Uma boa festa precisa ser preparada com antecedência, não é mesmo? Imaginemos um casamento: com quanto tempo os noivos se preparam, organizam coisas, fazem contatos, orçamentos, colocam ideias no papel, procuram casa, enxoval e tudo mais?
O Natal é uma das maiores festas cristãs, porque, ao celebrarmos o Nascimento de Jesus, comemoramos a sua encarnação, o fato de Deus ter assumido a nossa natureza humana, e com isso nos eleva a dignidade de filhos, resgata a nossa imagem e semelhança, salva-nos. Portanto, para além dos presentes, ceias, enfeites existe algo bem mais profundo a ser vivido na festa do Natal. Sendo assim, a preparação para adentrarmos neste mistério precisa ser bem feita.
Neste tempo de Advento, a Igreja nos assiste com uma série de elementos que podem ajudar e nos colocar no sentido real desta festividade. Além da liturgia própria e de toda a simbologia natalina que nos convida a uma meditação, somos chamados a fazer a novena de Natal. Esta é uma prática importante neste tempo preparatório, e não deve ser feita somente nas paróquias ou por iniciativa dos grupos, mas precisa ser uma ação também nas famílias. Abaixo, pensamos em algumas dicas para aproveitarmos bem essa atividade própria do Advento, que é a Novena.
Geralmente, as novenas começam no dia 15 ou 16 de dezembro, a depender de como as famílias se organizam para o encerramento, que pode ser no dia 23 ou dia 24, já fazendo parte da Vigília.
É importante que toda a família se envolva com a novena, por isso avise antes, fale sobre a importância deste momento de oração em família, pense em atividades para cada um durante a oração.
Todos os anos, a Igreja no Brasil disponibiliza um livreto coma novena e que já vem com divisões dos momentos. Se quiser se valer deste material, leia antes, prepare as músicas, veja o que cada pessoa pode fazer e distribua as tarefas. Se optar por outro material, as observações são as mesmas. É importante começar sempre invocando o Espírito Santo para inspirar todo o momento, escolher cantos natalinos ou músicas que digam respeito a esse tempo de Advento. Em qualquer hipótese, é importante ter um subsídio com leituras e meditações próprias. Veja em sua paróquia ou grupo do qual participa. O importante é entender que este é um momento também de evangelização e experiência com o Senhor. Por isso, o conteúdo a ser trabalhado é essencial.
Inclua as crianças, adolescentes, jovens e os idosos , pois eles sempre podem exercer funções importantes nestes momentos, mesmo que ainda não estejam engajados na Igreja. Essa, inclusive, é uma boa oportunidade de despertar a fé na família.
Escolha um local apropriado. Alguns fazem a novena à medida em que vão montando o presépio e ou a árvore de Natal, outros já se reúnem ao redor do Presépio montado. Tudo isso é muito bom e já nos coloca no clima natalino. A importância de um horário marcado é para ajudar cada um a se organizar nas tarefas do dia e poder estar presente.
Lembre-se: é um momento de evangelização. Além de garantir que todas as ações anteriores sejam feitas, é imprescindível que aquele que estará à frente da novena prepare-se espiritualmente. Faça uma boa confissão antes do período da novena e, a cada dia, as meditações, a fim de ser um instrumento eficaz nas mãos do Senhor, lembrando-se de que a graça passa antes por você.
Se a novena é um tempo forte dentro deste período de Advento, ela precisa nos levar à mudança de atitudes; e assim como toda a oração, ela quer nos chamar à conversão. Às vezes, os subsídios já nos propõem ações para por em prática que valem a pena serem observadas, mas é preciso estar atento a cada meditação da novena, porque, através delas, o Espírito certamente irá nos inspirar outras coisas, em vista de uma mudança de vida.
Por fim, vivamos estes dias com vigilância, alegria e esperança, porque é isso que o Natal quer trazer a nós. Essas são apenas algumas dicas que compartilho com você após viver a Novena de Natal em família ao longo desses anos. Com certeza, deve haver outras. Partilhe depois conosco como foi a sua experiência de novena. Sem dúvidas, será enriquecedor para nós. Boa novena e, desde já, um Feliz e Santo Natal!
Vatican News
Vacinar-se é “um ato de amor”. São palavras do Papa exortando a uma campanha de vacinação séria e igualitária, especialmente para as populações mais pobres, e agora a Santa Sé reafirma, enquanto as campanhas de vacinação para as crianças mais novas estão em andamento em todo o mundo. Em um breve comunicado, a Santa Sé reafirma “sua posição em favor” das vacinas anti-Covid. “O Santo Padre”, escrevem, “definiu a vacinação como um ato de amor, uma vez que ela visa proteger as pessoas contra a Covid-19. Também recentemente reiterou a necessidade de a comunidade internacional intensificar seus esforços de cooperação para que todos tenham acesso rápido às vacinas, não como uma questão de conveniência, mas de justiça”.
O comunicado do Vaticano foi divulgado hoje (22/12), um ano após o lançamento das Notas sobre o mesmo tema pela Congregação para a Doutrina da Fé e pelas Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais, por ocasião da publicação de dois documentos pela Pontifícia Academia para a Vida e pela Comissão Vaticana Covid-19, instituída e atuante dentro do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral. Ambos os textos concentram sua atenção na “pandemia paralela” que atingiu duramente a já frágil categoria das crianças e adolescentes, forçando-os a rever seus hábitos e estilos de vida, com graves consequências como desconforto e patologias, que variam muito de acordo com a idade e as condições sociais e ambientais.
Os dois textos falam sobre traumas, estresse, luto familiar, abuso psicológico e sexual durante o lockdown, regressão escolar e problemas relacionais, e sobre isso, são ilustradas propostas e soluções concretas para tornar esta transição, que também é difícil para os adultos, menos traumática. O primeiro passo é uma justa distribuição da vacina, porque – lê-se no texto da Comissão Covid – “os efeitos prejudiciais do vírus sobre as crianças só podem ser completamente mitigados se a propagação da Covid-19 for limitada”. A vacinação é um ato de amor, amor por si mesmo, amor pela família e amigos, amor por todas as pessoas”.
A questão da relação criança-escola não deve ser esquecida. A Comissão Covid pede a proteção das crianças que sofreram traumas na reabertura das escolas. Muitos, de fato, sofreram “traumas” durante o isolamento, “incluindo abusos físicos e sexuais”. Em particular, há meninas que “podem nunca mais voltar à escola por causa dos desafios específicos que devem enfrentar”. As escolas, portanto, devem trabalhar “para atender às necessidades das crianças afetadas por traumas e para ajudar os que enfrentam barreiras ao acesso e participação na escola”, apela o documento.
O texto da PAV, por outro lado, aborda a questão dando um passo atrás, partindo da própria decisão de fechar as escolas, que foi tomada de diferentes maneiras e em diferentes épocas no mundo e motivada pela comunidade científica com a necessidade de evitar a propagação das infecções nas comunidades. Este foi um experimento eficaz para controlar a infecção e baixar a curva de contágio, mas, por outro lado, também teve efeitos graves. É por isso que a Academia para a Vida pede que o fechamento das escolas “seja considerado no futuro apenas como um último recurso, a ser adotado em casos extremos e somente depois de experimentar outras medidas de controle das epidemias, tais como um arranjo diferente das instalações, dos meios de transporte e da organização da vida escolar e dos seus horários”.
“Onde as medidas de contenção forçaram as crianças à prática habitual – nem sempre fácil – do ensino à distância, o empobrecimento do aprendizado intelectual e a privação das relações formativas se tornaram evidências compartilhadas”, diz o documento que, no entanto, elogia o uso de meios tecnológicos e recursos das redes que tornaram o ensino à distância possível. Estes, porém, “não são suficientes”: “O fechamento das escolas também interrompeu as relações sociais ou as mutilou severamente”, sublinha o texto. É evidente aos olhos dos educadores, clínicos, pais e assistentes sociais “o acúmulo de frustração e desorientação, especialmente entre os adolescentes, que é particularmente agravado por contextos anteriores de pobreza e dificuldades sociais”.
A falta de interação multidimensional no relacionamento educacional e social tem um impacto negativo sobre o sentimento da qualidade de vida, sobre a motivação da educação da pessoa, sobre o cuidado com a responsabilidade social”. “Não podemos deixar de enfatizar que a frequência escolar diária não é apenas um instrumento educacional”, afirma a PAV. “Para todos, mas especialmente na adolescência, é também uma ‘escola de vida’, de relacionamentos, de amizades e de educação afetiva”.
No meio do mal-estar geral, entretanto, surgiram exemplos positivos de “resiliência” criativa e engenhosa, tais como crianças que partiram com “obstinação comovente”, caminhando quilômetros para chegar à escola, ou professores itinerantes que chegam a pequenos grupos de alunos em seus vilarejos com vários tipos de meios de transporte.
“As crianças devem ir à escola. Deixemos as crianças irem à escola” é, portanto, o apelo da Pontifícia Academia. “Que a escola seja um ambiente saudável, onde o conhecimento e a ciência da convivência e das relações sejam aprendidos”. Que os mais jovens tenham bons professores, atentos aos talentos de cada um e capazes de paciência e escuta”.
Os dois documentos não esquecem a questão sensível das crianças órfãs dos pais que morreram em consequência da Covid, pelos quais pedem “o fortalecimento de sistemas que promovam o cuidado das crianças dentro da família”. “Todos os esforços devem ser feitos para evitar a separação das crianças e fornecer assistência aos pais sobreviventes ou famílias adotivas”, lê-se no documento, que cita a campanha lançada pelo Catholic Relief Services e suas aprcerias, “Changing the Way We Care”, que contém recursos úteis sobre como os governos podem garantir que as crianças permaneçam com suas famílias. “Crianças de luto devem receber apoio psicossocial”.
O apelo vai especialmente para dioceses e paróquias que “devem estar preparadas para intervir rapidamente quando as famílias são afetadas pela Covid-19”. A intervenção se traduz na criação de equipes de resposta rápida para identificar preventivamente as famílias em risco, fornecer-lhes oração e assistência, guiá-las através do processo de luto e apoiá-las após a perda. “O início repentino da pobreza pode aumentar o risco de uma criança ser separada de sua família”, adverte a Comissão do Vaticano. “Garantir um cuidado seguro e enriquecedor dentro da família deve ser uma prioridade para a Igreja”. Os paroquianos podem, portanto, se mobilizar para garantir que as crianças afetadas pelo coronavírus permaneçam no cuidado da família e, em caso de morte de um dos pais ou de alguém que cuide das crianças, as igrejas também podem ajudar a identificar e apoiar os parentes que cuidarão da criança, ou apoiar a adoção ou o acolhimento. Neste último caso, eles são solicitados a encontrar uma família amorosa para o maior número possível de crianças e a fazer a transição dos orfanatos para outros recursos comunitários, tais como creches ou outros prestadores de serviços sociais.
Os dois organismos da Santa Sé estão pedindo mais recursos orçamentários para serem dedicados à proteção dessas crianças, assim como daquelas que são vítimas de violência, exploração e abandono. “A proteção da criança é frequentemente uma prioridade baixa e recebe um financiamento mínimo do governo. Os governos devem desenvolver, fortalecer e financiar seus sistemas de proteção à criança”, aponta o documento da Comissão. Enquanto o papel da PAV lista alguns dados reais, como o aumento de 40% nos casos de violência doméstica direta ou passiva durante os lockdowns, ou o aumento de 20% nos pedidos de ajuda somente nos primeiros dias de isolamento.
Soma-se a isso o aumento do estresse dos pais após um período prolongado de isolamento, que afetou diretamente o bem-estar mental das crianças. As paróquias também são chamadas a “trabalhar para reduzir a banalização da violência contra crianças dentro e fora da família”, talvez criando espaços seguros e grupos de apoio onde as crianças em risco possam receber aconselhamento, reduzindo também o isolamento social causado pela emergência sanitária. “As igrejas também podem identificar crianças em risco de violência e fornecer-lhes apoio direto ou colocá-las em contato com os programas e serviços disponíveis”, lê outra passagem do texto.
Também exige que as transferências de dinheiro para os pobres sejam feitas juntamente com programas complementares de assistência social, tais como apoio psicossocial e paternidade positiva. Iniciativas que “abordam as significativas barreiras não financeiras enfrentadas pelas crianças pobres e suas famílias”.
Justamente às famílias é dedicada uma ampla passagem do documento da Academia para a Vida, exortando-as a valorizar as relações familiares, a transmitir fé no Deus da vida e a educar os mais jovens aos mundo como um todo e à fraternidade universal.
Vatican News
O nascimento de Jesus” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (22/12). Faltando poucos dias para o Natal, o Santo Padre recordou este “acontecimento do qual a história não pode prescindir”.
“José e Maria desceram de Nazaré para Belém. Assim que chegaram, procuraram imediatamente uma hospedaria, porque o parto era iminente; mas infelizmente não a encontraram, e assim Maria foi obrigada a dar à luz numa manjedoura”, disse Francisco. “Um anjo anunciou o nascimento de Jesus a simples pastores e foi uma estrela que mostrou aos Magos o caminho para Belém. O anjo é um mensageiro de Deus. A estrela nos recorda que Deus criou a luz e que aquele Menino será “a luz do mundo”. Os pastores personificam os pobres de Israel, pessoas humildes que interiormente vivem com a consciência da sua própria falta. Eles foram os primeiros a ver o Filho de Deus feito homem, e este encontro muda-os profundamente”, frisou ainda o Papa.
Francisco recordou que “os Magos estão também em volta do Menino Jesus. Eles “representam os povos pagãos, em particular todos aqueles que ao longo dos séculos procuraram Deus e se propuseram encontrá-lo. Representam também os ricos e os poderosos, mas apenas aqueles que não são escravos da posse, que não estão “possuídos” pelas coisas que pensam possuir”.
A seguir, o Papa sublinhou que “a mensagem dos Evangelhos é clara: o nascimento de Jesus é um acontecimento universal que diz respeito a todos os homens”.
Amados irmãos e amadas irmãs, só a humildade é o caminho que nos conduz a Deus e, ao mesmo tempo, porque nos conduz a Ele, leva-nos também ao essencial da vida, ao seu verdadeiro significado, à razão mais fiável pela qual vale a pena viver a vida. Só a humildade nos abre à experiência da verdade, da alegria genuína, do conhecimento que conta. Sem humildade, estamos “desligados” da compreensão de Deus e de nós mesmos. Os Magos podiam ter sido grandes de acordo com a lógica do mundo, mas tornam-se pequenos, humildes, e por esta mesma razão conseguem encontrar Jesus e reconhecê-lo. Aceitam a humildade de procurar, de partir, de perguntar, de arriscar, de cometer erros.
Francisco convidou todos os homens e mulheres a irem à gruta de Belém para adorar o Filho de Deus feito homem. “Cada um de nós se aproxime do presépio montado em sua casa, na Igreja ou onde quer que esteja, e faça uma adoração interior: “Eu acredito que você é Deus, que este menino é Deus. Por favor, me dê a graça da humildade para poder compreender”.
Segundo o Pontífice, quando nos aproximarmos do presépio para rezar devemos colocar os pobres e pedir a graça da humildade: “Senhor, que eu não me orgulhe, que eu não seja autossuficiente, que eu não acredite que eu sou o centro do universo. Faça-me humilde. Dê-me a graça da humildade. Sem humildade nunca encontraremos Deus: encontraremos a nós mesmos. Porque a pessoa que não tem humildade não tem horizontes diante de si, tem apenas um espelho: olha para si mesma. ”
Depois, o Papa recordou “todos aqueles que não têm uma inquietação religiosa, que não se colocam o problema de Deus, ou até lutam contra a religião, todos aqueles que são inadequadamente denominados ateus” e repetiu-lhes a mensagem do Concílio Vaticano II: «A Igreja defende que o reconhecimento de Deus de modo algum se opõe à dignidade do homem, uma vez que esta dignidade se funda e se realiza no próprio Deus […] a Igreja sabe perfeitamente que a sua mensagem está de acordo com os desejos mais profundos do coração humano».
Por fim, o Francisco desejou a todos “um Feliz Natal, um Feliz e Santo Natal”, e exortou a tomar consciência de que Deus vem para cada um de nós.
A consciência de que para buscar Deus, para encontrar Deus, para aceitar Deus, é preciso humildade: olhar com humildade a graça de quebrar o espelho da vaidade, da soberbia, de olhar para nós mesmos. Olhar para Jesus, olhar para o horizonte, olhar para Deus que vem até nós e toca o coração com aquela inquietação que nos leva à esperança. Feliz e santo Natal!
Vatican News