O Papa aos Focolarinos: sejam testemunhas e construtores da paz de Cristo

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Raimundo de Lima – Vatican News

Agradeço-lhes por terem vindo celebrar o 80º aniversário da fundação do Movimento dos Focolares, também conhecido como Obra de Maria. Foram as palavras com as quais o Santo Padre agradeceu aos focolarinos na manhã desta quinta-feira, 7 de dezembro, ao recebê-los na Sala do Consistório, no Vaticano, por ocasião dos 80 anos de fundação do Movimento.

Francisco lembrou que este aniversário coincide com o dia em que a Serva de Deus Chiara Lubich decidiu consagrar-se totalmente ao Senhor. A partir de uma inspiração recebida em um contexto de vida absolutamente ordinário – enquanto fazia compras para a família – surgiu um ato radical de doação a Deus, como resposta ao chamado que ela sentia doce e forte em seu coração.

Unidade também significa harmonia: unidade harmônica

Era 7 de dezembro de 1943, em Trento, no auge da guerra; na véspera da Solenidade da Imaculada Conceição, o “sim” de Maria se tornou o “sim” de Chiara, gerando uma onda de espiritualidade que se espalhou pelo mundo, para dizer a todos que é belo viver o Evangelho com uma simples palavra: unidade. Mas unidade também significa harmonia: unidade harmônica, observou o Pontífice.

Em seu discurso, Francisco reiterou o convite ao Movimento feito em fevereiro de 2021, ocasião em que ressaltou  três atitudes que são importantes para seu caminho: viver com fidelidade dinâmica o seu carisma, acolher os momentos de crise como uma oportunidade de amadurecer, encarnar sua espiritualidade com coerência e realismo. E o fez para encorajá-los a vivê-los e promovê-los segundo três linhas: a maturidade eclesial, fidelidade ao carisma e compromisso com a paz.

Maturidade eclesial

A Maturidade eclesial. Convido-os a trabalhar para que o sonho de uma Igreja plenamente sinodal e missionária possa ser cada vez mais realizado. Comecem pelas suas comunidades, promovendo nelas um estilo de participação e de corresponsabilidade, também em nível de governo. Façam crescer os focolares dentro delas e difundam ao seu redor um clima de escuta recíproca e de calor familiar, no qual nos respeitemos e cuidemos uns dos outros, com particular atenção aos mais fracos e aos mais necessitados de apoio.

Para esse fim, apontou o Santo Padre, será útil que busquem caminhos de participação e consulta mútuas em todos os níveis, dando atenção especial à comunicação e ao diálogo sincero.

Fidelidade ao carisma

Com relação à segunda linha, fidelidade ao carisma, lembro-lhes de algumas palavras de sua Fundadora. Ela costumava dizer: “Deixem apenas o Evangelho para aqueles que os seguem. Se vocês fizerem isso, o ideal da unidade permanecerá (…). O que permanece e sempre permanecerá é o Evangelho, que não sofre o desgaste do tempo”. Semeiem, por favor, a unidade levando o Evangelho, sem nunca perder de vista a obra da encarnação que Deus continua a querer realizar em nós e ao nosso redor por meio do seu Espírito, para que Jesus seja uma boa notícia para todos, sem excluir ninguém, e “para que todos sejam um”.

Compromisso com a paz

E assim chegamos à terceira linha: o compromisso com a paz, tão importante hoje… Depois de dois milênios de cristianismo, de fato, o anseio de unidade continua a assumir, em muitas partes do mundo, a forma de um grito agonizante que exige uma resposta. Chiara o ouviu durante a tragédia da Segunda Guerra Mundial e decidiu doar toda a sua vida para que aquele “testamento de Jesus” pudesse ser realizado. Hoje, infelizmente, o mundo ainda é dilacerado por muitos conflitos e continua precisando de artesãos da fraternidade e da paz entre os povos e as nações.

Chiara dizia: “Ser amor e difundi-lo é o objetivo geral da Obra de Maria”. “Ser amor e difundi-lo”: esse é o objetivo principal. E sabemos que somente do amor nasce o fruto da paz. É por isso que peço a vocês que sejam testemunhas e construtores da paz que Cristo alcançou com sua cruz, vencendo a inimizade.

A armadilha do mundanismo espiritual está sempre à espreita

Antes de concluir, o Papa chamou a atenção para o fato de que desde o fim da Segunda Guerra Mundial até agora, as guerras não acabaram. E não temos consciência daquele drama da guerra. E a guerra não acaba. E na guerra todo mundo perde. Todos. Somente os fabricantes de armas ganham. E se as armas não fossem fabricadas em um ano, a fome no mundo acabaria… É terrível. Precisamos refletir sobre esse drama.

Antes de concluir, Francisco quis fazer um último convite, apropriado neste período de Advento: o da vigilância. A armadilha do mundanismo espiritual está sempre à espreita. Portanto, vocês também devem saber como reagir com decisão, coerência e realismo. Lembremo-nos de que a incoerência entre o que dizemos ser e o que realmente somos é o pior anti-testemunho: a incoerência. Por favor, tenham cuidado.

Vatican News

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