Na manhã deste sábado (19) o Papa Francisco recebeu na Sala Paulo VI os Diáconos da Diocese de Roma. No seu discurso Francisco iniciou respondendo ao pedido dos presentes que queriam saber o que o Papa espera dos diáconos de Roma.
“Comecemos por refletir um pouco sobre o ministério do diácono”, explicou o Papa, e percorrendo o caminho do Concílio Vaticano II seguindo a Lumen gentium afirmou: “Ao ministério dos diáconos são impostas mãos não para o sacerdócio mas para o serviço” explica. “Esta diferença não é insignificante. O diaconato, que na concepção anterior foi reduzido a uma ordem de passagem para o sacerdócio, recupera assim seu lugar e sua especificidade. O simples fato de enfatizar esta diferença ajuda a superar o flagelo do clericalismo, que coloca uma casta de sacerdotes ‘acima’ do Povo de Deus”. E continua explicando: “Na Igreja, a lógica oposta deve estar em vigor, a lógica de rebaixamento. Todos somos chamados a nos rebaixarmos, porque Jesus se rebaixou, ele se fez servo de todos”. Francisco afirma:
“Recordemos, por favor, que sempre para os discípulos de Jesus amar é servir e servir é reinar. O poder está no serviço, e em nada mais”
Francisco segue explicando que, “o diaconato, seguindo a via mestra do Concílio, nos conduz ao centro do mistério da Igreja. Assim como falei de uma ‘Igreja constitutivamente missionária’ e de uma ‘Igreja constitutivamente sinodal’, também digo que devemos falar de uma ‘Igreja constitutivamente diaconal’. Se esta dimensão de serviço não for vivida, de fato, todo ministério é esvaziado de dentro, torna-se estéril, não produz frutos. E pouco a pouco vai se tornando mundano.
Insistindo no serviço dos diáconos o Papa pondera:
“A generosidade de um diácono que se entrega sem procurar as filas da frente tem perfume de Evangelho, conta a grandeza da humildade de Deus que dá o primeiro passo para ir ao encontro até mesmo dos que lhe viraram as costas”
“Hoje devemos também prestar atenção a outro aspecto”, continuou, “a diminuição do número de sacerdotes levou a um compromisso prevalecente dos diáconos de substituir tarefas que, por mais importantes que sejam, não constituem a natureza específica do diaconato”. Pois bem, depois de recordar o Concílio que afirma que na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade, os diáconos são especialmente “dedicados aos ofícios da caridade e da administração” o Papa alerta:
“Os diáconos não serão ‘meio-sacerdotes’, nem ‘acólitos de luxo”‘ mas servos cuidadosos que dão o melhor de si para que ninguém seja excluído e o amor do Senhor toca a vida das pessoas de uma maneira concreta”. E resume em poucas palavras: “a espiritualidade diaconal, a espiritualidade do serviço: disponibilidade dentro e abertura fora. Disponível por dentro, com um coração, pronto para dizer sim, dócil, sem fazer a vida girar em torno da própria agenda; e aberto por fora, olhando para todos, especialmente aqueles que são deixados de fora, aqueles que se sentem excluídos”.
Ao esclarecer o que espera dos diáconos de Roma, Francisco recorda suas três ideias breves que não vão na direção de “coisas para fazer”, mas de “dimensões para cultivar”.
“Em primeiro lugar sejam humildes! Que todo o bem que vocês fazem seja um segredo entre vocês e Deus. E assim dará frutos”
“Em segundo lugar, espero que vocês sejam bons esposos e bons pais. Isto dará esperança e consolo aos casais que vivem momentos difíceis e que encontrarão em sua simplicidade genuína uma mão estendida”. “Por fim”, continua Francisco, “espero que vocês sejam sentinelas: não apenas que saibam identificar o afastado e o pobre – não é tão difícil – mas que ajudem a comunidade cristã a identificar Jesus no pobre e no afastado, enquanto ele bate à nossa porta através deles”.
O Santo Padre concluiu o encontro reforçando seu pedido aos diáconos permanentes de Roma:
“Vocês podem fazer sua própria imagem com as palavras do final dos Evangelhos, quando Jesus de longe pede aos seus: ‘Acaso tendes algum peixe?’ E o discípulo amado o reconheceu e disse: ‘É o Senhor’ (Jo 21, 5.7). Assim espero que também vocês vejam o Senhor quando, em tantos de seus irmãos menores, pede para ser nutrido, acolhido e amado. Gostaria que este fosse o perfil dos diáconos de Roma e do mundo inteiro”.
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