Ir. Grazielle Rigotti, ascj – Vatican News

O Papa recebeu nesta manhã, do dia 13 de abril, os membros da ARIS, uma associação religiosa italiana composta por diversos institutos sociais e de saúde. A associação atua há mais de cinquenta anos no país e representa uma realidade de instituições particularmente vasta e complexa, tanto pelas finalidades como pela heterogeneidade das atividades que comprendem hospitais, centros de recuperação, entre outros.

Em seu discurso, o Pontífice sublinhou alguns pontos que considera importantes para o desenvolvimento da missão em tal área, bem como seus principais desafios e belezas. Inicialmente, Francisco recorreu a vários fundadores, considerando que a grande maioria dos insitiutos que participam da associação nasceram de um carisma religioso e são os membros que fazem sua gestão atualmente: “a Igreja tem feito muito, através da saúde, para ouvir e prestar atenção aos segmentos pobres, fracos e abandonados da sociedade. Não faltaram testemunhas confiáveis nesta esfera, que foram capazes de reconhecer e servir a Cristo doente e sofredor até o completo dom de si, mesmo com o sacrifício de suas vidas. Pensamos em São Camilo de Lellis, Santa Josefina Vannini, São José Moscati, Santo Agostinho Pietrantoni e muitos outros”.

A saúde, de fato, é um setor onde ficam muito evidentes as diferenças de acesso àqueles que são mais ou menos abastados, deste modo, os que sofrem são os mais pobres. Tendo sempre em mente e no coração este apelo pelos mais necessitados, Francisco destaca que é nesta fronteira que os institutos são chamados a estar, na “fronteira da necessidade”, acrescenta: “para responder sobretudo à demanda de saúde dos mais pobres, dos excluídos e daqueles que, por razões econômicas ou culturais, veem suas necessidades ignoradas. Estes são os mais importantes para nós, os que estão no topo da fila: estes.”

Em seu discurso, o Papa ainda deu destaque àqueles que sofrem com a “pobreza sanitária” ressaltando que “o cuidado da saúde de inspiração cristã tem o dever de defender o direito ao cuidado especialmente dos setores mais fracos da sociedade, privilegiando os lugares onde as pessoas são mais sofredoras e menos cuidadas”. E, particularmente, destacou os mais idosos, que sofrem uma verdadeira “eutanásia progressiva”: “Um idoso deve tomar estes medicamentos, e se para poupar dinheiro ou por isto ou por que motivo não lhe dão estes medicamentos, trata-se de uma eutanásia oculta e progressiva. Temos que dizer isso. Toda pessoa tem direito a medicamentos. E muitas vezes – estou pensando em outros países, na Itália não sei muito sobre isso, em outros países sim, eu sei – os idosos que têm que tomar quatro-cinco remédios e só conseguem dois: isso é uma eutanásia progressiva, porque não se dá a eles aquilo de que precisam para se curar.”

Ao final, Francisco retomou seu apelo à missão dos institutos, que não devem apenas oferecer assistência pastoral sacramental, mas dar total atenção à pessoa. “Ninguém, ninguém deve se sentir sozinho na doença!” enfatiza o Pontífice, retomando mais uma vez a inspiração dos fundadores: “mantenham vivo o carisma de seus Fundadores, não tanto para imitar seus gestos, mas para acolher seu espírito, não tanto para defender o passado, mas para construir um presente e um futuro no qual anunciar, com sua presença, a proximidade de Deus aos doentes, especialmente aos mais desfavorecidos e marginalizados pela lógica do lucro.”

Vatican News

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (13/04), na Sala Clementina, no Vaticano, as participantes da Assembleia Geral da União das Superioras Maiores da Itália (USMI).

Nestes dias, a USMI está reunida em sua 70ª Assembleia Geral sobre o tema “No caminho sinodal, mulheres testemunhas do Ressuscitado”.

Recuperar o frescor original do Evangelho

Em seu discurso, o Papa sublinhou três aspectos sugeridos por esse tema. No primeiro aspecto, mulheres testemunhas do Ressuscitado, Francisco recordou que “as primeiras testemunhas da Ressurreição do Senhor foram as mulheres, as discípulas, que com a sua audácia sempre nos lembram que «Jesus Cristo pode também quebrar os esquemas maçantes nos quais tentamos aprisioná-lo e surpreender-nos com a sua constante criatividade divina», porque «Cristo é o “Evangelho eterno”» e «a sua riqueza e a sua beleza são inesgotáveis»”.

“Aquelas mulheres corajosas deixaram-se surpreender e impelir pela força e pela luz do Ressuscitado e puseram-se a caminho a procurá-lo. Elas tinham plena consciência de como é importante ter o Senhor vivo no coração.”

A atitude delas nos recorda que se tivermos a coragem de «voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual».

Segundo o Papa, quando nos perguntamos: O que fazemos agora nesta situação? e rezamos para ver o que Senhor nos diz no Evangelho, “dali vem a inspiração e surge um novo caminho, às vezes surge uma família religiosa, às vezes se tomam decisões que parecem assustadoras”. “Sempre caminhar com coragem, ver o que o Senhor nos diz hoje. É verdade que cada uma de vocês tem o próprio carisma, e é com este espírito que vocês têm que se interrogar. Com o espírito dos fundadores que vocês têm no coração, vocês devem perguntar: “Senhor, o que eu devo fazer hoje? O que devemos fazer?”. As mulheres são boas para isso, sabem abrir novos caminhos, sabem doa, são corajosas“, sublinhou Francisco.

 O caminho sinodal é o Espírito Santo

Passemos agora ao segundo aspecto: no caminho sinodal. Numa outra passagem, o Evangelho diz que «as mulheres saíram depressa para dar a notícia aos discípulos». “A presença de Jesus não nos fecha em nós mesmos, mas nos impele ao encontro com os outros e à decisão de caminhar com os outros”, disse o Papa.

Estas mulheres não escolheram guardar a alegria do encontro só para si, nem fazer o caminho sozinhas: elas escolheram caminhar juntas com os outros.

“Porque é próprio da mulher ser generosa: é assim. Às vezes têm algumas neuróticas, mas isso está um pouco em todo lugar! Porém, mulher significa dar vida, abrir caminhos, convidar os outros, caminhar juntos.”

Recordamos sempre que “para ‘caminhar juntos’ é necessário nos deixar educar pelo Espírito a uma mentalidade realmente sinodal, entrando com coragem e liberdade de coração num processo de conversão”, porque «a sinodalidade é o caminho principal para a Igreja, chamada a renovar-se sob a ação do Espírito e graças à escuta da Palavra».

Segundo Francisco, quando se fala de “espírito sinodal” pode dar um pouco de medo e fazer nos fechar de uma forma diferente. Porém, “o caminho em espírito sinodal é escutar, rezar e caminhar. O caminho sinodal é o Espírito Santo: Ele é a cabeça do caminho sinodal, Ele é o protagonista“.

Chamado, resposta fiel e esperança

Por fim, o terceiro aspecto: semeadoras de esperança. “Hoje sentimos falta desta humilde pequena virtude que é a esperança: sentimos muita falta. Temos versões mundanas, como o otimismo, o bom senso elevado. Não: a esperança, a menor, porém a mais forte das virtudes, aquela que nunca desilude. E vocês devem ser semeadoras de esperança, o que não é o mesmo que semeadoras de otimismo: não. De esperança, que é outra coisa”, sublinhou.

“O encontro com Jesus Ressuscitado enche de esperança e «isso exige ser fermento de Deus no meio da humanidade»”, disse ainda o Papa. Em outras palavras, «significa anunciar e levar a salvação de Deus ao nosso mundo, que muitas vezes se perde, que precisa de respostas que encorajem, que deem esperança, que deem novo vigor ao caminho». “Chamado, resposta fiel e esperança, ir em frente com esperança. «Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e a dedicação cheia de esperança»”, disse ainda Francisco.

Cuidado com as doenças da vida consagrada

Por fim, o Papa pediu às religiosas para tomarem “cuidado com as doenças da vida consagrada, pois elas existem”. Ele destacou uma: “a amargura. Aquele espírito de acidez por dentro. A amargura é o licor do diabo: o diabo nos cozinha nela, com esse licor”.

“Não estou falando de otimismo: otimismo é uma coisa psicológica. Falo de esperança, de abertura ao Espírito, e isso é teológico. Uma vocação religiosa deve seguir este caminho. A amargura, a acidez do coração, faz muito mal.”

Por favor, quando vocês verem que na comunidade ou alguma irmã está nessa, ajude-a a sair dessa situação; ajude-a a sair da situação de pessoas melancólicas que sempre pensam: “Mas, nos outros tempos era melhor, as coisas não funcionam! Este é o elixir do diabo, esta amargura, o licor de amargura. Por favor, nada disso, apenas deixar o Espírito nos dar essa doçura que é uma doçura espiritual.

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