“Sou eu, sou eu quem vos consola!”, diz o Senhor (Is 51,12). O verdadeiro consolo vem de Deus, vem sobre os que estão em sofrimento, sobre os aflitos e atribulados. Aquele que durante toda a vida terrena de Jesus foi nosso amparo e alívio quer ser também o nosso melhor companheiro, defensor e consolador de nossa alma. Deus não se limita a enxugar as nossas lágrimas. Com a sua palavra, o Senhor nos protege e socorre. Ele nos consola ao tomar a nossa defesa.

Deus como consolo e libertador por meio da palavra

Ao pecarmos, ficamos vítimas de satanás e prisioneiros do próprio pecado. Estávamos todos condenados à destruição porque o salário do pecado é a morte (cf. Rm 6,23). Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, tomou nossa defesa e derrubou, por meio de sua palavra, “o acusador de nossos irmãos, que os acusava, dia e noite, diante do nosso Deus” (cf. Ap 12,10).

profecia consola-nos e libertando-nos do poder de satanás e de toda opressão. Ela nos reergue e conforta em meio às nossas dores. Por meio dela, “o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação”, é quem “nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!” (II Cor 1,3-4).
A profecia consola porque produz a liberdade que vem da verdade. Não é palavra de qualquer um, mas palavra do próprio Deus que está a nosso favor e permanece sempre ao nosso lado. Ela nos faz provar a doçura da presença e da amizade do Senhor.

(Texto retirado de “O Dom de profecia – Márcio Mendes”)

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Canção Nova

Atualmente, estou cursando o segundo ano de fisioterapia, porém, esse nem sempre foi o meu desejo. Eu venho de uma família predominantemente formada por militares — tios e primos no exército e uma prima na aeronáutica.

O maior exemplo e incentivador do meu sonho de seguir carreira militar sempre foi o meu pai que, por alguns anos, atuou como policial militar na cidade de Pouso Alegre, Minas Gerais. E, mesmo após a sua saída da corporação, sempre o tive como guia. As suas histórias faziam os meus olhos brilharem; e aprendi que ser policial é fazer o bem ao desconhecido, salvar vidas, ajudar ao próximo sem esperar nada em troca. Então, era esse o meu sonho.

O primeiro passo

Aos 18 anos, fiz a primeira prova do concurso e foi um desastre! Acertei apenas 15 questões de um total de 60. Após algumas tentativas sem êxito e sem entender o porquê, decidi então cursar algum nível superior. Então, matriculei-me em administração, mas sempre visando a carreira militar, pois, com a faculdade, poderia realizar o concurso da Polícia Mineira, por isso, nunca parei de estudar  e continuei me dedicando ao curso preparatório para concursos. Entretanto, o resultado era sempre negativo e não entendia o motivo de não conseguir.

No entanto, em 2017, aconteceu algo que destruiu o meu mundo: meu pai, não mais policial, quando atuava como supervisor de segurança em uma empresa da região, foi alvejado durante uma troca de tiros e veio a falecer. Nesse momento, eu perdi tudo, fiquei desesperado; e perguntava a Deus o porquê de tudo isso, meu maior apoiador, meu herói e eu o tinha perdido.

A resposta de Deus

Essa perda despertou em mim um sentimento ruim, de maldade e de vingança. Eu pedi a Deus que me aprovasse no concurso da polícia, mas não mais para fazer o bem. O resultado? Não fui aprovado e abandonei a faculdade. Com o passar do tempo, entendi que somente a Deus cabe a justiça e que a vingança não me levaria a lugar nenhum.

Com essa reflexão, o desejo de fazer o bem voltou e continuei a tentar ingressar na polícia. E, no decorrer do tempo, eu conheci a fisioterapia e me encantei, afinal, era tudo o que sempre quis: ajudar as pessoas por meio das minhas mãos, que são as minhas ferramentas de trabalho capazes de mudar vidas.

Esse faculdade me trouxe o ponto de partida para o meu recomeço, pois, em setembro de 2002, fui chamado para ser voluntário na tenda dos peregrinos em Aparecida e fui. E, mesmo com medo, acolhi pessoas do Brasil todo, algumas conhecidas e a maioria, talvez, eu nunca mais as veria. Foram cinco dias de trabalho intenso, madrugada adentro, porém, ao final, em silêncio, eu me sentei ao chão e consegui sorrir porque sabia que Deus me dava a Sua resposta diante a minha frustração. E meu coração estava onde deveria estar: me doando pelo outro e, por isso, entendi que a fisioterapia é o meu futuro.

Gustavo Moretti, 26 anos, Lorena – SP

Fonte Canção Nova

Créditos: Cecilie_Arcurs by GettyImages / cancaonova.com

Vatican News

Foi divulgada, nesta terça-feira (24/01), a mensagem do Papa Francisco para o 57° Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado em 21 de maio próximo sobre o tema “Falar com o coração. Testemunhando a verdade no amor”.

O Pontífice inicia o texto, recordando que, nos anos precedentes, foi refletido dobre os verbos “ir, ver e escutar como condição necessária para uma boa comunicação”. Este ano, o Papa se detém sobre o “falar com o coração”.

“Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar, e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora”, ressalta Francisco, recordando que “não devemos ter medo de proclamar a verdade, por vezes incômoda, mas de o fazer sem amor, sem coração. Só ouvindo e falando com o coração puro é que podemos ver para além das aparências, superando o rumor confuso que, mesmo no campo da informação, não nos ajuda a fazer o discernimento na complexidade do mundo em que vivemos. O apelo para se falar com o coração interpela radicalmente este nosso tempo, tão propenso à indiferença e à indignação, baseada por vezes até na desinformação que falsifica e instrumentaliza a verdade. Com efeito «o programa do cristão – como escreveu Bento XVI – é “um coração que vê”». Trata-se de um coração que revela, com o seu palpitar, o nosso verdadeiro ser e, por essa razão, deve ser ouvido. Isto leva o ouvinte a sintonizar-se no mesmo comprimento de onda, chegando ao ponto de sentir no próprio coração também o pulsar do outro. Então pode ter lugar o milagre do encontro, que nos faz olhar uns para os outros com compaixão, acolhendo as fragilidades recíprocas com respeito, em vez de julgar a partir dos boatos semeando discórdia e divisões”.

Jesus fala com o coração aos discípulos de Emaús

O Papa explica que “comunicar cordialmente quer dizer que a pessoa que nos lê ou escuta é levada a deduzir a nossa participação nas alegrias e receios, nas esperanças e sofrimentos das mulheres e homens do nosso tempo. Quem assim fala, ama o outro, pois preocupa-se com ele e salvaguarda a sua liberdade, sem a violar. Podemos ver este estilo no misterioso Viandante que dialoga com os discípulos a caminho de Emaús depois da tragédia que se consumou no Gólgota. A eles, Jesus ressuscitado fala com o coração, acompanhando com respeito o caminho da sua amargura, propondo-Se e não Se impondo, abrindo-lhes amorosamente a mente à compreensão do sentido mais profundo do sucedido. De facto, eles podem exclamar com alegria que o coração lhes ardia no peito enquanto Ele conversava pelo caminho e lhes explicava as Escrituras”. A seguir, Francisco recorda que:

Num período da história marcado por polarizações e oposições – de que, infelizmente, nem a comunidade eclesial está imune – o empenho em prol duma comunicação «de coração e braços abertos» não diz respeito exclusivamente aos agentes da informação, mas é responsabilidade de cada um. Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor.

Francisco de Sales, exemplo luminoso do falar com o coração

“Um dos exemplos mais luminosos e, ainda hoje, fascinantes deste «falar com o coração» temo-lo em São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, a quem dediquei recentemente a Carta Apostólica Totum amoris est, nos 400 anos da sua morte”, ressalta o Papa. “A par deste aniversário importante e relacionado com a mesma circunstância”, recorda ele, “apraz-me recordar outro que se celebra neste ano de 2023: o centenário da sua proclamação como padroeiro dos jornalistas católicos, feita por Pio XI com a Encíclica Rerum omnium perturbationem. Mente brilhante, escritor fecundo, teólogo de grande profundidade, Francisco de Sales foi bispo de Genebra no início do século XVII, em anos difíceis marcados por animadas disputas com os calvinistas. A sua mansidão, humanidade e predisposição a dialogar pacientemente com todos, e de modo especial com quem se lhe opunha, fizeram dele uma extraordinária testemunha do amor misericordioso de Deus”.

“O santo bispo de Genebra nos recorda, através dos seus escritos e do próprio testemunho de vida, que «somos aquilo que comunicamos»: uma lição contracorrente hoje, num tempo em que, como experimentamos particularmente nas redes sociais, a comunicação é muitas vezes instrumentalizada para que o mundo nos veja, não por aquilo que somos, mas como desejaríamos ser. Possam os agentes da comunicação sentir-se inspirados por este Santo da ternura, procurando e narrando a verdade com coragem e liberdade, mas rejeitando a tentação de usar expressões sensacionalistas e agressivas”, sublinha ainda o Pontífice.

O sonho do Papa

“Como já tive oportunidade de salientar, «também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros».  Duma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs.”

Sonho uma comunicação eclesial que saiba deixar-se guiar pelo Espírito Santo, gentil e ao mesmo tempo profética, capaz de encontrar novas formas e modalidades para o anúncio maravilhoso que é chamada a proclamar no terceiro milênio.

Desarmar os ânimos promovendo uma linguagem de paz

A seguir, o Papa lembra que “hoje é necessário falar com o coração para promover uma cultura de paz, onde há guerra; para abrir sendas que permitam o diálogo e a reconciliação, onde campeiam o ódio e a inimizade. No dramático contexto de conflito global que estamos a viver, urge assegurar uma comunicação não hostil. É necessário vencer «o hábito de denegrir rapidamente o adversário, aplicando-lhe atributos humilhantes, em vez de se enfrentarem num diálogo aberto e respeitoso».”

Segundo Francisco, “precisamos de comunicadores prontos a dialogar, ocupados na promoção dum desarmamento integral e empenhados em desmantelar a psicose bélica que se aninha nos nossos corações, como exortava profeticamente São João XXIII na Encíclica Pacem in terris: «a verdadeira paz entre os povos não se baseia em tal equilíbrio [de armamentos], mas sim e exclusivamente na confiança mútua»”.

“Uma confiança que precisa de comunicadores não postos à defesa, mas ousados e criativos, prontos a arriscar na procura dum terreno comum onde encontrar-se. Também agora, como há 60 anos, a humanidade vive uma hora escura temendo uma escalada bélica, que deve ser travada o mais depressa possível, inclusivamente em termos de comunicação. Fica-se apavorado ao ouvir com quanta facilidade se pronunciam palavras que invocam a destruição de povos e territórios; palavras que, infelizmente, se convertem muitas vezes em ações bélicas de celerada violência. Por isso mesmo há que rejeitar toda a retórica belicista, assim como toda a forma de propaganda que manipula a verdade, deturpando-a com finalidades ideológicas. Em vez disso seja promovida, a todos os níveis, uma comunicação que ajude a criar as condições para se resolverem as controvérsias entre os povos.”

“Como cristãos, sabemos que é precisamente na conversão do coração que se decide o destino da paz, pois o vírus da guerra provém do íntimo do coração humano.  Do coração brotam as palavras certas para dissipar as sombras dum mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do que aquela que recebemos. É um esforço que é exigido a todos e cada um de nós, mas faz apelo de modo particular ao sentido de responsabilidade dos agentes da comunicação a fim de realizarem a própria profissão como uma missão”, conclui o Papa.

Vatican News

Jane Nogara – Vatican News

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes na V Conferência Internacional “Pelo Equilíbrio do Mundo” que será realizada em Havana, Cuba, de 24 a 28 de janeiro. A Conferência anual comemora o nascimento de José Martí, apresentando sua figura como um incentivo para despertar a consciência de todos aqueles que no mundo são chamados a criar um clima de diálogo e fraternidade que possa promover mudanças significativas nas atuais circunstâncias sociais e políticas.

Construir pontes sem exclusões

Francisco iniciou sua mensagem aludindo às tais circunstâncias pois “dão motivo para alarme e devem despertar em nós um interesse por esta mudança de rumo. Para isso, porém, acredito que seja importante não olharmos tanto para o que cada um de nós, com a melhor das intenções, poderia propor, mas para a necessidade absoluta de nos sentarmos e escutar os outros. Há uma necessidade urgente de construir pontes que possam nos ajudar a encontrar juntos soluções viáveis que não excluam ninguém”.

“Digo sem medo o que vejo”

Francisco disse ter ficado impressionado com algumas palavras de José Martí no túmulo do venerável padre Félix Varela, “que podem ser significativas neste contexto”. “Martí”, disse o Papa, “certamente admira o amor de Varela por sua terra e sua coragem em denunciar o que ele considera incompatível com o bem social – digo sem medo o que vejo – mas, ao mesmo tempo, ele destaca sua gentileza, uma virtude essencial do governante, que deve orientar o diálogo social e político: ‘sem perder a razão, nem apressar’, tendo o ‘justo respeito’ por nosso interlocutor a fim de chegar a uma solução concordada”.

Capacidade de unir para um esforço comum

A importância destas raízes, é destacada por Martí ao recordar a figura do padre Varela: “Trata-se, de olhar para o passado, de não negar nossas raízes, que nos levam a aprender com nossos idosos, sobre a fé que os moveu, sobre a coerência de vida que esta fé lhes impôs, sobre aquela dedicação ao povo que nada mais é do que o mandamento do Senhor de amarmos como Ele nos amou (cf. Jo 13, 34-35)”. A partir destas raízes, José Martí afirma como a figura do Padre Varela é capaz de unir para um esforço comum.

A palavra “juntos” no centro

Por fim o Papa escreve que a partir de sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, ele retomou a ideia fundamental, pensando nos heróis que surgiram na pandemia, “de colocar a palavra ‘juntos’ novamente no centro; de fato, é juntos, em fraternidade e solidariedade, que podemos construir a paz, garantir a justiça e superar os acontecimentos mais dolorosos”. Acrescentando, “esta é a chave para recuperar o equilíbrio que dá nome ao encontro de vocês, pois só juntos podemos enfrentar as diversas crises morais, sociais, políticas e econômicas das quais sofremos e que estão todas interligadas.

Vatican News