Uma mistura de alegria e tristeza é assim que se define a saudade! Alegria por ter vivido algo bom; e tristeza por estar privado dessa alegria no momento presente. Mas não é só isso, na gramática, saudade ainda é um substantivo abstrato, e tão abstrato que só existe na língua portuguesa. De origem latina, “saudade” é fruto da transformação da palavra solidão. E, quando se fala da nossa saudade, em termos brasileiros, é difícil traduzir esse sentimento intrinsecamente ligado à saúde mental porque tem a ver com vários fatores, inclusive a cultura, que traz em si uma explosão de sentidos.

Além disso, esse sentimento tão complexo e profundo, que descreve a sensação de falta e nostalgia, não se limita à lembrança afetuosa de pessoas, mas também de lugares, momentos ou experiências que estão distantes no tempo ou no espaço. “A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”, afirma o poeta Rubem Alves. E, mesmo que a saudade, as vezes, “amargue que nem jiló”, como canta Luiz Gonzaga, ela também pode ser uma oportunidade para crescimento, resiliência emocional e um lembrete constante do valor das relações humanas em nossa vida, se soubermos lidar com ela de maneira saudável.

Isso envolve reconhecer a saudade, permitir-se senti-la; e, quando necessário, buscar apoio para enfrentá-la. Todo mundo sabe que lidar com esse sentimento não é fácil, especialmente quando se trata de perdas significativas, como a morte de um ente querido, por exemplo. Mas o equilíbrio entre lembranças afetuosas e a busca por viver com significado o momento presente pode ser o meio para termos uma “relação saudável” com a saudade, e também aprendermos lições significativas com ela.

Lembrar com alegria e gratidão

Eu, por exemplo, sinto saudades de várias coisas, inclusive de alguns lugares onde já morei, pessoas queridas que convivi e, hoje, estão distantes e outros que até já faleceram, como é o caso do meu pai. Mas sempre que a saudade aperta o coração, procuro fazer o exercício de recordar com gratidão do quanto foi bom ter vivido experiências tão boas e significavas nesses lugares e com essas pessoas. E, sendo assim, a dor da saudade dá lugar para a alegria da gratidão.

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Eu sei que isso não é fácil, então, se você está buscando meios para aprender a lidar com a saudade, aceitação é a dica número um; e essa se divide em dois momentos.

O primeiro é aceitar a situação que provocou a saudade, que pode ter sido pela morte, uma viagem ou separação da pessoa amada. Negar um sentimento sempre provoca reações negativas. E, quando o assunto é saudade, negá-la pode provocar distúrbios emocionais como ansiedade e depressão.

O segundo ponto é compreender que existirão dias que a saudade vai bater mais forte, e isso é normal. Todos nós já sentimos saudade algum dia ou estamos sentindo agora; e saber que não estamos sozinhos traz conforto ao coração.

Ser acolhido pelo próximo

Buscar boas companhias também é uma dica importante para quem está procurando lidar com a saudade do jeito certo.

Somos seres “movidos ao amor” e, por isso, necessitamos conversar, abraçar, estar perto, ser ouvidos e demonstrar nossas emoções. Então, não pare na dor da ausência, não se isole, sempre que precisar saia do comodismo e procure pessoas queridas para falar sobre seus sentimentos. Nesse sentido, busque também oferecer ajuda a quem precisa e tente não ficar focado em sua dor. Sou testemunha de que o amor que nos cura é o amor que doamos, inclusive em situações em que achamos que não temos nada a oferecer.

De forma geral, se você deseja superar a saudade, busque boas companhias para conversas produtivas e momentos agradáveis, a vida tem mais sentido quando é compartilhada!

Aprendendo a lidar com sentimentos

Agora, se você percebe que, mesmo dando esses passos não está conseguindo lidar com a saudade de forma construtiva, que tal buscar a ajuda de um profissional?

A terapia pode lhe ajudar a refletir sobre a falta que você está sentindo, mas também lhe ajudará a conhecer-se melhor e a lidar de maneira mais consciente com seus sentimentos e pensamentos. Além de lhe ajudar a entender que sentimentos, de modo geral, fazem parte da vida e podem nos proporcionar benefícios, dependendo da forma como lidamos com eles.

Em todo caso, penso que a saudade não precisa ser apenas uma lembrança do passado, ela pode ser também uma inspiração para criar um presente mais significativo e um futuro cheio de esperança. Porque ela é um sinal de que amamos; e o amor é o que dá sentido a tudo que vivemos no passado e no presente, mas também nos enche de esperança em relação ao que pretendemos viver no futuro.

Canção Nova

“A ira” foi o tema deste encontro semanal do Pontífice com os fiéis. Segundo o Papa, a ira “é um vício particularmente obscuro e talvez o mais simples de identificar do ponto de vista físico”. Segundo ele, “a pessoa dominada pela ira tem dificuldade em esconder esse ímpeto: reconhece-se pelos movimentos do seu corpo, pela agressão, pela respiração difícil, pelo olhar sombrio e carrancudo”.

A ira é um pecado que destrói as relações humanas

De acordo com o Papa, “na sua manifestação mais aguda, a ira é um pecado que não deixa trégua. Se surge de uma injustiça sofrida ou que se acredita ser tal, muitas vezes não é desencadeada contra o culpado, mas contra o primeiro infeliz que se encontra”.

“Há homens que reprimem a ira no local de trabalho, parecendo calmos e controlados, porém, uma vez em casa, tornam-se insuportáveis para a esposa e os filhos. A ira é um pecado desenfreado: é capaz de tirar-nos o sono e nos fazer tramar continuamente na nossa mente, sem conseguir encontrar uma barreira aos raciocínios e aos pensamentos.”

A seguir, Francisco disse que a ira “é um pecado que destrói as relações humanas. Expressa a incapacidade de aceitar a diversidade dos outros, especialmente quando as suas escolhas de vida divergem das nossas. Não se detém nos comportamentos errados de uma pessoa, mas joga tudo no caldeirão: é o outro, o outro como ele é, o outro como tal que causa a raiva e o ressentimento. Começa-se a odiar o tom da sua voz, os gestos banais do dia a dia, os seus modos de raciocinar e de sentir“.

Perda da clareza

Segundo o Papa, “quando a relação atinge esse nível de degeneração, já se perdeu a clareza. Porque uma das características da ira, às vezes, é que ela não pode ser mitigada com o tempo. É importante que tudo se dissolva imediatamente, antes do pôr do sol. Se durante o dia surgir algum mal-entendido e duas pessoas não conseguem mais se entender, sentindo-se subitamente distantes, a noite não deve ser entregue ao diabo. O pecado nos mantém acordados no escuro a remoer nossas razões e os erros indizíveis, que nunca são nossos e sempre do outro”. “É assim: quando uma pessoa está sob a ira, ela sempre, sempre diz que o problema está no outro. Ela nunca é capaz de reconhecer suas próprias falhas, seus próprios defeitos“, acrescentou o Papa.

“No “Pai Nosso”, Jesus faz-nos rezar pelas nossas relações humanas que são um campo minado: um plano que nunca está em perfeito equilíbrio. Todos precisamos aprender a perdoar. Os homens não estão juntos se não praticarem também a arte do perdão, tanto quanto isso for humanamente possível. O que neutraliza a ira é a benevolência, a generosidade, a mansidão, a paciência”, disse ainda Francisco.

Ira, origem das guerras e da violência

O Pontífice disse outra coisa a propósito da ira: que ela “é um pecado terrível que está na origem das guerras e da violência. Porém, nem tudo que surge da ira está errado. Os antigos sabiam muito bem que existe uma parte irascível dentro de nós que não pode e não deve ser negada”.

As paixões são, até certo ponto, inconscientes: acontecem, são experiências da vida. Não somos responsáveis pelo surgimento da ira, mas sempre pelo seu desenvolvimento. E às vezes é bom que a ira seja desabafada da maneira certa. Se uma pessoa nunca se irritasse, se não se indignasse diante de uma injustiça, se diante da opressão de uma pessoa fraca não sentisse algo tremendo nas suas entranhas, então isso significaria que não é humana, e muito menos, cristã.

Santa indignação

“Existe uma santa indignação, que não é ira, mas é um movimento interior, uma santa indignação. Jesus a encontrou várias vezes na sua vida: nunca respondeu ao mal com o mal, mas na sua alma sentiu este sentimento e, no caso dos cambistas do Templo, realizou uma ação forte e profética, ditada não pela ira, mas pelo zelo pela casa do Senhor. É preciso distinguir bem, o zelo, a santa indignação, é uma coisa, a ira, que é ruim, é outra coisa. Cabe a nós, com a ajuda do Espírito Santo, encontrar a medida certa das paixões. Educá-las para que se tornem boas”, concluiu o Papa.

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