Andressa Collet – Vatican News
O Papa Francisco, nesta “Segunda-feira do Anjo” (10) após a Páscoa que recorda a aparição do anjo com as mulheres que foram ao túmulo de Jesus, rezou a oração mariana do Regina Coeli para os fiéis reunidos na Praça São Pedro. Da janela do seu escritório no Palácio Apostólico neste dia de feriado no Vaticano e na Itália, o Pontífice recordou que foram as discípulas as primeiras a testemunhar o Cristo Ressuscitado, motivadas pelo anjo do Senhor a não terem medo de encontrá-Lo e testemunhá-Lo com alegria.
“Poderíamos nos perguntar: por que elas?”, questiona o Papa no Regina Coeli que, durante o período pascal substitui o Angelus: “por uma razão muito simples”, afirma ele, “porque são as primeiras a ir ao sepulcro”. Ao contrário de todos os discípulos, elas não ficaram em casa tristes pela história de Jesus que parecia ter terminado. Enfrentando o medo e com muita alegria, descreve o Evangelho (Mt 28,8) ao encontrarem o sepulcro vazio, as mulheres correm para dar aos discípulos o anúncio da Ressureição de Jesus:
“Às vezes pensamos que a maneira para estar perto de Deus seja aquela de mantê-Lo bem perto de nós; porque então, se nos expomos e falamos sobre isso, chegam os julgamentos, as críticas, talvez não saibamos responder a certas perguntas ou provocações, e então é melhor não falar sobre isso e se fechar: não, isso não é bom. Em vez disso, o Senhor vem enquanto O proclamamos. Você sempre encontra o Senhor no caminho do anúncio. Anuncia o Senhor e O encontrará. Busca o Senhor e O encontrará. Sempre em caminho, isso que as mulheres nos ensinam: encontra-se Jesus, testemunhando-O. Vamos colocar isso no coração: Jesus se encontra testemunhando-O.”
O Papa, então, dá um exemplo prático de quando se recebe a notícia de que uma criança nasceu: a primeira intenção é compartilhar com alegria entre os amigos já que, ao contá-la, tornamos a novidade ainda mais viva para nós mesmos:
“Se isso acontece por uma boa notícia, de todos os dias, ou de alguns dias importantes, acontece infinitamente mais por Jesus, que não é apenas uma boa notícia, e nem mesmo a melhor notícia da vida, não, mas Ele é a própria vida, Ele é ‘a ressurreição e a vida’ (Jo 11,25). Sempre que O proclamamos, não fazendo por propaganda ou proselitismo, aquilo não: anunciar é uma coisa, fazer propaganda e proselitismo é outra. O cristão anuncia, aquele que tem outro objetivo faz proselitismo e isso não é bom. Cada vez que O anunciamos, o Senhor vem ao nosso encontro com respeito e amor, como o mais belo presente para se compartilhar. Jesus habita ainda mais em nós cada vez que nós O anunciamos.”
“Quando se encontra Jesus”, continua Francisco, “nenhum obstáculo pode nos impedir de proclamá-Lo”. Basta pensar nas mulheres do Evangelho que, apesar dos medos e angústias, não guardaram a alegria da Páscoa e foram anunciá-la. Se, ao invés disso, guardamos para nós, alerta o Papa, “talvez é porque ainda não O encontramos verdadeiramente”. E o Pontífice finaliza a oração mariana do Regina Coeli tocando a consciência de todos aos questionar:
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
O dia mais importante e belo da história: o dia em que Cristo ressuscitou!
O Papa formulou seus votos de Feliz Páscoa a todos os fiéis em sua mensagem Urbi et Orbi (a Roma e a todo o mundo) ao final da missa celebrada numa Praça São Pedro tapeçada de flores. A cerimônia teve início com a abertura do ícone do Santíssimo Salvador, sob o canto do Aleluia e prosseguiu com a Liturgia da Palavra, sem a homilia, e a Liturgia Eucarística.
Diante de cerca de 100 mil romanos e peregrinos, Francisco recordou o significado da Páscoa, isto é, passagem; passagem da morte à vida, do pecado à graça.
Que seja para cada um, sobretudo para os sofredores, uma passagem da tribulação à consolação. Afinal, não estamos sós: Jesus, o Vivente, está conosco para sempre. Alegrem-se a Igreja e o mundo, porque podemos “celebrar, por pura graça, o dia mais importante e belo da história”.
Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente, e a humanidade acelera o passo porque vê a meta do seu percurso, o sentido do seu destino: Jesus Cristo. E é chamada a apressar-se ao encontro Dele, esperança do mundo.
Por isso, convidou o Papa, apressemo-nos também nós a superar os conflitos e as divisões, e a abrir os nossos corações aos mais necessitados. Apressemo-nos a percorrer sendas de paz e fraternidade. O caminho é longo e devemos suplicar ao Ressuscitado: “Ajudai-nos a correr ao vosso encontro!”.
Francisco então nomeou os povos e países que mais precisam, neste momento, desta ajuda: são o “amado povo ucraniano”, os russos, sírios e turcos vítimas do terremoto. São ainda israelenses e palestinos e libaneses. No continente africano, anseiam pela paz de Cristo os tunisinos, etíopes, sul-sudaneses, congoleses, eritreus, nigerianos, malauianos, moçambicanos e burquineses. Na Ásia, o Papa reza pelos birmaneses e pelo martirizado povo rohingya. No continente americano, as preces de Francisco vão para o Haiti, “que há vários anos está sofrendo uma grave crise sociopolítica e humanitária”, e para a Nicarágua, que hoje celebra a Páscoa “em circunstâncias particulares”.
O Pontífice suplicou conforto para os refugiados, os deportados, os prisioneiros políticos e os migrantes, especialmente os mais vulneráveis, bem como todos aqueles que sofrem com a fome, a pobreza e os efeitos nocivos do narcotráfico, do tráfico de pessoas e de toda a forma de escravidão.
Francisco pede ao Senhor que inspire os responsáveis das nações, para que nenhum homem ou mulher seja discriminado e espezinhado na sua dignidade; para que, no pleno respeito dos direitos humanos e da democracia, se curem estas chagas sociais.
“Irmãos, irmãs, voltemos também nós a encontrar o gosto do caminho, aceleremos o pulsar da esperança, saboreemos a beleza do Céu! (…) Sim, temos a certeza: verdadeiramente Cristo ressuscitou. Acreditamos em Vós, Senhor Jesus, acreditamos que convosco renasce a esperança, o caminho continua. Vós, Senhor da vida, encorajai os nossos caminhos e repeti, também a nós, como aos discípulos na noite de Páscoa: ‘A paz esteja convosco’.”
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
O Papa presidiu na noite deste Sábado Santo à Vigília pascal, a “mãe de todas as vigílias”. A cerimônia teve início com a Basílica Vaticana às escuras, com a celebração da luz, a bênção do fogo e preparação do círio pascal. Após aceso, Francisco guiou a procissão com velas pela nave central, sem cantos, até que o diácono proclamou pela terceira vez “Lumen Christi” e as luzes da Basílica foram acesas.
A cerimônia seguiu com a proclamação da Páscoa e a Liturgia da Palavra. Já em sua homilia, o Papa comentou o episódio narrado em Mateus 28, em que as mulheres, ao verem o túmulo vazio, invertem o rumo, mudam de estrada; abandonam o sepulcro e correm a anunciar aos discípulos um percurso novo: Jesus ressuscitou e espera-os na Galileia.
Na vida destas mulheres, aconteceu a Páscoa, que significa passagem: de fato, passam do caminho triste rumo ao sepulcro para uma corrida jubilosa até junto dos discípulos. Também nós, disse Francisco, caminhamos tristes presos em ódios, rancores, desilusões, fracassos, lutos não só em nossa vida pessoal, mas também social, ao lidarmos com o câncer da corrupção, a propagação da injustiça, os ventos gélidos da guerra.
O convite de Francisco então é para fazermos como as mulheres, ou seja, voltar para a Galileia. Isto significa fazer duas coisas: a primeira, sair da clausura do Cenáculo, do escondimento, para se abrir à missão, escapar do medo para caminhar rumo ao futuro. A segunda, voltar às origens, porque precisamente na Galileia onde tudo começou. Lá o Senhor encontrou e chamou pela primeira vez os discípulos. Portanto, ir para a Galileia é voltar à graça primordial, é readquirir a memória que regenera a esperança, a «memória do futuro» com que fomos marcados pelo Ressuscitado.
Cada um de nós, acrescentou o Pontífice, conhece o próprio lugar da ressurreição interior, lugar inicial, fundante, que mudou as coisas. Não podemos deixá-lo no passado, o Ressuscitado convida-nos a ir até lá, para celebrar a Páscoa.
Na Galileia, Ele deixou de ser um personagem histórico, tornando-Se a pessoa da nossa vida: não um Deus distante, mas o Deus próximo, que nos conhece melhor do que ninguém e nos ama mais do que qualquer outra pessoa.
Esta é a força da Páscoa, que convida a rolar as pedras da desilusão e da desconfiança; o Senhor, perito em derrubar as pedras tumulares do pecado e do medo, quer iluminar a nossa memória santa, a nossa recordação mais bela, tornar atual o primeiro encontro com Ele. “Recorda e caminha: volta para Ele, redescobre a graça da ressurreição de Deus em ti!”, exorta mais uma vez o Papa.
Eis então o convite final de Francisco:
“Irmãos, irmãs, sigamos Jesus até à Galileia, encontremo-Lo e adoremo-Lo lá onde Ele espera cada um de nós. Revivamos a beleza daquele momento em que, depois de O ter descoberto vivo, O proclamamos Senhor da nossa vida. Voltemos à Galileia, cada um volte à sua própria Galileia, a do primeiro encontro, e ressurjamos para uma vida nova!”
Depois da Liturgia da Palavra, foi realizada a Liturgia Batismal, com o batismo de oito catecúmenos: três albaneses, dois estadunidenses, um italiano, um nigeriano e uma venezuelana.
Vatican News