“Hoje também, queridos irmãos e irmãs, meus pensamentos estão voltados para a Palestina e Israel. As vítimas estão aumentando e a situação em Gaza é desesperadora. Por favor, façam todo o possível para evitar uma catástrofe humanitária”, com estas palavras, com um tom de consternação na voz, o Papa fez seu apelo, ao final da Audiência Geral, para que se estabeleça a paz em todo o mundo.
Francisco, ao exortar toda a comunidade internacional, ressaltou que “a guerra não resolve nenhum problema: apenas semeia morte e destruição, aumenta o ódio, multiplica a vingança”. O Pontífice, ao afirmar que “a guerra apaga o futuro”, pediu aos fiéis que “assumam apenas um lado nesse conflito: o da paz”, não apenas com palavras, mas com a oração e atitudes concretas.
O convite do Papa se estende a todas as Igrejas particulares, para que unidas à sua iniciativa, “preparem momentos semelhantes que envolvam todo o povo de Deus na súplica pela Paz”. “Também neste dia, 27/10, às 18h (horário de Roma), na Praça São Pedro”, afirmou Francisco, “viveremos em espírito de penitência, uma hora de oração para implorar a paz neste mundo”.
Enquanto o apelo de Francisco ecoa ao mundo, a dura realidade dos conflitos entre Israel e Palestina continua. Um bombardeio no hospital batista Al-Ahli Arabi, na Cidade de Gaza, causou centenas de vítimas na tarde de 17 de outubro. Fala-se em um verdadeiro massacre. Um chefe da defesa civil de Gaza disse à televisão Al-Jazeera que mais de 300 pessoas foram mortas no complexo de saúde.
Os dados das agências internacionais informam que desde o dia 7 de outubro, quando os militantes do Hamas invadiram as cidades israelenses matando mais de 1.300 soldados e civis, pelo menos 3.000 pessoas foram mortas na Palestina devido ao intenso bombardeio israelense, que já dura 11 dias.
Vatican News
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico na Audiência Geral desta quarta-feira (18/10). Aos fiéis presentes na Praça São Pedro, o Pontífice propôs São Charles de Foucauld, “homem que fez de Jesus e dos seus irmãos mais pobres a paixão da sua vida”.
Depois de ter vivido uma juventude longe de Deus, sem acreditar em nada a não ser na busca desordenada do prazer, Charles de Foucauld revela a razão do seu viver. Ele escreve: «Perdi o meu coração por Jesus de Nazaré». Segundo o Papa, “o irmão Carlos nos recorda que o primeiro passo para evangelizar é ter Jesus no centro do coração, é “perder a cabeça” por Ele. Se isso não acontece, dificilmente conseguiremos mostrá-lo com a vida“.
Em vez disso, corremos o risco de falar de nós mesmos, do nosso grupo, de uma moral ou, pior ainda, de um conjunto de regras, mas não de Jesus, do seu amor, da sua misericórdia. Vejo isso em alguns movimentos novos que estão surgindo. Falam de sua visão da humanidade, falam de sua espiritualidade, da própria espiritualidade. Eles se sentem numa estrada nova. Mas, por que não falam de Jesus? Falam de muitas coisas, de organização, de caminho espiritual, mas não sabem falar de Jesus. Perguntemo-nos então: tenho Jesus no centro do meu coração, perdi um pouco a cabeça por Ele?
Aconselhado pelo seu confessor, Charles de Foucauld “vai à Terra Santa para visitar os lugares onde o Senhor viveu e caminhar por onde o Mestre caminhou. Em particular, é em Nazaré que compreende que devia formar-se na escola de Cristo. Vive uma relação intensa com Ele, passa longas horas lendo os Evangelhos e sente-se seu pequeno irmão. Conhecendo Jesus, nasce nele o desejo de torná-lo conhecido”. “Sempre acontece assim, quando cada um de nós conhece mais Jesus, nasce o desejo de torná-lo conhecido, de partilhar este tesouro”, ressaltou o Papa, “com a vida, porque «toda a nossa existência – escreve o Irmão Carlos – deve gritar o Evangelho». Muitas vezes na nossa existência grita mundanidade, gritam coisas estúpidas, coisas estranhas. Mas, ele diz: não toda a nossa existência deve gritar o Evangelho“.
“Ele decide então estabelecer-se em regiões distantes para gritar o Evangelho no silêncio, vivendo no espírito de Nazaré, na pobreza e no escondimento. Vai ao deserto do Saara, entre os não-cristãos, e chega a eles como amigo e irmão, levando a mansidão de Jesus-Eucaristia. Fica em oração aos pés de Jesus, diante do tabernáculo, cerca de dez horas por dia, certo de que a força evangelizadora está ali e sentindo que é Jesus a aproximá-lo de tantos irmãos e irmãs distantes. Estou convencido que nós perdemos o sentido da adoração. Devemos recuperá-lo. Começando por nós consagrados, pelos bispos, sacerdotes, religiosas, todos os consagrados. “Perder”, entre aspas, tempo diante do tabernáculo. Recuperar o sentido da adoração“, disse o Papa.
«Todo cristão é apóstolo» escreve Charles de Foucauld a um amigo leigo, a quem recorda que «perto dos padres são necessários leigos que vejam o que o padre não vê, que evangelizem com uma proximidade de caridade, com uma bondade para todos, com um afeto sempre pronto a se doar. “Leigos santos e não carreirista, mas aqueles leigos, aquele leigo, leiga apaixonados pelo Senhor, que fazem entender ao padre que ele não é um funcionário, mas um mediador, um sacerdote. Quanto nós sacerdotes precisamos ter perto de nós leigos esses leigos que acreditam realmente e com o seu testemunho nos ensinam o caminho“, sublinhou.
Desta forma, Charles de Foucauld “antecipa os tempos do Concílio Vaticano II, intui a importância dos leigos e compreende que o anúncio do Evangelho diz respeito a todo o povo de Deus”.
Não nos esqueçamos que o estilo de Deus são três palavras: proximidade, compaixão e ternura. Deus está sempre próximo, tem sempre compaixão e sempre é terno, e o testemunho cristão deve seguir esta estrada de proximidade, compaixão e ternura. São Charles é era assim manso e terno.
“Desejava que quem o encontrasse visse, por meio de sua bondade, a bondade de Jesus. A bondade é simples e pede que sejamos pessoas simples, que não tenham medo de dar um sorriso. Com o sorriso, com a sua simplicidade irmão Carlos dava testemunho do Evangelho, nunca proselitismo, nunca, mas testemunho. A evangelização não se faz por proselitismo, mas pelo testemunho, pela atração. Por fim, o Papa concluiu, convidou a levar em nós e aos outros “a alegria cristã, a mansidão cristã, a ternura cristã, a compaixão cristã e a proximidade cristã”.
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Alessandro De Carolis – Cidade do Vaticano
“A Igreja está aberta a todos, mas a paz de Deus é dada nos critérios de Dele, não nos dos homens”. A mensagem é clara no relato do Evangelho de Lucas, cuja festa a Igreja celebra hoje. A passagem da liturgia fala de Jesus que envia 72 discípulos às aldeias, convidando-os a dizer em cada casa em que entram: “Paz a esta família”. “Uma paz” – é a reflexão oferecida por Dom Gintaras Grušas, Arcebispo de Vilnius e Presidente da Conferência Episcopal da Lituânia – que “não é a paz que o mundo dá, mas o shalom, a paz que vem de uma vida interior com Deus”.
Sobre essa paz, o prelado declarou em uma das missas que abrem cada nova seção do atual Sínodo, “cada pessoa batizada, tendo recebido a graça salvadora de Deus, deve ser um canal ativo”. Um tema muito atual no cenário trágico que o planeta está vivendo devido ao excesso de frentes de guerra abertas, também lembrado pouco antes pelo Papa na audiência geral. A paz de Deus, assim como a sua misericórdia, diz Dom Grušas, “é oferecida a todos, mas Jesus sabe que nem todos estão dispostos a recebê-la”. Para isso, explica ele, “é preciso primeiro pedir a misericórdia de Deus”. A paz interior (shalom) é o sinal do recebimento e do acolhimento da misericórdia de Deus”.
Além disso, a experiência dos 72 discípulos demonstra a responsabilidade que os fiéis têm na missão da Igreja. Em primeiro plano, enfatiza o prelado lituano, está “a igualdade de todos os batizados”. Todos, diz ele, “são chamados a isso, não apenas os ministros ordenados” e, portanto, é importante que “todos os batizados sintam esse chamado, essa vocação e respondam a ela, comprometendo suas vidas, suas palavras e suas ações com a missão de Jesus”. Em destaque, o presidente da Conferência dos Bispos da Lituânia lembra as figuras femininas que pontuam o Evangelho de Lucas como protagonistas de sua proclamação. “Não só Maria”, lembra ele, “mas também a samaritana junto ao poço que anunciou o Messias, Maria Madalena, a primeira a anunciar a mensagem da Ressurreição, bem como as várias mulheres que, nos Atos dos Apóstolos, ajudam no crescimento da Igreja primitiva”.
A vida de São Lucas, disse Dom Grušas no início, mostra “uma mentalidade sinodal”, “fidelidade e força de espírito” e “nós também”, disse o bispo aos participantes do Sínodo, “somos chamados a permanecer fiéis em nosso compromisso de caminhar juntos na vida da Igreja e nas dificuldades da caminhada, mesmo quando não está claro para onde Deus está nos conduzindo a curto prazo”. E assim, concluiu , “à medida que continuamos a falar sobre quais processos, estruturas e instituições são necessários em uma Igreja sinodal missionária, devemos garantir que eles realmente ajudem a missão de levar a Boa Nova àqueles que precisam de salvação. A sinodalidade (incluindo suas estruturas e reuniões) deve estar a serviço da missão de evangelização da Igreja e não se tornar um fim em si mesma”.
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