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A viagem apostólica ao Cazaquistão foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (23/09), realizada na Praça São Pedro.
A viagem do Pontífice a esse “vasto país da Ásia Central”, realizou-se de 13 a 15 deste mês, “por ocasião do sétimo Congresso dos Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais”.
“A principal razão da viagem foi a participação no Congresso dos Líderes das religiões mundiais e tradicionais. Esta iniciativa realiza-se há vinte anos pelas Autoridades do país, que se apresenta ao mundo como lugar de encontro e de diálogo, neste caso a nível religioso e, portanto, como protagonista na promoção da paz e da fraternidade humana”, frisou o Papa, ressaltando a importância de “colocar as religiões no centro do compromisso para a construção de um mundo onde nos escutamos e nos respeitamos na diversidade. Isso não é relativismo. É escutar e respeitar”.
O Papa recordou que “o Congresso debateu e aprovou a Declaração final, que se põe em continuidade com a que foi assinada em Abu Dhabi, em fevereiro de 2019, sobre a fraternidade humana.
Apraz-me interpretar este passo adiante como fruto de um percurso que vem de longe: naturalmente, penso no histórico Encontro inter-religioso a favor da paz, convocado por São João Paulo II em Assis, em 1986; muito criticado por pessoas que não tinham visão de futuro; penso no olhar clarividente de São João XXIII e de São Paulo VI; e também no das grandes almas de outras religiões – menciono apenas Mahatma Gandhi. Mas como deixar de recordar tantos mártires, homens e mulheres de todas as idades, línguas e nações, que pagaram com a vida a fidelidade ao Deus da paz e da fraternidade? Sabemos que os momentos solenes são importantes, mas depois é o compromisso diário, é o testemunho concreto que constrói um mundo melhor para todos.
Além do Congresso, esta viagem deu ao Papa a oportunidade de se encontrar com as Autoridades do Cazaquistão e com a Igreja que vive naquela terra. “Depois de visitar o Senhor Presidente da República – a quem agradeço mais uma vez a gentileza – fomos à nova Sala de Concertos, onde pude falar com os Governantes, representantes da sociedade civil e o Corpo Diplomático”, disse Francisco, acrescentando:
Sublinhei a vocação do Cazaquistão a ser país do encontro: com efeito, nele convivem cerca de cento e cinquenta grupos étnicos e falam-se mais de oitenta línguas. Esta vocação, que se deve às suas caraterísticas geográficas e à sua história foi acolhida e abraçada como um caminho, que merece ser encorajado e apoiado. Também formulei votos para que ela possa prosseguir a construção de uma democracia cada vez mais madura, capaz de responder eficazmente às necessidades da sociedade como um todo. É uma tarefa árdua, que leva tempo, mas já se deve reconhecer que o Cazaquistão fez escolhas muito positivas, como a de dizer “não” às armas nucleares e a de boas políticas energéticas e ambientais. Isso foi corajoso. Num momento em que esta trágica guerra nos faz ver que alguns pensam em armas nucleares, nessa loucura, este país desde o início diz “não” às armas nucleares.
O Papa recordou que os católicos são poucos no Cazaquistão, “mas esta condição, se for vivida com fé, pode trazer frutos evangélicos: primeiramente, a bem-aventurança da pequenez, de ser fermento, sal e luz, confiando unicamente no Senhor e não em alguma forma de importância humana”. Segundo o Papa, “a escassez numérica convida a desenvolver relações com cristãos de outras denominações, e também a fraternidade com todos”. “Portanto, pequeno rebanho, sim, mas aberto, não fechado, não defensivo, aberto e confiante na ação do Espírito Santo, que sopra livremente onde e como quer. Recordamos os mártires daquele Povo santo de Deus, porque sofreu décadas de opressão ateísta, homens e mulheres que sofreram tanto pela fé durante o longo período de perseguição. Foram assassinados, torturados, encarcerados por causa da fé “, disse ele.
Francisco recordou ainda a celebração Eucarística celebrada, em Nur-Sultan, na Praça da Expo de 2017, na Festa da Exaltação da Santa Cruz.
Isto nos faz refletir: num mundo em que o progresso e o retrocesso se entrelaçam, a Cruz de Cristo permanece a âncora da salvação: sinal da esperança que não desilude porque está fundada no amor de Deus, misericordioso e fiel. A Ele dirige-se a nossa ação de graças por esta viagem, e a nossa oração a fim de que seja rica de frutos para o futuro do Cazaquistão e para a vida da Igreja peregrina naquela terra.
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