Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (21/08), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice recordou a passagem do Evangelho de Lucas da liturgia deste domingo, em que alguém pergunta a Jesus: “São poucos aqueles que se salvam?”. E o Senhor responde: “Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita”.
Segundo o Papa, “a porta estreita é uma imagem que poderia nos assustar, como se a salvação fosse destinada apenas a poucos eleitos ou aos perfeitos. Mas isso contradiz o que Jesus ensinou em muitas ocasiões; e de fato, um pouco mais adiante, Ele afirma: “Muita gente virá do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.”. Portanto, essa porta é estreita, mas está aberta para todos! Não se esqueçam disso: a todos! A porta está aberta para todos!”
“Para entender melhor, é preciso se perguntar o que é essa porta estreita. Jesus pega a imagem da vida daquela época e provavelmente se refere ao fato de que, ao cair da noite, as portas da cidade eram fechadas e apenas uma, menor e mais estreita, permanecia aberta: para voltar para casa só se podia passar por ali”, sublinhou Francisco.
A seguir, o Papa convidou a pensar no que Jesus diz: “Eu sou a porta: Quem entra por mim, será salvo”.
Significa que para entrar na vida de Deus, na salvação, é preciso passar por Ele, não por outro, por Ele, acolher Ele e sua palavra. Assim como para entrar na cidade era preciso “medir-se” com a única porta estreita que permanecia aberta, assim a do cristão é uma vida ” à medida de Cristo”, fundada e modelada Nele. Significa que a medida é Jesus e seu Evangelho: não o que pensamos, mas o que Ele nos diz. Portanto, se trata de uma porta estreita não porque seja destinada a poucos, mas porque ser de Jesus significa segui-lo, comprometer a vida no amor, no serviço e no dom de si como Ele fez, que passou pela porta estreita da cruz.
Segundo o Papa, “entrar no projeto de vida que Deus nos propõe requer restringir o espaço do egoísmo, reduzir a presunção de autossuficiência, baixar a estatura da soberbia e do orgulho, vencer a preguiça para atravessar o risco do amor, mesmo quando envolve a cruz”.
Pensemos concretamente nos gestos de amor diários que realizamos com dificuldade: nos pais que se dedicam aos filhos fazendo sacrifícios e abrindo mão do tempo para si mesmos; nos que cuidam dos outros e não apenas dos próprios interesses, quantas pessoas são assim, boas; nos que se dedicam ao serviço dos idosos, dos mais pobres e dos mais frágeis; nos que trabalham com afinco, suportando dificuldades e talvez incompreensões; nos que sofrem por causa da fé, mas continuam rezando e amando; nos que, em vez de seguir seus instintos, respondem ao mal com o bem, encontram a força para perdoar e a coragem para recomeçar.
Esses “são alguns exemplos de pessoas que não escolhem a porta larga de seu próprio conforto, mas a porta estreita de Jesus, de uma vida passada no amor. Estes, diz hoje o Senhor, serão reconhecidos pelo Pai muito mais do que aqueles que acreditam que já foram salvos e, na realidade, são “trabalhadores da injustiça”, disse ainda Francisco.
“Irmãos e irmãs, de que lado queremos estar? Preferimos o caminho fácil de pensar apenas em nós mesmos ou da porta estreita do Evangelho, que coloca em crise o nosso egoísmo, mas nos torna capazes de acolher a verdadeira vida que vem de Deus e nos torna felizes? De que lado estamos?”, perguntou o Papa, pedindo para que “Nossa Senhora, que seguiu Jesus até a cruz, nos ajude a medir nossa vida Nele, para entrar na vida plena e eterna”.
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