Uma “trégua pascal”: foi o que pediu o Papa Francisco ao final da missa do Domingo de Ramos, antes de rezar o Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.
Ao nos dirigir a Nossa Senhora, disse o Pontífice, recordamos o que o Anjo do Senhor disse a Maria na Anunciação: “Nada é impossível a Deus”.
“Nada é impossível a Deus, repetiu o Papa, inclusive fazer cessar uma guerra da qual não se vê o fim, uma guerra que todos os dias nos coloca diante dos olhos massacres hediondos e atrozes crueldades realizados contra civis inermes. Rezemos por esta intenção.”
Estamos nos dias que precedem a Páscoa, disse ainda o Pontífice, ou seja, nos preparamos para celebrar a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte e não contra alguém.
“Mas hoje há a guerra, porque se quer vencer assim, de maneira mundana, mas assim somente se perde. Por que não deixar que Ele vença? Cristo carregou a cruz para nos libertar do domínio do mal, morreu para que reine a vida, o amor e a paz.”
E fez seu enésimo apelo:
Antes da oração mariana, o Pontífice saudou os peregrinos oriundos de vários países e quem acompanhou a cerimônia através dos meios de comunicação. Em especial, saudou “o querido povo do Peru”, que está atravessando um difícil momento de tensão social. Francisco garantiu sua oração, fazendo votos de que todas as partes encontrem o mais rápido possível uma solução pacífica pelo bem do país.
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Depois de dois anos, a Praça São Pedro voltou a abrigar uma missa na presença de mais de 65 mil fiéis.
O Domingo de Ramos inaugura a Semana Santa e a procissão que recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi realizada segundo a tradição, no obelisco no centro da Praça. O Papa Francisco ouviu a narração do Evangelho de Lucas e aguardou do palco a chegada dos cardeais e bispos carregando os ramos de oliveira.
Já na sua homilia, comentou o Evangelho da Paixão do Senhor. Em especial, uma frase repetida como um refrão: “Salva-te a ti mesmo”.
No calvário, confrontam-se duas mentalidades, disse o Papa: a de Deus e a do mundo:
“Salvar-se a si mesmo, olhar por si mesmo, pensar em si mesmo; (…) ter, poder e aparecer. Salva-te a ti mesmo é o refrão da humanidade, que crucificou o Senhor.”
Mas à mentalidade do “eu”, opõe-se a de Deus; o “salva-te a ti mesmo” se transforma em oferecer-se a Si mesmo. Em nenhum momento, Jesus reivindica qualquer coisa para Si. Pelo contrário, diz: “Perdoa-lhes, Pai”. E pronuncia estas palavras no momento da crucifixão, quando sente os cravos perfurar seus pulsos e pés.
É assim que Deus procede conosco, explicou Francisco. Quando Lhe provocamos dor com as nossas ações, Ele sofre e o único desejo que tem é poder perdoar-nos. Para entender isto, é preciso contemplar o Crucificado. É das suas chagas que brota o perdão.
No momento da crucificação, prosseguiu o Papa, Jesus vive o seu mandamento mais difícil: o amor aos inimigos. Jesus nos ensina a romper o círculo vicioso do mal, mas nós, discípulos, “seguimos o Mestre ou o nosso instinto rancoroso? Se queremos verificar a nossa pertença a Cristo, vejamos como nos comportamos com quem nos feriu”.
Ao pedir perdão ao Pai, Jesus acrescenta uma frase: “porque não sabem o que fazem”. Ele é o nosso advogado, não Se coloca contra nós, mas por nós contra o nosso pecado. “Não sabem o que fazem” quem usa a violência, quem comete absurdas crueldades.
O Papa concluiu convidando os fiéis, nesta Semana Santa, a se abrirem à certeza de que Deus pode perdoar todo pecado, à certeza de que, com Jesus, há sempre lugar para mais um.
“Nunca é tarde demais; com Deus, sempre se pode voltar a viver. Coragem! Caminhemos para a Páscoa com o seu perdão. Porque Cristo intercede continuamente por nós junto do Pai (cf. Heb 7, 25) e, olhando para o nosso mundo violento e ferido, não Se cansa de repetir: Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.”
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