Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (17/03), na Sala Clementina, no Vaticano, os membros da Congregação de São José, também conhecidos como Josefinos de Murialdo, por ocasião de seus 150 anos de fundação.
A congregação foi fundada por São Leonardo Murialdo, em 19 de março de 1873, em Turim, na Itália, “para cuidar e formar principalmente os jovens trabalhadores”. Um “contexto difícil, marcado por tanta pobreza moral, cultural e econômica, diante do qual não ficou indiferente: aceitou o desafio e se pôs a trabalhar”, disse o Papa.
Essa realidade nasceu ao longo de um século e meio e se enriqueceu “com pessoas, obras, diferentes experiências culturais e, sobretudo, com muito amor”. Uma realidade composta hoje por cerca de quinhentos religiosos e, também, pelas irmãs Murialdinas de São José, às quais o Papa desejou seus votos pelo 70° aniversário de fundação, pelo Instituto secular e por vários leigos, todos unidos numa única Família. “Tanto cresceu a semente colocada por Deus na Igreja através das mãos generosas de São Leonardo Murialdo”, sublinhou Francisco.
No ano passado, por ocasião da abertura desta celebração jubilar, o Papa escreveu ao Superior Geral da Congregação, desejando que os membros continuassem crescendo na «arte de captar as exigências dos tempos e de prover a elas com a criatividade do Espírito Santo». “O Espírito não pode ser controlado, é Ele quem nos leva adiante. É preciso apenas discernimento e fidelidade”, disse ainda o Pontífice.
O Papa os exortou a cuidar especialmente dos “mais jovens, que hoje mais do que nunca precisam de testemunhas críveis”. E os encorajou a nunca deixarem de sonhar, seguindo o exemplo de São José, seu Padroeiro, e São Leonardo, “num espírito de paternidade autêntica”.
A seguir, Francisco sublinhou três aspectos importantes para a vida e o apostolado dos Josefinos de Murialdo: a primazia do amor de Deus, a atenção ao mundo que muda e a doçura paterna da caridade.
A experiência do amor de Deus marcou profundamente a vida de São Leonardo. “Ele convidava seus irmãos a se deixarem amar por Deus em primeiro lugar. Deixar-se amar por Deus: este foi o segredo de sua vida e de seu apostolado”, disse Francisco, acrescentando:
Não apenas amar, não, deixar-se amar. Aquela passividade – sublinho – aquela passividade da vida consagrada, que cresce no silêncio, na oração, na caridade e no serviço. O convite vale também para nós: deixemo-nos amar por Deus para sermos testemunhas críveis de seu amor; deixemos que seu amor guie nossos afetos, pensamentos e ações. Não as regras, não as disposições.
A seguir, o Papa Francisco disse que quando “se quer regular tudo, se acaba por engaiolar o Espírito Santo”. “São muitos, religiosos, consagrados, sacerdotes e bispos que engaiolaram o Espírito Santo. Por favor, liberdade, criatividade. Caminhar sempre com a orientação do Espírito Santo”, sublinhou o Santo Padre.
São Leonardo Murialdo era um homem profundamente místico e “isso também o tornou muito atento e sensível às necessidades dos homens e mulheres de seu tempo, dos quais era um observador atento e um profeta corajoso”.
Ele soube perceber a existência de novas dificuldades ao seu redor, dificuldades sérias e muitas vezes escondidas, e não hesitou em cuidar delas. Ele ensinou especialmente aos jovens trabalhadores a planejar seu futuro, a fazer ouvir suas vozes e a ajudar-se mutuamente. Ele se tornou um porta-voz da palavra profética da Igreja num mundo dominado por interesses econômicos e de poder, dando voz aos marginalizados.
Segundo o Papa, São Leonardo Murialdo “soube compreender o valor dos leigos na vida e no apostolado do Povo de Deus”.
A seguir, Francisco falou sobre o terceiro aspecto para a vida e o apostolado dos Josefinos de Murialdo: a doçura paterna da caridade. “Que vocês possam buscá-la e vivê-la entre vocês, com espírito de fraternidade, e exercê-la para com todos. Ser como Maria, nossa Mãe: ao mesmo tempo fortes no testemunho e dóceis no amor”, disse o Pontífice. Dizia São Leonardo: «A caridade é olhar e expressar a beleza de cada um, perdoar de coração, ter um semblante sereno, afabilidade, doçura». “E para isso é preciso saber carregar a cruz. É preciso oração, é preciso sacrifício”, sublinhou Francisco. Dizia ainda São Leonardo: «Assim como sem fé não se agrada a Deus, sem doçura não se agrada o próximo». “Estas são as suas palavras: um programa de vida e de apostolado simples e poderoso”, concluiu o Papa.
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