O Papa Francisco teve na manhã desta sexta-feira, 5 de maio, um encontro de forte sabor familiar ao receber em audiência na Sala Clementina, no Vaticano, um significativo grupo de 400 peregrinos da Diocese de Asti, região italiana do Piemonte, norte da Península.
Ao recebê-los, Francisco disse estar feliz por acolher esta peregrinação, que renova nele as lembranças e os sentimentos da sua visita a Asti em novembro passado para a festa de Cristo Rei.
Aquele um dia e meio que passei entre vós foi um momento de consolação para mim. Um momento de grande calor humano – feito com madeira piemontesa, que não aquece imediatamente, mas só depois de um tempo e depois dura! Um momento de família, no sentido amplo: família de origem, as raízes, os encontros com meus parentes; família da Igreja, a celebração na Catedral, com a participação de todo o povo de Deus; e depois família da comunidade civil, a colaboração com as Autoridades, a presença do povo. Esse sentimento de calor humano que eu dizia não é apenas uma emoção: ele se acendeu em mim ao olhar para vossos rostos alegres, ao sentir vosso afeto, ao ver que há uma família seguindo em frente, caminhando pela estrada do Evangelho, com todas as suas limitações e dificuldades.
Jesus Cristo renovou a família, a transformou
E assim podemos nos deter um pouco nessa palavra: família, prosseguiu o Santo Padre.
Porque a família é uma realidade que mudou muito, e está mudando, e ainda assim a família continua sendo um valor fundamental. Mas sabeis quando ocorreu a verdadeira “revolução” da família? Sabeis quem a fez? É fácil responder, porque as novidades, as verdadeiras novidades, foram trazidas a este mundo somente por um: Jesus Cristo. E também a família, Ele a renovou, a transformou.
Em que sentido? Perguntou o Pontífice. Conta-nos um episódio do Evangelho, onde há uma daquelas palavras de Jesus que nos deixam perplexos, que nos colocam em crise. Mateus, Marcos e Lucas relatam o fato. Jesus está pregando no meio de seus discípulos e de outras pessoas e, em certo momento, dizem a ele: “Aqui fora estão tua mãe e teus parentes procurando por ti”. Lembrais do que Jesus responde? Ele volta o olhar para os que estão ao seu redor e diz: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos!” E acrescenta: “Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai é para mim irmão, irmã e mãe”. Essa palavra de Jesus, se pensarmos bem, gera uma nova maneira de entender a família, observou Francisco.
A nova família de Jesus “fermenta” a vida da comunidade
E, como vos disse, essa palavra de Jesus renovou radicalmente a família, de modo que o vínculo mais forte e mais importante para nós, cristãos, não é mais o de sangue, mas o amor de Cristo. Seu amor transforma a família, liberta-a da dinâmica do egoísmo, que deriva da condição humana e do pecado, liberta-a e enriquece-a com um novo vínculo, ainda mais forte, mas livre, não dominado pelos interesses e convenções do parentesco, mas animado pela gratidão, pelo reconhecimento, pelo serviço mútuo.
Irmãos e irmãs de Asti, quis compartilhar esta reflexão convosco porque em vossa terra estão as raízes paternas de minha família. As raízes são importantes! E damos graças a Deus pelo dom da vida e por aqueles que o transmitiram a nós. Mas, acima de tudo, agradecemos porque Jesus Cristo nos chamou para fazer parte de sua família, na qual o que conta é fazer a vontade do Pai que está nos céus. E essa nova família de Jesus, embora dê um novo significado aos relacionamentos familiares – entre cônjuges, entre pais e filhos, entre irmãos – ao mesmo tempo também “fermenta” a vida da comunidade eclesial e civil. Por exemplo, eleva a gratuidade, o respeito, a aceitação e outros valores humanos.