Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Neste Domingo da Divina Misericórdia, o Papa rezou com os fiéis na Praça São Pedro a oração do Regina Caeli e comentou o  Evangelho proposto pela liturgia (cfr Jo 20,19-31), em que Jesus ressuscitado aparece aos discípulos. Francisco se deteve no último versículo que diz que crendo em Jesus, podemos ter a vida em seu nome.

Existem várias maneiras de ter a vida, afirmou o Papa. Há quem reduza a existência a uma corrida frenética para gozar e possuir tantas coisas: comer e beber, divertir-se, acumular dinheiro e posses. É um caminho que, à primeira vista, parece prazeroso, mas não sacia o coração. Mas não é assim que se “tem a vida”, porque seguindo os caminhos do prazer e do poder não se encontra a felicidade. Com efeito, permanecem sem resposta muitos aspectos da existência, como, por exemplo, o amor, as experiências inevitáveis da dor, do limite e da morte.

Como vai a minha esperança?

O Pontífice convidou a observar como agem os discípulos no Evangelho. Depois dos dias da paixão, estão fechados no Cenáculo, assustados e desencorajados. O Ressuscitado vai ao encontro deles e como primeiro gesto mostra as suas chagas: os sinais do sofrimento e da dor se tornam com Jesus os canais da misericórdia e do perdão. Assim, os discípulos compreendem que, com Jesus, a vida vence e a morte e o pecado foram derrotados. E recebem o dom do seu Espírito, que dá a eles uma vida nova, de filhos amados, repleta de alegria, amor e esperança.

“Eu lhes pergunto: vocês têm esperança? Cada um se pergunte: Como vai a minha esperança?”

Eis então como fazer todos os dias para “ter a vida”: basta fixar o olhar em Jesus crucificado e ressuscitado, encontrá-Lo nos Sacramentos e na oração, reconhecê-Lo presente, acreditar Nele, deixar-se tocar pela sua graça e guiar pelo seu exemplo, experimentar a alegria de amar como Ele.

“Todo encontro com Jesus, um encontro vivo com Jesus, nos permite ter mais vida. Buscar Jesus, deixar-se encontrar, porque Ele nos procura, abrir o coração ao encontro com Jesus.”

Por fim, os questionamentos propostos por Francisco: “Eu acredito na potência da ressurreição de Jesus, acredito que Jesus ressuscitou? Acredito na sua vitória sobre o pecado, sobre o medo e sobre a morte?”.

“Que Maria nos ajude a ter uma fé sempre maior em Jesus ressuscitado para ‘ter a vida’ e difundir a alegria da Páscoa”, concluiu Francisco.

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Papa recebe membros da fundação santa angela merici, de siracusa

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O Papa recebeu os membros da Fundação Santa Ângela Mérici, de Siracusa, que está completando 50 anos.

A Fundação trabalha em prol das pessoas mais frágeis e tem sua origem no evento que marcou a cidade siciliana em 1953, quando um quadro de Nossa Senhora começou a lacrimejar na casa dos cônjuges Iannuso.

“São as lágrimas de Maria, a nossa Mãe, Mãe celeste, pelos sofrimentos e as penas dos seus filhos. Maria chora pelos seus filhos que sofrem. São lágrimas que nos falam da compaixão de Deus por todos nós. Devemos pensar nisto: a compaixão de Deus. Ele, com efeito, doou a todos nós a sua Mãe, que chora as nossas mesmas lágrimas para que não nos sintamos sós nos momentos mais difíceis.”

Ao mesmo tempo, prosseguiu Francisco, através das lágrimas da Virgem Santa, o Senhor quer amolecer os nossos corações que, às vezes, ressecaram na indiferença e endureceram no egoísmo; quer tornar sensível a nossa consciência para que nos deixemos tocar pela dor dos irmãos.

Momento da audiência do Papa
Momento da audiência do Papa

A Fundação, portanto, existe para expressar em gestos concretos as lágrimas derramadas pela Virgem Maria e, ao mesmo tempo, enxugar o pranto dos seus filhos. A exortação do Papa é para que os seus membros não percam as raízes e permaneçam unidos à fonte, que é o Evangelho.

“O Evangelho é a fonte porque Jesus, por primeiro – não o esqueçamos – se deixou tocar nas vísceras pelos sofrimentos de quem encontrava. Jesus, de fato, nos pede para jamais separar o amor por Deus do amor pelo próximo, em especial pelos mais pobres. E que seremos julgados não pelas práticas exteriores, mas pelo amor.

Momento da audiência com o Papa
Momento da audiência com o Papa

Francisco pede então uma graça, “a mais importante de todas”, de saber-se comover, a capacidade de chorar com quem chora. Para o Papa, a indiferença, o individualismo, que nos fecha ao destino de quem está ao nosso redor, e a anestesia do coração, que não nos deixa mais comover diante dos dramas da vida cotidiana, são os piores males da nossa sociedade. E encorajou: “Por favor, não tenham vergonha de chorar, de sentir comoção por quem sofre; não se poupem ao exercitar compaixão por quem é frágil, porque nessas pessoas está presente Jesus”.

O Pontífice concluiu exortando os membros da Fundação a não se desencorajarem, mesmo que o trabalho permaneça escondido e exija um sacrifício silencioso e cotidiano. “O bem que se faz a quem não pode retribuir se expande de modo surpreendente e inesperado”, recordou Francisco.

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