Silvonei José – Vatican News
“A ingratidão gera violência, tira a nossa paz e nos faz sentir e falar gritando, sem paz, enquanto um simples ‘obrigado’ pode trazer paz!”. Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus deste domingo, 27º do Tempo Comum, comentando o trecho do Evangelho que ele chamou de “uma parábola dramática, com um epílogo triste”: o de um proprietário de uma vinha que a confia a agricultores, e esses, na época da colheita, quando o proprietário por primeiro envia seus servos e depois seu filho para recolher a colheita, maltrata-os e mata-os. “E de agricultores tornam-se assassinos”, observa o Pontífice, segundo o qual “na raiz dos conflitos há sempre alguma ingratidão, e pensamentos gananciosos.”
Segundo Francisco, “com esta parábola, Jesus recorda-nos o que acontece quando o homem se ilude pensando que pode se fazer por si mesmo e esquece a gratidão, esquece a realidade fundamental da vida: que o bem vem da graça de Deus, do seu dom gratuito.”
“Quando esquecemos isto, a gratuidade de Deus – sublinhou Francisco -, acaba-se vivendo a própria condição e o próprio limite não mais com a alegria de se sentir amado e salvo, mas com a triste ilusão de não precisar nem de amor nem de salvação.” “Sim, deixa de ser amado e se encontra prisioneiro da própria ganância, da necessidade de ter algo mais do que os outros, de querer ser mais do que os outros”, acrescentou.
Para o Papa, “daqui provêm muitas insatisfações e recriminações, muitas incompreensões, muitas invejas; e levados pelo rancor, se pode cair no redemoinho da violência”. “Perguntemo-nos então – insistiu o Papa: tenho consciência de ter recebido como dom a vida e a fé, e de ser eu mesmo, um dom de Deus? Eu acredito que tudo começa com graça do Senhor? Entendo que sou um beneficiário sem mérito, amado e salvo gratuitamente? E sobretudo, em resposta à graça, sei dizer ‘obrigado’?”
E o Papa Francisco enfatizou em seguida: “As três palavras que são o segredo da convivência humana: obrigado, permissão, perdão. Eu sei como dizer essas três palavras? Obrigado, permissão, perdão, desculpe. Eu sei como pronunciar essas três palavras? É uma palavra pequena, “obrigado” – é uma palavra pequena, “permissão”, é uma palavra pequena para pedir desculpas, “perdão” – esperada todos os dias por Deus e pelos irmãos. Perguntemo-nos se estas pequenas palavras “obrigado”, “permissão”, “perdão, desculpe” estão presentes em nossas vidas”.
Vatican news
Antonella Palermo, Silvonei José – Vatican News
“A guerra é uma derrota: toda guerra é uma derrota! Rezemos pela paz em Israel e na Palestina!”
Após a oração mariana deste primeiro domingo de outubro, o Papa Francisco expressou a sua apreensão e a dor com que acompanha o que está ocorrendo em Israel onde, afirma, “a violência explodiu ainda mais ferozmente, causando centenas de mortos e feridos”.
“Expresso a minha proximidade às famílias das vítimas, rezo por elas e por todos aqueles que vivem horas de terror e angústia. Por favor, parem com os ataques e as armas! e se compreenda que o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução, mas apenas à morte e ao sofrimento de muitas pessoas inocentes”.
Depois do Angelus, o Pontífice recorda também que este mês de outubro é dedicado, além das missões, à oração do Terço. Precisamente a Maria o Papa pede para nos dirigirmos a ela, sem parar:
“Não nos cansemos de invocar, por intercessão de Maria, o dom da paz sobre os numerosos países do mundo marcados por guerras e conflitos; e continuemos a recordar a querida Ucrânia, que todos os dias sofre tanto, tão martirizada”.
Numa nota publicada no site do Patriarcado Latino de Jerusalém lemos que a improvisa explosão de violência “é muito preocupante pela sua extensão e intensidade. A operação lançada a partir de Gaza e a reação do exército israelense estão a levar-nos de volta aos piores períodos da nossa história recente. As demasiadas vítimas e demasiadas tragédias que as famílias palestinas e israelenses têm de enfrentar criarão ainda mais ódio e divisão e destruirão cada vez mais qualquer perspectiva de estabilidade”. Daí o apelo à comunidade internacional, aos líderes religiosos da região e do mundo, para “fazerem todos os esforços para ajudar a acalmar a situação, restaurar a calma e trabalhar para garantir os direitos fundamentais das pessoas na região”. Acrescenta-se também que “as declarações unilaterais relativas ao status dos locais religiosos e dos locais de culto fazem vacilar o sentimento religioso e alimentam ainda mais o ódio e o extremismo. É, portanto, importante preservar o Status Quo em todos os Lugares Santos na Terra Santa e em Jerusalém em particular”. A nota conclui: “o contínuo derramamento de sangue e as declarações de guerra lembram-nos mais uma vez da necessidade urgente de encontrar uma solução duradoura e abrangente para o conflito palestino-israelense nesta terra, que é chamada a ser uma terra de justiça, paz e reconciliação entre os povos. Pedimos a Deus que inspire os líderes mundiais na sua intervenção para a implementação da paz e da concórdia, para que Jerusalém seja uma casa de oração para todos os povos”.
Depois do longo dia de ontem, 7 de Outubro, que encerrou as festividades judaicas de Sucot – quando, às primeiras luzes da madrugada, milhares de foguetes começaram a cair de Gaza sobre Israel, apanhados completamente de surpresa – os lançamentos de mísseis e os ataques terrestres continuam a se verificarem a partir da fronteira sul de Israel. Tel Aviv e Jerusalém foram atingidas. As vítimas israelenses seriam mais de 500, 1.400 os feridos. O Ministério da Saúde de Gaza relata 250 palestinos mortos e 1.700 feridos.
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