“Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: ‘Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?’. Disse-lhe Jesus: ‘Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos’. ‘Quais?’, perguntou ele. Jesus lhe respondeu: ‘Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo’. Disse-lhe o jovem: ‘Tenho observado tudo isto desde a minha infância. Que me falta ainda?’ Respondeu Jesus: ‘Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!’ Ouvindo estas palavras, o jovem foi embora muito triste, porque possuía muitos bens” (Mateus 19,16-22).

O valor das nossas escolhas e decisões são responsáveis pelo brilho dos nossos olhos. Fico imaginando sempre o rosto desse jovem indo embora: um semblante triste, pois ele nunca havia escutado nada igual como as palavras ditas por Jesus. O jovem ficou desconcertado quando o colocaram em primeiro plano. Muitos só tinham interesse no que ele possuía. Isso despertou nele o quanto vale escolher e decidir.

A escolha e a decisão dele foram contrárias à resposta de Jesus. O jovem colocou os bens materiais em primeiro plano. O seu olhar já dizia isso! Penso que era um olhar sem brilho (como é triste ver uma pessoa sem o brilho nos olhos!). Para tudo o que acontece na nossa vida precisamos “escolher e decidir”. Ninguém pode fazer isso por nós. Por isso, a importância desse aprendizado.

O valor das nossas escolhas e decisões são responsáveis pelo brilho dos nossos olhos

Um jovem tem uma vida pela frente, uma vida de oportunidades, por isso, é necessário que ele saiba fazer as suas escolhas e tomar suas decisões. É como uma arte! Quero partilhar com você o que estou aprendendo com isso: o valor das nossas escolhas e decisões são responsáveis pelo brilho dos nossos olhos. Algumas delas pelo brilho momentâneo e outras por aquele brilho perpetuado que se mantém por décadas e gerações.

O brilho momentâneo é aquele que reflete por alguns momentos a felicidade que nos é fundamental, mas uma hora passa. O mais importante mesmo é o brilho perpetuado, pois é aquele que continua em nossos olhos para sempre. Vamos refletir:

Era evidente o brilho do meu olhar em várias situações: o primeiro beijo, o meu primeiro tênis para jogar futebol, a primeira bicicleta com marcha, meu primeiro emprego, a compra do meu primeiro carro (um fusca branco ano 78). Foram brilhos que marcaram a minha história, só que foram brilhos rápidos. A vida é repleta de brilhos. O importante é saber aproveitá-los hoje, agora, curtir cada um deles. Se não fizermos isso, a vida vai passando e, um dia, olhamos para o espelho e não enxergamos mais esse brilho dentro dos olhos.

Brilho momentâneo e brilho perpetuado

O mais importante: o meu “brilho perpétuo” começou quando escolhi e decidi seguir a proposta de vida eterna que Jesus Cristo me apresentou. Ele continua nos meus olhos até hoje, pois é consequência das escolhas que fiz lá atrás. Ninguém poderia ter feito isso por mim. Ninguém poderá fazer por você. São duas moedas depositadas dentro de cada um.

Precisamos resgatar esses valores. É possível viver assim sem custo nenhum; ao contrário, é graça de Deus. Isso faz com que uma explosão de alegria venha de dentro para fora. O mundo está precisando de pessoas felizes, e não de pessoas “perfeitas”. Precisamos de pessoas com brilho nos olhos mesmo com as dificuldades, com os problemas, crises e defeitos.

Sejamos luzeiros numa sociedade que está sem brilho nos olhos.

Acredite: tem jeito!

Cleto Coelho
Missionário da Comunidade Canção Nova

FONTE: Canção nova

Foto ilustrativa: Jorge Ribeiro / cancaonova.com

“São José e a comunhão dos santos” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (02/02), realizada na Sala Paulo VI.

Francisco concentrou-se neste “importante artigo de fé que pode enriquecer a nossa vida cristã e também moldar da melhor maneira a nossa relação com os santos e com os nossos entes queridos falecidos”.

Mesmo quando confiamos plenamente na intercessão de um santo, ou ainda mais na Virgem Maria, a nossa confiança só tem valor em relação a Cristo. O vínculo que nos une a Ele e entre nós tem um nome específico: “comunhão dos santos”. Não são os santos que fazem milagres, mas apenas a graça de Deus que atua através deles. Os milagres são feitos por Deus, pela graça de Deus que age através de uma pessoa santa, uma pessoa justa. Isso deve ser claro. Tem gente que diz: “Eu não acredito em Deus, mas acredito neste santo”. Não, está errado. O santo é um intercessor, aquele que intercede por nós e o Senhor nos dá a graça por meio do Santo.”.

Então, o que significa a “comunhão dos santos”? Perguntou o Papa. “A comunhão dos Santos é a Igreja”. Isso significa que a Igreja “é a comunidade dos pecadores salvos. Ninguém pode ser excluído da Igreja, somos todos pecadores salvos.  A nossa santidade é o fruto do amor de Deus manifestado em Cristo, que nos santifica amando-nos na nossa miséria e salvando-nos dela. Graças a Ele formamos sempre um só corpo, diz São Paulo, no qual Jesus é a cabeça e nós somos os membros”.

Amados irmãos e irmãs, a alegria e a tristeza que atingem a minha vida dizem respeito a todos, assim como a alegria e a tristeza que atingem a vida do irmão e da irmã ao nosso lado também dizem respeito a mim. Não posso ficar indiferente aos outros, porque somos todos num só corpo, em comunhão. Neste sentido, o pecado de uma pessoa atinge sempre a todos, e o amor de cada pessoa atinge a todos. Em virtude da comunhão dos santos, desta união, cada membro da Igreja está ligado a mim de uma forma profunda, e este vínculo é tão forte que não pode ser interrompido nem mesmo pela morte. Com efeito, a comunhão dos santos não diz respeito apenas aos irmãos e irmãs que estão ao meu lado neste momento da história, mas também àqueles que concluíram a sua peregrinação terrena e atravessaram o limiar da morte. Eles também estão em comunhão conosco. Em Cristo ninguém pode realmente nos separar daqueles que amamos porque o vínculo é um vínculo existencial, um vínculo forte que está em nossa própria natureza; só muda a forma como estamos juntos, mas nada e ninguém pode quebrar esse vínculo. A comunhão dos santos mantém unida a comunidade de fiéis na terra e no Céu.

“Neste sentido, a relação de amizade que posso construir com um irmão ou irmã ao meu lado, também a posso estabelecer com um irmão ou irmã no Céu. Os santos são amigos com quem muito frequentemente estabelecemos relações de amizade”, disse o Papa, acrescentando:

Aquilo que chamamos devoção a um santo, sou devoto deste santo, desta santa, aquilo que chamamos de devoção é na verdade uma forma de expressar o amor a partir deste mesmo vínculo que nos une. Na vida cotidiana pode-se dizer: “Mas, essa pessoa tem muita devoção aos seus velhos pais”: não, é uma forma de amor, uma expressão de amor. Todos sabemos que podemos sempre recorrer a um amigo, especialmente quando estamos em dificuldade e precisamos de ajuda. Todos precisamos de amigos; todos precisamos de relações significativas para nos ajudar a enfrentar a vida. Também Jesus tinha os seus amigos, e recorreu a eles nos momentos mais decisivos da sua experiência humana.

A propósito de amizade, Deus confiou a José “as coisas mais preciosas que Ele tem: o seu Filho Jesus e a Virgem Maria. Graças à comunhão dos santos que nos sentimos próximos dos Santos e Santas que são nossos padroeiros. Esta é a confiança que nos deve animar sempre a recorrer a eles em momentos decisivos de nossa vida”.

Francisco concluiu, dizendo que “a devoção aos santos não é uma coisa mágica, não é uma superstição. É simplesmente falar com um irmão, uma irmã que está diante de Deus, que viveu uma vida justa, uma vida santa, uma vida modelo, e agora está diante de Deus. Eu falo com este irmão, com esta irmã e peço sua intercessão pelas necessidades que tenho”.

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No Dia da Vida Consagrada (02/02) o Papa Francisco enviou uma carta à sra. Jolanta Szpilarewicz presidente da Conferência Mundial dos Institutos Seculares recordando o 75° aniversário da Constituição Apostólica Provida Mater Eclesia. Na Constituição Provida Mater Ecclesia, escreveu Francisco, Pio XII “reconheceu a forma de testemunho que, especialmente desde as primeiras décadas do século passado, estava se espalhando entre católicos leigos particularmente comprometidos”. E um ano depois, em 12 de março de 1948 com o Motu próprio Primo feliciter, “o mesmo Pontífice acrescentou uma importante chave interpretativa: em comparação com Provida Mater, que indicava vocês simplesmente como “Institutos”, o motu proprio acrescentava que a identidade específica de seu carisma provinha da secularidade, definida como a “razão de ser” dos próprios Institutos (Primo feliciter, 5). Isto deu plena legitimidade a esta forma vocacional de consagração no século.

Caminho de santificação do homem

Depois da recordação histórica o Papa fez um convite: “Sejam animados, caros membros dos Institutos Seculares, pelo desejo de viver uma ‘santa secularidade’, porque vocês são uma instituição leiga. São um dos carismas mais antigos e a Igreja precisará sempre de vocês”. Mas a sua consagração – recorda – não deve ser confundida com a vida religiosa. É o batismo que constitui a primeira e mais radical forma de consagração” reiterando, “o batismo é a fonte de toda a forma de consagração”. “Por outro lado – continuou Francisco – os votos são o selo do seu compromisso com o Reino. E é precisamente esta dedicação indivisível ao Reino que lhes permite revelar a vocação original do mundo, o seu estar a serviço do caminho de santificação do homem. A natureza específica do carisma dos Institutos Seculares os chama a serem radicais e ao mesmo tempo livres e criativos para receber do Espírito Santo a forma mais apropriada de viver seu testemunho cristão. Vocês são institutos, mas nunca se institucionalizem!”.

Semente e fermento

O Papa continuou sua carta afirmando ainda: “A secularidade, seu traço distintivo, indica uma forma evangélica precisa de estar presente na Igreja e no mundo: como uma semente, um fermento”. Explicando: “A semente é a premissa da vida, o fermento é o ingrediente essencial para que o pão seja perfumado. Convido, portanto, a aprofundar o significado e o modo de sua presença no mundo e a renovar em sua consagração a beleza e o desejo de participar da transfiguração da realidade”.

Passo sucessivo

Neste ponto o Papa convida: “Há um novo passo a ser dado. Originariamente, vocês escolheram “sair das sacristias” para levar Jesus ao mundo. Hoje o movimento de sair deve ser completado por um compromisso de tornar o mundo presente (não a mundanização!) na Igreja”. “Vocês viveram muitas mudanças com antecedência. Mas sua experiência ainda não enriqueceu suficientemente a Igreja. O movimento de profecia que vocês hoje são chamados é o próximo passo depois daquele que os viu nascer. Isto não significa voltar à sacristia, mas ser ‘antenas receptivas, que transmitem mensagens’”.

É tempo de testemunhar

Francisco escreveu ainda que na encíclica Fratelli tutti, “lembrei que a degradação social e ecológica em que o mundo se encontra hoje é também uma consequência de uma forma inadequada de viver a religiosidade”. Sugerindo: “Penso em vocês como um antídoto para isto. A secularidade consagrada é um sinal profético que exorta a revelar com a vida mais do que as palavras o amor do Pai, para mostrá-lo diariamente nas estradas do mundo. Hoje não é tempo de discursos persuasivos e convincentes; é sobretudo tempo de testemunhar porque, enquanto a apologia divide, a beleza da vida atrai. Sejam testemunhas que atraem!”.

Sejam o fermento e o sal da vida

Por fim Francisco afirma ainda: “A secularidade consagrada é chamada a colocar em prática as imagens evangélicas do fermento e do sal. Sejam um fermento de verdade, bondade e beleza, fermentando comunhão com os irmãos e irmãs ao seu redor, pois somente através da fraternidade o vírus do individualismo pode ser derrotado. E sejam o sal que dá sabor, porque sem sabor, desejo e maravilha, a vida permanece insípida e as iniciativas permanecem estéreis”.

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