelindo-os de novo a arriscar, a não dar nada e, especialmente, ninguém por perdido. É o Senhor da surpresa que rompe os fechamentos paralisadores, restituindo a audácia capaz de superar a suspeita, a desconfiança e o medo que se esconde por trás do «sempre se fez assim».”
“Deus surpreende, quando chama e convida a lançarmos, já não as redes, mas a nós mesmos ao largo na história e a olhar a vida, a olhar os outros e também a nós mesmos com os seus próprios olhos que, «no pecado, vê filhos carecidos de ser levantados; na morte, irmãos carecidos de ressuscitar; na desolação, corações carecidos de consolação. Por isso, não temas! O Senhor ama esta tua vida, mesmo quando tens medo de a olhar de frente e tomar a sério».”
Deus ama
Chegamos, assim, à terceira certeza de hoje, disse o Santo Padre: Deus ama. “Deus chama, Deus surpreende, porque Deus ama. O amor é a sua linguagem. Por isso, pede a Pedro – e a nós – para sintonizar-se com a mesma linguagem: «… amas-Me?» Pedro acolhe o convite e, depois de tanto tempo passado com Jesus, compreende que amar significa deixar de estar no centro.”
Pedro reconhece-se frágil, “compreende que, só com as suas forças, não pode prosseguir. E baseia-se no Senhor, na força do seu amor, até ao fim. Esta é a nossa força, que somos convidados a renovar todos os dias: o Senhor ama-nos”, prosseguiu.
“Ser cristão é um chamado a ter confiança que o Amor de Deus é maior do que qualquer limite ou pecado. Um dos grandes desgostos e obstáculos, que hoje sentimos, situa-se não tanto ao nível da compreensão de que Deus é amor, mas no fato de termos chegado a anunciá-Lo e testemunhá-Lo duma maneira tal, que, para muitos, este não é o seu nome. Mas Deus é amor, que ama, dá-Se, chama e surpreende.”
Protagonistas da revolução da caridade e do serviço
Francisco concluiu dirigindo a todos uma veemente exortação:
Aquilo que disse aos jovens na Exortação que escrevi recentemente, quero repeti-lo a vós também. Uma Igreja jovem, uma pessoa jovem, não pela idade, mas pela força do Espírito, convida-nos a testemunhar o amor de Cristo, um amor que impele e nos leva a estar prontos para lutar pelo bem comum, a ser servidores dos pobres, protagonistas da revolução da caridade e do serviço, capazes de resistir às patologias do individualismo consumista e superficial. Enamorados por Cristo, sede testemunhas vivas do Evangelho em todos os cantos desta cidade.”
Radio Vaticano