Virtude significa realização máxima das possibilidades humanas, tanto nos aspectos naturais como nos sobrenaturais. Uma pessoa virtuosa é aquela que realiza o bem de acordo com suas inclinações mais íntimas. É ser e agir sempre direcionado ao que é bom e justo.

A palavra virtude diz de excelência ou perfeição moral. Os virtuosos são aqueles que evitam o mal e conduzem sua vida na busca dos verdadeiros valores. Esses têm características de uma pessoa amável, bondosa e com capacidades humanas voltadas para o bem comum.

As virtudes são os hábitos bons no ser humano

As virtudes cardeais e teologais orientam todos a optar pelo bem e evitar o mal. A Igreja Católica aponta, dentre as várias virtudes existentes, quatro virtudes cardeais e três teologais, que são fundamentais para desenvolver outras virtudes.

As quatro virtudes cardeais são como os gonzos de uma porta, o eixo pelo qual gira outras virtudes. Aplicando no cotidiano da vida, São Tomás de Aquino diz que a “prudência” é um discernimento correto nas decisões, é fazer o bem de acordo com a razão; a “justiça” é a retidão pela qual se faz o bem que é devido nas situações da vida; a “temperança” é a disposição que impõe medida a todo tipo de paixão e atividade, para não ultrapassar os devidos limites; e a “fortaleza” é a firmeza interior que fortifica a razão contra todos os ataques das paixões e dificuldades existentes.

As virtudes teologais são fé, esperança e caridade. Na observância dessas virtudes, busca-se alcançar o fim último do homem, que é a “felicidade eterna” ou “beatitude”: o céu. Segundo Santo Tomás de Aquino, as quatro virtudes cardeais conduzem o homem à felicidade terrena, podendo ser conquistada com as próprias forças naturais; entretanto, não são suficientes para chegar à beatitude ou felicidade eterna. Portanto, as virtudes teologais são fundamentais, pois, juntas às cardeais, guiam o homem à felicidade neste mundo e, prioritariamente, à felicidade eterna.

Finalidade das virtudes nos dias de hoje

As virtudes tornam as pessoas e suas obras boas, o que é imprescindível para o tempo atual, em que muitos já se abstiveram de ser bons. É em nossa família, trabalho, estudo e Igreja que temos a possibilidade de sermos protagonistas de ações virtuosas que condizem intrinsecamente com a essência do Evangelho de Jesus. As virtudes são para o nosso enriquecimento pessoal e comunitário, elas devem mostrar, por meio de cada um de nós, os atributos do próprio Deus, que é amor, verdade, bondade e misericórdia.

Ser virtuoso é ser bom a partir das repetições dos atos que se orientam para o bem, por isso é árduo, difícil e, às vezes, lento o processo para se alcançar uma virtude. Porém, quando a conquistamos, ela tem a força de nos transformar em pessoas melhores.

São Pio de Pietrelcina já dizia: “Não se desencoraje, pois, se na alma existe o contínuo esforço de melhorar. No fim, Deus a premia fazendo nela florir, de repente, todas as virtudes como num jardim florido”.

Descubra e aperfeiçoe suas virtudes

A virtude como hábito bom é condição necessária para a prática do bem em todas as situações da vida, pois sem a virtude pode restar só o vício, que é uma lacuna não preenchida pelos bons atos e comportamentos. Assim, descubra e esmere suas virtudes, que são matéria-prima para uma busca sincera de santidade.

Toda pessoa humana possui virtudes, cada uma só precisa descobri-las e aperfeiçoá-las. Deus nos criou virtuosos, e não podemos permitir que os vícios prevaleçam sobre nossas qualidades, dons e virtudes, os quais foram impressos em nós pelo próprio Senhor. Portanto, com a fé e o auxílio do Espírito Santo, transformemos nossos hábitos ruins em bons, e desenvolvamos novas virtudes para uma vida feliz, alegre e coerente.

As Sagradas Escrituras nos ensinam: “Esforçai-vos quanto possível por unir à vossa fé a virtude; unir à virtude a ciência; à ciência a temperança; à temperança a paciência; à paciência a piedade; à piedade o amor fraterno; e ao amor fraterno a caridade. Se essas virtudes se acharem em vós abundantemente, elas não vos deixarão inativos nem infrutuosos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (II Ped 1,5-8).

 

Fonte Materia: Canção Nova / Foto Ilustrativa: Ridofranz by Getty Images

“Viverá feliz aquele quem ama seu irmão quando está longe dele como quando está ao seu lado, escreveu São Francisco de Assis. Neste espírito, convido-os a entrar em diálogo com estes Diálogos Fraternos e a não ter medo de caminhar juntos aprendendo e valorizando, inclusive, nossas diferenças.” São palavras do Papa Francisco no prefácio escrito para o livro “Diálogos Fraternos”, realizado pela Secretaria do Culto do Ministério das Relações Exteriores e do Culto da Argentina.

Um chamado a caminhar juntos

Ao prefaciar a obra, o Santo Padre descreve suas páginas como um chamado a caminhar juntos – para refletir, sentir, trabalhar, tomar a palavra, encontrar nosso sentimento de pertença e a possibilidade de transformação – capaz de reunir e dar voz à experiência dos interlocutores e de seus povos. “Valorizar o exemplo e a experiência daqueles que dedicam seu tempo ao serviço dos outros nos incentiva a repensar nosso modo de vida, nossas relações, a organização de nossas sociedades e, acima de tudo, o sentido de nossa existência. Mas, sobretudo, permite-nos redescobrir a importância de nos sentirmos convidados a fazer parte desses diálogos de amizade social”, afirma o Pontífice ressaltando que a pandemia também nos lembrou que precisamos uns dos outros, que ninguém se salva sozinho.

Abrir janelas, recuperar horizontes

“Em diálogo com o outro, qualquer que seja sua origem, podemos abrir janelas, recuperar horizontes e encontrar criativamente a melhor maneira de viver juntos”, frisa Francisco.

O Papa conclui o prefácio – publicado no jornal vaticano L’Osservatore Romano – fazendo votos de que este encontro nos permita “sonhar juntos com a amizade social, com a dignidade de nossos povos, e com um mundo sem descarte, no qual não falte nem terra, nem teto, nem pão, nem trabalho; e no qual a esperança nos impulsione a trabalhar rumo a um horizonte melhor. Trabalhar por um mundo no qual a fraternidade não se expressa apenas em palavras cheias de significado e valor, mas também e sobretudo de uma forma que tece e forja a história.”

Por fim, convida os leitores a deixar que estes Diálogos Fraternos ecoem tão fortemente em nossa imaginação que nos impulsionem a querer transformá-los em ação.

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