Renovo o convite a participar na Vigília ecumênica de oração, intitulada “Together – Juntos”, que terá lugar no próximo sábado, 30 de setembro, na Praça de São Pedro, em preparação à Assembleia Sinodal, que terá início no dia 4 de outubro.
Ao final do Angelus, antes do pedido de oração pela martirizada Ucrânia e “por este povo que tanto sofre”, o Santo Padre renovou o convite a todos para participarem da Vigília de Oração em preparação ao Sínodo sobre a Sinodalidade no sábado, mesmo dia do Consistório em que serão criados 21 novos cardeais.
Ao lado de Francisco, estarão Patriarcas de Igrejas Orientais e Ortodoxas – como Bartolomeu I e Teófilo III -, representantes ecumênicos, delegados fraternos, cardeais e jovens de vários países e diferentes confissões.
A Vigília ecumênica de oração “Juntos: encontro do Povo de Deus“, – que nasce de “um sonho” expresso há 3 anos pelo Irmão Alois, prior da Comunidade de Taizé – dá início oficial ao Sínodo sobre “Sinodalidade”, que começa no dia 4 de outubro, após um longo caminho que durou cerca de três anos, nas dioceses dos cinco continentes.
Apresentado nos dias passados, o evento na Praça São Pedro será aberto com cantos, músicas, momentos de oração e com o pronunciamento do Papa Francisco. Segue a oração do Patriarca Ecumênico, Bartolomeu I, a leitura da Palavra de Deus, as intercessões lidas por um líder religioso ou delegado fraterno do Sínodo, enquanto a oração do Pai Nosso será rezada pelo arcebispo Justin Welby, líder da Comunhão Anglicana.
Por fim, após a oração final, o Santo Padre concederá a Bênção Apostólica, juntamente com os doze chefes de Igrejas e líderes cristãos.
O Irmão Matthew, que, a partir do próximo dia 3 de dezembro passa a ser o prior da Comunidade de Taizé, abençoará a Praça São Pedro, onde estarão reunidos cerca de 3 mil jovens, com idades entre 18 e 35 anos, provenientes de vários países europeus e pertencentes a várias Igrejas cristãs.
Também tomará parte na Vigília um grupo crianças, que naqueles dias estarão reunidas em oração pelo Sínodo, reiterando assim o princípio citado pelo Papa: “Um caminho se faz caminhando”.
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Jackson Erpen – Cidade do Vaticans
A justiça de Deus não mede o amor na balança dos nossos rendimentos, desempenhos ou fracassos, Deus nos ama porque somos filhos e o faz com amor incondicional e gratuito, “para o seu coração nunca é tarde, Ele nos procura e nos espera sempre.”
Esse é o cerne da reflexão do Papa Francisco inspirada na narrativa de Mateus (20, 1-16) sobre o proprietário da vinha que paga o mesmo valor aos trabalhadores contratados em diferentes horas do dia, o que é considerado injusto pelos que foram contratados primeiro e trabalharam mais.
Francisco explica ainda no início que “a parábola não deve ser lida por meio de critérios salariais; mas sim, quer mostrar os critérios de Deus, que não faz cálculos dos nossos méritos, mas nos ama como filhos.”
Então chama atenção para duas ações divinas da narrativa. A primeira delas, Deus que sai a qualquer hora para nos chamar, destacando assim que não são apenas os homens que trabalham, mas “sobretudo Deus, que sai sempre, sem se cansar, o dia inteiro”:
Deus é assim: não espera os nossos esforços para vir ao nosso encontro, não nos faz um exame para avaliar os nossos méritos antes de nos procurar, não desiste se demoramos em responder-lhe; pelo contrário, Ele mesmo tomou a iniciativa e em Jesus “veio” ao nosso encontro, para nos manifestar o seu amor (…). Para o seu coração nunca é tarde, Ele nos procura e nos espera sempre. Não esqueçamos disso: o Senhor nos procura e nos espera sempre.
Francisco chega então à segunda ação divina: precisamente porque Deus é tão generoso, ele retribui a todos com a mesma “moeda”, que é o seu amor. E o sentido último da parábola é esse: os trabalhadores de última hora são pagos como os primeiros porque, na realidade, aquela de Deus é uma justiça superior, vai além:
A justiça humana diz para “dar a cada um o que merece”, enquanto a justiça de Deus não mede o amor na balança dos nossos rendimentos, dos nossos desempenhos ou dos nossos fracassos: Deus nos ama e basta, ama-nos porque somos filhos, e o faz com amor incondicional, um amor gratuito.
Como já havia feito em tantas outras ocasiões, ao falar sobre a gratuidade, Francisco chama a atenção para o risco de termos uma “relação ‘mercantil’ com Deus, centrando-nos mais na nossa bravura do que na generosidade da sua graça”:
Às vezes, mesmo como Igreja, em vez de sair a cada hora do dia e abrir os braços a todos, podemos sentir-nos os primeiros da classe, julgando os outros distantes, sem pensar que Deus também os ama com o mesmo amor que tem por nós. E mesmo nas nossas relações, que são o tecido da sociedade, a justiça que praticamos por vezes não consegue escapar do esquema do cálculo e limitamo-nos a dar de acordo com o que recebemos, sem ousar fazer algo mais, sem apostar na eficácia do bem feito gratuitamente e do amor oferecido com grandeza de coração.
O Papa então propõe que nos perguntemos:
Eu cristão, eu cristã, sei ir em direção aos outros? Sou generoso, sou generosa com todos, sei dar aquele “a mais” de compreensão, de perdão, como Jesus fez comigo e faz todos os dias comigo?
Que Nossa Senhora – disse ao concluir – nos ajude a converter-nos à medida de Deus, à de um amor sem medida.
Vatican News