“Confio-te, amado Irmão, a responsabilidade de encontrar as formas adequadas para que o Ano Santo possa ser preparado e celebrado com fé intensa, esperança viva e caridade operosa. O Dicastério que promove a nova evangelização saberá fazer deste momento de graça uma etapa significativa na pastoral das Igrejas Particulares, latinas e orientais, que nestes anos são chamadas a intensificar o empenho sinodal”: é o que afirma o Papa Francisco numa carta ao arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, dicastério encarregado de preparar e coordenar o Jubileu de 2025.
O Santo Padre introduz a missiva ressaltando que o Jubileu representou sempre na vida da Igreja um acontecimento de grande relevância espiritual, eclesial e social. Desde que Bonifácio VIII, em 1300, instituiu o primeiro Ano Santo, o fiel e santo povo de Deus viveu esta celebração como um dom especial de graça, caraterizado pelo perdão dos pecados e, em particular, pela indulgência, expressão plena da misericórdia de Deus.
Francisco lembra que o Grande Jubileu do ano 2000 introduziu a Igreja no terceiro milênio da sua história. “Tanto o aguardou e desejou São João Paulo II, com a esperança de que todos os cristãos, superadas as divisões históricas, pudessem celebrar juntos os dois mil anos do nascimento de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade”.
“Agora aproxima-se a meta dos primeiros vinte e cinco anos do século XXI, e somos chamados a realizar uma preparação que permita ao povo cristão viver o Ano Santo em todo o seu significado pastoral. Neste sentido, constituiu uma etapa significativa o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que nos permitiu redescobrir toda a força e ternura do amor misericordioso do Pai a fim de, por nossa vez, sermos testemunhas do mesmo”, destaca o Pontífice.
Em seguida, Francisco evidencia que nos últimos dois anos, não houve nação que não tenha sido transtornada pela inesperada epidemia que, além de nos ter feito tocar de perto o drama da morte na solidão, a incerteza e o caráter provisório da existência, modificou o nosso modo de viver. “Como cristãos -lê-se na carta -, sofremos juntamente com todos os irmãos e irmãs os mesmos sofrimentos e limitações. As nossas igrejas estiveram fechadas, bem como as escolas, as fábricas, os escritórios, as lojas e os locais dedicados ao tempo livre. Todos vimos algumas liberdades limitadas e a pandemia, além do sofrimento, por vezes suscitou no íntimo de nós mesmos a dúvida, o medo, a perplexidade.”
A este ponto de sua carta, o Papa chama a atenção para o fato de que o próximo Jubileu poderá favorecer imenso a recomposição dum clima de esperança e confiança, como sinal dum renovado renascimento do qual todos sentimos a urgência. “Por isso – afirma -, escolhi o lema Peregrinos de esperança. Entretanto tudo isto será possível se formos capazes de recuperar o sentido de fraternidade universal, se não fecharmos os olhos diante do drama da pobreza crescente que impede milhões de homens, mulheres, jovens e crianças de viverem de maneira digna de seres humanos. Penso de modo especial nos inúmeros refugiados forçados a abandonar as suas terras. Que as vozes dos pobres sejam escutadas neste tempo de preparação para o Jubileu”, exorta.
O Santo Padre faz votos de que a dimensão espiritual do Jubileu, que convida à conversão, se combine com estes aspetos fundamentais da vida social, de modo a constituir uma unidade coerente. “Sentindo-nos todos peregrinos na terra onde o Senhor nos colocou para a cultivar e guardar (cf. Gn 2, 15), não nos desleixemos, ao longo do caminho, de contemplar a beleza da criação e cuidar da nossa casa comum. Almejo que o próximo Ano Jubilar seja celebrado e vivido também com esta intenção”, enfatiza.
Francisco destaca também que a peregrinação rumo ao Jubileu poderá reforçar e exprimir o caminho comum que a Igreja é chamada a empreender para ser, cada vez mais e melhor, sinal e instrumento de unidade na harmonia das diversidades. “Será importante ajudar a redescobrir as exigências da vocação universal à participação responsável, valorizando os carismas e ministérios que o Espírito Santo não cessa jamais de conceder para a construção da única Igreja”, afirma.
“Como é costume – continua o Pontífice -, a Bula de Promulgação, que será emanada no devido tempo, conterá as indicações necessárias para celebrar o Jubileu de 2025. Neste tempo de preparação, desde já me alegra pensar que se poderá dedicar o ano anterior ao evento jubilar, o 2024, a uma grande «sinfonia» de oração.”
“Um ano intenso de oração, em que os corações se abram para receber a abundância da graça, fazendo do «Pai Nosso» – a oração que Jesus nos ensinou – o programa de vida de todos os seus discípulos.”
Francisco concluindo sua carta pedindo à Virgem Maria que acompanhe a Igreja no caminho de preparação para o acontecimento de graça que é o Jubileu e, agradecido, envia sua Bênção ao arcebispo Fisichella e a seus colaboradores.
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