O Papa Francisco aponta para uma Liturgia viva. Este é o tema de no nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, desta quarta-feira.
Temos dedicado diversos programas deste nosso espaço à reforma litúrgica, suas raízes e à Constituição Sacrosanctum Concilium, promulgada pelo Papa Paulo VI no dia 4 de dezembro de 1963, no final da segunda sessão conciliar, e definida pelo Papa Francisco como “bom fruto da árvore da Igreja”, ao dirigir-se em 24 de agosto de 2017 aos participantes da Semana Litúrgica Italiana. O Papa enfatizou na ocasião que “a liturgia é vida para todo o povo”, “não uma ideia a ser compreendida” e “sem a presença real do mistério de Cristo, não há qualquer vitalidade litúrgica”. Padre Gerson Schmidt:
“Por ocasião do aniversário do 50 anos da Constituição Sacrosanctum Concilium, o Papa Francisco, na Sala Paulo VI, fez um discurso aos Participantes na 68ª SEMANA LITÚRGICA NACIONAL – na Itália, em 24 de agosto de 2017, recordando aspectos importantes da preparação do movimento litúrgico para a elaboração da Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium.
O Concílio Vaticano II – diz o Papa Francisco – fez madurar depois, como bom fruto da árvore da Igreja, a Constituição sobre a sagrada liturgia Sacrosanctum Concilium (SC), cujas linhas de reforma geral respondiam às necessidades reais e à esperança concreta de uma renovação: desejava-se uma liturgia viva para uma Igreja toda vivificada pelos mistérios celebrados. Tratava-se de expressar de maneira renovada a vitalidade perene da Igreja em oração, tendo o cuidado de que “os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente, por meio duma boa compreensão dos ritos e orações”(SC, 48)[1].
O Papa lembrou o rumo traçado pelo Concílio que encontrou forma, segundo o princípio do respeito da tradição sadia e do progresso legítimo (cf. SC, 23), nos livros litúrgicos promulgados pelo Beato Paulo VI, bem recebidos pelos próprios Bispos que participaram no Concílio, e já há quase 50 anos universalmente em uso no Rito Romano. A aplicação prática, guiada pelas Conferências Episcopais nos respectivos países, ainda está a decorrer, pois não é suficiente reformar os livros litúrgicos para renovar a mentalidade. Papa Francisco lembrou de que a mentalidade também precisa ser reformada, não só os ritos ou livros.
Disse ainda que “os livros reformados nos termos dos decretos do Vaticano II desencadearam um processo que requer tempo, recepção fiel, obediência prática, atuação celebrativa sábia por parte, primeiro, dos ministros ordenados, mas também dos outros ministros, dos cantores e de todos os que participam na liturgia. Na realidade, sabemo-lo bem, a educação litúrgica dos padres, bispos e fiéis é um desafio a ser enfrentado sempre de novo. O próprio Paulo VI, um ano antes da morte, dizia aos Cardeais reunidos em Consistório: «Chegou o momento, agora, de abandonar definitivamente os fermentos desagregadores, igualmente perniciosos num sentido e noutro, e de aplicar integralmente nos seus justos critérios inspiradores, a reforma por Nós aprovada em aplicação aos votos do Concílio». E hoje ainda é preciso trabalhar neste sentido, em particular redescobrindo os motivos das decisões tomadas com a reforma litúrgica, superando leituras infundadas e superficiais, resseções parciais e práticas que a desfiguram”.
Papa Francisco diz que depois deste magistério e, após este longo caminho podemos afirmar com certeza e com autoridade magistral que a reforma litúrgica é irreversível. A reforma na liturgia, proposta pelo Concílio, não pode retroceder, tem que avançar, e que há muito que realizar no Povo de Deus – disse Papa Francisco na mensagem aos participantes da 68ª Semana Litúrgica nacional na Itália”.
Radio Vaticano