O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado (04/6), no Vaticano, os membros da Confederação “Federsanità”, que reúne Empresas italianas no campo da Saúde, Hospitais e Institutos de Hospitalização e Cuidados Científicos, acompanhados de representantes da Associação dos Municípios Italianos.
Em seu discurso, o Papa recordou, inicialmente, a figura de São José Moscati, um “bom samaritano” que soube encarnar um estilo próprio de um cuidado integral no território.
Com o trabalho da sua Confederação, disse Francisco aos presentes, vocês contribuem para manter uma relação entre o centro e a periferia, entre os pequenos e os grandes, tecendo relações e promovendo caminhos de integração social e assistencial.
Partindo da precisa identidade deste organismo, o Papa propôs três “antídotos”, que podem ajudar seus membros a percorrer o caminho traçado: proximidade, totalidade e bem comum.
Falando sobre o primeiro antídoto, a “proximidade”, Francisco disse que se trata de uma auto referência, ou seja, ver o paciente como outro “eu”, rompendo as correntes do egoísmo, derrubando o pedestal, no qual, às vezes, somos tentados a subir, reconhecendo neles nossos irmãos, independentemente da língua, proveniência, condição social ou condição de saúde. E o Papa acrescentou:
“Se nas pessoas que encontramos nas enfermarias dos hospitais, nos asilos, nos ambulatórios, conseguirmos ver, antes de tudo, nossos irmãos e irmãs, tudo muda; cuidar deles deixa de ser uma questão burocrática e se torna encontro, acompanhamento, partilha. O nosso é um Deus da proximidade, não um Deus distante, inacessível“.
Ele mesmo Deus caminha conosco pelas estradas acidentadas deste mundo, como fez com os discípulos de Emaús. A proximidade significa também encurtar as distâncias, garantindo que não haja pacientes da série “A” ou de série “B”, e que ninguém seja excluído dos cuidados sociais e da saúde.
A seguir, Francisco explicou o segundo antídoto: a “totalidade”, que se opõe à fragmentação e à parcialidade. Devemos pensar no conceito de saúde a partir de uma perspectiva integral, que abraça todas as dimensões da pessoa, independentemente da sua condição psicológica, social, cultural e espiritual. Jesus curava além de erradicar o mal físico do corpo; Ele restaurava a dignidade da pessoa e a reintroduzia na sociedade, dando-lhe uma vida nova.
Devemos, pois, contrapor a “cultura do descarte” em uma sociedade que vê o doente como um peso. As patologias podem marcar o corpo, confundir os pensamentos, retirar as forças, mas nunca podem aniquilar o valor da vida humana, que deve ser sempre protegida, desde a sua concepção até o fim natural.
Por fim, o Papa tratou do terceiro antídoto: o “bem comum”. Também no sector da saúde, prevalece a tentação de fazer valer as vantagens econômicas ou políticas: o valor da justiça, sem distinção entre povos e nações, leva à busca do bem comum, o bem estar de cada um. A pandemia causou um abismo entre as desigualdades e aumentou os conflitos. Em vez disso, precisamos trabalhar para que todos tenham acesso aos cuidados, para que o sistema de saúde seja apoiado e promovido e continue sendo gratuito. Enfim, Francisco concluiu seu discurso recordando:
“Proximidade, integridade e bem comum são estes os três antídotos que lhes deixo, com o desejo de que continuem a trabalhar pelo serviço dos enfermos e da sociedade em geral. Que São José Moscati os guie em sua lida diária e lhes conceda a sabedoria de cuidar e preservar de quem têm necessidade”.
Neste domingo (5), na Solenidade de Pentecostes, o Papa Francisco vai presidir a missa na Basílica de São Pedro. A transmissão ao vivo da Rádio Vaticano – Vatican News, com comentários em português, começa às 10h na Itália, 5h no horário de Brasília. Já na noite deste sábado (4), a Vigília Ecumênica de Pentecostes organizada pelo Serviço Internacional para Renovação Carismática Católica (Charis) e pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, também vai contar com a participação especial do Papa e de Ignatius Aphrem II, Patriarca Ortodoxo Sírio de Antioquia e de todo o Oriente.
O encontro on-line está sendo precedido pela “Semana de Oração” pela unidade dos cristãos, em preparação a Pentecostes, para invocar o Espírito Santo e uma nova efusão sobre a Igreja e o mundo. Os organizadores da iniciativa têm indicado os participantes a dedicar pelo menos 15 minutos de oração pessoal por dia, na privacidade de casa ou numa capela, concluindo a oração com o ‘Vem Espírito Criador’. Um texto da Palavra de Deus para meditar todos os dias está sendo disponibilizado no site da Charis com um pequeno comentário para ajudar na oração.
Em comunicado sobre o evento, os organizadores reforçam que, assim como no ano passado, tanto na Semana de Oração como na Vigília Ecumênica de Pentecostes, será o Espírito Santo a guiar e inspirar a oração: “imploraremos a sua presença por um mundo que está sofrendo tantas mortes devido a uma pandemia global e que está atualmente sendo abalado por uma guerra injusta e injustificável. A oração ao Espírito Santo é hoje mais urgente e necessária do que nunca”. O convite, então, se estende ao mundo inteiro e com a facilidade de se unir em modalidade virtual, direto da família, em casa, do grupo de oração, da comunidade, “em um fervoroso apelo pela paz que só o Espírito pode dar”.
O Espírito Santo, já lembrava o Papa ao se dirigir à Charis e à toda a Renovação Carismática em 8 de junho de 2019, “é Aquele que realiza a unidade na Igreja, mas também a diversidade. É interessante a personalidade do Espírito Santo: Ele faz a maior diversidade com os carismas, mas depois faz com que esses carismas, em harmonia, se encontrem em unidade. Pois, como diz São Basílio, ‘o Espírito Santo é a harmonia’, dá a harmonia, na Trindade, e também entre nós“.
A Vigília será transmitida ao vivo, em português, espanhol, inglês, italiano e francês pelos canais oficiais da Charis no Facebook e no YouTube e sem necessidade de cadastro para participar. Começa às 21h em Roma, 16h no horário de Brasília. O momento on-line e ecumênico de oração será realizado de três lugares diferentes para invocar o Espírito Santo: começa por Burkina Faso, na África, passa para a Austrália, na Oceania, e termina no Líbano, na Ásia.
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