Deborah Castellano Lubov – Cidade do Vaticano
“Uma grande alegria para a nação”. Assim o arcebispo de Esztergom-Budapeste, e primaz da Hungria, cardeal Peter Erdő, comentou o anúncio – divulgado na segunda-feira, 27, pela Sala de Imprensa da Santa Sé – da Viagem Apostólica que o Papa Francisco fará à Hungria de 28 a 30 de abril próximo.
Em entrevista ao Vatican News, o purpurado se faz porta-voz das expectativas da população, mais da metade cristã e pelo menos 37% católica, que, em 12 de setembro de 2021, já havia se encontrado com o Pontífice por ocasião da Missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional. “Agora, diferentemente – diz Erdő – uma visita do Papa só para eles (…). Com a guerra na Ucrânia como pano de fundo. Precisamente a Hungria acolheu desde 24 de fevereiro mais de um milhão de refugiados que fogem do conflito.”
Eminência, como o senhor recebeu o anúncio da Viagem Apostólica do Papa Francisco à Hungria e quais são as expectativas para esta visita?
Com grande alegria recebemos a notícia da visita do Santo Padre à Hungria. Nós o convidamos como Igreja húngara, como Igreja de Budapeste, e queríamos recebê-lo para uma visita pastoral. Da última vez, quando visitou nossa cidade para presidir à Missa de encerramento do Congresso Eucarístico Internacional (setembro de 2021, ed.), foi uma visita relâmpago. Em vez disso, uma visita pastoral, um encontro com a comunidade dos fiéis, era desejado há muitos anos. Então é uma alegria imensa.
Como o senhor mencionou, não é a primeira vez que o Santo Padre vem à Hungria. Por que seu retorno ao país é importante, especialmente neste momento?
Precisamente pelo próprio fato de um encontro com os fiéis húngaros. O evento de 2021 foi um evento internacional: estiveram presentes peregrinos, bispos, sacerdotes, fiéis de 83 países. Desta vez, porém, Francisco se dirige aos húngaros, ao nosso povo, ao nosso povo, à nossa Igreja local. E isso muito nos honra e traz grande alegria.
No pano de fundo desta viagem, há a guerra na Ucrânia. A Hungria ajudou muitos refugiados ucranianos durante este período de invasão. Como esse tema volta à jornada?
A notícia da guerra que estourou há um ano e continua ao longo deste ano significa muita tristeza para nós. Tristeza pelo próprio fato da guerra, porque há um ano estamos rezando todos os dias pela paz, também em diferentes comunidades. Também realizamos regularmente procissões pela paz e consagramos a Nossa Senhora a Ucrânia e a Rússia, como o Santo Padre nos convidou a fazer. Realizamos este ato na Basílica de Santo Stêvão diante de sua relíquia, porque Santo Estêvão há mil anos foi o primeiro que, segundo a história, ofereceu um país inteiro a Nossa Senhora. E portanto sentimos uma proximidade espiritual aos dois povos. E o que fazemos? Antes de tudo, temos de enfrentar o grande desafio dos refugiados. Somos um país com menos de dez milhões de habitantes e no ano passado mais de um milhão e meio de refugiados chegaram da Ucrânia. Certamente nem todos queriam ficar na Hungria, mas 10-15% dos refugiados permaneceram na Hungria. Portanto, o primeiro desafio foi a ajuda humanitária. Acolhemos os refugiados tanto na fronteira como em Budapeste, por meio da Caritas nacional, da Caritas diocesana e dos grupos de caridade de cada paróquia. Depois há os Cavaleiros de Malta que tanto fizeram por quem chegou. Depois tivemos que organizar a ajuda espontânea oferecida pelos fiéis, a hospitalidade também de algumas paróquias e instituições eclesiais, mas também de particulares. Também vimos que há muitas mulheres e crianças que precisam de escola e ensino. Isso poderia ser organizado nas escolas católicas. Havia professores que conheciam a língua russa, outros entre os refugiados que falavam ucraniano. E assim procuramos organizar o ensino de acordo com a idade dos grupos de crianças. Havia também refugiados de língua húngara da área fronteiriça com a Hungria, para eles a integração foi mais fácil. Mas também procuramos integrar os outros oferecendo um emprego, um apartamento que pudessem usar por um período de tempo mais longo… Então acho que é um desafio que continua muito grande, mas que ajuda a tomar consciência da nossa vocação cristã.
Olhando para o programa divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, vemos que terá um encontro com as crianças. O senhor poderia nos adiantar algo?
Há várias décadas existe em Budapeste uma instituição eclesiástica que acolhe crianças cegas e com deficência. Portanto, têm necessidade de muito carinho e muita ajuda de toda a comunidade católica. Este instituto será visitado em abril pelo Papa que sempre mostra solidariedade e ternura para com essas crianças.
Vatican News