Angelus – Papa Francisco  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Silvonei José – Vatican News

“O convite para o nosso caminho de Quaresma é fazer com que em nós e ao nosso redor haja mais casa e menos mercado. Antes de tudo, em direção a Deus. Rezando muito,  como filhos que batem incansavelmente e com confiança à porta do Pai, e não como vendedores avaros e desconfiados. E depois, espalhando a fraternidade. Há necessidade”. Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus deste Terceiro Domingo da Quaresma, na Praça São Pedro.

O Evangelho de hoje – disse o Santo Padre na alocução que precedeu o Angelus – nos mostra uma cena dura: Jesus que expulsa os vendilhões do templo. Ele afasta os vendedores, derruba os bancos dos cambistas e admoesta a todos dizendo: “Não façam da casa de meu Pai um mercado”. O Papa se detém exatamente no contraste entre casa e mercado: são, de fato, duas maneiras diferentes de se apresentar diante do Senhor.

“No templo, entendido como um mercado, para estar de bem com Deus, bastava comprar um cordeiro, pagá-lo e consumi-lo nas brasas do altar”. Comprar, pagar, consumir, e depois cada um para casa sua, frisou o Papa.

Angelus de 03 de março de 2024

No templo, porém, entendido como casa, acontece o contrário: a pessoa vai ao encontro do Senhor, une-se a Ele e aos irmãos, para compartilhar alegrias e tristezas.

Ainda mais: “no mercado, joga-se com o preço, em casa não se calcula; no mercado, busca-se o próprio interesse, em casa, dá-se gratuitamente”. E Francisco sublinha:

“Jesus é duro hoje porque não aceita que o templo-mercado substitua o templo-casa, que o relacionamento com Deus seja distante e comercial em vez de próximo e confiante, que os bancos de vendas tomem o lugar da mesa da família, os preços o lugar dos abraços e as moedas o lugar das carícias. Pois, dessa forma, cria-se uma barreira entre Deus e o homem e entre irmão e irmão, ao passo que Cristo veio para trazer comunhão, misericórdia e proximidade”.

Então, vamos nos perguntar, continuou Francisco: antes de tudo, como é minha oração? É um preço a pagar ou é um momento de entrega confiante, em que não olho para o relógio? E como são meus relacionamentos com os outros? Sei como dar sem esperar pela reciprocidade? Sei dar o primeiro passo para quebrar os muros do silêncio e os vazios das distâncias?

E conclui pedindo que Maria nos ajude a “fazer casa” com Deus, entre nós e ao nosso redor.

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Silvonei José – Vatican News

Francisco na sua mensagem para a 1ª Jornada Mundial das Crianças dirige-se antes de mais, a cada um pessoalmente: “a ti, querida menina, a ti, querido menino, porque sois preciosos aos olhos de Deus, como nos ensina a Bíblia (cf. Is 43, 4) e tantas vezes o demonstrou Jesus”.

“Ao mesmo tempo a mensagem é enviada a todos, porque todos sois importantes e, juntos – os de perto e os de longe –, manifestais o desejo que há em cada um de nós de crescer e se renovar. Lembrais-nos que somos, todos, filhos e irmãos e ninguém pode existir sem uma pessoa que o traga ao mundo, nem crescer sem ter outros a quem dar amor e de quem receber amor” (cf. Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 95).

“Assim todos vós, meninas e meninos, que sois a alegria dos vossos pais e das vossas famílias, constituís também a alegria da humanidade e da Igreja, na qual cada um representa o elo duma cadeia muito longa, que se estende do passado ao futuro e cobre toda a terra. Por isso vos recomendo que escuteis sempre com atenção as histórias dos adultos: da mamãe, do papai, dos avós e bisavós! E ao mesmo tempo não esqueçais quem dentre vós embora tão pequeno já se encontra a lutar contra doenças e dificuldades, no hospital ou em casa, quem é vítima da guerra e da violência, quem padece a fome e a sede, quem vive na rua, quem é forçado a combater como soldado ou tem de escapar como refugiado, separado dos seus pais, quem não pode ir à escola, quem é vítima de grupos criminosos, das drogas ou doutras formas de escravidão, dos abusos. Em resumo, todas aquelas crianças a quem, ainda hoje, é cruelmente roubada a infância. Escutai-as, ou melhor, escutemo-las, porque, no seu sofrimento, falam-nos da realidade, com os olhos purificados pelas lágrimas e com aquele tenaz desejo de bem que nasce no coração de quem viu como é feio, de verdade, o mal”.

“Meus amiguinhos, para nos renovarmos a nós mesmos e ao mundo, não basta encontrar-nos entre nós: é necessário estar unidos a Jesus. D’Ele recebemos tanta coragem! Está sempre perto de nós; o seu Espírito precede-nos e acompanha-nos pelos caminhos do mundo. Jesus diz-nos: «Eu renovo todas as coisas» (Ap 21, 5); são as palavras que escolhi como tema para a vossa primeira Jornada Mundial. Estas palavras convidam a tornar-nos ágeis como crianças no acolhimento das novidades suscitadas em nós e ao nosso redor pelo Espírito.

Com Jesus, podemos sonhar uma nova humanidade e trabalhar por uma sociedade mais fraterna e atenta à nossa casa comum, começando por coisas simples como saudar os outros, pedir licença, pedir desculpa, dizer obrigado. O mundo transforma-se antes de mais através de pequenas coisas, sem ter vergonha de realizar apenas pequenos passos. Com efeito, a nossa pequenez lembra-nos que somos frágeis e que precisamos uns dos outros enquanto membros de um único corpo” (cf. Rm 12, 5; 1 Cor 12, 26).

“Mais ainda! Sozinhos, queridas meninas e queridos meninos, não podemos sequer ser felizes, porque a alegria cresce na medida em que a partilhamos: nasce com a gratidão pelos dons que recebemos e, por nossa vez, comunicamos aos outros.

Quando guardamos só para nós o que recebemos, ou até fazemos uma birra para conseguir esta ou aquela dádiva, na realidade esquecemo-nos de que o maior dom somos nós mesmos, uns para os outros: somos nós a «prenda de Deus». Os outros dons servem apenas para estar juntos; se não os utilizamos para isso, seremos eternos insatisfeitos e nunca nos bastarão”.

“Quero agora confiar-vos um segredo importante: para sermos verdadeiramente felizes, é preciso rezar, rezar muito, todos os dias, porque a oração liga-nos diretamente a Deus, enche-nos o coração de luz e calor e ajuda-nos a fazer tudo com confiança e serenidade. Também Jesus sempre rezava ao Pai.

Sabeis como Lhe chamava? Na sua língua, chamava-Lhe simplesmente Abbá, que significa Papá (cf. Mc 14, 36). Façamo-lo também nós! Senti-Lo-emos sempre perto de nós.

Queridas meninas, queridos meninos! Sabeis que em maio nos encontraremos em grande número em Roma; encontrar-nos-emos precisamente convosco, que vireis de todo o mundo! E assim, para nos prepararmos bem, rezando, recomendo-vos que useis as mesmas palavras que Jesus nos ensinou: o Pai nosso. Rezai-o todas as manhãs e todas as noites; e fazei-o também em família, com os vossos pais, irmãos, irmãs e avós.

Caríssimos, Deus, que desde sempre nos amou (cf. Jr 1, 5), vela por nós com o olhar do mais amoroso dos papás e da mais terna das mamãs. Ele nunca Se esquece de nós (cf. Is 49, 15), e cada dia acompanha-nos e renova-nos com o seu Espírito.

Juntamente com Maria Santíssima e São José, rezemos com estas palavras:

Vinde, Santo Espírito,

mostrai-nos a vossa beleza

refletida nos rostos

das meninas e meninos da terra inteira.

Vinde Jesus,

que renovais todas as coisas

e sois o caminho que nos conduz ao Pai,

vinde e ficai connosco.

Amém.

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