Onde quer que vá, para o Papa Francisco o encontro com bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas e catequistas é o momento de uma conversa franca e sincera, quando se “sente em casa”. E não foi diferente com os eslovacos: “Venho como irmão, um de vocês”, disse ele, na Catedral de São Martinho, em Bratislava.

“Estou aqui para partilhar o seu caminho”, afirmou, e a Igreja se faz em conjunto, percorrendo as estradas da vida com a chama do Evangelho acesa.

A Igreja não é uma fortaleza, um castelo. “Aqui, em Bratislava, o castelo já existe. E é belo!” Mas a Igreja é a comunidade que deseja atrair para Cristo mediante a alegria do Evangelho. Então é lícito perguntar: O que é que se espera da Igreja? Francisco respondeu com três palavras: liberdade, criatividade e diálogo.

“Sem liberdade não há verdadeira humanidade”, afirmou o Papa. O ser humano foi criado livre para permanecer livre.

“A Igreja de Cristo não quer dominar as consciências e ocupar os espaços, quer ser uma «fonte» de esperança na vida das pessoas. (..) Que ninguém se sinta oprimido. (…) Que o anúncio do Evangelho seja libertador, nunca opressivo; e a Igreja, sinal de liberdade e acolhimento.”

Ao falar da criatividadeo Pontífice chamou em causa as figuras dos Santos Cirilo e Metódio, evangelizadores das terras eslavas. Cirilo e Metódio inventaram um novo alfabeto para a tradução da Bíblia. Então o Papa fez uma provocação: “Por acaso não precisa disto, também hoje, a Eslováquia? Porventura não será esta a tarefa mais urgente da Igreja entre os povos da Europa: encontrar novos «alfabetos» para anunciar a fé?

“À vista da perda do sentido de Deus e da alegria da fé, não adianta lamentar-se, entrincheirar-se num catolicismo defensivo, julgar e acusar o mundo; o que serve é a criatividade do Evangelho.”

Por fim, o diálogo, a necessidade de uma Igreja que sabe dialogar com o mundo, com quem confessa Cristo sem ser «dos nossos», com quem vive a fadiga de uma busca religiosa, e até mesmo com quem não crê. Para Francisco, é preciso responder ao convite de Jesus a romper o círculo vicioso e destruidor da violência, “apresentando a outra face a quem nos bate, para vencer o mal com o bem”.

Como exemplo, citou a história do cardeal jesuíta Korec, perseguido pelo regime, encarcerado, forçado a trabalhar até adoecer. “Quando foi a Roma no Jubileu do ano 2000, deslocou-se às catacumbas e acendeu uma vela pelos seus perseguidores, implorando para eles misericórdia. Isto é Evangelho!”

O Papa concluiu seu discurso fazendo votos de que a Igreja eslovaca continue seu caminho “na liberdade do Evangelho, na criatividade da fé e no diálogo que brota da misericórdia de Deus”.

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