A Igreja ensina que o “Espírito Santo é a fonte e o doador de toda santidade” (CIC 749) e que “todos são chamados à santidade” (CIC 2013), pois, como está nas Sagradas Escrituras, “deveis ser perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5,48). Porém, a realidade de santificação não é possível somente pelas forças humanas, mas, necessariamente, depende da força do Espírito Santo, da graça de Deus.
São Paulo faz a seguinte indagação ao escrever para os Coríntios: “não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós?” (1Cor 6,19). Ou seja, no ser humano habita o Espírito Santo, o Santificador. Este é um mistério de amor indescritível, de um Deus Soberano e Imenso, que na sua infinita bondade faz morada no homem, por amor.
A Igreja afirma que “Cristo é o verdadeiro templo de Deus, (…), pela graça de Deus, também os cristãos se tornam templos do Espírito Santo” (CIC 1197), assim, “é a pessoa humana inteira que está destinada a tornar-se, no Corpo de Cristo, o Templo do Espírito” (CIC 364). Desta forma, trazemos conosco a graça de sermos habitados pelo Espírito Santo.
O Espírito Santo, que habita em nós, nos impulsiona a todo momento para a santidade. Ele age em nós e através de nós. Ele é Aquele que nos modela na santidade. O Espírito Santo trabalha as realidades mais profundas do nosso interior, ao agir em nosso ser e nos curar e libertar. Porque Ele é o Santificador e também o Consolador. Assim, todo aquele que se abre a experiência do Espírito tem a sua vida totalmente transformada.
A Igreja ensina que “o progresso espiritual tende à união sempre mais íntima com Cristo” (CIC 2014). Esse caminho é possível pela ação do Espírito Santo porque ninguém só por si mesmo se santifica, mas, conforme afirma o Papa Francisco na Gaudete et Exsultate, no número 21: “Cada santo é uma mensagem que o Espírito Santo extrai da riqueza de Jesus Cristo”. Ou seja, existe um movimento de unidade entre o homem e Deus no Espírito Santo que o conduz sempre para a santidade.
A santificação pela ação do Paráclito é essa relação do homem com Deus, já que, “pela graça do Batismo ‘em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo’ (Mt 28,19) somos chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade, aqui na terra” (CIC 265). Assim, ninguém está sozinho, pois o Senhor que dá a vida é o mesmo que a sustenta.
Portanto, o Espírito Santo transforma e santifica os corações e os tornam capazes de entrar na comunhão com a Santíssima Trindade, para que sejam santos.
Deixemo-nos ser conduzidos pelo Santificador, o Espírito Santo.
Canção Nova
Os sete sacramentos da Igreja expressam os sete eixos fundamentais de nossa existência. Na Igreja Católica Apostólica Romana, encontra-se em plenitude todos os sacramentos. Eles acompanham a vida do fiel desde o nascimento até a sua Páscoa.
Celebra o nascimento, a entrada na comunidade da Igreja e incorpora-nos a Jesus Cristo. Faz-nos seus irmãos e filhos do Pai, perdoa-nos os pecados e dá força para a luta contra o mal. No Batismo, a Igreja nos chama a seguir os passos de Jesus (como servos) dentro da comunidade para que possamos lutar juntos contra o pecado.
Quando a criança nasce, ela entra numa sociedade de homens, onde o pecado é como que ‘institucionalizado’. Um mundo de ódio, corrupção, guerras, concorrência, materialismo, consumo, injustiças. O mal a rodeia, quer influenciar e arrastar essa criança, assim como a água violenta do rio arrasta suas vítimas. Este mal no mundo causado pelo pecado chama-se pecado original.
A criança ainda não tem condições de dizer: “Quero renunciar às forças do mal, quero seguir os passos de Cristo”. Seus pais e padrinhos dizem isso por ela e, assim, assumem a obrigação de ajudar a criança a vencer o mal e de mostrar-lhe o caminho do bem.
Um ato de louvor e de agradecimento ao Pai pelos benefícios recebidos em Cristo: comemoração, recordação eficaz do sacrifício da Nova Aliança.
É uma refeição viva de Cristo para a caminhada e para a celebração do encontro de irmãos, sendo sinal do Reino que deve ser anunciado e construído.
O banquete Eucarístico antecipa-nos a alegria do Reino, a união, a paz com Deus e com os irmãos, a fraternidade e a partilha. Ao dizer que é o Pão da Vida, Jesus nos comunica também que é necessário assimilarmos o Cristo em nossa vida, fazer nosso o Seu programa de vida: doação aos irmãos, ou seja, morrermos com Cristo para podermos ressuscitar com Ele.
Em um outro âmbito, faz-se necessário destacarmos que, ao celebrar a Última Ceia, Jesus quis imprimir um sentido todo especial, uma vez que estava despedindo-se do mundo como homem encarnado, mas permaneceria com os discípulos na fé e no amor. Ele disse: “Fazei isto em memória de mim”.
O Sacramento da Crisma celebra o “tornar-nos adultos” e acentua a ação do Espírito Santo, porque só conseguiremos ser verdadeiros cristãos se a força do Espírito Santo estiver em nós. Tornando-nos mais adultos, e tornando-nos também mais responsáveis.
E assim acontece na família: os filhos adultos contribuem para a vida familiar, harmoniosa; eles, enquanto adultos, podem assumir maiores compromissos. E desse modo é também na Igreja: os membros adultos assumem compromisso com a comunidade; as promessas do Batismo, compromissos assumidos pelos pais e padrinhos, são confirmadas por ocasião da Crisma, e passam a ser compromissos do cristão já adulto.
O dom do Espírito Santo não deve jamais ser estático, mas sim dinâmico. Assim, note-se bem que o papel do crismado deve ser de um membro da Igreja comprometido com a comunidade; deve ser uma verdadeira testemunha de Cristo no meio onde vive: na família, no trabalho, no mundo, colocando-se a serviço do Reino.
Sacramento que possibilita a volta para a comunidade que prejudicamos quando cometemos pecados.
Num primeiro momento, assumimos perante nós mesmos que cometemos alguma falta, reconhecemos que estamos arrependidos e dispostos a tentar não pecar mais. Sequencialmente, assumimos essa falta perante Deus; e com a confissão somos absolvidos de nossos pecados por meio das autoridades do clero.
O jejum, a oração e a esmola são formas usuais de penitência, mas que podem perder totalmente o sentido se não estiverem vinculadas a um ato de contrição (arrependimento) verdadeiro.
A penitência nos permite uma reconciliação com Deus e com a Igreja, além de trazer-nos a paz e a serenidade da consciência e a consolação espiritual.
A presença da comunidade na hora da doença, mais do que um rito, é algo que demonstra a união comunitária que Jesus almejava e tanto pregou. Através da oração, cheia de fé e confiança, pede-se ao Pai pelo doente nesta hora tão difícil.
A graça especial do sacramento da Unção dos Enfermos tem como efeitos:
Toda a Igreja é um povo sacerdotal. Graças ao Batismo, os fiéis participam do sacerdócio de Cristo. Essa participação chama-se “sacerdócio de Cristo”; sacerdócio comum aos fiéis.
Baseado nele e ao seu serviço, existe outra participação na missão de Cristo. Trata-se do ministério conferido pelo sacramento da Ordem, cuja tarefa é servir em nome e na pessoa de Cristo, no meio da comunidade.
O sacerdócio ministerial difere essencialmente do sacerdócio comum dos fiéis, porque confere um poder sagrado para o serviço dos fiéis. Os ministros ordenados exercem seu serviço junto ao povo de Deus através do ensinamento do culto divino e do governo pastoral.
Desde as origens, o ministério ordenado foi conferido e exercido em três graus: o dos Bispos, o dos Presbíteros e o dos Diáconos. A Igreja só confere o sacramento da ordem aos homens batizados, cujas aptidões para o exercício do ministério foram devidamente comprovadas. Cabe à autoridade da Igreja, a responsabilidade e o direito de chamar alguém para receber as Sagradas Ordens.
A ação salvadora de Cristo está presente em todos os momentos de vida: ao nascer e crescer; na doença e na morte; está presente quando duas pessoas se amam e querem unir-se pelo casamento. O amor que nasceu, cresceu e amadureceu é abençoado e confirmado pelo sacramento do Matrimônio. Duas pessoas comprometem-se a amarem-se mutuamente e em fidelidade para a vida toda.
Esse amor será fecundo e novos seres serão acrescentados à sociedade humana e à comunidade da Igreja.
Sendo o Matrimônio um ato que traz grandes consequências para a comunidade, é concluído publicamente diante do sacerdote, das testemunhas e da assembleia dos fiéis.
São muitas as dificuldades que as famílias encontram hoje em dia. Assim, os casais precisam da graça do sacramento do Matrimônio para resistir unidos. E, nesse sentido, a comunidade cristã é um grande apoio na luta contra os problemas que surgem.
Equipe de colunistas do formação Canção Nova
No dia seguinte à oração do Papa Francisco no Angelus para que se faça “todo esforço pela paz” na Ucrânia, onde os ventos da guerra sopram, o núncio apostólico, dom Visvaldas Kulbokas, relançou o apelo do Pontífice e exortou a não frear o diálogo entre as partes.
Há três semanas fizemos uma entrevista com o senhor, o que mudou desde então, qual é a situação na Ucrânia?
É claro que a situação já estava tensa há três semanas, mas tornou-se ainda mais tensa. O que estou percebendo é que há um nível muito alto de preocupação entre as pessoas, há também o medo. Entretanto, devo dizer que, em geral, os ucranianos também estão mostrando grande resiliência. Isto porque o conflito nos territórios orientais já vem ocorrendo há quase oito anos, de modo que existe também uma certa capacidade humana para lidar com situações de emergência. O medo é grande, a tensão é alta, mas mesmo assim as pessoas estão resistindo bastante bem.
Não sei se o senhor notou que na mídia ocidental se fala da grande tensão na Ucrânia. O senhor acha que isso realmente reflete o clima em que as pessoas vivem?
Claro que se pode dizer que há muita atenção porque é como se se pudesse sentir o cheiro da guerra, o que preocupa a todos. Isso preocupa aqueles que têm filhos, aqueles que vivem com idosos, mulheres grávidas, mas aqui o governo está tentando acalmar a população. E, na minha opinião, isto também faz parte da missão da Igreja Católica e, em geral, das igrejas e comunidades religiosas, de incutir pelo menos uma calma relativa mesmo em situações de emergência.
Como a Igreja Católica na Ucrânia interpreta a situação atual?
Fiquei muito contente de ouvir tantas homilias encorajadoras. O que se tem notado é que a oração pela paz tem sido cheia de fervor nestes dias. Você pode sentir a preocupação dos fiéis que vêm às paróquias, mas também se pode sentir uma oração profunda porque sabemos muito bem que a oração não é uma coisa qualquer, a oração tem um enorme poder de mudar os corações, de mudar o curso da história.
A impressão é que o diálogo neste momento está parado e que as partes não estão se ouvindo…
O diálogo está encontrando obstáculos agora. O que ocorre é o que acontece nas famílias quando surge um conflito, que não surge naquele momento, mas existem causas anteriores que deram origem a esses mal-entendidos. Este é um aspecto… Quando o diálogo se rompe, a culpa é de muitos, em minha opinião, e não apenas de alguns diretamente envolvidos. O segundo aspecto, que é muito positivo, é que a Igreja redescobre a beleza de sua própria vocação porque, no diálogo político, escolher o caminho da paz significa ter muita coragem. Assim, quando rezamos pela paz, rezamos também pela coragem dos políticos.
A missão da Igreja é olhar para todos como irmãos, portanto, quando falamos de diálogo e quando rezamos pelo diálogo, como Igreja sabemos que temos a missão de iluminar o diálogo. Quando rezo pessoalmente pela paz, sei muito bem que a qualquer momento Nosso Senhor Jesus é capaz de iluminar um ou outro político, um ou outro soldado, e mudar diametralmente as decisões. É preciso muito pouco, apenas uma mudança de perspectiva de um lado para o outro, como um irmão, e as decisões mudam. Portanto, mesmo que a situação seja muito tensa, muito difícil, humanamente falando, é uma maneira de a Igreja redescobrir sua missão. Também podemos acrescentar que, como comunidade de crentes, somos convidados a contribuir para a construção da sociedade, das nações, dos países, mas esta construção nunca significa ir contra alguém, significa acima de tudo construir nós mesmos, a unidade, a compreensão. Também significa construir um maior entendimento entre as igrejas, porque quanto mais unidos estivermos, mais fortes estaremos dentro e mais capazes de dar um testemunho do Evangelho aos outros.