Andressa Collet – Vatican News
Esse é o teor do tuíte do Papa Francisco publicado nesta quinta-feira (27), dia de abertura de um encontro promovido pela Caritas Internacional, em colaboração com a Missão do Observatório Permanente da Santa Sé junto a Unesco, que acontece até esta sexta (28) em Paris, na França. O tema da conferência, “O rosto completo da humanidade: mulheres na liderança por uma sociedade justa”, tem o intuito de aumentar a conscientização sobre as barreiras que as mulheres enfrentam na sociedade devido à pobreza, à violência e à falta de acesso à educação. Um evento para demonstrar como o empoderamento das mulheres funciona para quebrar essas barreiras, propondo um caminho feito de ações concretas e com sinergias criadas entre essas organizações e outras partes interessadas.
A conferência, dividida em quatro partes e com a participação de 30 relatores internacionais, está sendo transmitida ao vivo pelos canais do Vatican News em inglês e em espanhol. O primeiro dia de trabalhos, como antecipou o Papa em tuíte, é dedicado às questões relativas à participação e à liderança das mulheres.
Na abertura do evento na sede central da Unesco, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, fez um discurso e enalteceu a iniciativa que pretende “fazer eco a uma das grandes prioridades da Organização, a igualdade entre mulheres e homens”. Em especial, a conferência dá abertura de discussão sobre a condição da mulher no mundo ao monitorar as questões dos seus direitos a partir da perspectiva da Igreja católica.
O cardeal Parolin, assim, começou falando da importância do direito à educação “como chave para o desenvolvimento de cada pessoa, bem como a principal forma de abordar conscientemente as desigualdades estruturais que minam a coexistência civil. Estamos todos bem cientes de que, sem o direito à educação, qualquer discussão sobre a promoção da mulher corre o risco de ser um exercício vazio de retórica”. O secretário exortou que “os Estados devem ter a coragem de investir, revertendo assim a relação embaraçosa e assimétrica entre os gastos públicos em educação e os fundos destinados ao armamento”.
A inclusão, segundo o purpurado, é um meio de abordagem educacional ao se promover a cultura do diálogo e o respeito às várias sensibilidades, começando pela capacidade de acolher o outro com as suas diferenças: “o nobre objetivo da inclusão nem sempre é imune a interpretações redutoras e distorcidas da pessoa humana, que às vezes chegam ao ponto de sustentar que a religião é um obstáculo à liberdade absoluta da autodeterminação da pessoa, e das mulheres em particular”. Um “tamanho único” ou “soluções parciais e exclusivas” não são possíveis sobre o tema, sobretudo em realidades de extrema pobreza e de dificuldades de acesso à educação em países em desenvolvimento, mas a inclusão como método pode oferecer “caminhos criativos e responsáveis de maturação humana que sejam apropriados à dignidade da mulher”.
E junto à educação inclusiva, referiu-se o cardeal Parolin, está a educação de qualidade – que não deve ser equiparada com aquela oferecida por uma instituição de prestígio social, ajudando a manter vivas as barreiras territoriais ao acesso igualitário. A educação será verdadeiramente inclusiva e de qualidade, enfatizou ele, “se ela se esforçar para acolher, proteger, promover e integrar cada pessoa”; se “for capaz de fornecer pensamento crítico”; se “envolver na história pessoal e familiar de cada criança, promovendo o respeito ao outro, desmascarando as múltiplas formas de violência, abuso e prevaricação da mulher”.
Na conclusão do discurso, destaque aos “valores da feminilidade como um dom para a humanidade”, aqueles que mostram, “apesar de um certo discurso feminista que reivindica necessidades ‘para si mesmo'”, a “intuição profunda” da mulher onde “o melhor de suas vidas são atividades orientadas para o despertar dos outros, seu crescimento, sua proteção”. “As mulheres”, observou ainda o secretário de Estado, “são capazes de compreender a realidade de uma forma única: sabendo resistir à adversidade, tornando a vida ainda possível “mesmo em situações extremas” e agarrando-se “tenazmente ao futuro”.
“Uma contribuição que enriquece as relações humanas e os valores do espírito, a partir das relações cotidianas entre as pessoas”, o que para o cardeal Parolin torna a sociedade “largamente endividada” com as mulheres e seu trabalho, especialmente no campo da educação. Sem esquecer a Igreja, que, reconhecendo “atrasos e deficiências” que têm instigado formas de discriminação contra as mulheres mesmo dentro dela devido a uma “mentalidade machista chauvinista”, vê hoje as mulheres “progressivamente envolvidas nos órgãos colegiados e decisórios da Cúria Romana e da Igreja, a ponto de ocupar cargos de responsabilidade antes reservados aos clérigos”. Certamente não pode ser uma promoção reduzida “a uma redistribuição de papéis”, mas sim – e o cardeal Parolin deixou claro – a uma “compreensão obediente de como dar espaço à originalidade feminina para enriquecer a Igreja de uma forma mais significativa e decisiva”.
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