Silvonei José – Vatican News
O Papa Francisco recebeu na manhã desta quinta-feira, no Vaticano, as participantes, cerca de 160, da Conferência Internacional Mulheres na Igreja: artífices do ser humano.
“Preparei um discurso para os senhores, mas estou cansado e é um pouco difícil lê-lo. Por isso, pedi a este bom monsenhor [o padre rosminiano Pierluigi Giroli, da Secretaria de Estado] que o lesse em meu nome”, afirmou Francisco.
Obrigado por sua presença e por organizar e promover esse evento. Evento, disse o Papa que destaca particularmente o testemunho de santidade de dez mulheres. Gostaria de nomeá-las: Josephine Bakhita, Magdeleine de Jesus, Elizabeth Ann Seton, Maria MacKillop, Laura Montoya, Kateri Tekakwitha, Teresa de Calcutá, Rafqa Pietra Choboq Ar-Rayès, Maria Beltrame Quattrocchi e Daphrose Mukasanga.
Todas elas, em diferentes épocas e culturas, com estilos próprios e diferentes, e com iniciativas de caridade, educação e oração, deram provas de como o “gênio feminino” pode refletir de forma única a santidade de Deus no mundo. De fato, precisamente em épocas em que as mulheres eram mais excluídas da vida social e eclesial, “o Espírito Santo suscitou santas cujo encanto provocou novos dinamismos espirituais e importantes reformas na Igreja”. Não só isso, mas eu também gostaria de “recordar tantas mulheres desconhecidas ou esquecidas que, cada uma a seu modo, sustentaram e transformaram famílias e comunidades com a força de seu testemunho”.
E a Igreja precisa disso, – disse o Papa – porque a Igreja é mulher: filha, noiva e mãe, e quem mais do que a mulher pode revelar seu rosto? Ajudemo-nos mutuamente, sem forçar e sem rasgar, mas com cuidadoso discernimento, dóceis à voz do Espírito e fiéis em comunhão, a encontrar caminhos adequados para que a grandeza e o papel das mulheres sejam mais valorizados no Povo de Deus.
O Papa afimou: “vocês escolheram uma expressão específica para intitular sua conferência, chamando as mulheres de “artífices do humano”. Essas são palavras que lembram ainda mais claramente a natureza de sua vocação: a de serem “artesãs”, colaboradoras do Criador a serviço da vida, do bem comum e da paz. E eu gostaria de enfatizar dois aspectos dessa missão, relativos ao estilo e à formação”.
Antes de tudo, o estilo. Estamos em uma época marcada pelo ódio, na qual a humanidade, que precisa se sentir amada, é frequentemente marcada pela violência, pela guerra e por ideologias que afogam os mais belos sentimentos do coração. E justamente nesse contexto, – continuou o Papa no seu discurso – a contribuição feminina é mais indispensável do que nunca: a mulher, de fato, sabe unir com ternura. Santa Teresa do Menino Jesus disse que queria ser o amor na Igreja. E ela tinha razão: a mulher, de fato, com sua capacidade única de compaixão, com sua intuição e com sua inclinação conatural para “cuidar”, sabe ser, de modo eminente, para a sociedade, a “inteligência e o coração que ama e une”, colocando amor onde não há amor, humanidade onde os seres humanos lutam para se encontrar.
Segundo aspecto: a formação. Vocês organizaram essa conferência com a colaboração de várias realidades acadêmicas católicas. E, de fato, no contexto da pastoral universitária, propor aos estudantes, além do estudo acadêmico da doutrina e da mensagem social da Igreja, testemunhos de santidade, especialmente de mulheres, encoraja-os a elevar o olhar, a ampliar o horizonte dos próprios sonhos e do próprio modo de pensar e a se dispor a seguir ideais elevados. Assim, a santidade pode se tornar uma linha educacional transversal em toda a abordagem do conhecimento. Por isso, espero que seus ambientes, além de serem lugares de estudo, pesquisa e aprendizado, lugares “informativos”, sejam também contextos “formativos”, onde vocês ajudem a abrir a mente e o coração à ação do Espírito Santo.
Uma última coisa – disse ainda Francisco – sobre o tema da formação: “no mundo, onde as mulheres ainda sofrem tanta violência, desigualdade, injustiça e maus-tratos – e isso é escandaloso, ainda mais para quem professa a fé no Deus “nascido de mulher” -, existe uma grave forma de discriminação, que está precisamente ligada à educação das mulheres. De fato, ela é temida em muitos contextos, mas o caminho para sociedades melhores passa justamente pela educação de meninas, moças e mulheres jovens, da qual o desenvolvimento humano se beneficia. Rezemos e nos comprometamos com isso!”
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