Somos a geração que verá o Senhor! E mesmo que O esperemos e Ele não venha enquanto estivermos vivos, ainda assim não estaremos errados, porque essa expectativa do Senhor que vem como Juiz do Universo era algo comum aos primeiros cristãos. O próprio Catecismo da Igreja Católica ressalta que, a partir da ascensão do Senhor, a Sua segunda vinda é algo iminente (Catecismo, 673). Isso não é coisa de protestante! Ter consciência dessa iminente vinda gloriosa do Senhor é algo que deve despertar-nos para uma determinada postura: devemos entender os sofrimentos do tempo presente; evangelizar uns aos outros; e é ainda mais necessário buscarmos de maneira esganada a santidade. Tudo o que foi dito são afirmações feitas pelo próprio Monsenhor Jonas Abib, na ocasião de uma pregação cujo nome é “Porque o Senhor virá”, em 25 de Novembro de 1999, no Rincão do meu Senhor da Comunidade Canção Nova.
Meu esforço, ao longo deste artigo e de outros que virão, será tão somente resgatar o que já foi dito, em outro momento, por Monsenhor Jonas Abib, sobre o que nós cristãos conhecemos como o fim dos tempos. Faço isso na esperança de não deixar com que a chama do pavio se apague, para que não falte óleo na lamparina e o Senhor não nos encontre despreparados. Não é de hoje que, na Canção Nova, se ouve e se vê o anúncio do fim dos tempos. Na verdade, hoje falamos pouco quando comparado à maneira e intensidade com a qual o nosso fundador Monsenhor Jonas Abib falou durante tempos passados.
Quero ressaltar um ponto desta mencionada pregação: a afirmação de que somos a geração que verá o Senhor. Quando o próprio Cristo fez a sua pregação escatológica no capítulo 24 do Evangelho de São Mateus, especificamente no versículo 34, disse o seguinte: “Em verdade vos digo: não passará esta geração até que tudo isso aconteça”. No entanto, aquela geração que escutou esse discurso em viva voz, passou, assim como as seguintes que leram esse Evangelho. No máximo, aquela geração viu a destruição de Jerusalém pelo Império Romano, mas não era somente sobre a destruição de Jerusalém que Jesus se referia, porque Ele mesmo disse “(…) até que tudo isso aconteça”, ou seja, o “tudo” mencionado por Jesus envolve tanto o que estava por vir nos próximos anos para a cidade de Jerusalém, que foi a sua destruição, como todo o avanço do mistério da iniquidade ao longo da história da humanidade até a vinda do Filho do Homem para julgar este Mundo. Quantas e quantas gerações leram ou ouviram este relato do Evangelho ecoando em seu coração. Esta Boa Nova perpassou a história e provocou diariamente qualquer homem de boa vontade. Isso é o que chamamos de tensão escatológica, o “já” e o “ainda não”, que vivemos constantemente no cristianismo. É exatamente esse o espírito evocado pela pregação do Monsenhor Jonas Abib.
As primeiras comunidades cristãs tinham conhecimento de profecias como essa e se perguntavam quando iria acontecer todas essas coisas. Um bom exemplo é a comunidade dos Tessalonicenses, especialmente no capítulo 5 da primeira carta, na qual São Paulo diz: “Quanto aos tempos e momentos, irmãos, não precisais que vos escrevamos. Vós sabeis sabeis que o dia do Senhor vem como um ladrão, durante a noite. Quando todo mundo estiver dizendo: “Paz e segurança” então, de repente, cairá sobre eles a ruína, como as dores sobre a mulher grávida. E não conseguirão escapar”. Se formos mais a fundo nisso, podemos ler na II Carta aos Tessalonicenses, a seguinte afirmação: “Quanto à vinda do Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião junto dele, nós vos pedimos, irmãos, que não vos deixeis abalar, assim tão depressa, em vossas convicções, nem nos alarmeis com alguma pretensa revelação do Espírito ou alguma instrução, ou carta atribuída a nós e que desse a entender que o dia do Senhor já está chegando. Que ninguém vos iluda de nenhum modo. É preciso que, primeiro, venha a apostásia e se revele o Iníquo, destinado à perdição, o Adversário, aquele que se levanta contra tudo o que se chama deus ou que se adora, a ponto de se assentar no Santuário de Deus, proclamando-se deus”.
Duas coisas chamam a atenção nessas passagens, a primeira é que, a vinda do Senhor será algo que acontecerá quando “o mundo” proclamar “Paz e Segurança”, é o mesmo que dizer: assim que houver uma estrutura bem organizada, que proporcione para a humanidade corrompida proclamar que todos são possuidores de “Paz e Segurança”, terá chegado o Fim dos Tempos. A segunda coisa é que, São Paulo diz para a comunidade não se iludir, porque, antes da vinda do Senhor, será necessário que o Anticristo se manifeste publicamente para todo o gênero humano, proclamando-se deus dos homens. Para São Paulo, o mistério da iniquidade se desenvolverá ao longo da história da humanidade até que chegue ao seu cume. E esse seria o sinal da vinda do Senhor como Justo Juiz. Portanto, agora é necessário lançar um olhar sobre os fatos históricos relevantes que apontam para o desenvolvimento deste mistério de maldade. São Paulo foi capaz de olhar para o tempo em que ele se encontrava e dizer: ainda não é a hora porque vemos que faltam peças no quebra-cabeça. E nós, será que podemos dizer a mesma coisa? Ou diremos que, o mal já está de tal forma avançado que podemos ver o quebra-cabeça quase que completo? Isso deve ser feito sem uma pretensão milenarista, mas com a devida humildade submetendo tudo ao Magistério Eclesial.
A tensão escatológica nos faz olhar para os acontecimentos de nosso tempo à luz da Revelação divina e do Magistério da Igreja, para que, assim, consigamos compreender com a ajuda da graça o que está acontecendo. Ela nos leva a uma preparação natural e sobrenatural para aquilo que está por vir. Para não haver a possibilidade de cairmos ora ou outra em qualquer que seja o erro, vamos nos propor a somente relatar os fatos que apontam para um desenvolvimento do mistério da iniquidade. Faremos isso nos próximos episódios, então, quem sabe assim, esse tipo meditação nos desperte para a urgência da verdadeira evangelização e busca pela santidade.
Jonathan Ferreira
Missionário da Comunidade Canção Nova
Canção Nova