Thulio Fonseca – Vatican News
O Papa Francisco encontrou-se nesta manhã de sexta-feira, 29 de setembro, com os membros da Fazenda da Espereança. O encontro aconteceu no Pátio San Damaso, dentro do Palácio Apostólico, com aproximadamente 1200 participantes, entre eles os fundadores, membros da presidência, padres, consagrados, religiosos, voluntários e vários ex-acolhidos da comunidade, ou seja, pessoas que, ao longo de quatro décadas, se recuperaram da dependência química e tiveram suas vidas transformadas através do método de acolhimento proposto pela Associação Fazenda da Esperança. As festividades dos 40 anos de fundação estão sendo celebradas desde o início da semana, com uma peregrinação especial em Roma e na Itália.
O ápice da comemoração foi marcado pelo encontro com o Santo Padre. No início da audiência, o presidente da Fazenda da Esperança, Pe. José Luiz de Menezes, dirigiu palavras de gratidão ao Papa pelo encontro e expressou a alegria por colaborar com a missão da Igreja. Em seguida, três testemunhos de pessoas que tiveram suas vidas transformadas ilustraram o carisma da comunidade de forma muito concreta.
O Papa iniciou seu discurso agradecendo pela visita, em ocasião dos 40 anos que receberam seu chamado específico: “É tão belo esse carisma: o carisma da esperança! Vocês nunca devem abandonar essa vocação à esperança!”, ressaltou Francisco.
O Santo Padre recordou o trecho do Evangelho de Mateus em que Jesus se apresenta da seguinte forma: “Eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me” (Mt 25, 35-36) e sublinhou que “o Senhor se identifica com nossos irmãos e irmãs mais pobres, mais necessitados e mais sofredores”.
Ao falar sobre o carisma específico da Fazenda da Esperança, Francisco recordou que um dos grandes problemas do mundo de hoje é a indiferença; contudo, a Comunidade não ficou imparcial à dor que viram no rosto de tantos jovens, afligidos por grandes sofrimentos existenciais, especialmente no rosto daqueles cujas vidas estavam destruídas pelas drogas e outros vícios.
“Vocês se tornaram ‘próximos’, e mais, ‘irmãos’ de tantas pessoas que recolheram pelas ruas e, como na parábola do Bom Samaritano, as acompanharam para tratá-las, curá-las e ajudá-las a recuperar sua dignidade”, enfatizou o Pontífice, “vocês sabem muito bem que trazer esperança não significa apenas ajudar a superar vícios, a suplantar traumas, a encontrar seu lugar na família e na sociedade”.
O Papa fez questão de mencionar as palavras do Papa Bento XVI durante a visita que realizou na sede da Fazenda da Esperança em Guaratinguetá, no ano de 2007: “A reinserção na sociedade constitui, sem dúvida, uma prova da eficácia da iniciativa de vocês. Mas o que mais chama atenção, e confirma a validade do trabalho, são as conversões, o reencontro com Deus e a participação ativa na vida da Igreja”, e completou: “o carisma de esperança, como um dom suscitado no meio de vocês pelo Espírito Santo, leva-os a cuidar das pessoas em sua integridade material e espiritual, corpo e alma”.
O Pontífice enfatizou que o carisma foi confiado a todos: “os fundadores foram instrumentos providenciais para que esse dom tomasse forma, se consolidasse, encontrasse o seu lugar na Igreja e alcançasse a tantas pessoas. Depois de 40 anos, na fidelidade à inspiração original, novas pessoas são chamadas a assumir a responsabilidade de preservar e fazer frutificar esse patrimônio espiritual que o Senhor lhes confiou”. Ao encorajar a nova geração, o Papa sublinhou que não é preciso ter medo dessa nova fase, é necessário apenas viver com humildade, com confiança e preservar a comunhão espiritual entre os membros.
Por fim, Francisco expressou sua gratidão pelo testemunho de vida e oferta, que reflete nas diversas obras da associação, espalhadas por todo o território brasileiro desde 1998, e presentes também em outros países. “Reconheço com muita gratidão o trabalho que vocês realizam com padres, seminaristas, religiosos e religiosas, ajudando-os a superar os desafios e problemas psicológicos que afetam algumas pessoas consagradas a Deus. Continuem com esse belo trabalho, que é tão necessário para a Igreja”, disse o Papa.
Ao final da audiência, o Santo Padre abençoou os presentes, que, em seguida, através de aplausos e cânticos, expressaram sua gratidão e emoção por estarem com o Pontífice.
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