Neste mês, estamos tratando o tema do sentido das nossas vidas, como visto em outros textos publicados anteriormente. Esse tema é muito rico e necessário para nossa realização e santificação, no entanto, as pessoas que descobriram seu sentido e bem realizaram-no tornaram-se santas. Viver conforme o sentido pelo qual Deus o criou é santificar-se, é aperfeiçoar-se, assim como é humanizar-se. Quanto mais humanos mais santos, mais humanos mais cheios de sentido e de realizações segundo a vontade do Pai.
Ser santo não é outra coisa senão fazer a vontade de Deus em tudo. Muitos acreditam que o caminho é a ascese, outros o escondimento ou até a vida missionária, mas o grande segredo é a vontade de Deus para você. Uns se completaram na pregação como São Paulo, outros no governo da Igreja como Pedro, ainda outros no silêncio, escondimento e serviço como o glorioso São José. Por isso é tão importante entender qual o caminho, qual o sentido Deus tem para mim, qual a sua vontade…
Diante desse panorama, quero recordar a figura da humilde e pequena Santa Teresa do Menino Jesus, conhecida como Teresinha. Ela faleceu aos 24 anos de idade e foi canonizada por Pio XI em 1925, com menos de 28 anos após a sua páscoa. Também muito logo proclamada Doutora da Igreja pelo Papa João Paulo II em 1997. Esses dados demonstram a explosão de sua santidade e devoção. Por outro lado, inacreditavelmente, as irmãs que moravam com ela dentro do convento da Ordem carmelita não imaginavam o tamanho de sua grandeza. Algumas irmãs até comentavam entre si que Teresinha havia morrido muito cedo, sempre muito doente, sem poder fazer muita coisa, tinham pena dela.
Mesmo tão nova e desacreditada, vista como frágil, ela soube buscar o essencial para sua vida e realizá-lo, soube fazer o que Deus lhe pedia. Em meio a sua busca incessante por sentido, imaginava tantas coisas sobre si mesmo, desejava tanto, mas encontrou seu lugar no coração da Igreja:
“Não obstante a minha pequenez, queria iluminar as almas como os Profetas, os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo… Li, no cap. 12 da 1ª Carta de S. Paulo aos Coríntios, que nem todos podem ser ao mesmo tempo Apóstolos, Profetas, Doutores etc., que a Igreja é formada por membros diferentes e que os olhos não podem ao mesmo tempo ser as mãos. A resposta era clara, mas não satisfazia completamente os meus desejos e não me trazia a paz. Continuei a ler e encontrei esta frase que me confortou profundamente: Procurai com ardor os dons mais perfeitos; eu vou mostrar-vos um caminho mais excelente. E o Apóstolo explica como todos os dons mais perfeitos não são nada sem o amor, e que a caridade é o caminho mais excelente que nos leva com segurança até Deus. Finalmente tinha encontrado a tranquilidade.
A caridade ofereceu-me a chave da minha vocação. Compreendi que se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia agir os membros da Igreja, e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno… Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja: no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor… assim serei tudo…” (Teresinha, História de uma alma. manuscrito B, p. 213).
Fica evidente a descoberta de um sentido de vida, Teresinha descobre que sua vida está dedicada ao amor e através disso ela poderá realizar todos os desígnios de Deus, assim como preencher toda a sua sede, seus desejos e sonhos mais profundos. Através do amor ela estaria no coração da Igreja e poderia alcançar o centro do catolicismo: A caridade! Grande descoberta que a tornou santa em tão pouco tempo e por isso um grande exemplo para nós.
Agora, cabe a mim e a você descobrir o nosso sentido e esmerar-se em aplicá-lo. Seguindo os passos dos santos, como da pequena de Lisieux, poderemos realizar a nossa identidade, a nossa essência, tudo aquilo que Deus pensou para nós…
Canção Nova