O Papa Francisco enviou um telegrama nesta quinta-feira (29), assinado pelo secretário de Estado, o cardeal Pietro Parolin, por ocasião da memória litúrgica de Santa Catarina de Sena. A mensagem foi dirigida ao cardeal Augusto Paolo Lojudice, arcebispo de Siena-Colle Val d’Elsa-Montalcino, na Itália, em virtude também do início das festividades em homenagem à Padroeira da Itália e Co-Padroeira da Europa, também protetora dos enfermeiros.
Segundo um comunicado à imprensa, o telegrama traz a saudação do Papa à comunidade ao se unir a todos em agradecimento ao Senhor “por ter dado à Igreja e à humanidade tão grande figura de mulher e de crente, que incessantemente chamou a Igreja e os homens de boa vontade aos valores evangélicos”.
Na mensagem, a referência ao aniversário de 560 anos da canonização de Santa Catarina de Sena, “exemplo de tão generosa discípula de Cristo”. O Papa, assim, encoraja para que todos se inspirem ao “testemunho cada vez mais alegre e fervoroso da fé e da caridade, a fim de promover a civilização do amor”. Com esses votos, Francisco “invoca abundantes favores celestiais sobre todos que participam da significativa celebração e, de coração, concede a bênção apostólica”.
“Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas grandes! Se vocês fossem o que deveriam ser, incendiariam toda a Itália!” Com estas palavras, em seu habitual estilo firme e intransigente, mas sempre materno, Catarina Benincasa convidava à radicalidade da fé a um dos seus interlocutores epistolares. Trata-se de uma exortação que revela o ardente desejo da santa de irradiar o Evangelho no mundo, mediante o testemunho ciente e crível de homens e mulheres convertidos pelo anúncio do Ressuscitado: “Munida de uma fé invicta, poderá enfrentar, vitoriosamente, seus adversários”, disse-lhe Cristo em uma visão no último dia de Carnaval de 1367, em um episódio que os biógrafos recordam como “núpcias místicas” de Catarina.
Determinada, desde criança, a casar-se com Cristo
Nasceu vinte e cinco anos antes, no dia 25 de março, no bairro Fontebranda de Sena, vigésima quarta filha, dos vinte e cinco vindos ao mundo, de Jacopo Benincasa e de Lapa de Puccio Piacenti, em uma época caracterizada por fortes tensões no tecido social; com apenas seis anos, – em um momento em que o Papado tinha sua sede em Avinhão e os movimentos heréticos insidiavam a vida Igreja, – a menina teve uma visão em que Jesus estava vestido com roupas pontificais. No ano seguinte, fez votos de virgindade, amadurecendo, depois, o firme propósito de seguir a perfeição cristã junto à ordem Dominicana. Diante da oposição dos pais, que queriam que se casasse, Catarina reagiu com determinação: com 12 anos, cortou o cabelo, cobriu-se com um véu e encerrou-se em casa. Então, em 1363, a família permitiu-lhe entrar para a comunidade das “Mantellate” ou Terciárias Dominicanas.
Mãe e mestra, ponto de referência espiritual para muitos
A santa aprendeu a ler e escrever e se dedicou a uma intensa atividade caritativa entre os últimos; em uma Europa, dilacerada por pestes, guerras, escassez e sofrimentos, ela se tornou um ponto de referência para homens de cultura e religiosos, que, por frequentarem assiduamente a sua casa, foram chamados “catarinados”. Os mais íntimos entre eles a chamavam “mãe e mestra” e se tornaram descritores dos seus muitos apelos às autoridades civis e religiosas: exortações a assumir suas responsabilidades, às vezes, repreendidos e convidados a agir, mas sempre expressos com amor e caridade. Entre os temas enfrentados nas missivas destacam-se: a pacificação da Itália, a necessidade de cruzadas, a reforma da Igreja e o retorno do Papado a Roma, para o qual a santa foi determinante, por se encontrar, na Provença, em 1376, com o Papa Gregório XI.
O Papa “doce Cristo na terra” e seu retorno a Roma
Catarina jamais teve medo de admoestar o Sucessor de Pedro, por ela definido “doce Cristo na terra”, às suas responsabilidades: reconhecia suas faltas humanas, mas sempre teve máxima reverência pelo Vigário de Jesus na terra, assim como por todos os sacerdotes. Após a rebelião de um grupo de Cardeais, que deu início ao cisma do Ocidente, Urbano VI a convocou em Roma. Ali, a santa adoeceu e faleceu em 29 de abril de 1380, como Jesus, com apenas 33 anos. As palavras do apóstolo Paulo “Não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim” se encarnaram na vida de Catarina que, em 1375, recebeu os estigmas incruentos, revivendo semanalmente, – narram as testemunhas, – a Paixão de Cristo.
Proclamada Doutora da Igreja por Paulo VI
A pertença ao Filho de Deus, a coragem e a sabedoria infusa são os traços distintivos de uma mulher, única na história da Igreja, autora de textos como “O Diálogo da Divina Providência”, o “Epistolário” e a coletânea de “Orações”. Devido à sua grandeza espiritual e doutrinal, Paulo VI, em 1970, a proclama Doutora da Igreja.
Apaixonada por Jesus Cristo, Catarina escrevia: “Nada atrai o coração de um homem como o amor! Por amor, Deus o criou; por amor, seu pai e sua mãe deram-lhe a sua substância; ele foi feito para amar.”
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A Igreja valoriza muito as famílias fiéis aos ensinamentos do Evangelho, e que dão um testemunho da beleza do matrimônio indissolúvel e fiel para sempre. A família é a “igreja doméstica” (LG, 11), sinal na terra do mistério da Santíssima Trindade. “É aqui que se aprende a tenacidade e a alegria no trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e sempre renovado, e sobretudo o culto divino pela oração e pelo oferecimento da própria vida” (Catecismo n. 1657). Pelo sacramento do matrimônio, cada família torna-se um bem para a Igreja, porque o amor vivido nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja. Os frutos da vida familiar tornam insubstituível a vocação da família, tanto para a Igreja como para a sociedade inteira.
A paróquia é o principal agente da pastoral familiar. Para uma pastoral voltada para as famílias, é necessário formar bem os presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, catequistas e agentes pastorais. O Sínodo sobre a família constatou que “os ministros ordenados carecem, habitualmente, de formação adequada para tratar dos complexos problemas atuais das famílias”.
Os seminaristas deveriam ter acesso a uma formação sobre namoro e matrimônio, não se limitando à doutrina. É preciso garantir um amadurecimento, durante a formação, para que os futuros ministros possuam o equilíbrio psíquico que a sua missão lhes exige. Ao longo da sua vida pastoral, o sacerdote encontra-se sobretudo com famílias.
Da mesma forma é preciso formar agentes leigos de pastoral familiar, com a ajuda de psicopedagogos, médicos, assistentes sociais, advogados de família e outros. Uma boa preparação pastoral é importante nos casos especiais de
violência doméstica e abuso sexual.
A pastoral familiar deve guiar os noivos no caminho de preparação para o matrimônio, levá-los a descobrir o seu valor e a sua riqueza, a alegria de uma união plena e que dá à sexualidade o seu sentido maior, promovendo o bem dos filhos com amadurecimento e educação.
É necessário lembrar a importância do cultivo das virtudes. Na preparação para o matrimônio não pode faltar a iniciação cristã, fortalecendo o matrimônio com o batismo e os outros sacramentos. É necessário dar aos noivos um renovado anúncio do querigma – Cristo ressuscitado, nosso único Salvador – preparando-os a receber com as disposições necessárias o sacramento do matrimônio. São muito úteis para isso os grupos de noivos e palestras sobre vários temas que ajudem os jovens a viver a fé católica e amar a pessoa com quem vão se casar.
É preciso lembrar que os que chegam melhor preparados ao casamento são aqueles que aprenderam dos seus pais o que é um matrimônio cristão. Os noivos precisam ser preparados também para verificar as possíveis incompatibilidades e riscos, afim de não insistirem num relacionamento que possa levá-los a um previsível fracasso que terá consequências muito dolorosas. O deslumbramento inicial leva a procurar esconder ou relativizar muitas coisas, evitar as divergências, adiando as dificuldades para depois.
Os noivos devem ser orientados a expressar um ao outro o que cada um espera do matrimônio, isso leva-os a entender que somente a atração mútua não será suficiente para sustentar a união. Amar o outro, mais do que um sentimento é uma decisão. Diante das deficiências do outro, será necessário aceitar com vontade firme algumas renúncias, enfrentar os momentos difíceis e as situações de conflito com serenidade e fé em Deus.
Infelizmente, muitos chegam às núpcias sem se conhecer. Limitaram-se a divertir-se juntos, a fazer experiências juntos, mas não enfrentaram o desafio de se manifestar a si mesmos e apreender quem é realmente o outro, a história da sua vida, seus valores, seus problemas etc. Quando isso acontece, não é raro que se assustem com o comportamento do outro depois de casados. É preciso que sejam orientados a se revelarem mutuamente, com sinceridade, sem camuflar a realidade.
A preparação dos noivos e o seu acompanhamento deve mostrar-lhes que o matrimônio não é o fim do caminho, mas o começo de uma vocação, uma missão, que deve ser realizada com a decisão firme e realista de atravessarem juntos todas as provações e momentos difíceis. Para isso, ajuda os recursos práticos, os conselhos bem encarnados, estratégias tomadas da experiência, orientações psicológicas, bons testemunhos etc. E nunca se deve esquecer de lhes propor a confissão sacramental, que permite colocar os pecados e os erros da vida passada e da própria relação sob o perdão misericordioso de Deus e da sua força curadora.
Um aspecto a ser observado é a preparação da celebração; muitas vezes, os noivos chegam exaustos ao casamento por causa das providências das festas, em vez de dedicarem o melhor das suas forças a preparar-se como casal para o grande passo que, juntos, vão dar. O Papa Francisco pede:
“Queridos noivos, tende a coragem de ser diferentes, não vos deixeis devorar pela sociedade do consumo e da aparência. O que importa é o amor que vos une, fortalecido e santificado pela graça. Vós sois capazes de optar por uma festa austera e simples, para colocar o amor acima de tudo.”
Os agentes pastorais e toda a comunidade podem ajudar para que esta prioridade se torne a norma e não a exceção.
Na preparação mais imediata, os noivos precisam entender os sentido da celebração litúrgica e viver o significado de cada gesto. A união deles simboliza, na terra, a união de Cristo com sua Esposa, a Igreja (Ef 5,25). É necessário salientar que aquelas palavras que eles dizem na celebração implicam o futuro: “até que a morte vos separe”. O sentido do consentimento mútuo são promessas a serem mantidas. A honra à palavra dada e a fidelidade à promessa não se podem ser quebradas. É um compromisso que dura a vida inteira. Os efeitos da celebração matrimonial
continuam por toda a vida do casal.
A meditação das leituras bíblicas enriquecem a compreensão do significado das alianças que trocam entre si. Não é bom chegarem ao matrimônio sem ter rezado juntos, um pelo outro, pedindo ajuda a Deus para serem fiéis e generosos, consagrando o seu amor diante duma imagem de Maria. Jesus disse: “Sem Mim nada podeis fazer” (João 15,5).
É preciso dizer-lhes que sem a ajuda da oração os noivos não manterão o amor e a fidelidade conjugal. Quem os acompanha na preparação do matrimônio deveria orientá-los para que saibam viver esses momentos de oração, que lhes podem fazer muito bem.
Frequentemente, o celebrante tem a oportunidade de se dirigir a uma assembleia formada por pessoas que participam pouco na vida da Igreja ou pertencem a outra confissão cristã ou comunidade religiosa. Trata-se, pois, duma preciosa ocasião para anunciar o Evangelho de Cristo.
As famílias cristãs são, pela graça do sacramento nupcial, os sujeitos principais da pastoral familiar, sobretudo oferecendo o testemunho dos cônjuges e das famílias, igrejas domésticas. A Igreja, que prega sobre a família, é, como Jesus, “sinal de contradição”, que condena todas as ameaças que hoje são lançadas contra a família: aborto, eutanásia, adultério, casamento de pessoas do mesmo sexo, famílias alternativas etc.
Não basta uma genérica preocupação pela família nos grandes projetos pastorais para que as famílias possam ser sujeitos cada vez mais ativos da pastoral familiar, é necessário um esforço evangelizador e catequético dirigido à família.
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