Não nos acostumemos com a realidade da guerra. O Papa Francisco em suas saudações após o Angelus deste domingo, 12 de junho, voltou com o pensamento ao conflito na Ucrânia, invocando orações por aquelas populações e exortando os fiéis a não esquecer o que está acontecendo:

Sempre vivo em meu coração é o pensamento para o povo da Ucrânia, afligido pela guerra. O tempo que passa não esfrie nossa dor e nossa preocupação com aquelas pessoas atormentadas. Por favor, não nos acostumemos a esta trágica realidade! Tenhamo-la sempre em nossos corações. Rezemos e lutemos pela paz.

A iminente queda de Luhansk

Enquanto os combates continuam, a queda dos ucranianos na região oriental de Luhansk parece cada vez mais uma realidade, pela voz do próprio governador, Serhiy Haidai, que fala de um exército agora sem armas e de ferozes combates de rua em Severodonetsk, em grande parte conquistada pelos russos. Uma hipótese que é confirmada por analistas em Washington, para quem o controle total de Luhansk ocorrerá dentro de algumas semanas, apesar do alto custo em termos de mortos e feridos para o exército de Moscou. Até hoje, Kiev ainda mantém o controle da fábrica química Azot em Severdonetsk, onde centenas de civis ainda estão bloqueados. Declarando-se certo de que o Donbas resistirá e que Moscou pagará por tudo o que está acontecendo, o presidente ucraniano Zelensky, que, tendo chegado ao 108º dia da guerra, também relata os sucessos das tropas ucranianas, falando de uma libertação gradual do território da região de Kherson e dos progressos também na região de Zaporizhzhia.

Portal Correio

Que Nossa Senhora, filha do Pai, mãe do Filho e esposa do Espírito, nos ajude a acolher e testemunhar na vida o mistério de Deus-Amor: foi o pedido do Papa ao rezar o Angelus ao meio-dia deste domingo, 12 de junho, Solenidade da Santíssima Trindade.

Na alocução que precedeu a oração mariana, Francisco ateve-se ao Evangelho do dia (Jo 16, 12-15), em que Jesus nos apresenta as outras duas Pessoas divinas, o Pai e o Espírito Santo. Do Espírito ele diz: “Não falará de si mesmo, mas receberá o que é meu e vos anunciará”. E depois, a respeito do Pai, ele diz: “Tudo o que o Pai tem é meu”.

Espírito Santo fala, mas não de si mesmo

Observamos, disse o Santo Padre, que o Espírito Santo fala, mas não de si mesmo: anuncia Jesus e revela o Pai. E que o Pai, o qual possui tudo, porque é a origem de todas as coisas, dá ao Filho tudo o que possui: não guarda nada para si mesmo e se dá inteiramente ao Filho.

E agora, exortou Francisco, olhemos para nós, para aquilo de que falamos e para o que possuímos. “Quando falamos, queremos sempre que se fale bem de nós, e muitas vezes falamos apenas de nós mesmos e do que fazemos. Quão diferente do Espírito Santo, que fala anunciando os outros! E, sobre o que possuímos, como somos ciumentos disso e como é difícil para nós compartilhá-lo com os outros, mesmo com aqueles que não têm o necessário! Em palavras, é fácil, mas na prática é muito difícil”, ressaltou o Pontífice.

Celebrar Trindade, uma revolução em nosso modo de vida

O Papa destacou que celebrar a Santíssima Trindade não é tanto um exercício teológico, mas uma revolução em nosso modo de vida.

Deus, em quem cada Pessoa vive para o outro, não para si mesmo, nos provoca a viver com os outros e para os outros. Hoje podemos nos perguntar se nossa vida reflete o Deus em que acreditamos: eu, que professo a fé em Deus Pai e Filho e Espírito Santo, realmente acredito que para viver preciso dos outros, preciso me doar aos outros, preciso servir aos outros? Afirmo isto com palavras ou com a vida?

Deus deve ser mostrado com ações antes das palavras

“O Deus trino e único, queridos irmãos e irmãs – prosseguiu Francisco -, deve ser mostrado assim, com ações antes das palavras. Deus, que é o autor da vida, é transmitido menos através dos livros e mais através do testemunho de vida.”

Aquele que, como escreve o evangelista João, “é amor” (1 João 4,16), revela-se através do amor. Pensemos nas pessoas boas, generosas e mansas que conhecemos: lembrando sua maneira de pensar e agir, podemos ter um pequeno reflexo de Deus Amor. E o que significa amar? – perguntou Francisco. “Não apenas querer o bem e fazer o bem, mas antes de tudo, na raiz, acolher os outros, dar lugar aos outros, dar espaço aos outros.”

A Trindade, em cada nome há a presença do outro

Para entender melhor isto, disse, pensemos nos nomes das Pessoas divinas, que pronunciamos cada vez que fazemos o sinal da cruz: em cada nome há a presença do outro.

“O Pai, por exemplo, não o seria sem o Filho; da mesma forma, o Filho não pode ser pensado sozinho, mas sempre como o Filho do Pai. E o Espírito Santo, por sua vez, é o Espírito do Pai e do Filho. Em resumo, a Trindade nos ensina que nunca se pode ficar sem o outro. Não somos ilhas, estamos no mundo para viver à imagem de Deus: abertos, necessitados dos outros e necessitados de ajudar os outros.”

Então, nos façamos esta última pergunta: na vida cotidiana sou também eu um reflexo da Trindade? O sinal da cruz que faço todos os dias permanece um gesto finalizado a si mesmo, ou inspira minha maneira de falar, de encontrar, de responder, de julgar, de perdoar? Após o Angelus, Francisco concedeu a todos a sua Bênção apostólica.

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