Padre Morris Ibiko, diretor do campus da Universidade Católica do Sudão do Sul em Yambio, na diocese de Tombura-Yambio, comenta o acordo alcançado em 3 de abril entre o Presidente do Sudão do Sul Salva Kiir e seu vice Riek Machar com as seguintes palavras: “Nos últimos meses, estivemos muito preocupados com a volta da guerra no Sudão do Sul, especialmente quando o Vice-Presidente Machar suspendeu sua participação nas negociações para a gestão da segurança. Com a assinatura do acordo, a esperança foi restaurada e os temores diminuídos. É claro que muitos têm dúvidas sobre a resiliência do novo acordo e a capacidade dos líderes políticos de cumprir seus compromissos, mas queremos dar confiança às palavras proferidas e às promessas feitas e continuar a ter esperança de que a guerra seja apenas uma má recordação”.
O pacto
O pacto prevê a unificação do comando das forças de segurança no que muitos veem como um passo decisivo, embora não definitivo, para assegurar o frágil processo de paz. Segundo o acordo, os cargos de liderança no exército, na polícia e nas forças de segurança nacional serão ocupados pela facção do presidente em 60% e os do vice em 40%.
Fator Francisco nos acordos
“Acredito que o anúncio feito há algumas semanas da visita do Papa ao Sudão do Sul”, continua o sacerdote, “tenha desempenhado um papel importante na aproximação das partes e na volta às negociações para encontrar um acordo”. O gesto altamente simbólico do Papa beijando os pés desses dois líderes na Páscoa, exatamente três anos atrás no Vaticano, e o apelo que se seguiu, também deixaram uma marca indelével na liderança política de nosso país. Estou certo de que os líderes das facções disseram uns aos outros que não poderiam receber o Papa em julho em um país em guerra: o que lhe diríamos, como responderíamos às suas perguntas? Estas, na minha opinião, foram as preocupações que, de alguma forma, os ajudaram a chegar a um entendimento. Em Roma eles reiteraram que reconheciam no Papa um pai, e o Presidente que professa ser católico, sentiram que não podiam desapontá-lo. Aqui pensamos que o fator Francisco tenha sido algo que contribuiu de forma decisiva. Da mesma forma, o apelo dos líderes das Igrejas às consciências para que sejam coerentes e pensem no sofrimento do povo também desempenhou um papel importante: a voz e as orações das Igrejas estão dando frutos, e isto nos dá esperança”.
A visita do Papa
No início de julho, o Papa estará na capital Juba. A população se prepara para recebê-lo com grandes expectativas: “Há uma grande expectativa – observa o Padre Ibiko – o povo espera que o Papa traga paz definitiva ao Sudão do Sul e abra uma nova era. Francisco ama muito nosso país, dizem os sudaneses: temos pouco poder, o que podemos fazer? Apenas clamar a Deus. Mas a visita do Papa é um desejo dos crentes que se torna realidade. Há muito tempo ele queria vir, mas sua viagem foi sempre adiada por razões de segurança. É muito significativo, na minha opinião, que ele finalmente tenha decidido vir e parar de adiar, apesar de a segurança ainda não estar 100% garantida e a situação ainda não estar estável. Isto enche as mentes e os lábios de admiração, é como uma encarnação nos problemas reais das pessoas. Ele aumentará a fé em Deus e na encarnação de Cristo que entra na realidade do povo como ele é, com seus problemas”.
(com Fides)
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