Neste primeiro Domingo de Quaresma, na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus, o Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho do dia que evoca os temas da tentação e da conversão, através do “ambiente natural e simbólico” do deserto. De fato, com o rito penitencial das cinzas na última quarta-feira (17), começamos o caminho da Quaresma. E, neste primeiro domingo desse tempo litúrgico, a Palavra de Deus é quem nos conduz para melhor viver “os 40 dias que conduzem à celebração anual da Páscoa”.

O ambiente simbólico do deserto

O Papa, assim, através do Evangelista Marcos (cf. 1,12-15), comentou sobre o caminho percorrido por Jesus quando “o Espírito o levou para o deserto” (v. 12), se retirando durante 40 dias por lá, “onde foi tentado por Satanás”. O deserto, incentivou Francisco a refletir, um ambiente “natural e simbólico, tão importante na Bíblia”:

“O deserto é o lugar onde Deus fala ao coração do homem, e onde brota a resposta da oração, ou seja, o deserto da solidão, o coração separado de outras coisas e, somente naquela solidão, se abre à Palavra de Deus. Mas é também o lugar da provação e da tentação, onde o Tentador, aproveitando a fragilidade e as necessidades humanas, insinua a sua voz mentirosa, uma alternativa àquela de Deus, uma voz alternativa que te mostra outro caminho, um outro caminho de engano. O Tentador seduz.”

Na verdade, continuou Francisco, durante os 40 dias vividos por Jesus no deserto, “começa o ‘duelo’ entre Jesus e o diabo, que terminará com a Paixão e a Cruz. Todo o ministério de Cristo é uma luta contra o Maligno nas suas muitas manifestações: curas de doenças, exorcismos sobre os possuídos, perdão dos pecados”. Jesus, ao agir com o poder de Deus, “parece que o diabo tem a vantagem, quando o Filho de Deus é rejeitado, abandonado e, finalmente, capturado e condenado à morte”. Mas, não, disse o Pontífice, porque “a morte era o último ‘deserto’ para se atravessar para derrotar definitivamente Satanás e libertar todos nós do seu poder”.

A vitória de todos nós sobre o mal

Todos os anos, no início da Quaresma, recordou Francisco, “este Evangelho das tentações de Jesus no deserto nos lembra que a vida do cristão, nos passos do Senhor, é uma batalha contra o espírito do mal”. Mas, que devemos fazer como Jesus, que enfrentou e venceu o Tentador: “devemos estar conscientes da presença deste inimigo astuto, interessado na nossa condenação eterna, no nosso fracasso, e nos prepararmos para nos defender dele e combatê-lo”.  Assim, o Pontífice procurou enfatizar que, “nas tentações, Jesus nunca dialoga com o diabo, nunca”:

“Na sua vida, Jesus nunca fez um diálogo com o diabo, nunca. Ou o afasta dos possuídos ou o condena ou mostra a sua malícia, mas nunca um diálogo. E, no deserto, parece que há um diálogo porque o diabo faz três propostas e Jesus responde. Mas Jesus não responde com as suas palavras. Responde com a Palavra de Deus, com três passagens da Escritura. E isso é para todos nós. Quando o sedutor se aproxima, ele começa a nos seduzir: ‘mas pense isto, faça aquilo…’, a tentação é de dialogar com ele, como fez Eva. Eva disse: ‘mas não se pode porque nós…’, e entrou em diálogo. E se nós entrarmos em diálogo com o diabo, seremos derrotados. Coloque isso na cabeça e no coração: com o diabo nunca se dialoga, não há diálogo possível. Somente a Palavra de Deus.”

Nunca dialogar com o diabo

O Papa, assim, finalizou a sua reflexão, encorajando todos nós, neste tempo de Quaresma, seguir o Espírito Santo, como Jesus, e entrar no deserto, “sem medo”:

“Não se trata – como vimos – de um lugar físico, mas de uma dimensão existencial para ficar em silêncio, escutar a palavra de Deus, “para que a verdadeira conversão se realize em nós”. Não tenham medo do deserto, procurem por momentos de mais oração, de silêncio, de entrar em nós mesmos. Não tenham medo. Somos chamados a percorrer os caminhos de Deus, renovando as promessas do nosso Batismo: renunciar a Satanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções. O inimigo está ali, agachado, tenham cuidado. Mas nunca dialoguem com ele.”

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Foi dirigido à Polônia, ao Santuário de Płock, o pensamento do Papa Francisco ao final da oração mariana do Angelus deste domingo (21). Ao saudar, em particular os fiéis poloneses, que inclusive se faziam presente na Praça São Pedro, o Pontífice disse:

“Noventa anos atrás, o Senhor Jesus se manifestou à Santa Faustina Kowalska, confiando-lhe uma mensagem especial da Divina Misericórdia. Através de São João Paulo II, aquela mensagem chegou ao mundo inteiro, e não é outra coisa senão o Evangelho de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, que nos dá a misericórdia do Pai. Abramos os nossos corações a Ele, dizendo com fé: ‘Jesus, confio em Ti’.”

Na cidade de Płock, nas margens do rio Vístula, foi erguido o santuário naquele que é o local das revelações particulares da Irmã Faustina Kowalska, a primeira santa do novo milênio. Era 22 de fevereiro de 1931 quando o Senhor Jesus se manifesta à Santa Faustina Kowalska, que se encontra no convento de Płock da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora Mãe da Misericórdia em Stary Rynek.  Ela escreveu no seu diário:

“À noite, enquanto eu estava em minha cela, vi o Senhor Jesus vestido com um manto branco: uma mão levantada para abençoar, enquanto a outra tocava o manto no seu peito, o qual, quando ligeiramente retirado dele, revelava dois grandes raios, um vermelho, o outro pálido. Muda, mantive meus olhos fixos no Senhor; a minha alma foi pega pelo medo, mas também por uma grande alegria. Depois de um momento, Jesus me disse: pinte uma imagem segundo o modelo que você vê, com as palavras escritas embaixo ‘Jesus, confio em Ti. Desejo que esta imagem seja venerada primeiro na capela de vocês, e depois no mundo inteiro.”

A primeira imagem de Jesus Misericordioso foi pintada em Vilnius, sob a orientação da própria Irmã Faustina. A imagem mais conhecida é mantida no Santuário da Divina Misericórdia em Cracóvia-Łagiewniki. Foi criada de acordo com as instruções do guia espiritual da ‘Apóstola da Divina Misericórdia’, Padre Józef Andrasz.

A Festa da Divina Misericórdia

A Festa da Divina Misericórdia é celebrada por toda a Igreja no domingo seguinte à Páscoa e passou, portanto, a ser intitulada Domingo da Divina Misericórdia. Santa Faustina foi beatificada em 18 de abril de 1993, por São João Paulo II, e canonizada também pelo Sumo Pontífice em 30 de abril de 2000.

Já nesta segunda-feira (22), às 17h, horário local, será celebrada uma missa no Santuário da Divina Misericórdia, em Płock, na Polônia. A celebração pode ser seguida no canal do Youtube do Santuário.

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