Uma mensagem em vídeo do Papa abriu as atividades de uma programação especial dedicada a aprofundar estratégias de aplicação pastoral da exortação apostólica de Francisco sobre o matrimônio, a família e os filhos. O Fórum “Em que ponto estamos com a Amoris laetitia?” começou nesta quarta-feira (9) e reúne – em modalidade on-line durante quatro dias – cerca de 350 pessoas do mundo inteiro que trabalham com pastoral familiar, ao representar 70 Conferências Episcopais e mais de 30 associações e movimentos internacionais. O evento que prevê criar uma rede de colaboração para “anunciar o Evangelho da família de maneira mais eficaz, respondendo aos sinais dos tempos”, como observou o Pontífice, é promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
O grande público formado por pastores e leigos que atuam em diversas realidades do mundo acompanhou atentamente as palavras do Papa Francisco. No início da mensagem, já veio o convite para que se escutem “as necessidades concretas das famílias” numa ajuda mútua e de diálogo a partir da Santa Sé:
“A pergunta que vocês fazem – ‘Em que ponto estamos com a aplicação de Amoris laetitia?’ – visa estimular a praticar um fecundo discernimento eclesial sobre o estilo e as finalidades da pastoral familiar na perspectiva da nova evangelização. A Exortação Amoris laetitia é o fruto de uma profunda reflexão sinodal sobre matrimônio e família e, como tal, requer um trabalho paciente de implementação e uma conversão missionária.”
Um trabalho de caminho sinodal a ser desenvolvido na prática nas Igrejas locais através da “cooperação, partilha de responsabilidades, capacidade de discernimento e disponibilidade para estar perto das famílias”, antecipou Francisco, sobretudo em meio às dificuldades impostas pela pandemia. Nesse contexto e através da escuta ativa por parte da Igreja, inclusive a família é convidada a se envolver no percurso de evangelização, sendo “testemunha válida” para disseminar “sementes de comunhão entre os povos”:
Os casais casados, então, têm “uma missão especial na edificação da Igreja”, observou o Papa na mensagem em vídeo:
Uma “corresponsabilidade” que é vivida entre cônjuges e ministros ordenados que devem “cooperar de forma fecunda no cuidado e na proteção das ‘Igrejas domésticas’”. O Papa alertou, no entanto, que esses casais casados precisam “ser chamados” pelos pastores da Igreja, num “espírito de comunhão eclesial” e dando o espaço necessário para se trabalhar em conjunto na “construção da Igreja como ‘família de famílias’” e “para avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária”.
Para esse “renovado impulso pastoral” acontecer com criatividade, Francisco exortou a pegar novamente a exortação Amoris laetitia em mãos e identificar as prioridades concretas de cada Igreja local, de acordo as necessidades que acabaram mudando por causa da pandemia. São muitos os desafios atuais que as famílias enfrentam, indicou o Papa: desde pressões ideológicas, problemas relacionais, pobreza material e espiritual até “uma grande solidão devido à dificuldade de perceber Deus na própria vida”.
A formação dos leigos, então, observou ainda o Pontífice, precisa receber uma atenção especial. Trata-se de se aprofundar na “preparação ao matrimônio, no acompanhamento de jovens casais casados”, além de se aproximar dos idosos e das famílias feridas, por exemplo. Todo um percurso para que “possam compreender melhor a importância do seu compromisso eclesial, ou seja, o significado da missão que vem do ser cônjuge e família”: