O Papa Francisco recebeu em audiência, neste sábado (05/06), na Sala Clementina, no Vaticano, os jovens do “Projeto Policoro” da Conferência Episcopal Italiana, pelos seus 25 anos de fundação.

Depois de agradecer o presente recebido, uma imagem de São José, Francisco sublinhou que “o Projeto Policoro foi e continua sendo um sinal de esperança, especialmente para muitas áreas carentes de trabalho do sul da Itália”. “Este importante aniversário se realiza num momento de grave crise socioeconômica devido à pandemia”, frisou o Papa.

Trabalho e dignidade da pessoa

A seguir, Francisco sugeriu quatro verbos que podem ajudar os jovens em seu caminho. O primeiro é animar. “Nunca como neste tempo sentimos a necessidade de jovens que, à luz do Evangelho, saibam dar alma à economia, porque sabemos que «aos problemas sociais se responde com as redes comunitárias». Este é o sonho que também a iniciativa “Economia de Francisco” está cultivando”, sublinhou.

Os jovens do “Projeto Policoro” são chamados “animadores de comunidades”. “De fato, as comunidades devem ser animadas a partir de dentro através de um estilo de dedicação: para serem construtoras de relações, tecelãs de uma humanidade solidária”. Segundo Francisco, “trata-se de ajudar as paróquias e dioceses a caminhar e planejar sobre o “grande tema que é o trabalho”, procurando “fazer brotar as sementes que Deus colocou em cada pessoa, suas capacidades, sua iniciativa e suas forças. Cuidar do trabalho é promover a dignidade da pessoa. A vocês jovens não falta criatividade: eu os encorajo a trabalhar por um modelo de economia alternativo ao consumista, que produz descartes. A partilha, a fraternidade, a gratuidade e a sustentabilidade são os pilares sobre os quais se baseia uma economia diferente”.

Periferias: laboratórios de fraternidade

O segundo verbo é habitar. O Papa pediu aos jovens “para nos mostrar que é possível habitar o mundo sem pisoteá-lo. Habitar a terra não significa antes de tudo possuí-la, mas saber viver as relações em plenitude: com Deus, com os irmãos, com a criação e com nós mesmos”. Francisco os exortou a amar “os territórios nos quais Deus os colocou, evitando a tentação de fugir para outro lugar”. Segundo o Pontífice, “as periferias podem se tornar laboratórios de fraternidade. Das periferias muitas vezes nascem experiências de inclusão: “De fato, se aprende algo com todos, ninguém é inútil, ninguém é supérfluo. Que vocês possam ajudar a comunidade cristã a habitar a crise da pandemia com coragem e esperança. É o momento de habitar o social, o trabalho e a política sem medo de sujar nossas mãos.”

Elevar a vida dos descartados

O terceiro verbo é apaixonar-se. Segundo o Pontífice, “há um estilo que faz a diferença: a paixão por Jesus Cristo e por seu Evangelho”. Isto pode ser visto no compromisso de vocês de “acompanhar outros jovens a tomarem as rédeas de suas vidas, a se apaixonarem por seu futuro, a formarem competências adequadas para o trabalho”.

“Que o Projeto Policoro esteja sempre a serviço de rostos concretos, da vida das pessoas, especialmente dos pobres e dos últimos de nossa sociedade”, disse ainda o Papa, convidando os jovens a não terem medo de se doarem “para elevar a vida daqueles que são descartados. O contrário da paixão é a mediocridade ou a superficialidade, que leva a pensar que se sabe tudo desde o início e a não buscar soluções para os problemas”.

Os jovens são sinais de esperança

O quarto e último verbo citado pelo Papa é acompanhar. Segundo Francisco, “o Projeto Policoro é uma rede de relações humanas e eclesiais: muitas pessoas os acompanham, suas dioceses olham para vocês, jovens, com esperança, e cada um de vocês é capaz de se tornar um companheiro para todos os jovens que vocês encontram em seu caminho”.

“Queridos jovens, na escola do magistério social da Igreja, vocês já são sinais de esperança. Que sua presença nas dioceses ajude a todos a compreender que a evangelização também passa pelo cuidado do trabalho. Que os 25 anos do Projeto Policoro sejam um recomeço: os encorajo a “sonhar juntos” pelo bem da Igreja na Itália”, concluiu o Papa.

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Com criatividade e coragem, tornemo-nos uma “geração da restauração” para os ecossistemas. “Restaurar a natureza que danificamos”, na verdade, significa em primeiro lugar, restaurar “a nós mesmos”.

Esta é a exortação do Papa numa videomensagem lida em inglês pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, dirigida a Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), nesta sexta-feira (04/06), e a Qn Dongy, diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O foco é o Dia Mundial do Meio Ambiente que será celebrado neste sábado (05/06). É uma celebração especial porque se realiza no ano em que começa a Década da Restauração de Ecossistemas, promovida pelas Nações Unidas.

Pouco tempo, não continuar com a destruição

“Temos pouco tempo”, dizem os cientistas, “para restaurar o ecossistema”. Daí a importância de assumir compromissos de dez anos, intensificando os esforços para reverter a degradação dos ecossistemas, que foram explorados por muito tempo. “Corremos o risco de inundações, fome e graves consequências para nós e para as gerações futuras”. Por isso, é necessário “cuidarmos uns dos outros e dos mais vulneráveis entre nós”. “Injusto e insensato” é continuar no caminho da destruição do homem e da natureza. “Isto é o que uma consciência responsável nos diria”, enfatiza o Papa na mensagem.

Responsáveis com as gerações futuras

Portanto, é necessário agir “com urgência” para nos tornarmos administradores cada vez mais responsáveis com as gerações futuras: todos nós fazemos parte do “dom da criação”, como nos lembra a Bíblia. Esta interconexão com referência à ecologia integral é o fio condutor da mensagem de Francisco, na qual é mencionada várias vezes a Laudato si’.

Muitas advertências

Olhando ao redor, vê-se de fato uma crise que leva à crise, à destruição da natureza, “assim como uma pandemia global que leva à morte de milhões de pessoas”, mas também as consequências injustas de alguns aspectos de nossos sistemas econômicos atuais e de numerosas crises climáticas catastróficas “que produzem graves efeitos nas sociedades humanas e até a extinção em massa das espécies”. São “muitas” as “advertências” que impelem a tomar medidas urgentes. Estas incluem a “Covid-19 e o aquecimento global”. Em termos concretos, espera-se que a COP26 sobre as mudanças climáticas, que será realizada em Glasgow, na Escócia, em novembro próximo, ofereça as respostas justas. Outra frente importante sobre a qual intervir é a dos sistemas econômicos. Precisamos rever o modelo de desenvolvimento atual, destacando o ponto-chave de que “a degradação do ecossistema é um resultado claro da disfunção econômica”.

A esperança de um compromisso renovado

Apesar da preocupação, há esperança. A tecnologia pode ser direcionada para um progresso mais saudável. Há também um novo compromisso por parte de Estados, autoridades e sociedade civil, voltado para a promoção da ecologia integral. A palavra-chave é o conceito “multidimensional”, que “exige uma visão a longo prazo”, evidenciando também a inseparabilidade entre “preocupação pela justiça natural para com os pobres, compromisso com a sociedade e paz interior”, ressalta o Papa na mensagem, exortando a todos a assumirem responsabilidade para consigo mesmo, para com o próximo, a criação e o Criador.

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