Jane Nogara – Vatican News

Na manhã desta quinta-feira (10/11) o Papa Francisco recebeu a Comunidade do Pontifício Colégio Nepomuceno de Roma destinado a sacerdotes de nacionalidade tcheca. Francisco iniciou seu discurso afirmando que gostaria de compartilhar algumas reflexões com os presentes falando do Padroeiro do Colégio, São João Nepomuceno, pois nele se encontra uma raiz forte, uma raiz sempre viva, capaz de alimentar o presente e o futuro da comunidade, como fez em seu passado.

Fiel ao segredo da Confissão

É sempre impressionante, continuou Francisco que ele tenha sido “morto porque queria permanecer fiel ao segredo da Confissão”. Disse “não” ao rei para confirmar seu “sim” a Cristo e à Igreja. “E isto”, disse o Papa, “faz pensar no que tantos sacerdotes e bispos tiveram que suportar ao longo da história sob vários regimes autoritários ou totalitários”, recordando que para eles “isso aconteceu particularmente durante os quarenta anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial”. Ainda falando sobre o Santo, Francisco disse: “Esta raiz de coragem e firmeza evangélica – que remonta ao seu santo padroeiro – jamais deve se tornar uma placa a ser colocada na parede, como um objeto de museu; não, ela deve permanecer uma raiz viva, porque sua seiva é necessária até hoje!”.

“Ainda hoje, na Europa e em todas as partes do mundo, ser cristão, e em particular ser ministros da Igreja, requer dizer ‘não’ aos poderes deste mundo a fim de confirmar o ‘sim’ ao Evangelho”

Ponderando em seguida que o testemunho de São João Nepomuceno nos recorda, hoje mais do que nunca, “a primazia da consciência sobre qualquer poder mundano; a primazia da pessoa humana, a sua dignidade inalienável, que tem seu centro precisamente na consciência, entendida não em um sentido meramente psicológico, mas em sua plenitude, como abertura à transcendência”. Desejando em seguida que o Colégio que leva o nome do grande sacerdote e mártir boêmio seja sempre “uma casa e escola de liberdade, liberdade interior, fundada sobre a relação com Cristo e com o Espírito Santo”.

Pontes com oração

Em seguida o Papa falou sobre um outro ponto de reflexão ao recordar que São João de Nepomuceno é o protetor das pontes, ele, que foi jogado da Ponte Carlos de Praga no rio Moldau coroando assim seu testemunho. Convidando a todos:

“Uma forma apropriada de honrar sua memória é então tentar, na vida concreta, construir pontes onde há divisões, distâncias, incompreensões”

Advertindo em seguida que isto “não pode ser feito sem a oração. As pontes são construídas a partir da oração, a partir da oração de intercessão: dia após dia, batendo insistentemente no coração de Cristo, são lançados os fundamentos para que duas margens distantes e hostis possam se comunicar novamente”. Continuando o tema o Papa lembrou que o ponto central para se construir pontes, é Jesus Cristo:

“Jesus Cristo é a ponte e Ele é o pontífice. É Ele que é nossa paz, é Ele que derrubou e derrubou e derruba os muros da inimizade. E é a Ele que devemos sempre dirigir e atrair pessoas, famílias, comunidades”

Acrescentando que “isto é o que fazemos no momento central de cada um de nossos dias, quando celebramos a missa. Não podemos e não devemos estarmos nós no centro, mas Ele!”.

Riqueza humana

Por fim o Papa recordou a presença no Colégio Nepomuceno, além dos sacerdotes da República Tcheca, de outros sacerdotes de diferentes países, inclusive da África e da Ásia. “E esta realidade”, disse, “que depende da diminuição da presença europeia, pode se tornar, se bem administrada, uma riqueza humana e formativa. Nesta diversidade vocês podem praticar melhor como ser ‘pontes’, servidores da cultura do encontro, capazes de captar no outro a peculiar originalidade e ao mesmo tempo a humanidade comum”.

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