Raimundo de Lima – Vatican News

O Santo Padre recebeu em audiência na manhã desta segunda-feira, 2 de outubro, na Sala do Consistório, no Vaticano, as Pequenas Irmãs de Jesus, por ocasião de seu Capítulo Geral.

No discurso que dirigiu às religiosas, o Papa lembrou que elas estão celebrando seu 12º Capítulo Geral que, além de ser eletivo, é uma ocasião importante para refletir juntos e amadurecer escolhas significativas.

Na origem delas, a experiência de São Charles de Foucauld

Francisco ressaltou que na origem delas há a experiência carismática de São Charles de Foucauld, retomada, cerca de vinte anos após sua morte, por Magdeleine Hutin e Anne Cadoret: uma forte experiência de busca de Deus, de testemunho do Evangelho e de amor pela vida escondida.

Essas me parecem ser três diretrizes úteis sobre as quais refletir brevemente, também à luz da narração evangélica que vocês escolheram como guia para o caminho capitular: o encontro de Jesus com a mulher samaritana, destacou o Pontífice, desenvolvendo a partir daí a sua reflexão.

A busca de Deus

A primeira diretriz: é a busca de Deus. É a mais importante. O Mestre aguarda vocês no poço de sua Palavra, água viva que sacia a sede de nossos desejos. É belo cultivar a escuta d’Ele, permanecendo a seus pés em adoração, como fez o Irmão Charles, que não conhecia nada mais doce do que as horas passadas diante do Tabernáculo, dizendo que “quanto mais se bebe dessa doçura, mais se tem sede dela”.

Como à Samaritana, continuou Francisco, Jesus lhes oferece o seu amor, e cabe a vocês aceitar o desafio, deixando de lado as pesadas ânforas da autorreferencialidade e do habitual, das soluções previsíveis e até mesmo de um certo pessimismo que o inimigo de Deus e do homem sempre tenta insinuar, especialmente naqueles que fizeram da própria vida um dom.

Testemunho do Evangelho

Chegamos assim à segunda diretriz, que as caracteriza desde o início: o testemunho do Evangelho – a primeira foi a busca de Deus, a segunda linha foi o testemunho do Evangelho -, o fazer dom dele aos outros com palavras, com obras de caridade e com a presença fraterna, orante e adoradora de suas pequenas comunidades internacionais.

São Charles de Foucauld disse: “Todo o nosso ser deve gritar o Evangelho do alto dos telhados, gritar o Evangelho. Toda a nossa pessoa deve transpirar Jesus… toda a nossa vida deve gritar que pertencemos a Jesus, deve apresentar a imagem da vida evangélica”, ressaltou o Pontífice.

O amor pela vida escondida

Chegamos, assim, à terceira diretriz: o amor pela vida escondida. É o caminho da Encarnação, o caminho de Nazaré, o caminho indicado por Deus ao despojar-se e se fazer pequeno para compartilhar a vida dos pequeninos. “Eu quero – dizia o pai – passar desconhecido sobre a terra como um viajante na noite, pobremente, laboriosamente, humildemente, docemente… imitando Jesus em tudo em sua vida em Nazaré e, quando chegar a hora, em sua Via-Sacra e em sua morte”.

O caminho do escondimento é o caminho de Deus. Isso é belo, isso é importante: o caminho do escondimento é o caminho de Deus. Vocês não são irmãs para fazer publicidade: quanto mais escondidas, mais divinas. Continuem a cultivá-lo, pois é uma profecia poderosa para nossa época, poluída pelo aparecer e pelas aparências, exortou o Santo Padre.

Amor a Cristo e aos pobres

Parece que, por causa do aparecer e das aparências, vivemos uma cultura de maquiagem: todos usam maquiagem, é normal que as mulheres o façam, mas todos, todos usam maquiagem, para parecerem melhores do que são, e isso não é do Senhor, observou o Papa.

Francisco concluiu seu discurso às Pequenas Irmãs de Jesus lembrando que é verdade que há tempos difíceis e problemas sérios a enfrentar, como a escassez de vocações, o fechamento de algumas casas, o aumento da idade média das religiosas, mas é igualmente verdade que, fiéis à inspiração do Irmão Charles, elas são instrumentos preciosos para que Deus semeie no mundo pequenas pérolas de ternura e de ternura evangélica, que é a especialidade delas. E o Senhor continuará a fazê-lo, na medida em que vocês se mantiverem simples e generosas, no amor a Cristo e aos pobres. Isso dará frutos no devido tempo, não duvidem disso, exortou por fim o Pontífice.

Vatican nEws

Thulio Fonseca – Vatican News

Na manhã desta segunda-feira (02), o Papa recebeu em audiência os Missionários do Sagrado Coração, reunidos em Roma por ocasião do XXVI Capítulo Geral do Instituto.

Francisco iniciou o discurso, recordando que o fundador, Padre Jules Chevalier, intuiu a vocação dos Missionários do Sagrado Coração, com o desejo de tornar conhecido no mundo o amor de Deus, e para obter uma resposta de amor da humanidade.

Ao aprofundar o tema do Capítulo Geral, inspirado na passagem do evangelho que apresenta o caminho de Emaús, o Pontífice sublinhou três atitudes fundamentais para refletir sobre a identidade carismática e o compromisso missionário: conhecer o Coração de Jesus através do Evangelho; aprofundar a sua mensagem na partilha fraterna; e o anúncio alegre na missão.

Evangelho: o livro do Sagrado Coração

O Papa destacou que o fundador do Instituto, Padre Chevalier gostava de definir o Evangelho como o livro “do Sagrado Coração”, convidando todos “a contemplar a caridade com que o Salvador se deixa tocar por todas as pobrezas”.

“É assim que conhecemos o Coração de Jesus: contemplando no Evangelho a sua imensa misericórdia, como Maria, que venerais com o título de ‘Nossa Senhora do Sagrado Coração’ e que sabe mostrar-nos precisamente o Coração do seu Filho, porque ela guardou todas as coisas meditando-as no seu coração.”

Na partilha fraterna, o encontro com Cristo

O Santo Padre, ao abordar a segunda atitude: aprofundar e compreender a Palavra na partilha fraterna, enfatizou que no caminho para Emaús, os discípulos, imediatamente após reconhecerem Jesus, fazem perguntas uns aos outros com espanto sobre o que viveram, pois “antes de encontrá-lo, os dois companheiros discutiram fracassos e decepções, e depois se alegraram por terem visto o Ressuscitado!” Segundo Francisco, isso é algo que os Missionários também trazem em sua história e no percurso de seu fundador, “por isso”, completou o Papa, “no trabalho deste Capítulo, como no discernimento ordinário das vossas comunidades, convido-vos também a colocar sempre a partilha fraterna do vosso encontro com Cristo, na Palavra, nos Sacramentos e na vida, na base de tudo, e antes de tudo”.

Que Jesus ame por meio de vocês

E sobre o último aspecto: o anúncio alegre na missão, o Pontífice ressaltou que os discípulos de Emaús, depois da experiência vivenciada no caminho, partem sem demora, voltam a Jerusalém e contam o que aconteceu.

“Vocês escolheram como lema para as suas obras capitulares as palavras: ‘do ego ao eco’, isto é, de si mesmo à casa comum, à família, à comunidade, à criação. É uma expressão forte e um compromisso com o futuro, especialmente para discernir novos tipos de ministério”, disse Francisco ao recordar que os desafios não faltam: “os Mártires da vossa Congregação e os numerosos âmbitos de caridade nos quais já fostes chamados a trabalhar em todos os continentes dão testemunho disso. Os pobres, os migrantes, as muitas misérias e injustiças que continuam a surgir no mundo questionam-nos com urgência. Diante deles, não tenham medo de deixar-se envolver pela compaixão do Coração de Cristo; como disse o vosso Fundador, deixa-O amar através de ti e manifestar a Sua misericórdia através da tua bondade”.

“Não tenham medo da ternura”, recordou o Papa, que falou do estilo de Deus, definido em três palavras: proximidade, compaixão e ternura. “Deus é assim: próximo, compassivo, terno, e aprendemos isso através da oração, sem oração as coisas não funcionam”, destacou.

Ao concluir, o Santo Padre agradeceu pelos trabalhos realizados, e exortou os missionários: “fujam da tristeza, que é o verme que arruína a vida pessoal e a vida consagrada, aquela tristeza que derruba, não a tristeza boa do arrependimento, isso é outra coisa, mas aquela tristeza cotidiana é um verme que arruína”.

Vatican News